Psicologia

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Freud e Jung: diferenças, semelhanças e impactos da relação
Camila Fortes
Freud e Jung: diferenças, semelhanças e impactos da relação
Entenda a relação entre Freud e Jung, suas semelhanças e divergências teóricas, os motivos do rompimento e o impacto na psicanálise e na psicologia.

A relação entre Sigmund Freud e Carl Gustav Jung é um dos capítulos mais fascinantes da história da psicologia e da psicanálise. O vínculo entre esses dois pensadores foi, ao mesmo tempo, profundamente criativo e intensamente conflituoso.

Neste guia introdutório, vamos explorar como essa parceria se formou, quais foram seus pontos de convergências teóricas e as principais diferenças conceituais. Além disso, abordaremos o rompimento que dividiu seus caminhos e o impacto duradouro que tiveram na psicanálise e na psicologia moderna.



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Freud e Jung: Um intercâmbio teórico e pessoal

O encontro entre Freud e Jung marcou o início de uma parceria promissora, tanto em termos teóricos quanto afetivos. Em 1899/1900, Freud publicou a significativa obra A Interpretação dos Sonhos, um livro que investiga a relação do inconsciente com a produção de imagens elaboradas em sonhos.

A discussão chamou a atenção de Jung, um psiquiatra suiço que, à época, já demonstrava interesse pelas manifestações simbólicas do inconsciente em pessoas com transtornos mentais.

O interesse de Jung foi percebido por Freud, que considerou esta uma oportunidade de difundir a psicanálise nos estudos psiquiátricos. Além disso, Freud buscava ampliar as discussões do campo em outros territórios, pois tinha receio de que a psicanálise pudesse ser percebida como uma “ciência judaica”.

Nessa disputa de interesses, a parceria entre eles foi tão promissora, que a primeira conversa, em 1907, teria durado mais de 13 horas ininterruptas, sinalizando uma conexão intelectual intensa. Freud e Jung passaram a trocar cartas e estabeleceram um intenso diálogo intelectual, que logo se transformou em amizade.

Assim, Freud via em Jung uma figura central para dar continuidade a sua teoria psicanalítica, e que ajudaria a expandir e legitimar o campo. Jung, por sua vez, via Freud como um mentor intelectual para os estudos do inconsciente.

Durante mais de 8 anos de colaboração, ambos desenvolveram ideias preciosas sobre a psique humana, os sintomas, sonhos e processos interpretativos sobre eles.



Pontos de Convergência entre Freud e Jung

Freud e Jung compartilhavam diversas concepções fundamentais. Essa base comum a ambos possibilitou uma ampliação significativa do campo da psicologia e da psicanálise, especialmente no que diz respeito à compreensão do inconsciente e à prática clínica.

Dentre as proximidades teóricas e metodológicas entre eles, algumas merecem destaque:

  • A importância do inconsciente:

    Para Freud e Jung, o inconsciente desempenha um papel central na vida psíquica. Ambos consideravam que muitos pensamentos, emoções e comportamentos são influenciados por conteúdos que escapam à consciência.

  • Valor terapêutico dos sonhos:

    Para eles, os sonhos revelariam conteúdos ocultos, se apresentando como um elemento essencial do processo analítico. Freud e Jung acreditavam que o ato de sonhar, recordar e relatar são considerados instrumentos de análise valiosos, sendo capazes de iluminar as zonas mais profundas da mente.

  • A transferência:

    Freud e Jung reconheciam a importância da relação transferencial entre paciente e analista. Ambos concordavam que essa relação é ativa, dinâmica e profundamente reveladora — embora a forma de entender esse vínculo tenha divergido mais tarde.

  • A busca por um método clínico:

    Além disso, eles desenvolveram abordagens baseadas na escuta, na interpretação e na elaboração simbólica da experiência subjetiva humana. Freud e Jung também tinham em comum o interesse em desenvolver um saber clínico e intelectual sobre a sexualidade — apesar de ocorrer em perspectivas diferentes.

Assim, apesar da ruptura posterior, essa fase de convergência foi decisiva para que a psicologia do século XX ganhasse profundidade, pluralidade e complexidade. A partir daquilo que compartilharam — e da tensão que os separou — surgiram novas maneiras de pensar o ser humano, suas dores, seus desejos e seus caminhos de transformação.



Freud e Jung ao lado de outros participantes da Conferência de Psicologia, Pedagogia e Higiene Escolar na Clark University, em Worcester (EUA), 1909. Fonte: Wikimedia


A Ruptura Teórica e Afetiva entre Freud e Jung

Nesse processo, diferenças profundas começaram a emergir, tanto em relação ao método analítico quanto à visão de mundo.

Em 1912, Jung publicou a obra Transformações e Símbolos da Libido. O livro propunha uma visão ampliada da energia psíquica, o que Freud considerou uma grave distorção dos princípios psicanalíticos.

Para Freud, Jung estava abandonando a ciência pela metafísica. Para Jung, Freud estava aprisionado em uma visão limitada e materialista da psique.

Jung passa a desenvolver uma teoria própria - a psicologia analítica - que, embora se parta de fundamentos psicanalíticos, seguiu um caminho teórico autônomo. Ele introduziu conceitos como o inconsciente coletivo, os arquétipos, a função simbólica dos sonhos e o processo de individuação, todos incompatíveis com o modelo freudiano.

Curiosidade: As divergências e tensões entre Freud e Jung foram tratadas em obras audiovisuais como no filme “Um Método Perigoso” (2011), dirigido por David Cronenberg.

Na obra, explora-se o surgimento da psicanálise, as proximidades, os conflitos profissionais entre eles e as experiências bem e mal sucedidas na prática psicanalítica. Além disso, trata da relação de ambos com Sabina Spielrein, uma paciente de Freud que, posteriormente, se relacionou com Jung.



Psicologia Analítica com Jung e Psicanálise com Freud: Principais diferenças conceituais

Nesse movimento, as divergências intelectuais ganharam espaço na relação entre Freud e Jung. À medida que aprofundavam seus estudos, tornaram-se cada vez mais evidentes suas diferentes formas de compreender os fundamentos da psique.

Mas, de fato, quais eram as diferenças?

A compreensão da libido e a teoria da sexualidade

As divergências na teoria da sexualidade entre Freud e Jung estão entre os principais motivos que levaram à ruptura entre os dois pensadores — e dizem muito sobre suas visões de mundo, de ser humano e de psique.

Para Freud, a sexualidade está no centro da constituição psíquica.

A teoria da libido em Freud é baseada na ideia de que o ser humano é movido por pulsões, principalmente as de caráter sexual. Para ele, essa energia é reprimida ao longo do desenvolvimento e retorna de forma disfarçada, gerando sintomas, sonhos e lapsos.

Além disso, Freud defendia que a sexualidade não começa na puberdade, mas na infância (sexualidade infantil). Para ele, tudo — dos sonhos à arte — pode ser, em última instância, reconduzido a conteúdos sexuais reprimidos. A sexualidade seria, portanto, uma chave universal para entender o funcionamento da mente humana.

Jung inicialmente aceitou a teoria sexual de Freud, mas logo começou a questioná-la por considerá-la reducionista. Para ele, a libido não deveria ser entendida exclusivamente como energia sexual, mas sim como uma energia psíquica geral, que se manifesta em diferentes formas: sexualidade, espiritualidade, criatividade, vontade de sentido, religiosidade, entre outros.

A sexualidade seria, então, para Jung, uma expressão possível, mas não única da psique.

Em vez de interpretar os sonhos apenas como disfarces de desejos sexuais, Jung os via como mensagens simbólicas vindas do inconsciente, frequentemente carregadas de elementos mitológicos e espirituais.

A estrutura do inconsciente

Além do inconsciente pessoal — formado por experiências individuais reprimidas já apontado por Freud —, Jung propôs a existência de um inconsciente coletivo. Esta seria uma camada mais profunda da psique que não se origina na vivência individual, mas é comum a toda a humanidade.

O inconsciente coletivo seria composto por arquétipos, ou seja, imagens universais e atemporais que moldam a forma como percebemos e vivemos o mundo.

Presentes em sonhos, mitos, contos e religiões, os arquétipos funcionam como estruturas simbólicas fundamentais para a construção do sentido e da experiência humana. Essa percepção de um inconsciente individual e um inconsciente coletivo se revelou como uma das maiores distinções entre eles.

Enquanto Freud buscava curar o sintoma por meio da rememoração de experiências individuais reprimidas, Jung propunha uma jornada de integração entre o consciente e o inconsciente individual e coletivo, guiada por símbolos, imagens e significados.

Símbolo e Transferência

Além disso, Freud acreditava que os símbolos se apresentavam como uma máscara para desejos individuais inconscientes. Já Jung, defendia que o simbolismo se manifestaria como uma representação transformadora do inconsciente coletivo.

A noção de transferência também se diferenciava entre eles. Freud compreendia a transferência como a repetição de padrões do inconsciente na relação com o analista. Já Jung, a percebia como uma dinâmica simbólica, capaz de auxiliar na transformação psíquica.

Abordagens e objetivos terapêuticos distintos

As abordagens e os objetivos terapêuticos também se distinguem entre Freud e Jung.

Freud fundamentava sua teoria em um modelo determinista e causal, voltado ao passado e às repressões infantis. O seu objetivo terapêutico centrava-se em tornar consciente o reprimido, aliviando sintomas neuróticos.

Jung, por sua vez, propunha uma abordagem dialética e simbólica, com foco na totalidade da psique e no processo de individuação e autoconhecimento. Assim, objetivava promover a individuação e o equilíbrio entre o consciente e o inconsciente.

A diferença de abordagem entre Freud e Jung teve impacto decisivo no rumo da psicologia ocidental, abrindo caminhos para outras abordagens do processo terapêutico.

Em Jung, por exemplo, a sua perspectiva ampliada da psique abriu caminhos para um olhar simbólico, espiritual e arquetípico para a psicologia. Nesse movimento, a Psicologia Humanista inspirada por Carl Rogers e Abraham Maslow, compartilharam com ele a ideia de que o ser humano busca crescer e integrar partes de si e alcançar uma existência autêntica.



A relação entre Freud, Lacan e Jung

Embora Jacques Lacan tenha surgido em uma geração posterior à Freud e Jung, seu trabalho reatualizou conceitos freudianos centrais sob uma ótica estruturalista e linguística, influenciado por autores como Saussure, Lévi-Strauss e Hegel.

Lacan manteve-se avançando nas investigações psicanalíticas de Freud. O seu objetivo era explorar a linguagem como a própria estrutura do inconsciente, e não como um recurso simbólico e arquetípico, como defendia Jung, ou como meio de expressão dos desejos, como acreditava Freud.

O inconsciente, para Lacan, funciona como uma linguagem, ou seja, seria estruturado por significantes que escapam ao controle do sujeito, mas que organizam seu desejo, sua identidade e seus sintomas. Em outras palavras, para Lacan, o sujeito não é o “dono” de seus pensamentos, nem de sua fala — ele é falado pela linguagem, atravessado por significantes que o precedem.

Embora Lacan tenha elaborado uma perspectiva própria sobre o inconsciente, é notável o impacto e a influência de Freud e Jung em suas teorias psicanalistas.


O impacto que a separação entre Freud e Jung teve na história da psicanálise e da psicologia

Mais do que um simples desacordo teórico, o rompimento entre Freud e Jung representou a divergência entre duas visões de mundo, que acabaram por originar duas grandes tradições clínicas e filosóficas distintas: a psicanálise freudiana e a psicologia analítica junguiana.

A psicanálise freudiana seguiu sendo estruturada com base na sexualidade, no recalque, na transferência e na interpretação dos sintomas. Freud manteve um núcleo racionalista e científico, mesmo explorando territórios como os instintos de morte e a cultura.

Além disso, sua perspectiva se estendeu a partir de outros psicanalistas, diversificando-se em várias correntes: kleiniana, lacaniana, winnicottiana, entre outras — mantendo uma influência central nas áreas de saúde mental, cultura e teoria crítica.

A psicanálise influenciou a literatura, a crítica cultural, o cinema, a política e a filosofia, sobretudo através de Jacques Lacan, Jacques Derrida e Gilles Deleuze.

Já a psicologia analítica junguiana, avançou por um caminho mais simbólico e espiritual, explorando mitos, religiões, imagens arquetípicas e o processo de individuação como forma de transformação psíquica.

O seu impacto influenciou práticas como a arteterapia, a psicoterapia simbólica, a psicologia transpessoal, a ecopsicologia e até aspectos da educação e da espiritualidade contemporânea.

Além disso, propôs uma leitura voltada à integração dos opostos, à autocompreensão simbólica e à conexão com uma dimensão arquetípica universal.

A relação entre Freud e Jung: Uma conclusão

Historicamente, muitos autores consideram que a separação impediu o surgimento de uma síntese mais ampla entre razão e simbolismo, ciência e espiritualidade. No entanto, essa ruptura também produziu um legado fecundo: a partir dela, duas tradições puderam se desenvolver com profundidade, cada uma explorando aspectos distintos, porém complementares, da psique humana.

Com o tempo, o distanciamento inicial abriu espaço para uma reaproximação. Hoje, há um movimento crescente de diálogo entre as escolas freudiana e junguiana, especialmente entre clínicos e pesquisadores interessados em abordagens mais holísticas e interdisciplinares.

Essa pluralidade fez com que a psicologia se tornasse mais sensível às diferenças culturais, existenciais e espirituais entre os sujeitos. Assim, o legado de Freud e Jung, mesmo marcado por divergências, continua a inspirar caminhos de integração, escuta e transformação no campo da saúde mental.


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Referências

SciELO Brasil - Crônica de um fim anunciado: o debate entre Freud e Jung sobre a teoria da libido

FREUD, S. (1900). A interpretação dos sonhos. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. 2ª ed. Rio de Janeiro: Imago, 1987, vol. 4, 5.

JUNG, C. G. (1912). Transformações e Símbolos da Libido. In: Símbolos da Transformação. 9ª ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013, vol. 5.

Tipos de Sexualidade: Entenda Orientação  e Identidade de Gênero
Xavana Celesnah
Tipos de Sexualidade: Entenda Orientação e Identidade de Gênero
Entenda os tipos de sexualidade, o que é orientação sexual e identidade de gênero, além dos significados de cisgênero, transgênero e queer.

A sexualidade humana é um tema profundamente complexo, que precisa ser constantemente debatido, no sentido de promover o autoconhecimento e combater o preconceito associado a questões sexuais. A sexualidade engloba diversas dimensões, como a orientação sexual e a identidade de gênero, que são fundamentais para entender as experiências individuais e coletivas.

A orientação sexual, por exemplo, está diretamente ligada às preferências emocionais e relacionais de cada pessoa, sendo um aspecto dinâmico e, em alguns casos, fluido ao longo da vida. As orientações sexuais podem incluir categorias como heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, demissexualidade, pansexualidade, entre outras, cada uma com suas particularidades. Neste artigo, abordaremos os diferentes aspectos da sexualidade, explicaremos o conceito de orientação sexual e discutiremos tópicos relevantes, como identidade de gênero, pansexualidade, assexualidade e muito mais. Acompanhe e entenda as nuances que envolvem esse tema.



O Que é Sexualidade?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade é uma energia que nos motiva para encontrar o amor, contato, ternura e intimidade. Nesse sentido, a sexualidade vai muito além do simples ato sexual. Ela é um aspecto profundo da psiquê que engloba nuances como prazer, erotismo, sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero. Ou seja, é através da sexualidade que uma pessoa se identifica em relação ao seu próprio sexo e essa identificação faz com que ela se expresse no contexto social e cultural.

Hoje, a sexualidade é um campo de estudo com notório reconhecimento, que possui marcos históricos como a Revolução Sexual da década de 1970 e a inclusão de disciplinas sobre sexualidade em graduações de psicologia e medicina na década de 1980.

Discutir sexualidade é essencial para acabar com preconceitos e discriminações e para aumentar o nível de consciência das pessoas em relação às inúmeras possibilidades de configurações relacionadas à sexualidade humana.

Além disso, o tema é relevante para promover a saúde integral da população e para defender os direitos da comunidade LGBTQIA+.

Tipos de Sexualidade: Diversidade e Inclusão

Os tipos de sexualidade são definidos a partir das orientações e preferências sexuais. Algumas preferências são mais comumente reconhecidas, mas existem identidades que só estão sendo discutidas e nomeadas há poucos anos. Veja a seguir quais são os principais tipos de orientação sexual:

TIPOS DE SEXUALIDADE CARACTERÍSTICAS
HETEROSSEXUAL Atração amorosa, física ou afetiva por pessoas do sexo/gênero oposto
HOMOSSEXUAL Atração emocional, sexual ou afetiva por pessoas do mesmo sexo/gênero
BISSEXUAL Atração afetiva e sexual por pessoas de ambos os sexos/gêneros
ASSEXUAL Pessoa que não sente nenhuma atração sexual, por nenhum sexo ou gênero
PANSSEXUAL Pessoa que sente atração sexual por todos os gêneros e sexos
POLISSEXUAL Pessoa que sente atração por muitos gêneros, mas não todos
ANDROSSESUAL Pessoa que sente atração sexual por pessoas masculinas, incluindo mulheres héteros e homens gays
GINECOSSEXUAL Pessoa que sente atração sexual por pessoas femininas, incluindo homens héteros e lésbicas
DEMISSEXUAL Só sente atração sexual depois de uma conexão emocional estabelecida


O Que é Orientação Sexual?

A orientação sexual é definida pela atração sexual. Ou seja, refere-se à tendência emocional, romântica ou sexual que uma pessoa tem em relação a outra. Pode ser caracterizada como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, entre outras, como abordamos acima. A orientação sexual é muitas vezes considerada uma parte fundamental da identidade de uma pessoa, embora as pessoas possam se descobrir e se identificar com mais de uma orientação ao longo da vida.

Identidade de Gênero e Sexualidade

A identidade de gênero é a percepção que uma pessoa tem a respeito de si mesma. Ela pode se enxergar como alguém do sexo masculino, feminino, uma combinação de ambos ou até mesmo nenhum. A identidade reflete a compreensão que a pessoa tem a respeito de si mesma e demonstra como ela deseja ser vista socialmente.

A relação entre gênero e sexualidade é profunda, mas não é simples. Enquanto o gênero diz respeito à identidade interna de uma pessoa, a sexualidade está relacionada ao que a pessoa sente em termos de atração sexual. Alguém pode ser transgênero e heterossexual, bissexual ou pansexual, assim como uma pessoa cisgênero pode ter qualquer orientação sexual. Veja a seguir algumas das possibilidades de identidade de gênero:

1. Pessoas Cisgênero

Pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascimento são chamadas de cisgêneros. Um homem cis é aquele que foi designado do sexo masculino ao nascer e se identifica como homem. Da mesma forma, uma mulher cis foi designada do sexo feminino ao nascer e se identifica como mulher. O cisgênero é, portanto, o termo oposto a transgênero, referindo-se a quem se identifica com o gênero atribuído ao nascimento.

2. Pessoas Transgênero

Pessoas transgênero são aquelas cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo que lhes foi atribuído ao nascimento. Por exemplo, uma pessoa designada como mulher ao nascer, mas que se identifica como homem, seria um homem trans. A transgeneridade abrange uma variedade de experiências e identidades, e muitas vezes as pessoas trans enfrentam desafios significativos relacionados à aceitação e ao preconceito social.

Queer: O Que É?

O termo "queer" é utilizado para descrever pessoas cuja identidade de gênero ou orientação sexual não se alinha às normas tradicionais e socialmente aceitas. Em vez de se conformar às categorias convencionais de gênero e sexualidade, as pessoas que se identificam como queer preferem adotar uma perspectiva mais fluida e aberta, que não exige rótulos fixos ou definições rígidas. Isso inclui indivíduos que não se encaixam nas categorias binárias de "homem" ou "mulher", ou que não se identificam exclusivamente com a heterossexualidade.

Originalmente, a palavra "queer", que em inglês significa "estranho" ou "excêntrico", era usada de forma pejorativa, sendo empregada como um insulto para xingar pessoas cujas sexualidades ou expressões de gênero eram vistas como fora da norma. No entanto, ao longo do tempo, essa palavra passou por um processo de ressignificação. Em vez de ser uma expressão de discriminação, "queer" foi apropriada pela comunidade LGBTQIA+ como uma forma de autoidentificação empoderada. Ao ser reapropriada, ela deixou de ser um termo depreciativo para se tornar um símbolo de resistência e liberdade.

Hoje, queer é um conceito abrangente e flexível, que rejeita a ideia de que a identidade de gênero ou a orientação sexual deve ser limitada a categorias fixas. As pessoas queer podem ter experiências de sexualidade e identidade de gênero que não se enquadram nas convenções tradicionais de homossexual, heterossexual, cisgênero ou transgênero. Esse conceito de fluidez permite que os indivíduos explorem e vivenciem sua identidade de maneira mais autêntica e pessoal, sem a pressão de se encaixar em uma definição pré-estabelecida.

Além de ser uma forma de autoidentificação para aqueles que não se reconhecem nas normas convencionais, o termo queer também serve como uma crítica às construções sociais rígidas de gênero e sexualidade. Ele questiona e desafia as normas heteronormativas que dominam a sociedade, abrindo espaço para uma maior aceitação da diversidade. Ao adotar o termo queer, muitos buscam, não apenas a liberdade pessoal de expressão, mas também uma mudança cultural mais ampla, onde a identidade sexual e de gênero possa ser mais fluida e menos sujeita a estigmas e marginalização.

Portanto, a palavra queer representa muito mais do que uma identidade específica dentro da comunidade LGBTQIA+; ela simboliza um movimento de liberdade e de quebra de barreiras sociais. É um convite à reflexão sobre como as normas de gênero e sexualidade são impostas e como elas podem ser desafiadas, para que cada pessoa possa viver de acordo com sua verdadeira essência, sem medo de ser rotulada ou limitada por convenções externas.

A Psicanálise e Sexualidade

A psicanálise, campo do conhecimento desenvolvido por Sigmund Freud, tem uma relação intrínseca com a sexualidade humana e traz uma abordagem diferenciada para entender os desejos, comportamentos e a formação da identidade sexual. Freud propôs que grande parte do comportamento sexual é influenciado por impulsos inconscientes que emergem da dinâmica interna da psique. De acordo com a teoria psicanalítica, a sexualidade humana está intimamente ligada ao desenvolvimento psíquico, e é formada por experiências passadas junto com fatores inconscientes. Teorias como a do Complexo de Édipo e a dinâmica da libido desempenham papéis fundamentais na constituição da identidade sexual, influenciando os desejos e a forma como o indivíduo se relaciona consigo mesmo e com os outros.

A psicanálise trabalha com a teoria da libido para entender o desenvolvimento da sexualidade. Freud considerava a libido, ou energia sexual, como uma força central na vida psíquica, presente em diferentes estágios do desenvolvimento humano. Segundo ele, a maneira como essa energia é direcionada ao longo da infância e adolescência tem um impacto profundo na forma como a sexualidade se expressa na vida adulta. E a libido não se limitaria ao desejo sexual, ela também estaria envolvida em várias outras áreas da experiência humana, como a atração, o desejo e até as preferências nas relações interpessoais. A dinâmica da libido, portanto, vai além do ato sexual, abrangendo a forma como os indivíduos buscam satisfação emocional e psíquica.

Outra teoria importante que relaciona a psicanálise à sexualidade é o Complexo de Édipo, que se tornou um dos conceitos mais conhecidos da psicanálise. Ele descreve uma fase do desenvolvimento infantil em que os meninos vivenciam sentimentos ambivalentes de desejo e hostilidade em relação à mãe. O correspondente do Complexo de Édipo para as meninas seria o Complexo de Electra.

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Freud sugeriu que, durante essa fase, a criança experimenta um desejo inconsciente pelo genitor do sexo oposto e uma rivalidade com o genitor do mesmo sexo. A resolução bem-sucedida desse complexo é considerada fundamental para o desenvolvimento saudável da identidade sexual e para a capacidade de formar relações afetivas e amorosas na vida adulta. Embora esse conceito tenha gerado debates acalorados, ele permanece um pilar importante da psicanálise e ainda influencia a compreensão de como a sexualidade se desenvolve ao longo da vida.

Para entender melhor a relação entre psicanálise e questões da sexualidade, acesse o curso Psicanálise e Sexualidade, da Casa do Saber+. Nas aulas, a psicanalista Natália Pereira Travassos busca aprofundar a compreensão da sexualidade, fazendo um panorama histórico sobre o tema, desde os primeiros estudos que antecederam as pesquisas freudianas até as contribuições da psicanálise para o discurso contemporâneo sobre sexualidade.



Conclusão

Os tipos de sexualidade são múltiplos e refletem a diversidade da psique humana. Estudar o tema é essencial para entender que cada pessoa tem o direito de explorar sua sexualidade e identidade de gênero da maneira que melhor se alinha com sua vivência e sentimentos. A orientação sexual varia de pessoa para pessoa, e a aceitação dessas diferenças é vital para a construção de uma sociedade inclusiva e respeitosa. Nesse sentido, a educação sobre esses temas, incluindo conceitos como identidade de gênero, cisgênero, assexualidade, contribui para superar os preconceitos e estabelecer a compreensão necessária para o respeito às diversas formas de ser.

Perguntas Frequentes sobre Tipos de Sexualidade

Quais são as principais diferenças entre orientação sexual e identidade de gênero?

A orientação sexual refere-se ao tipo de atração emocional, afetiva ou sexual que uma pessoa sente por outra. Por exemplo, uma pessoa pode se identificar como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, entre outras. Já a identidade de gênero diz respeito à percepção que uma pessoa tem de si mesma em relação ao gênero, podendo ser masculino, feminino, uma combinação de ambos ou nenhum. A identidade de gênero pode ou não coincidir com o sexo atribuído ao nascimento, enquanto a orientação sexual está relacionada às preferências e atração por pessoas de diferentes sexos ou gêneros.

O que significa ser um homem cis ou uma mulher cis?

Ser um homem cis ou uma mulher cis significa que a identidade de gênero da pessoa está alinhada com o sexo que lhe foi atribuído ao nascer. No caso de um homem cis, ele foi designado do sexo masculino ao nascer e se identifica como homem. Da mesma forma, uma mulher cis foi designada do sexo feminino ao nascer e se identifica como mulher. O termo "cisgênero" é usado para descrever pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao sexo biológico atribuído a elas, em contraste com pessoas transgêneras, que não se identificam com o sexo designado ao nascimento.




Referências

https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/583362/3/Manual%20de%20Orienta%C3%A7%C3%B5es%20sobre%20G%C3%AAnero%20e%20Diversidade%20Sexual.pdf

https://g1.globo.com/pop-arte/diversidade/noticia/2024/06/23/entenda-o-que-e-ser-queer.ghtml

TDAH: Sintomas, O que é, Características no Adulto e Tratamento
Xavana Celesnah
TDAH: Sintomas, O que é, Características no Adulto e Tratamento
O que é o TDAH? Sintomas e características do déficit no adulto e na criança, diagnóstico pelo comportamento e tratamento para o transtorno CIDF90.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma disfunção neuropsiquiátrica muito frequente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3% da população mundial convive com esse distúrbio que afeta a saúde mental, caracterizado pela dificuldade de concentração e pela inquietação constante. Esses sintomas são típicos do TDAH, que se manifesta também por uma impulsividade excessiva e, em alguns casos, uma hiperatividade difícil de controlar.

Quando não tratado adequadamente, o transtorno pode prejudicar o desempenho acadêmico, profissional e até mesmo as relações sociais, afetando a qualidade de vida do indivíduo. Embora muitos associem o TDAH à infância, a verdade é que ele pode se estender à vida adulta. Neste artigo, vamos esclarecer o que é TDAH, mostrar quais são seus sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são os tratamentos mais indicados.



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O que é o TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno caracterizado pela dificuldade em manter o foco, impulsividade excessiva e, em muitos casos, hiperatividade. O TDAH impacta profundamente a vida cotidiana de seus portadores e não se restringe à infância, já que muitos adultos também convivem com seus sintomas.

Muitas vezes, o TDAH é reduzido a uma simples dificuldade de concentração, mas é importante destacar que suas implicações vão muito além disso. Quem tem o transtorno pode conviver com um constante sofrimento psíquico, já que não se trata apenas de “não conseguir prestar atenção”, mas de uma dinâmica cerebral que dificulta o controle das ações e pensamentos, resultando em comportamentos que são frequentemente mal interpretados pela sociedade.

De perto ninguém é normal – o que é considerado uma característica de "anormalidade" no TDAH, muitas vezes reflete uma forma de ser e de estar no mundo, que não se encaixa nas expectativas da sociedade sobre como devemos nos comportar. Essa dificuldade em seguir normas pode levar a frustrações, principalmente porque a pessoa com TDAH é constantemente desafiada a corresponder a expectativas que não são naturais para ela.

Como o TDAH afeta o corpo e a mente?

Sabe aquela pessoa que parece viver no “mundo da Lua”? Ou aquela que é uma “espoleta” e não consegue ficar parada de jeito nenhum? Provavelmente você já conheceu alguém assim e é possível que essas pessoas tenham TDAH. A mente da pessoa com TDAH parece estar em constante movimento, saltando de um pensamento para outro, o que dificulta a concentração em uma única tarefa. Esse ciclo de desatenção afeta a autoestima, alimentando sentimentos de inadequação e fracasso.

Além disso, a impulsividade, um dos principais sintomas do TDAH, adiciona outra camada de complexidade à condição. As decisões tomadas com pressa e sem a devida reflexão muitas vezes resultam em comportamentos inadequados ou prejudiciais, tanto no âmbito social quanto profissional. No contexto interpessoal, a falta de autocontrole pode gerar mal-entendidos e desentendimentos, uma vez que a pessoa com TDAH pode agir de forma impetuosa, sem considerar as consequências de suas atitudes. No trabalho, isso se traduz em dificuldades para lidar com tarefas que exigem paciência, atenção aos detalhes e pensamento estratégico, prejudicando o trabalho em equipe. A impaciência pode levar a erros evitáveis e à incapacidade de concluir projetos de maneira satisfatória.

O TDAH também afeta o corpo. A inquietude física é uma característica comum, fazendo com que muitos indivíduos sintam necessidade constante de se movimentar. Essa agitação pode resultar em dificuldades para permanecer sentado por longos períodos, como em salas de aula ou em ambientes de trabalho. Além disso, essa inquietação pode gerar tensão muscular e fadiga, já que o corpo está em constante estado de alerta. A dificuldade em se concentrar e em manter o controle sobre os impulsos também pode afetar a capacidade de realizar tarefas motoras finas, como escrever ou coordenar ações mais complexas.

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Quais são as causas do TDAH?

As causas do TDAH incluem fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Entre os principais fatores que contribuem para o transtorno, destacam-se:

  1. Genética: O TDAH é frequentemente observado em famílias, o que sugere uma forte base hereditária. Se um dos pais tem TDAH, as chances de o filho também ser diagnosticado aumentam significativamente.
  2. Anormalidades Neurológicas: O TDAH está relacionado a desequilíbrios nos neurotransmissores cerebrais, principalmente a dopamina. Esse desequilíbrio afeta os circuitos cerebrais responsáveis pela atenção e pelo controle do comportamento, dificultando a regulação dessas funções.
  3. Fatores Ambientais: A exposição a substâncias tóxicas durante a gestação, como nicotina e álcool, ou complicações no parto, podem ser fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do transtorno.
  4. Pressões e Estresse Social: Vivemos em uma sociedade cada vez mais acelerada, o que coloca enormes demandas sobre os indivíduos, principalmente sobre as crianças, que são as mais afetadas por esse contexto. O impacto de uma educação excessivamente pressionada, sem espaço para a individualidade e a criatividade, pode desencadear ou agravar os sintomas de TDAH.


Quais são os tipos de TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é classificado em três tipos principais, de acordo com a literatura médica:

  • predominantemente desatento

  • predominantemente hiperativo e impulsivo

  • combinado (que mistura características dos dois anteriores)


O tipo predominantemente desatento é caracterizado pela dificuldade persistente de manter a atenção, focar em uma tarefa ou seguir instruções, resultando em um desempenho abaixo do esperado, tanto na escola quanto no ambiente de trabalho. Indivíduos com esse tipo de TDAH frequentemente são vistos como "sonhadores", distraídos e esquecidos. Eles podem ter dificuldades em concluir tarefas e manter a organização, o que afeta sua produtividade e autoestima. Na infância, esse tipo é mais comumente diagnosticado em meninas, que tendem a exibir um comportamento mais internalizado, ao contrário dos meninos que, frequentemente, apresentam sinais mais evidentes de hiperatividade.

O segundo tipo, o predominantemente hiperativo e impulsivo, é marcado pela impulsividade excessiva e pela hiperatividade, o que torna difícil para o indivíduo controlar seus impulsos ou manter-se calmo em situações que exigem paciência ou quietude. Pessoas com esse perfil frequentemente têm dificuldade em permanecer sentadas por longos períodos, interrompem os outros enquanto falam, tomam decisões apressadas e se envolvem em comportamentos arriscados sem considerar as consequências. Na infância, esse tipo é mais comumente identificado em meninos, já que os sinais de hiperatividade são mais visíveis e frequentemente associados a comportamentos que causam incômodos em ambientes como escolas e outros locais sociais. A impulsividade pode afetar a interação com os outros, dificultando o estabelecimento de relacionamentos saudáveis.

Finalmente, o TDAH combinado é o tipo mais comum, caracterizado pela presença de sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade. Indivíduos com esse tipo de TDAH apresentam uma combinação de dificuldades em manter o foco e uma constante necessidade de se movimentar, o que pode interferir em várias áreas da vida, como desempenho acadêmico, habilidades sociais e relacionamentos.

TIPOS DE TDAH SINTOMAS
Predominantemente desatento Dificuldade em manter o foco, organização e seguir instruções.
Predominantemente hiperativo e impulsivo Impulsividade excessiva, hiperatividade e dificuldades em controlar comportamentos.
Combinado Combinação de desatenção, impulsividade e hiperatividade.


Como é feito o Diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um processo que exige uma análise clínica minuciosa, dada a sobreposição de sintomas com outras condições psicológicas e neuropsiquiátricas. Sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade podem ser confundidos com outras condições, como depressão, distúrbios de aprendizagem e até mesmo transtornos de personalidade. Por essa razão, é essencial que o diagnóstico seja realizado por profissionais qualificados, como psicólogos, psiquiatras ou neurologistas, que tenham experiência no reconhecimento dos sinais e na diferenciação do TDAH em relação a outras condições.

O diagnóstico adequado do TDAH requer várias etapas. Inicialmente, o profissional realiza uma entrevista clínica detalhada com o paciente, além de conversar com familiares, professores ou outras pessoas que convivem com o indivíduo, a fim de entender melhor o histórico e o comportamento ao longo do tempo. Também são aplicadas escalas de avaliação específicas, que medem a intensidade dos sintomas de desatenção e impulsividade, além de verificar como esses sintomas impactam a vida cotidiana do paciente. Em alguns casos, exames neurológicos e testes psicológicos mais profundos podem ser indicados para descartar outras condições que possam gerar sintomas semelhantes, como dislexia ou transtornos de humor.

Adicionalmente, o Código CIDF90, presente na Classificação Internacional de Doenças, pode ser utilizado para facilitar a identificação do TDAH, promovendo a padronização do diagnóstico e auxiliando na escolha do tratamento mais adequado. Ao considerar todos esses fatores, o diagnóstico do TDAH não se resume à simples observação de sintomas, mas envolve um olhar atento para o histórico clínico e a avaliação cuidadosa das variáveis psicológicas e neurológicas, garantindo um caminho eficaz para o manejo do transtorno.



Existe tratamento para TDAH?

O tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) exige uma abordagem profissional personalizada, que leve em consideração as diversas características do indivíduo, incluindo aspectos neurológicos, emocionais e comportamentais. Uma combinação de intervenções médicas, terapêuticas e complementares é frequentemente utilizada para lidar com os principais sintomas do transtorno, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral do paciente.

Além do uso de medicamentos, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se mostrado uma das abordagens mais eficazes para o tratamento do TDAH. Por meio da TCC, o paciente aprende estratégias para organizar suas tarefas, controlar suas emoções e melhorar suas habilidades de resolução de problemas. Essa terapia também é eficaz para lidar com as questões de impulsividade e baixa autoestima que frequentemente acompanham o transtorno. Outras terapias complementares, como o treinamento de habilidades sociais, programas de reabilitação cognitiva e práticas de mindfulness, podem ser incluídas no tratamento para oferecer recursos adicionais e promover uma vida mais equilibrada.

Saúde Mental e TDAH

Para quem deseja se aprofundar no conhecimento acerca dos maiores transtornos e sofrimentos psíquicos da humanidade, a Casa do Saber + possui diversos cursos na área, incluindo o curso do psicanalista, psiquiatra e professor titular de psicopatologia clínica pela Aix-Marseille Université (França), Mario Eduardo Costa Pereira. O curso sobre Transtornos e Sofrimentos Psíquicos aborda questões como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência química.

A plataforma Casa do Saber + possui uma série de opções de estudo que tratam das principais questões de saúde mental contemporâneas, incluindo a hiperatividade, abordada no curso Excitados, Desatentos e Cansados, da Doutora em teoria psicanalítica pela UFRJ, Nina Saroldi.



Conclusão

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição que vai além das limitações cognitivas, influenciando o comportamento do indivíduo e a maneira como interage com o mundo e com as pessoas ao seu redor. Através de um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adaptado às necessidades de cada pessoa, aqueles com TDAH têm a oportunidade de gerenciar seus sintomas e alcançar uma vida plena e produtiva, superando as dificuldades impostas pelo transtorno. É essencial que o apoio familiar, escolar e social esteja presente ao longo desse percurso, criando um ambiente de acolhimento e compreensão.

Perguntas frequentes sobre TDAH

  1. Quais são os principais sintomas do TDAH e como identificá-los?


    Os principais sintomas de TDAH incluem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou conversas por períodos prolongados, impulsividade (agir sem pensar nas consequências), hiperatividade (excesso de movimento ou inquietação), e uma tendência a ser facilmente distraído. Além disso, pessoas com TDAH podem apresentar desorganização, dificuldade em seguir instruções e esquecimento frequente. Esses sintomas podem variar de acordo com a idade, sendo mais evidentes em crianças, mas também presentes em adultos. Caso esses sintomas persistam por mais de seis meses e impactem a vida diária, pode ser um indicativo de TDAH.

  2. O TDAH é um transtorno que afeta apenas crianças?


    Não. O TDAH não é exclusivo da infância e pode persistir na vida adulta. Muitas pessoas com TDAH são diagnosticadas quando crianças, mas seus sintomas podem continuar ou até ser reconhecidos tardiamente na fase adulta. Nos adultos, o transtorno pode se manifestar de formas diferentes, como dificuldades de concentração no trabalho, desorganização nas tarefas cotidianas, impulsividade em decisões financeiras ou sociais, e até mesmo desafios nas relações interpessoais. O tratamento do TDAH em adultos pode incluir Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), acompanhamento psicológico e, em alguns casos, medicação, dependendo da gravidade dos sintomas.





Referências

https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/o-que-esta-por-tras-da-explosao-de-casos-de-tdah-no-brasil-e-no-mundo/


https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-do-deficit-de-atencao-com-hiperatividade-tdah/




Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): o que é e como funciona
Xavana Celesnah
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): o que é e como funciona
Descubra o que é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), como funciona, quais principais técnicas e benefícios para a saúde mental e o bem-estar.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes e estudadas no campo da psicologia. Criada na década de 1960 pelo psiquiatra britânico Aaron Beck, ela é baseada na ideia de que nossos pensamentos influenciam diretamente nossos comportamentos e sentimentos. Aaron Beck descreveu essa abordagem em seu livro Terapia Cognitiva da Depressão (1982), no qual explicou como a modificação de padrões de pensamento negativos pode levar a mudanças significativas no comportamento e na forma como lidamos com o mundo ao nosso redor.

A TCC busca ajudar o paciente a identificar e reestruturar esses pensamentos disfuncionais, promovendo um melhor equilíbrio emocional e uma melhor adaptação às mais diversas situações cotidianas. A TCC é indicada para tratar uma ampla gama de condições psicológicas, como ansiedade, depressão, burnout, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares, fobias, transtorno bipolar, ataques de pânico, entre outras. Além disso, pode ser uma excelente ferramenta no auxílio de questões como o cansaço mental, a busca pela superação da ansiedade, e também para promover o autocuidado e o bem-estar geral. Este artigo explora os objetivos, as técnicas e os efeitos da terapia cognitivo-comportamental.



O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica de tratamento que se baseia na ideia de que os pensamentos, sentimentos e comportamentos estão interligados. Por meio da identificação e modificação de padrões de pensamento distorcidos ou negativos, a TCC busca melhorar a forma como os indivíduos se sentem e agem, oferecendo mais controle sobre as emoções e comportamentos. Isso torna a TCC um dos tratamentos mais eficazes para uma variedade de transtornos mentais.

Esse tipo de terapia considera a forma como o paciente interpreta o mundo ao seu redor e como reage a ele. O terapeuta auxilia o paciente a entender seus sistemas de crenças, que muitas vezes geram emoções negativas e destrutivas. A partir dessa compreensão, o paciente aprende a lidar de maneira mais saudável com suas emoções, desenvolvendo habilidades para autorregular seu humor e suas reações diante dos acontecimentos.

A TCC pode ser usada para tratar condições como transtorno de ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares, distúrbios de sono, burnout, fobias, transtornos de personalidade, e até mesmo distúrbios psicossomáticos. Seu foco é ajudar o paciente a entender como seus pensamentos influenciam suas emoções e comportamentos, para que possa fazer mudanças positivas em sua vida.

A TCC também é eficaz para ajudar as pessoas a lidar com situações desafiadoras da vida, como mudanças significativas (por exemplo, separações ou mudanças de carreira) ou para quem simplesmente busca por uma vida mais feliz. Ela oferece ferramentas práticas que capacitam os indivíduos a resolverem problemas de forma eficaz e emocionalmente saudável.

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Como funciona a Terapia Cognitivo-Comportamental?

Na prática, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) envolve a aplicação de uma combinação de técnicas cognitivas, comportamentais, emocionais e interpessoais, com o objetivo de promover mudanças duradouras nas crenças, atitudes e reações do paciente.

  • Técnicas Cognitivas

    As técnicas cognitivas são aplicadas para modificar crenças distorcidas e pensamentos automáticos negativos. O foco está em desafiar interpretações errôneas que o paciente tem sobre si mesmo e o mundo ao seu redor. Ao questionar e ajustar essas crenças, o paciente pode passar a adotar uma visão mais realista e equilibrada da vida, o que diminui a ansiedade e aumenta o bem-estar geral. Por exemplo, um paciente que teme ser chamado pelo chefe para uma conversa, por acreditar ter feito algo errado, pode ser orientado a reavaliar essa crença e reconhecer que não há evidências para esse medo.
  • Técnicas Comportamentais

    As técnicas comportamentais visam alterar comportamentos disfuncionais que contribuem para o sofrimento emocional. Isso pode ser feito através de exercícios práticos, como relaxamento, por exemplo. Essas técnicas ajudam o paciente a agir de maneira mais adaptativa, superando padrões negativos e criando alternativas mais saudáveis para lidar com as dificuldades do dia a dia.
  • Técnicas Emocionais

    As técnicas emocionais têm como objetivo ajudar o paciente a lidar melhor com suas emoções, desenvolvendo a inteligência emocional e a autocompaixão. Isso é alcançado ao incentivar o paciente a aceitar suas emoções, sem se julgar negativamente por senti-las, e a aprimorar suas habilidades para se relacionar de maneira mais saudável com os outros. Ao cultivar uma visão mais positiva de si mesmo, o paciente consegue melhorar suas interações sociais e reduzir sentimentos de inadequação ou frustração.
  • Técnicas Interpessoais

    As Técnicas Interpessoais são voltadas para a melhoria das habilidades de comunicação e relacionamento social. A TCC ensina o paciente a ouvir ativamente, a se expressar de maneira assertiva e a interpretar corretamente as respostas não verbais dos outros. Isso facilita a criação de relações interpessoais mais saudáveis, ajudando o paciente a desenvolver maior confiança em suas interações e a lidar melhor com situações sociais, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.


O processo terapêutico começa com a identificação dos pensamentos automáticos e das crenças disfuncionais que o paciente possui, permitindo que o terapeuta e o paciente trabalhem juntos para avaliar a validade dessas crenças e, quando necessário, substituí-las por pensamentos mais realistas e adaptativos. Além disso, durante a terapia, o paciente aprende sobre os processos cognitivos que influenciam seus sentimentos e comportamentos, e é incentivado a registrar suas atividades diárias para observar padrões e planejar mudanças futuras.

Em momentos de ansiedade ou estresse, a TCC também oferece ferramentas práticas como técnicas de relaxamento, ensaios comportamentais e treinamento de assertividade, que ajudam o paciente a lidar com essas emoções de forma mais eficaz. A exposição gradual a situações que geram medo ou desconforto, seja de forma real ou imaginária, permite que o paciente enfrente suas preocupações de forma controlada, reduzindo gradualmente a ansiedade e melhorando sua resposta emocional.

Em suma, a Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha de forma estruturada e prática para modificar pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais, permitindo que o paciente desenvolva habilidades para lidar com as dificuldades de maneira mais adaptativa. Ao longo do processo, o paciente aprende a se tornar mais consciente de seus padrões de pensamento e comportamento, possibilitando-lhe enfrentar desafios de forma mais resiliente e equilibrada.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental impacta o comportamento e as emoções

A TCC atua principalmente na alteração de padrões de pensamento que contribuem para emoções negativas ou desajustadas. Por exemplo, pessoas que lutam para superar a ansiedade ou depressão tendem a ter pensamentos automáticos negativos, como "Eu nunca vou conseguir", ou "Nada vai melhorar". Esses pensamentos distorcidos podem levar a reações emocionais e comportamentais desproporcionais ao contexto.

A TCC ensina os pacientes a identificarem esses padrões de pensamento e a questioná-los, proporcionando novas formas de pensar e agir. O objetivo é desenvolver uma forma mais realista de enxergar o mundo, ajudando a controlar a ansiedade e a lidar melhor com as pressões do dia a dia. A terapia cognitivo-comportamental também é uma abordagem eficaz para o tratamento de casos de burnout e cansaço mental.

No contexto profissional, indivíduos com diferentes perfis de personalidade e carreira podem usar a TCC para desenvolver estratégias que minimizem a pressão interna e externa que enfrentam. A TCC oferece um caminho estruturado e objetivo para lidar com medo e para ajudar a superá-lo, equilibrando as reações emocionais frente a desafios pessoais ou profissionais.




Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar na busca por uma vida mais feliz

O principal objetivo da TCC é melhorar o bem-estar emocional e psicológico, ajudando os indivíduos a reagirem de forma mais saudável aos desafios da vida. A terapia oferece ferramentas práticas que permitem às pessoas desenvolverem uma melhor compreensão de seus pensamentos e comportamentos, contribuindo para uma vida mais plena.

Muitas vezes, as pessoas experimentam mudanças na vida, como mudanças no trabalho, relacionamentos ou a busca por novos objetivos pessoais, e essas transformações podem ser fontes de estresse ou ansiedade. A TCC permite que os indivíduos encontrem maneiras eficazes de lidar com essas transições, mantendo o equilíbrio emocional e a perspectiva positiva. Além disso, a TCC ajuda no desenvolvimento de habilidades de autocuidado, fundamentais para preservar a saúde mental.

Por exemplo, uma pessoa que sofre de burnout pode se beneficiar da TCC, aprendendo a gerenciar melhor o estresse e as demandas da vida profissional, ao mesmo tempo em que encontra equilíbrio na vida pessoal.

Técnicas e métodos da Terapia Cognitivo-Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) utiliza uma abordagem de psicoterapia contemporânea, baseada em uma variedade de técnicas que ajudam os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento negativos. Esses métodos são aplicados de forma prática e contínua, com foco em promover mudanças duradouras no comportamento dos pacientes. Algumas das principais técnicas utilizadas na TCC incluem:

  • Reestruturação cognitiva: envolve identificar e modificar pensamentos distorcidos, substituindo-os por interpretações mais realistas e equilibradas.
  • Treinamento de habilidades sociais: ensina como interagir de forma mais eficaz e assertiva em diferentes situações sociais.
  • Exposição gradual: usada no tratamento de fobias ou transtornos de ansiedade, envolve a exposição controlada ao objeto ou situação que causa medo, ajudando a reduzir a ansiedade ao longo do tempo.
  • Relaxamento e respiração profunda: ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, proporcionando calma física e mental.



Efeitos da Terapia Cognitivo-Comportamental: como ela pode melhorar sua qualidade de vida

A TCC tem mostrado resultados extremamente positivos para aqueles que a praticam. Entre os benefícios mais notáveis estão a redução de sintomas de ansiedade, depressão, e burnout, o que leva a uma melhora significativa na qualidade de vida. Além disso, a terapia promove um aumento da autoestima, o que pode ajudar a melhorar relacionamentos pessoais e a felicidade conjugal.

Outro efeito importante da TCC é o aumento da resiliência emocional, ajudando as pessoas a se recuperarem mais rapidamente de mudanças na vida e a lidarem melhor com situações estressantes. Os pacientes aprendem a se concentrar no que pode ser controlado, melhorando a percepção de controle sobre a própria vida.

O que é Psicoterapia Contemporânea e sua relação com a TCC

A psicoterapia contemporânea engloba abordagens que visam tratar problemas emocionais de forma mais integrada e prática, levando em consideração os avanços da psicologia moderna. A TCC é uma das principais correntes da psicoterapia contemporânea, proporcionando resultados rápidos e eficazes. Ela combina técnicas da psicologia cognitiva com estratégias comportamentais para fornecer aos pacientes ferramentas que os ajudem a enfrentar desafios psicológicos e emocionais de maneira mais eficaz.




Conclusão

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica altamente eficaz que pode ser usada para tratar uma variedade de transtornos psicológicos e emocionais, como ansiedade, depressão, burnout, e transtornos alimentares. Seus benefícios vão além do tratamento de doenças mentais, sendo também uma ferramenta valiosa na busca por uma vida mais equilibrada, saudável e feliz.

Se você está enfrentando dificuldades emocionais, a TCC pode ser uma das melhores opções de terapia para te ajudar a mudar padrões de pensamento negativos e alcançar uma vida mais gratificante.

Perguntas Frequentes sobre Terapia Cognitivo-Comportamental

  1. Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode me ajudar a superar o burnout?

    A TCC é especialmente eficaz no tratamento de burnout, pois ela ajuda a identificar e mudar os pensamentos e comportamentos que contribuem para o esgotamento emocional. Ao ensinar estratégias para gerenciar o estresse, estabelecer limites saudáveis e modificar padrões de pensamento excessivamente perfeccionistas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajuda a aliviar os sintomas de burnout e facilita uma recuperação mais rápida e sustentável.


  2. A Terapia Cognitivo-Comportamental é eficaz no tratamento de distúrbios alimentares?

    Sim, a TCC é uma abordagem altamente eficaz no tratamento de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. A terapia ajuda os pacientes a identificarem padrões de pensamento negativos e distorcidos sobre imagem corporal e comida, promovendo uma relação mais saudável com a alimentação e o corpo.





Referências

https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2023/06/5103116-terapia-cognitivo-comportamental-alternativa-eficaz-para-depressao.html

https://www.metropoles.com/sao-paulo/psicoterapia-insonia-estudo-usp

https://vidasaudavel.einstein.br/o-que-e-a-terapia-cognitiva-comportamental-tcc-e-como-ela-funciona/#:~:text=Atlas%20Mental-,O%20que%20%C3%A9%20a%20Terapia%20Cognitiva%2DComportamental,TCC

https://artmed.com.br/artigos/terapia-cognitivo-comportamental-como-funciona-evidencias-e-como-aplicar






Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
Xavana Celesnah
Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
O que é terapia de casal: as linhas da psicologia, qual o tratamento para o bem estar, quando procurar ajuda do psicólogo, duração e perguntas.

A terapia de casal é uma abordagem da psicologia clínica especializada em resolver problemas conjugais, oferecendo um espaço seguro para que os casais possam explorar suas questões. Psicólogos capacitados recebem casais das mais diversas idades e crenças, para ajudá-los a superar impasses que, muitas vezes, parecem impossíveis de serem resolvidos na dinâmica cotidiana do casal.

Durante as sessões, os casais têm a oportunidade de identificar soluções saudáveis para seus desafios, encontrar o bem-estar individual de cada membro e, assim, ter uma vida mais plena. Esse tipo de terapia fortalece os laços afetivos e promove uma melhora significativa na comunicação e compreensão mútua. Neste artigo, vamos explorar como a terapia de casal funciona, os benefícios que ela oferece e como pode transformar a qualidade do relacionamento. Também discutiremos os sinais de quando é o momento ideal para buscar ajuda e iniciar o processo terapêutico.



O que é terapia de casal?

A terapia de casal é um tratamento psicológico especializado, dentro da psicoterapia contemporânea, voltado para ajudar os casais, independentemente da configuração de gênero, a superarem dificuldades e desafios que surgem ao longo da convivência. Esses desafios podem se manifestar de diversas formas, como conflitos frequentes, comunicação falha, problemas de intimidade, infidelidade ou distanciamento emocional, entre outras questões que afetam diretamente o bem-estar e a harmonia da relação.

O principal objetivo da terapia de casal é restaurar o equilíbrio emocional do relacionamento, promovendo uma compreensão mútua e fortalecendo o vínculo afetivo. Durante o processo, o terapeuta facilita o diálogo entre os parceiros, ajudando-os a identificar as causas profundas dos problemas e, mais importante, encontrar soluções adequadas e eficazes para a resolução dos conflitos. A terapia não tem a intenção de apontar culpados, mas de promover a empatia e a colaboração entre os dois, ajudando a reconstruir uma convivência mais saudável, essencial para a arte de amar.

Cada casal tem uma história diferente, com experiências e necessidades distintas. Daí, a necessidade de uma terapia personalizada, sempre levando em consideração a dinâmica específica de cada relacionamento. No contexto da procura da felicidade conjugal, o objetivo da terapia é proporcionar aos parceiros as ferramentas necessárias para melhorar a qualidade do relacionamento, fortalecer o vínculo afetivo e alcançar um equilíbrio emocional que favoreça a convivência e o bem-estar de ambos.



Como funciona a terapia de casal?

Durante as sessões de terapia de casal, um profissional especializado, geralmente um psicólogo com experiência em relações interpessoais, tem o papel de facilitar a comunicação entre os parceiros, criando um ambiente seguro e acolhedor. Portanto, o casal participa das sessões de forma conjunta. Este espaço deve permitir que ambos se sintam à vontade para expressar seus sentimentos, necessidades e preocupações, sem o medo de serem julgados ou de que haja hostilidade. O terapeuta atua com empatia e cuidado, com o foco em promover uma compreensão mútua, sem a intenção de apontar culpados, mas com o intuito de auxiliar o casal a entender os padrões de comportamento que podem estar gerando tensões ou distúrbios na relação.

A terapia de casal não busca uma solução rápida ou superficial. É uma linha de cuidado pautada na reflexão, onde o terapeuta orienta os parceiros a reconhecerem suas atitudes prejudiciais e tóxicas, muitas vezes baseadas em comunicação violenta, falta de empatia ou dificuldades relacionadas ao apego emocional.

A duração da terapia pode variar conforme a complexidade dos desafios enfrentados pelo casal. Embora as sessões ocorram geralmente de forma semanal ou quinzenal, cada encontro é uma oportunidade para analisar e praticar novas formas de comunicação e resolução de conflitos. O objetivo é que o casal saia de cada sessão mais preparado para lidar com os desafios de forma saudável, usando ferramentas e habilidades adquiridas no processo terapêutico.

A terapia de casal é estruturada em várias etapas fundamentais, que visam promover uma compreensão mais profunda para a resolução dos conflitos. Essas etapas incluem:

  • Acolhimento: O psicoterapeuta apresenta-se e explica a abordagem que será utilizada durante o processo terapêutico. O casal tem a oportunidade de se apresentar e fornecer informações pessoais, estabelecendo uma base de confiança e abertura. O ambiente é preparado para que ambos os parceiros possam expressar suas preocupações de maneira confortável..
  • Avaliação inicial: O terapeuta investiga as razões que levaram o casal a procurar ajuda, ouvindo cada parceiro de forma individual. Isso permite entender as questões que estão afetando o relacionamento, identificando as áreas que necessitam de mais atenção.
  • Diagnóstico: Com base nas informações coletadas, o terapeuta elabora um diagnóstico sistêmico conjugal, que leva em consideração a dinâmica do relacionamento e os padrões de comportamento dos parceiros.
  • Exploração emocional: Os parceiros são incentivados a compartilhar abertamente suas emoções, com foco na escuta ativa. A ênfase está em compreender a perspectiva de cada um, favorecendo uma comunicação mais eficaz e empática.
  • Identificação de padrões: O terapeuta ajuda o casal a identificar padrões de interação ou comportamentos repetitivos que perpetuam os conflitos, como falta de comunicação, críticas constantes ou a evitação de discussões importantes.
  • Desenvolvimento de estratégias: O terapeuta, junto com o casal, desenvolve estratégias para resolver os conflitos e melhorar a convivência. Técnicas de comunicação eficaz, resolução de conflitos e regulação emocional são ensinadas e praticadas. O casal também pode sugerir comportamentos que acredita que podem ajudar a resolver o problema. Cada ideia é avaliada e escolhida a mais adequada para ser experimentada, com a definição de um prazo para avaliação dos resultados.
  • Plano de ação: Ao final de cada sessão, o terapeuta sugere atividades ou tarefas para serem realizadas fora do consultório, de forma que os parceiros possam consolidar as mudanças e aplicar os novos comportamentos no cotidiano.


Essa estrutura proporciona um caminho claro para restaurar a harmonia no relacionamento e promover o crescimento individual de cada parceiro, com foco na construção de uma convivência mais saudável e equilibrada.

Objetivos da terapia de casal

O objetivo central da terapia de casal é proporcionar a regulação emocional no relacionamento, ajudando os parceiros a superar os obstáculos que prejudicam a convivência. A terapia é especialmente eficaz quando há desentendimentos constantes, comunicação deficiente ou quando os parceiros se sentem emocionalmente distantes. Problemas sexuais podem ser um reflexo de tensões subjacentes, muitas vezes relacionadas a questões emocionais não resolvidas, expectativas não atendidas ou até mesmo traumas do passado. Durante as sessões, o casal tem a oportunidade de explorar e compreender as causas profundas dessas dificuldades, que podem envolver experiências da infância, diferenças de personalidade ou conflitos não abordados.

Muitas vezes, os casais se sentem sozinhos mesmo estando em um relacionamento, o que pode ser uma das principais causas de insatisfação emocional. A sensação de solidão no relacionamento ocorre quando as necessidades emocionais de um ou ambos os parceiros não estão sendo atendidas. Esse distanciamento pode fazer com que um ou ambos sintam que estão "sozinhos juntos", o que agrava o sentimento de desconexão e isolamento. A terapia de casal oferece um espaço seguro para que esses sentimentos sejam discutidos abertamente e para que o casal trabalhe em conjunto para restaurar a intimidade e a conexão emocional.

Nesse sentido, a terapia de casal visa fortalecer o vínculo entre os parceiros, promovendo o desenvolvimento de habilidades emocionais e comportamentais que permitirão ao casal lidar de forma mais madura com os desafios que surgirem no futuro.



Benefícios da terapia de casal

A terapia de casal oferece uma série de benefícios profundos e significativos, proporcionando aos parceiros ferramentas valiosas para restaurar e fortalecer sua relação. A seguir, destacamos os principais benefícios dessa abordagem terapêutica:

BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE CASAL GANHOS
Melhora na comunicação A terapia de casal ensina aos parceiros como se comunicar de forma mais eficaz, com foco em uma comunicação respeitosa. Os casais aprendem a expressar suas emoções e necessidades sem recorrer a críticas ou acusações. Esse aprimoramento do diálogo favorece a escuta ativa, o que contribui para a criação de um ambiente mais harmonioso e empático no relacionamento.
Fortalecimento da intimidade A terapia ajuda os casais a restabelecerem sua conexão afetiva, promovendo a abertura e a vulnerabilidade.
Resolução de conflitos A terapia de casal oferece ferramentas para lidar com desacordos de forma construtiva e não conflituosa. Ao invés de ceder a impulsos de brigas ou acusações, os casais aprendem a resolver os problemas de maneira colaborativa. Isso diminui o risco de ressentimentos e evita que desentendimentos pequenos se transformem em grandes confrontos.
Recuperação após traições ou violações da confiança Quando ocorre uma infidelidade ou qualquer outra violação de confiança, a terapia oferece um espaço seguro para lidar com a dor emocional causada. O terapeuta facilita o processo de reconstrução da confiança, ajudando os parceiros a decidirem, juntos, se querem continuar o relacionamento ou seguir caminhos separados. A terapia pode ser um ponto de renovação e crescimento após um momento difícil, ajudando o casal a restaurar a confiança mútua.
Aumento do bem-estar emocional Ao enfrentar e resolver questões importantes no relacionamento, os casais conseguem atingir um equilíbrio emocional mais estável. Isso reduz o estresse emocional proveniente de conflitos não resolvidos e ajuda a promover uma vida conjugal saudável.


Terapia de casal online: como funciona?

A terapia de casal online se tornou uma alternativa viável para muitos casais que têm dificuldades de encontrar tempo para as consultas presenciais. Funciona de forma similar à terapia tradicional, com a diferença de que as sessões são realizadas por meio de plataformas digitais, como videochamadas. Isso oferece maior conveniência e flexibilidade para os casais que moram em locais distantes ou têm uma rotina apertada.

A principal vantagem da terapia de casal online é a acessibilidade, além de permitir que os casais se sintam mais confortáveis ao conversar sobre assuntos delicados no ambiente familiar ou no conforto de sua casa.

Quando procurar ajuda psicológica para o casal?

Muitas vezes, os casais evitam procurar ajuda devido ao estigma ou à ideia de que devem resolver seus problemas sozinhos. No entanto, existem vários sinais que indicam que é o momento de buscar a terapia de casal, tais como:

  • Comunicação que se tornou agressiva ou inexistente.
  • Falta de intimidade ou conexão emocional
  • Perda de confiança após uma traição ou outra quebra significativa de vínculo
  • Conflitos frequentes sem resolução
  • Sentimento de insatisfação constante no relacionamento
  • Sensação de solidão, mesmo estando no relacionamento


Quais são as linhas de tratamento para terapia de casal?

As principais linhas da terapia de casal incluem a terapia sistêmica, a cognitivo-comportamental e a abordagem psicanalítica. Elas oferecem abordagens distintas e focadas em aspectos específicos da dinâmica conjugal, permitindo que cada casal encontre a solução mais adequada para suas necessidades.

  • Terapia sistêmica: trabalha com o casal dentro de um contexto mais amplo, considerando a influência de fatores externos, como a família, os amigos e o ambiente social. O objetivo é compreender os padrões de interação entre os parceiros e como essas influências externas afetam a dinâmica do relacionamento. Essa abordagem enfoca as interações e a forma como as relações fora do casal impactam o comportamento de ambos.
  • Terapia cognitivo-comportamental: foca nas atitudes e comportamentos do casal. Ela ajuda a identificar e modificar pensamentos disfuncionais que geram conflitos e tensões, buscando transformar padrões de comunicação e interação negativa. Além disso, propõe tarefas práticas que os parceiros podem realizar para reforçar as mudanças e ajustes no relacionamento, promovendo uma nova forma de se comunicar e lidar com as dificuldades cotidianas.
  • Abordagem psicanalítica: mergulha nas questões inconscientes que podem estar influenciando o comportamento e os sentimentos do casal. Essa abordagem explora as influências das famílias de origem de cada parceiro, investigando como os padrões aprendidos no passado influenciam as reações, expectativas e comportamentos no relacionamento atual. O objetivo é compreender e resolver conflitos mais profundos, muitas vezes ligados a questões não resolvidas de ambos.


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Perguntas para terapia de casal: como começar?

Para muitos casais, o primeiro desafio é reconhecer a necessidade de ajuda. Isso geralmente acontece quando os problemas no relacionamento se tornam recorrentes e difíceis de resolver por conta própria. Quando a comunicação se torna difícil, a intimidade começa a desaparecer ou os conflitos se intensificam, pode ser hora de procurar apoio profissional. Reconhecer esses sinais e entender que a ajuda de um terapeuta pode ser fundamental para melhorar a relação é o primeiro passo importante.

Após perceber que a terapia pode ser a solução, o próximo passo é buscar um terapeuta especializado. É importante encontrar um profissional com experiência em terapia de casal, que tenha um bom entendimento dos desafios comuns que os casais enfrentam. Hoje, muitos terapeutas oferecem consultas tanto presenciais quanto online, o que aumenta ainda mais a acessibilidade para aqueles com uma rotina apertada ou que moram em lugares distantes.

Ao marcar a primeira consulta, o casal deve estar preparado para falar sobre suas preocupações e expectativas em relação à terapia. Muitas vezes, essa primeira sessão é um momento de esclarecimento, onde o terapeuta explica como funciona o processo terapêutico, quais são os objetivos e o que se espera de cada parceiro durante o tratamento. Para alguns casais, o simples fato de ter um espaço seguro para expressar sentimentos pode ser o início de uma mudança significativa. É importante estar disposto a ser transparente e honesto, já que isso cria a base para um processo terapêutico eficaz.

Nesse sentido, é essencial que ambos os parceiros estejam comprometidos com o processo, entendendo que as mudanças podem levar tempo. Não há um tempo exato para ver os resultados, mas, com dedicação, a terapia pode ajudar a reconstruir a confiança, restaurar a intimidade e melhorar o vínculo afetivo.

Para que a terapia seja eficaz, é fundamental que o casal mantenha a mente aberta e esteja disposto a ouvir e refletir sobre suas próprias atitudes. Isso exige paciência, especialmente quando se enfrentam temas sensíveis ou questões que podem ter sido ignoradas por um longo tempo.

Conclusão

A terapia de casal é uma ferramenta importante para restaurar o bem-estar no relacionamento, promovendo mudanças significativas na comunicação, na resolução de conflitos e no fortalecimento dos laços afetivos entre os parceiros. Quando enfrentam dificuldades constantes, como desentendimentos frequentes, distanciamento emocional ou falta de intimidade e de admiração mútua, a terapia pode ser a melhor alternativa para revitalizar a relação. As mudanças que surgem nesse processo são essenciais para quebrar padrões disfuncionais e abrir espaço para a evolução do relacionamento.

Ao se comprometer com a terapia de casal, vocês estarão investindo no futuro do relacionamento. O processo pode trazer transformações importantes, como o desenvolvimento de um novo repertório de comunicação, negociação e alinhamento de objetivos, além de contribuir para a melhoria da vida sexual e emocional. Essas mudanças são fundamentais para a superação de velhos hábitos.

Perguntas Frequentes sobre Terapia de Casal

O que é terapia de casal e como ela pode ajudar?

A terapia de casal é uma abordagem psicoterapêutica focada em melhorar a dinâmica do relacionamento, ajudando o casal a resolver conflitos, melhorar a comunicação e fortalecer os laços afetivos.

Como funciona a terapia de casal online?

A terapia de casal online funciona de maneira similar à presencial, mas as sessões são realizadas por meio de videochamadas, oferecendo maior conveniência e flexibilidade.





Referências

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/12/terapia-de-casal-salva-o-relacionamento-entenda-quando-ela-pode-ajudar.htm

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/03/09/terapeutas-contam-o-que-os-casais-mais-levam-para-terapia-de-casal.htm

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/terapia-de-casal-saiba-quando-ela-e-indicada,4c9e2021095c2a84618aefcc3debd6e8ssgzjxo9.html




As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Ella Barruzzi
As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Quer conhecer os principais tipos de terapia, suas abordagens, conceitos e as linhas da psicologia em que estão inseridos? Este conteúdo é para você!

Depois daqueles dois anos que ficamos trancados dentro de nossas casas, impossibilitados de sair, interagir e exercer nossos papéis sociais – você deve se lembrar do que estamos falando –, a psicologia começou a ser vista com outros olhos, ganhando maior importância na vida da maioria das pessoas, abrindo assim a oportunidade de acesso a diversos tipos de terapia.

Mas suas tantas vertentes não tiveram início nesse tempo sombrio que tentamos – a duras penas – apagar de nossas mentes, elas vem se desenvolvendo e evoluindo à medida que as necessidades humanas surgem e se modificam. É o famoso Zeitgeist – termo alemão que significa "espírito do tempo".

Dentro desse contexto, você já deve ter ouvido a famosa frase: “todo mundo precisa de terapia”, mas será que estamos conseguindo acessar o que, de fato, nos coloca nesse lugar?

Não à toa, a psicoterapia contemporânea bebe de diversas fontes, sendo um conglomerado de teorias e conceitos que compartilham de ideias, muitas vezes, semelhantes – ou que se complementam.

Imagem computadorizada. Fundo bege, meio cinza, com uma estrutura redonda que possui três degraus no canto direito. No meio da estrutura, um busto humano andrógino. De seu peito se abre uma porta, de onde saem nuvens, com uma escada. Na beirada da escada, um homem está parado olhando para a porta.

Conseguimos explicar o que é psicologia?

Quando nos deparamos com as tantas nomenclaturas que as linhas da psicologia abrangem, acabamos gerando certa confusão de qual direção tomar, qual curso fazer ou qual caminho se deve seguir.

E é exatamente isso que Luiz Hanns aborda em seu curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias”, em que nos convoca a pensar nas tantas psicologias existentes como sendo conectadas umas com as outras, ampliando olhares e conhecimentos a fim de extrair bases fundamentais para o atendimento clínico.

Vale ressaltar que um psicólogo generalista tende a não se aprofundar em transtornos complexos, como borderline e anorexia, pois esses quadros exigem um alto grau de especialização, além de longas horas de estudo, supervisão e prática clínica específica. Nesses casos, é essencial que o paciente receba não apenas acolhimento e orientação adequados, mas também um direcionamento claro para profissionais ou abordagens com maior experiência na área.

Existem diversas teorias psicológicas que frequentemente divergem entre si, muitas vezes gerando rivalidades e debates contínuos. Além disso, algumas abordagens são tão distintas em seus princípios e métodos que não deveriam ser enquadradas no mesmo sistema de comparação ou avaliação, pois operam a partir de fundamentos epistemológicos completamente diferentes.

Quer saber como funciona na prática? Aprenda com o curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias

thumb do curso 'Psicoterapia contemporânea', por Luiz Hanns


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Os debates entre as linhas da psicologia

Podemos citar algumas “comparações” como Sigmund Freud e Carl Jung, uma vez que se fala muito sobre a separação de ambos. No debate, a psicanálise é considerada por vários países como sendo uma modalidade de psicoterapia, que analisa os sintomas e tem como uma das bases a teoria da libido.

Enquanto outros dizem que a psicologia analítica consegue ir mais profundo, através do inconsciente coletivo e dos arquétipos – claro que estamos trazendo aqui uma mínima pincelada.

Ao longo de sua trajetória, o psicólogo pode ou não se identificar com uma abordagem específica. É igualmente importante considerar como, no meio acadêmico e profissional, se estabelece quais abordagens prevalecem, quais podem coexistir e quais acabam sendo gradualmente rejeitadas ou caindo em desuso.

Segundo Hanns, para que uma ou mais teorias avancem e alcancem maior aceitação acadêmica e social, é necessário compreender a dinâmica da retórica científica e acadêmica.

Esse processo não se baseia em quem grita mais alto, em disputas agressivas ou em ataques pessoais, mas sim em um conjunto de parâmetros que, embora não garantam que uma teoria seja intrinsecamente mais científica do que outra, fornecem argumentos mais sólidos dentro do debate.

Esses argumentos podem aumentar a aceitação de uma teoria sobre outra ou, em alguns casos, permitir que duas teorias dominem o campo, mesmo que sejam antagônicas entre si – por isso, é essencial reconhecer a evolução das abordagens dentro da psicoterapia.

Imagem computadorizada. Fundo azul claro, meio esverdeado, com busto humano andrógino ao centro. O topo da sua cabeça está cortado e o cérebro é exposto como se fosse um labirinto. Seu rosto também está projetado para fora, como uma máscara. Em seu peito consta uma porta, de onde sai uma escada.

Conhecendo algumas linhas da psicologia

É fundamental manter a coerência de uma teoria não apenas internamente, mas também em diálogo com áreas afins. As diferentes disciplinas – quando em formação – estão em constante interação, e a psicoterapia não pode se isolar como um campo independente que ignora outros saberes – mesmo que algumas abordagens tentem sustentar essa ideia. O ideal é que apresentem congruência com outras áreas do conhecimento, garantindo um embasamento sólido e interdisciplinar.

A psicologia é uma área bastante ampla e diversa, oferecendo cuidado à saúde mental, bem como proporcionando bem-estar àqueles que se dedicam ao seu processo como clientes, analisados ou pacientes – cada abordagem trata de uma maneira distinta.

Neste texto, focamos na psicologia clínica, um dos principais ramos da psicologia, voltado para a avaliação, diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos mentais, emocionais e comportamentais. Seu objetivo é promover o bem-estar psicológico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ajudando-os a lidar com desafios internos e externos de maneira mais saudável.

O psicólogo clínico trabalha diretamente com indivíduos, casais, famílias ou grupos, utilizando diferentes abordagens para compreender e tratar problemas emocionais e comportamentais.

Esse processo, muitas vezes, começa com uma avaliação psicológica, que pode envolver entrevistas, testes e a análise do histórico do paciente para compreender melhor quais são as suas dificuldades e necessidades.

A psicologia clínica não se limita a uma única linha teórica. Existem diversas abordagens, cada uma com sua visão sobre a psique humana, o desenvolvimento dos transtornos e os métodos de intervenção. Algumas das principais são:

LINHA TEÓRICA ABORDAGEM
Psicanálise e Psicodinâmica Tem como base as teorias de Freud, Winnicott, Lacan, dentre outros – costumam ser mais longas e consideradas profundas, investigando processos inconscientes e sintomas que afetam a vida do paciente.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) Enfatiza a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o paciente a identificar e modificar padrões disfuncionais. Baseada em evidências e amplamente utilizada no tratamento de transtornos como ansiedade, depressão, TOC e fobias.
Humanista e Existencial Foca na experiência subjetiva do paciente, na busca por significado e na autorrealização. Abordagens como a Terapia Centrada na Pessoa (Carl Rogers) e a Logoterapia (Viktor Frankl) valorizam o crescimento pessoal e a autodeterminação.
Gestalt-terapia Trabalha a consciência do momento presente e a responsabilidade do indivíduo sobre suas emoções e comportamentos. Incentiva a integração de diferentes aspectos da experiência do paciente para promover o autoconhecimento.
Terapias de Terceira Onda São abordagens mais recentes dentro da TCC, incorporando elementos de aceitação, mindfulness e valores pessoais. Exemplos incluem a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT) – eficaz para transtorno de personalidade borderline.
Psicologia Analítica (Junguiana) Criada por Carl Jung, enfatiza o inconsciente coletivo, os arquétipos e o processo de individuação como chave para o desenvolvimento pessoal. Utiliza a análise de sonhos, mitos e símbolos para auxiliar na compreensão dos conflitos internos.


Atualmente, a psicologia clínica tem se expandido e integrado novas tecnologias, incluindo terapias online e abordagens interdisciplinares envolvendo neurociência e psiquiatria. O campo continua a evoluir, buscando sempre formas mais eficazes e acessíveis de promover a saúde mental e o bem-estar.

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Afinal, qual a diferença entre analista, terapeuta e psicólogo?

Fazer comparações não é o nosso objetivo aqui, mas sim esclarecer os papéis e as formas de atuação dos profissionais ligados à saúde mental de milhares de pessoas.

A diferença principal entre analista, terapeuta e psicólogo está no nível de formação, no tipo de atuação e na abordagem utilizada no atendimento clínico.

  • Psicólogo: graduação em psicologia + CRP – Atua com psicoterapia, avaliação psicológica e intervenções terapêuticas. Pode diagnosticar pacientes.
  • Terapeuta: formação variada (pode ou não ser psicólogo) – Trabalha com diferentes formas de terapia (psicológicas ou holísticas). A possibilidade de poder ou não diagnosticar irá depender da formação.
  • Analista: formação em psicanálise (pode ou não ser psicólogo) ou psicologia analítica – Atua com psicanálise (Freud, Lacan) ou análise junguiana (Jung).


O psicólogo é um profissional formado em psicologia, com curso superior de quatro a cinco anos, podendo atuar em diversas áreas, como clínica, organizacional, educacional, esportiva, hospitalar e social.

Para atuar, é necessário ter registro no Conselho Regional de Psicologia (CRP) e escolher uma abordagem para conduzir seus atendimentos, podendo realizar avaliações psicológicas, testes, diagnósticos e intervenções terapêuticas.

O terapeuta, por outro lado, é um termo mais amplo e não exige necessariamente formação em psicologia. Ele pode atuar no campo da saúde mental, emocional e comportamental sem precisar ser psicólogo ou possuir CRP.

Um terapeuta pode ser um psicoterapeuta, caso tenha formação em uma abordagem psicológica específica ou atuar em áreas complementares – sua atuação depende das regulamentações locais e do campo de especialização. Vale ressaltar – e colocar em letras garrafais – que para escolher um terapeuta os pacientes devem se aprofundar em suas pesquisas, visto que existem muitas abordagens sendo trabalhadas sem bases científicas ou comprovações teóricas.

O analista pode seguir diferentes formações dependendo da abordagem adotada. No caso da psicanálise Freud, Lacan –, a formação pode ser realizada em instituições psicanalíticas sem a necessidade de um diploma em psicologia, mas necessitando de uma formação acadêmica e de bases sólidas no estudo de psicanálise, permitindo até mesmo que profissionais de outras áreas da saúde atuem como psicanalistas. Alguns psicanalistas contemporâneos de renome, como Ana Suy, reforçam que a formação em psicologia atrelada à atuação em psicanálise é extremamente proveitosa ao profissional.

Já a psicologia analíticaJung – exige formação superior em psicologia para que o profissional possa atuar como analista junguiano. Esse requisito se deve ao fato de que essa abordagem faz parte do campo da psicologia e exige uma base acadêmica formal para aplicação clínica.

Na prática, o analista trabalha com métodos específicos de sua abordagem, como associação livre, interpretação de sonhos, inconsciente coletivo e arquétipos, dependendo da linha teórica adotada.

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Referências bibliográficas

HANNS, Luiz. Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias. Casa do Saber.

SANTI, Pedro Luiz Ribeiro; FIGUEIREDO, Luís Cláudio. Psicologia: uma (nova) introdução. São Paulo: Educ, 2008.

O que é felicidade sob a ótica da psicologia positiva
Ella Barruzzi
O que é felicidade sob a ótica da psicologia positiva
Saiba como a psicologia positiva pode transformar vidas, promovendo relações mais saudáveis em busca do que é felicidade.

E se, no texto de hoje, a gente te propuser um desafio: tirar um tempo para refletir a respeito da sua felicidade? Atualmente, a maioria das pessoas corre de maneira desenfreada sem se dar conta do que está se passando ao redor – e dentro – delas. E a incessante busca do que é felicidade acaba sendo colocada como um objetivo a ser alcançado – ou um item a ser comprado. Mas a psicologia positiva tem outra ideia sobre esse tipo de fato e, dentro desse cenário, a pergunta que fica é: “o que é felicidade para você?”.

Segundo Luiz Hanns, em seu curso “A tal da felicidade: a busca de uma vida mais plena”, essa busca pela felicidade é recente, indo contra a ideia de que é algo inerente ao ser humano.

Isso porque, em tempos passados, existiam algumas hierarquias de metas da vida, onde a felicidade estava amplamente ligada a cumprir ciclos, como casar, ter filhos, estudo e um bom emprego, por exemplo. Mas, e agora?



O impacto da psicologia positiva na história da psicologia

Nos Estados Unidos, e em outros países da língua inglesa, estamos acostumados à associação da palavra happiness – que significa aquilo que acontece –, partindo do pressuposto de que se coisas boas ocorrem, nós estamos felizes.

O termo caminha lado a lado ao que se percebia como a verdadeira felicidade, que era ter segurança, saúde, fartura, o direito de ir e vir, além da cidadania (não que isso também não seja fundamental hoje em dia – a pirâmide de Maslow que nos diga).

Antes da Segunda Guerra Mundial, a psicologia tinha três objetivos principais: tratar transtornos mentais, promover uma vida mais satisfatória e plena para as pessoas, reconhecer e estimular talentos.

No entanto, após o conflito, passou a concentrar-se quase exclusivamente na pesquisa e no tratamento das doenças mentais, deixando um pouco de lado a valorização das qualidades e potenciais humanos.

O contexto histórico desse período teve um impacto significativo nessa mudança de foco, resultando em uma menor atenção ao estudo das virtudes humanas ao longo da segunda metade do século XX.



Pode-se dizer que em anos não tão antigos assim, a sociedade era menos acometida por diagnósticos e sintomas como depressão, melancolia, frustração e estresse. Talvez – aqui é uma especulação – pelo fato de existirem tantas “certezas” sobre os processos e trajetos pelos quais a vida iria passar.

Como dito anteriormente, a psicologia tinha – e ainda tem em algumas vertentes – foco em patologias, com abordagens variadas que costumam enfatizar a angústia do ser humano, esquecendo da ideia de vocação para a felicidade.

O conceito de felicidade que conhecemos hoje é bastante recente, tendo sido “criado” por volta de 1960, onde a alegria de viver era muito mais do que trabalhar duramente, tendo um sentido voltado à capacidade das pessoas conseguirem usufruir das coisas, derivando assim de condições internas.

Foi então que, através de Martin Seligman, surgiu a psicologia positiva, uma das linhas da psicologia que trabalhamos até os dias atuais. Martin – um dos fundadores – e outros teóricos se dedicaram a estudos sistemáticos da felicidade, onde olhavam para os pacientes de forma a encontrar o bem-estar, como ele se definia e como se promovia.

Imagem gerada por inteligência artificial. Jovem adulto de cabelos castanhos e enorme sorriso, usa blusa branca. Ao fundo uma parede colorida e em toda a imagem respingos de tinta.

Felicidade não é euforia, é satisfação consigo mesmo e com a vida

Não existe uma forma de explicar o que é felicidade – ou como ela se apresenta para cada um de nós –, pois existem fatores que precisam estar alinhados e em congruência, facilitando o acesso a esse estado “de ser feliz”.

As escolhas de vida dos seres humanos não são pautadas apenas na busca pela felicidade, visto que existem objetivos diversos – separados em cinco pela psicologia positiva:

  • Felicidade.
  • Relacionamentos.
  • Propósito.
  • Engajamento.
  • Realizações.


Em uma curva de análise considerada como normal, cerca de 60% da felicidade de uma pessoa depende de genética, epigenética e condições biológicas – o que é um número bastante alto. Outra parte depende das condições de nascimento do indivíduo, como a cultura em que está inserido, por exemplo.

Ao longo da vida, também existem picos de felicidade, que variam de acordo com a idade – 12 a 18 anos, com picos de bem-estar; 20 a 40 anos, com picos de ansiedade; e de 50 anos em diante pode-se observar uma melhoria.

Dito isso, para uma outra parte ainda maior, a sensação de bem-estar é fruto de uma aprendizagem, sendo adquirida ao longo da trajetória do viver. Porém, pensar em tudo isso pode nos levar a uma ideia de um projeto ingênuo de felicidade e, como Hanns traz em seu curso – o qual falamos na introdução deste texto – queremos lidar com um ideal de felicidade realista, mas temos quatro obstáculos:

  1. A vida, em essência, é um estresse. Existe um esforço feito contra o meio ambiente, o próprio organismo está em luta a todo momento, inclusive contra a morte. A harmonia que imaginamos – e almejamos – não é dada estruturalmente, é uma vida tensionada e vocacionada para a luta.
  2. Existe uma dualidade, onde o princípio do prazer nos guia e nos indica para onde ir, como se fosse uma bússola para a felicidade – teoria amplamente discutida por Freud. Dessa forma, o prazer pode ser considerado como um alívio de tensão e o princípio da realidade se opõe ao princípio do prazer – onde precisamos conter o impulso perante aquilo que desejamos.
  3. Muitas das coisas que acontecem ao longo da vida conspiram contra a felicidade, sendo acumuladas a cada minuto. Como seres humanos, possuímos a capacidade única da consciência reflexiva, o que nos permite atribuir significado às nossas vivências e desenvolver resiliência emocional – ou não.
  4. As relações humanas são naturalmente complexas, pois envolvem indivíduos com histórias, perspectivas e desejos distintos. Essa complexidade se manifesta em uma constante negociação entre o que queremos e o que o outro deseja.


Dessa forma, é necessário que tenhamos uma observação detalhada de cada um desses itens, a fim de construir uma vida que valha a pena – para si mesmo. O que nos leva a outro ponto crucial dentro do conceito da psicologia positiva: o ajuste da congruência de seis elementos fundamentais.

Imagem gerada por inteligência artificial. Jovem adulto, à esquerda da imagem, de cabelos castanhos e enorme sorriso, usa blusa branca. À direita, uma jovem adulta, também de sorriso largo, usa regata azul. Ao fundo uma parede colorida e em toda a imagem respingos de tinta.

A arte de viver leva tempo

Ter apenas uma ação positiva não vai fazer com que suas relações saiam do zero e atinjam altos patamares de plenitude. É preciso elaborar certos fundamentos para que as análises sejam profundas e quase precisas – porque nada é perfeito quando se trata de viver, até porque, sempre que achamos estar no caminho da felicidade, algo extra – melhor ou pior – aparece, fazendo com que esse querer nunca cesse.

Existem forças humanas que desempenham um papel importante na proteção contra a doença mental, são elas: coragem, foco no futuro, esperança, otimismo, competências interpessoais, fé, trabalho ético, honestidade, a capacidade de “flow” e de compreensão, além de perseverança.

Essa abordagem enfatiza e potencializa os aspectos positivos dos clientes, sem ignorar seu sofrimento, utilizando essas qualidades como ferramentas para o processo de terapia.

Sendo assim, a psicoterapia positiva propõe uma transição gradual para um equilíbrio no foco terapêutico, indo além das fragilidades e dificuldades. Em vez de apenas tratar o sofrimento psicológico, busca compreendê-lo de forma mais ampla, incentivando o uso dos próprios recursos – tanto internos quanto interpessoais – para enfrentar os desafios apresentados pela vida.



Ao reconhecer suas forças, desenvolver habilidades para cultivar emoções positivas, fortalecer conexões interpessoais e encontrar propósito e significado, é possível experimentar um processo terapêutico mais motivador, fortalecedor e transformador.

O propósito central da psicologia positiva é ensinar estratégias concretas e aplicáveis que ajudem cada pessoa a usar suas potencialidades para construir uma vida mais engajada, satisfatória e plena.

Com essa abordagem, o papel do terapeuta se expande: ele deixa de ser apenas um especialista que identifica déficits e passa a atuar ativamente como um facilitador do crescimento, da resiliência e do bem-estar.

Para isso, também precisamos olhar para as seis competências e aptidões que cada pessoa possui, fortalecendo a congruência de fatores específicos que poderão levar à felicidade (para maior compreensão do tema conferir a imagem na sequência).

  1. Interesse, entusiasmo em experimentar – flow. O "flow" é um estado de imersão total e entusiasmo por atividades que desafiam habilidades, promovendo prazer, aprendizado e criatividade. Pessoas que buscam novas experiências tendem a viver mais plenamente e se tornam mais resilientes. No entanto, é importante equilibrar esse entusiasmo com a reflexão sobre os riscos e consequências para evitar a superficialidade e manter o foco.
  2. Desejo por autonomia, independência e o fazer por conta própria. É necessária uma postura proativa perante o que a vida traz. Aqueles que não possuem esse tipo de competência tendem a entrar em um esquema de dependência.
  3. Habilidade interpessoal, empatia, traquejo, senso diplomático. As pessoas que não possuem esses tipos de aptidões, muitas vezes, podem engolir muito sapo e serem extremamente confrontantes.
  4. Relação com o erro e a garra. É preciso saber admitir os erros cometidos, além de ter força de vontade para fazer – e fazer diferente. Indivíduos que possuem tais características em excesso podem se tornar obsessivos.
  5. Frustração e flexibilidade. Saber gerir momentos de frustração, independente do grau, levam o indivíduo ao outro item, que é a flexibilidade, em que é possível se adaptar ao meio e ao que acontece nele. O excesso acaba levando a não se ter metas consistentes.
  6. Planejamento e execução. É interessante conter o impulso e o desejo para que a vida seja mais satisfatória, onde é possível garantir um prazer futuro melhor estruturado. Em excesso, tais características deixam a vida sem graça e tira a capacidade de que a pessoa usufrua dela.


Já no caso da congruência, conforme mencionado, seguimos um fluxo de itens que precisam de certo equilíbrio, são eles:

slide sobre congruência, software e aprendizagem

Retirado do curso “A tal da felicidade: a busca de uma vida mais plena”, de Luiz Hanns.


Logo, de acordo com o pai da psicologia positiva, Martin Seligman, o entendimento das forças e virtudes humanas pode promover o "florescimento" das pessoas, comunidades e instituições.

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thumb do curso 'Psicoterapia contemporânea', por Luiz Hanns


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Identificando e organizando as forças e virtudes rumo à felicidade

O “florescimento” falado acima é visto como o desenvolvimento completo, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais dos seres humanos. Com isso, os estudiosos criaram um manual para classificar as forças de caráter e virtudes – CSV (Character, Strengths and Virtues) –, voltado para o bem-estar psicológico, de forma análoga ao manual que existe para classificar as desordens mentais – DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).

O objetivo desse manual foi identificar e organizar as forças e virtudes que ajudam as pessoas a alcançar seu pleno potencial. Ele contém uma lista de 24 forças de caráter, organizadas em 6 virtudes principais.

VIRTUDES E FORÇAS QUE A INTEGRAM DEFINIÇÃO
1. Sabedoria e conhecimento

Forças cognitivas que se relacionam com a aquisição e o uso do conhecimento.

Criatividade Pensar numa maneira nova e produtiva de fazer as coisas.
Curiosidade Ter interesse por todas as experiências e acontecimentos.
Originalidade Pensar nas coisas através e examinando todas as perspectivas.
Gosto pela aprendizagem Dominar novas competências, assuntos e corpos de conhecimento.
Empatia Ser capaz de dar conselhos apropriados aos outros.
2. Coragem

Forças emocionais que envolvem o exercício da vontade para atingir metas, face à oposição interna ou externa.

Autenticidade Falar a verdade e apresentar-se de uma forma genuína.
Ousadia Não evitar desafios, dificuldades ou sofrimentos.
Persistência Terminar o que começou.
Entusiasmo Enfrentar a vida com entusiasmo e energia.
3. Bondade

Forças interpessoais que envolvem colaborar e apoiar os outros. Prestar favores e praticar boas ações.

Amor Valorizar as relações próximas com os outros.
Inteligência social Estar consciente das suas motivações e sentimentos e das dos outros.
4. Justiça *
Equidade Tratar todas as pessoas de forma igual de acordo com as noções de lealdade e justiça.
Liderança Organizar atividades de grupo e certificar-se que elas se realizam.
Trabalho em equipe Trabalhar bem enquanto membro de um grupo ou equipe.
5. Moderação Forças que protegem contra os excessos.
Perdão Perdoar aqueles que fizeram algo de errado.
Modéstia *
Prudência Ter cuidado com as escolhas: não dizer nem fazer coisas de que se possa arrepender depois.
Autocontrole Controlar o que diz e sente.
6. Transcendência *
Apreciar a beleza e a excelência Ver e apreciar a beleza, a excelência e/ou desempenhos excelentes em todos os domínios da vida.
Gratidão Estar consciente e agradecido pelas coisas boas que acontecem.
Esperança Esperar o melhor e trabalhar no sentido de o alcançar.
Humor Gostar de rir e gracejar; fazendo com que os outros sorriam.
Religiosidade Ter crenças coerentes acerca do alto propósito e significado da vida.


Todo o quadro e seu conteúdo foram retirados do material referente à Martin Seligman: “Todo mundo pode florescer”, na reportagem por Letícia Sorg. Fonte: Revista ÉPOCA online, 20 de maio de 2011. *Os itens que constam sem explicação, também estavam em branco no quadro original.

O avanço da psicologia positiva pode ajudar a prevenir diversas desordens emocionais. Além disso, pode favorecer a saúde física, fortalecer indivíduos sem transtornos psicológicos, aumentar sua produtividade e contribuir para o desenvolvimento pleno de seu potencial.

Então, para que serve o psicólogo?

O que é psicologia positiva, sem um psicólogo que desempenha um papel fundamental ao ajudar as pessoas a reconhecerem e cultivarem suas emoções positivas, fortalecendo a resiliência e descobrindo um sentido mais profundo de propósito e satisfação? Nada. Seu trabalho vai além do tratamento de transtornos, ampliando as possibilidades de alcançar o bem-estar e a qualidade de vida.

Para isso, a escuta ativa e uma visão holística são essenciais, considerando os diversos aspectos que influenciam a experiência humana. Dessa forma, os indivíduos tornam-se mais conscientes e preparados para tomar decisões alinhadas aos seus valores e objetivos de vida, trilhando um caminho mais autêntico rumo à felicidade.

Afinal, todas as áreas da vida — desde as relações conjugais, amizades e sexualidade até o trabalho, a criação dos filhos e os desafios da jornada — envolvem potencialidades, virtudes, temperamentos e fatores individuais que moldam nossa existência.




Referências bibliográficas

SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica – usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

SELIGMAN, Martin E. P. Todo mundo pode florescer. Reportagem por Letícia Sorg Fonte: Revista ÉPOCA online, 20 de maio de 2011.

SELIGMAN, Martin E. P; RASHID Tayyab. Psicoterapia positiva - manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2019.

O humanismo abordado pela psicologia humanista
Ella Barruzzi
O humanismo abordado pela psicologia humanista
Descubra como o humanismo na psicologia promove autenticidade, autoconhecimento e bem-estar para uma vida mais equilibrada.

O que você quer ser quando crescer?” Durante a nossa infância e grande parte da juventude, ouvimos essa frase e, por pelo menos alguns minutos, pensamos nela com certa profundidade.

Mesmo que não saibamos o real sentido do que essa pergunta nos traz tão cedo, quando ainda nem temos o córtex pré-frontal – grande tomador de decisões – totalmente formado, ela nos remete ao que podemos chamar de potencialidades e, dentro do humanismo, é exatamente disso que estamos falando.

Todos nós, como seres humanos, nascemos com potencialidades a serem desenvolvidas e, dentro da perspectiva da psicologia humanista, a forma como buscamos pelo sentido da vida e a autoatualização – como o indivíduo desenvolve todas as suas possibilidades de crescimento – é encarada com grande ênfase.

Características do humanismo e seu surgimento

A psicologia humanista surgiu entre as décadas de 1940 e 1950 como uma resposta às abordagens dominantes da época, como o behaviorismo – que priorizava os comportamentos observáveis – e a psicanálise – que enfatizava os aspectos inconscientes e patológicos da psique.

Em contraste, a abordagem humanista foca no potencial humano, nas experiências subjetivas e no desenvolvimento saudável do indivíduo.

Caracterizada por uma visão otimista da natureza humana, parte do princípio de que as pessoas possuem capacidade de crescimento, transformação e autorrealização – seu nome reflete esse foco centrado no ser humano e nas suas experiências.

Diferente das correntes anteriores, essa abordagem busca compreender o indivíduo de maneira integral e holística, considerando também seus pensamentos, sentimentos, necessidades e desejos.

O termo humanista está relacionado a uma filosofia que enfatiza o valor e a dignidade do ser humano, sustentando que cada pessoa possui um potencial inato para o crescimento e a autotransformação. Dessa forma, não se limita a tratar patologias, mas se dedica a promover um estado de bem-estar, autenticidade e realização pessoal.

Podemos dizer que está profundamente alinhada com diversas correntes filosóficas, pois compartilham de uma visão positiva e otimista sobre a natureza humana, o desenvolvimento pessoal e a busca por um sentido existencial, como mencionado. Essa relação com a filosofia é especialmente evidente em sua ênfase no autoconhecimento, na liberdade de escolha e na busca por autenticidade.



Os principais teóricos da psicologia humanista, seus conceitos e objetivos

Para o desenvolvimento de qualquer teoria, geralmente, temos como base a participação de muitos nomes, dando continuidade ao que está sendo trabalhado na época em questão ou aperfeiçoando alguns – ou muitos – pontos.

Com a psicologia humanista não poderia ser diferente, por isso, fizemos um apanhado com os principais teóricos que contribuíram significativamente para o campo, influenciando terapias centradas no indivíduo, abordagens existenciais e a psicologia positiva.

Foto preto e branco de Abraham Maslow. Senhor sorridente, com cabelos curtos e cinzas. Veste um suéter e uma blusa social por baixo.

Abraham Maslow

É fato que você já ouviu falar de Maslow pelo menos uma vez na sua vida, visto que ele está presente na maioria dos cursos superiores, seja no marketing, na administração ou na psicologia.

Famoso por sua teoria da hierarquia das necessidades – a tal da pirâmide –, sugeriu que os seres humanos têm uma sequência de necessidades que precisam ser atendidas para que possam atingir o seu pleno potencial e ela se divide em cinco níveis:

  1. Necessidades fisiológicas – básicas e fundamentais para a sobrevivência: água, sono, alimentação.
  2. Necessidade de segurança – proteção e estabilidade: segurança física, financeira, emprego, saúde.
  3. Necessidades sociais – relacionamentos interpessoais, amor e pertencimento: amigos, família, intimidade, grupos sociais.
  4. Necessidade de estima – autoestima e reconhecimento externo: independência, confiança, competência, status, respeito, reconhecimento de terceiros.
  5. Necessidade de autorrealização – realização do propósito de vida, crescimento pessoal, desenvolvimento do máximo potencial.

Ou seja, no topo dessa hierarquia está a autoatualização, o processo de realização do potencial máximo do indivíduo, como busca trabalhar a psicologia humanista. Porém, muito se engana aquele que acha que existe uma certa rigidez, pois nada acontece de forma linear ou programada – cada pessoa vai ter um tipo de prioridade.

Depois de mais alguns – muitos – anos de estudo, Maslow acrescentou um sexto nível, de acordo com alguns pesquisadores, chamado de “metanecessidades” – ou transcendência.

Foto em preto e branco de Carl Rogers. Senhor de terno, com blusa social clara. Calvo, com óculos de graus e segurando uma espécie de jornal.

Carl Rogers

Esse é um dos teóricos que muitos estudantes e profissionais, que se dedicam à psicologia humanista existencial, querem guardar num potinho.

Rogers desenvolveu a Terapia Centrada na Pessoa, colocando o indivíduo no centro do processo terapêutico, pois acreditava que a saúde mental resulta de um ambiente acolhedor, com empatia e aceitação – criando um espaço seguro para o desenvolvimento pessoal.

Também formulou o conceito de autoatualização, defendendo que os seres humanos possuem uma tendência natural de buscar seu pleno desenvolvimento. No entanto, esse crescimento só ocorre quando há um ambiente favorável e apoio emocional, como mencionado.

Outro ponto fundamental em sua teoria é a relação entre o self real e o self ideal. Segundo Rogers, o bem-estar psicológico depende da congruência entre quem a pessoa realmente é e quem gostaria de ser – quanto maior a discrepância entre esses dois aspectos, maior o sofrimento emocional.

Além disso, enfatizava a importância da experiência e da subjetividade, acreditando que cada indivíduo interpreta o mundo de maneira única e que essa visão pessoal deve ser respeitada.

O que Rogers nos deixou como ensinamento e teoria, vai além da psicoterapia. Seu foco na escuta ativa e na empatia continua sendo um dos pilares para relações interpessoais saudáveis e eficazes, tornando suas contribuições extremamente relevantes até os dias atuais.



Foto em preto e branco de Rollo May. Senhor de cabelos grisalhos, óculos de grau e vestindo uma blusa de gola alta. Ao fundo, uma estante de livros.

Rollo May

May foi amplamente influenciado pela filosofia existencialista de grandes nomes – Søren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre –, abordando questões como ansiedade, liberdade, responsabilidade e autenticidade.

Ele acreditava que o ser humano deve enfrentar os desafios existenciais para alcançar autenticidade, pois isso pode impulsionar o crescimento – desde que não se torne paralisante.

Um dos conceitos centrais apresentados por ele em sua teoria é a ansiedade existencial – parte natural da vida e do desenvolvimento humano –, que ele diferenciava da ansiedade neurótica – que paralisa e impede a ação.

De modo geral, acreditava que a ansiedade acaba surgindo a partir do confronto com a necessidade de escolher e assumir a responsabilidade por nossas próprias vidas e, dentro do seu conceito, é essencial aceitar e aprender a lidar de maneira construtiva.

Isso também está bastante alinhado com outro dos seus temas: a liberdade, que, para ele, não significa apenas poder fazer escolhas, mas sim assumir responsabilidades por elas – um compromisso com a existência.

May ainda busca explicar a autenticidade, quando traz notícias a respeito do alinhamento entre ações e valores profundos, sem conformismo com expectativas advindas do exterior. Uma característica que podemos ver diariamente em nossas próprias vidas, onde a maioria das pessoas busca se adaptar ao meio, a fim de seguir papéis sociais, crenças e regras impostas, se afastando cada vez mais de quem se é – o que pode acarretar na falta de sentido da vida.

Também podemos citar sua teoria da “coragem de ser”, onde deve-se aceitar a dor e as dificuldades da vida sem fuga, com coragem e desenvolvendo resiliência diante das adversidades – claro que falando assim parece fácil, mas não se iluda.

Um dos seus livros mais citados é Love and Will, onde May explora a relação entre amor e vontade, argumentando que o verdadeiro amor exige esforço, comprometimento e uma compreensão profunda do outro.

No livro, ele critica a visão superficial do amor na sociedade moderna e enfatiza que o amor genuíno só pode existir quando há um equilíbrio entre paixão e responsabilidade.



Foto em preto e branco de Viktor Frankl. Ao fundo uma cerca de arame farpado. Cabelos um puco maiores, penteados para trás, usa óculos de grau e roupa  social.

Viktor Frankl

Criador da logoterapia, Frankl focava na busca de sentido da vida, mesmo em situações extremas, principalmente com base em sua história pessoal.

Sua teoria está relacionada com a ideia de que a motivação humana mais profunda é a busca por significado, indo contra a relação com o prazer – sugerida por Sigmund Freud –, por exemplo.

Para ele, o significado não é algo imposto externamente, mas algo que cada indivíduo precisa descobrir por si mesmo. Esse significado pode ser encontrado em diferentes tipos de fontes: trabalho, relacionamentos, atividades criativas ou até mesmo na forma como enfrentamos o sofrimento inevitável.

Frankl nos oferece o conceito de vontade de sentido, descrevendo que o ser humano tem um desejo inato de encontrar um propósito. Quando essa busca não é atendida ou quando alguém se vê perdido em um vácuo existencial, surge a frustração, que pode levar a um sentimento de vazio e desespero.

Atualmente, estamos enfrentando um movimento de grande dificuldade nessa busca de sentido claro e significados profundos, com o boom de diagnósticos psicológicos – como depressão e ansiedade – percebemos sintomas dessa frustração.

Foto em preto e branco de Fritz Perls. Senhor calvo, olhando para baixo, com barba longa e branca. Camisa de tecido clara.

Fritz Perls

Perls é co-criador da Gestalt-terapia, tendo enfatizado a importância de viver no presente e de experimentar o "aqui e agora", ajudando os indivíduos a tomar consciência de seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Inspirou-se em correntes filosóficas como o existencialismo e a fenomenologia, bem como pelo estudo da percepção humana na psicologia da Gestalt, desenvolvendo assim uma metodologia que convida o indivíduo a tomar consciência de seus pensamentos, emoções e comportamentos no momento presente, promovendo um maior autoconhecimento e autenticidade.

A palavra Gestalt significa "forma" ou "configuração" e vem da Psicologia da Gestalt, que estudava como os seres humanos organizam e interpretam suas experiências.

Perls aplicou essa visão ao campo da psicoterapia, argumentando que as pessoas devem ser vistas como um todo integrado – mente, corpo e emoções – e não apenas como uma soma de partes isoladas. Assim, suas teorias e aplicações buscam restaurar essa totalidade, ajudando os indivíduos a reconhecer e integrar aspectos fragmentados de sua experiência.

Sua abordagem continua extremamente atual, sendo amplamente utilizada em diversas áreas da psicoterapia e do desenvolvimento pessoal.

Imagem computadorizada com um senhor de terno e gravata ao centro, cabelos brancos e blazer azul. Ao seu redor saem raios azuis em um fundo creme. À direita, uma orelha humana com uma asa abaixo; ao centro, uma espécie de mandala em tons de laranja e, à esquerda, um  coração também em tons de laranja. Alguns detalhes se somam à imagem como: espirais, nuvens, pequenos ramos de plantas, flores e estrelas.


Quais são as 3 bases da psicologia humanista?

Ao longo do texto, trouxemos os principais teóricos da abordagem humanista, agora, para que possamos analisar suas bases, separamos em um esquema que facilitará a leitura:

Base da psicologia humanista

Como ela atua
Autenticidade e experiência subjetiva A valorização da experiência única de cada indivíduo, considerando suas percepções, emoções e vivências como essenciais para o desenvolvimento pessoal.
Autonomia e autorrealização A crença de que todos têm um potencial inato para o crescimento e a busca da autorrealização, conceito amplamente explorado por Maslow em sua hierarquia das necessidades.
Relacionamento e empatia Mostra a real importância das relações humanas baseadas na empatia, aceitação incondicional e compreensão genuína, princípios defendidos por Carl Rogers em sua abordagem centrada na pessoa.


Então, dentro desses conceitos, quais seriam então as influências exercidas nos dias atuais?

Não é difícil abordar um tema como esse alinhado ao que estamos vivendo atualmente, pois a sociedade em geral está amplamente marcada pelo estresse, a ansiedade e a depressão. Assim, a psicologia humanista tem se tornado cada vez mais essencial visto que oferece um olhar positivo e holístico sobre o ser humano, ao invés de alimentar o amplo número de diagnósticos de sintomas e doenças – buscando melhorar a qualidade de vida, com equilíbrio emocional, suporte genuíno e empatia.

E ainda bem que quando olhamos para uma grande porcentagem da população, vemos pessoas dispostas a romper com os padrões impostos socialmente, desenvolvendo e valorizando o autocuidado em prol do desenvolvimento pessoal.

Dessa forma, o papel do humanismo vem sendo cada vez mais forte, incentivando o autoconhecimento, a autoaceitação e a busca por um propósito, muitas vezes perdido na “sociedade do cansaço”.

Em um mundo onde o sucesso é frequentemente medido por conquistas materiais e status, esse tipo de abordagem ajuda as pessoas a se reconectarem com seus valores internos e a encontrarem seu próprio caminho, não apenas em resposta às demandas externas, mas em sintonia com sua verdadeira essência – propõe uma alternativa ao paradigma da performance, proporcionando um caminho sólido para quem busca autoconhecimento, realização e propósito de vida.

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Referências bibliográficas

FRICK, Willard B. Psicologia humanista: entrevistas com Maslow, Murphy e Rogers. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

PERLS, Frederick Salomon. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997.

ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.





Como Controlar a Ansiedade: Sintomas e Dicas para Aliviar a Crise
Xavana Celesnah
Como Controlar a Ansiedade: Sintomas e Dicas para Aliviar a Crise
Sintomas de ansiedade, veja como controlar a crise de ansiedade sozinha, ações para aliviar a ansiedade, dicas de autocuidado para o sistema nervoso.

A ansiedade é uma emoção natural, que surge como uma resposta do corpo diante de situações de perigo ou incertezas. Mas, ela pode se tornar debilitante e impactar a qualidade de vida quando se torna recorrente, afetando as atividades diárias.

Os sintomas de ansiedade, como o coração acelerado, a tensão muscular, a falta de ar e até mesmo o comprometimento do sono, prejudicam o cotidiano e as relações interpessoais. Pessoas ansiosas podem ficar mais agressivas ou extremamente inseguras, dificultando todos os aspectos de sua vida. Para controlar a ansiedade, é necessário entender como ela se manifesta para saber como adotar ações para aliviar seus efeitos no corpo e na mente.

Neste artigo, exploraremos diferentes estratégias de autocuidado para que você saiba como controlar a crise de ansiedade. Vamos discutir também o impacto do perfeccionismo e como ele está profundamente relacionado ao aumento da ansiedade, além de analisar a vulnerabilidade, um conceito abordado pela psicóloga Brene Brown, que pode ser uma chave importante para o autoconhecimento e para a superação da ansiedade.



O que é a ansiedade e como ela se manifesta?

A ansiedade é uma resposta natural do corpo diante de situações que geram tensão, incerteza ou até risco, como enfrentar desafios ou situações desconhecidas. Esse mecanismo tem raízes biológicas, sendo uma forma de preparação do organismo para enfrentar ou escapar de possíveis ameaças. No entanto, quando esse sistema de defesa se ativa de maneira excessiva, a ansiedade pode se transformar em um transtorno, afetando negativamente a saúde mental e emocional do indivíduo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade são os mais recorrentes no mundo e chegam a afetar mais de 301 milhões de pessoas globalmente em 2019, o que representa aproximadamente 4% da população mundial. Além disso, as mulheres são mais propensas a desenvolver esse tipo de transtorno do que os homens, com os sintomas frequentemente surgindo na infância ou adolescência.

Embora seja comum experimentar momentos de ansiedade em resposta a situações desafiadoras, quando esses sentimentos se tornam recorrentes e intensos, eles podem prejudicar a qualidade de vida. A ansiedade pode interferir diretamente nas atividades diárias, tornando a rotina mais difícil de ser cumprida e causando um impacto profundo no bem-estar emocional e social. Se não tratada, essa condição pode persistir por anos, agravando ainda mais os sintomas e afetando o equilíbrio psicológico do indivíduo.

A boa notícia é que os transtornos de ansiedade podem ser tratados com eficácia. Abordagens terapêuticas, como a psicoterapia, bem como o uso de medicamentos, têm se mostrado eficazes no controle dos sintomas e na restauração da regulação emocional. Além disso, uma mudança de comportamento e o apoio emocional de uma rede afetuosa de amigos e parentes, também pode contribuir para a restauração do organismo. Contudo, um grande número de pessoas com transtornos de ansiedade ainda não busca ajuda profissional. Estima-se que apenas uma em cada quatro pessoas afetadas procure tratamento, o que pode ser atribuído à falta de conscientização sobre a condição e ao estigma social.

Sintomas de Ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem se manifestar de diferentes formas, tanto físicas quanto emocionais, e afetam o corpo e a mente. Algumas pessoas podem, inclusive, confundir os sintomas físicos da ansiedade com sinais de outras condições de saúde. Entre os sintomas mais comuns, podemos destacar:

  • Tensão muscular: A ansiedade provoca a contração muscular, especialmente no pescoço, ombros e mandíbula, resultando em desconforto físico.
  • Taquicardia: A sensação de coração acelerado e as palpitações são frequentes em episódios de ansiedade.
  • Dificuldade para respirar: A sensação de falta de ar, comum em crises de ansiedade, pode gerar grande aflição e desconforto.
  • Suor excessivo: Mesmo sem uma fonte imediata de estresse, é comum a transpiração intensa, especialmente nas palmas das mãos, testa e axilas.
  • Tremores: A ansiedade pode provocar tremores nas mãos ou em outras partes do corpo, uma resposta física ao nervosismo.
  • Boca seca: A diminuição da produção de saliva pode gerar sensação de boca seca e desconforto.
  • Dores no peito: O estresse físico causado pela ansiedade pode se manifestar com dores ou pressão no peito, frequentemente confundidas com problemas cardíacos.
  • Problemas digestivos: O estresse afeta o sistema digestivo, resultando em náuseas, cólicas ou até diarreia.
  • Distúrbios do sono: a mente inquieta e a preocupação constante dificultam o relaxamento necessário para uma noite de descanso reparador.


Esses sintomas podem ocorrer isoladamente ou em conjunto, variando de pessoa para pessoa. Reconhecer a ansiedade e seus sinais precoces é fundamental para tomar as medidas necessárias e buscar ajuda antes que a situação se agrave, desencadeando crises de pânico ou síndrome de burnout.



Como controlar a ansiedade no dia a dia

Controlar a ansiedade exige paciência e consistência, pois não é algo que acontece de forma instantânea. Trata-se de um processo contínuo de autoconhecimento, adaptação e cuidado emocional. Mas, existem várias práticas e abordagens que você pode incorporar à sua rotina para reduzir significativamente os efeitos da ansiedade e melhorar o seu bem-estar psicológico.

Com o tempo, ao adotar hábitos saudáveis, como técnicas de relaxamento, exercícios físicos regulares e uma alimentação equilibrada, você pode criar uma base sólida para lidar com as emoções de maneira mais equilibrada e promover uma maior qualidade de vida. Além disso, buscar apoio profissional é uma parte fundamental desse processo, garantindo que você tenha as ferramentas adequadas para enfrentar os desafios de forma mais tranquila e saudável. Algumas das estratégias eficazes para aliviar a ansiedade incluem:

  1. Respiração profunda e meditação

    Exercícios de respiração profunda são uma ferramenta poderosa para controlar a crise de ansiedade. Ao inspirar lentamente pelo nariz e expirar pela boca, você ativa o sistema nervoso parassimpático, o que reduz o estresse e promove uma sensação de calma. A meditação também ajuda a focar a mente no presente, reduzindo os pensamentos ansiosos e trazendo clareza mental.
  2. Exercícios físicos regulares

    A atividade física regular ajuda a liberar endorfinas, que são neurotransmissores responsáveis por melhorar o humor e reduzir a sensação de ansiedade. Caminhadas, yoga ou qualquer outro exercício que você goste podem ter um impacto significativo no controle da ansiedade.
  3. Estabeleça uma rotina de autocuidado

    Incorporar práticas de autocuidado na sua rotina auxilia na redução dos níveis de estresse e aumenta sua capacidade de lidar com as adversidades. Isso pode incluir uma alimentação equilibrada, a prática de atividades relaxantes e garantir que você tenha tempo para o descanso necessário.
  4. Limite a exposição a gatilhos

    Muitas vezes, os sintomas de ansiedade são exacerbados pela exposição a situações que causam estresse, como sobrecarga de trabalho ou informações excessivas nas redes sociais. Tente estabelecer limites saudáveis para proteger sua saúde mental, reservando momentos para desintoxicação digital e descanso.


Se você quer entender melhor como lidar com a ansiedade na era digital, baixe gratuitamente o eBook abaixo. Ele aborda como as redes sociais impactam a saúde mental e explica o conceito de Brain Rot, um termo que descreve os efeitos negativos da exposição contínua a conteúdos de baixa qualidade.

O eBook também traz insights do curso Saúde Mental e Estresse: Uma Visão das Neurociências, ministrado pela doutora em Ciências pela UFRJ, Ana Carolina Souza. Preencha o formulário a seguir e receba o seu eBook diretamente no seu e-mail, de forma rápida e gratuita:

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Ansiedade e perfeccionismo: A busca pela perfeição e o sofrimento psíquico

Um dos fatores que mais contribuem para a ansiedade, especialmente em ambientes de alta pressão, é o perfeccionismo. A busca incessante pela perfeição cria uma pressão interna constante, que pode gerar ansiedade e até mesmo uma sensação de medo ou fobia quando não conseguimos atingir nossos próprios padrões elevados.

A pesquisadora norte-americana Brené Brown aborda esse tema de forma brilhante em seu livro A Coragem de Ser Imperfeito. Ela afirma que o perfeccionismo está intimamente ligado à vergonha e ao medo da vulnerabilidade. As pessoas perfeccionistas sentem uma necessidade constante de mostrar que são suficientes e que têm controle total sobre suas vidas, o que é uma expectativa irreal e extenuante.

Nesse sentido, Brown nos faz um convite: prepare-se para ser vulnerável. Ou seja, permita que suas imperfeições e falhas sejam reconhecidas, só assim conseguimos nos conectar verdadeiramente uns aos outros e viver a experiência verdadeira do amor. Ao aceitar nossas limitações, nos libertamos de uma carga emocional pesada, permitindo que a ansiedade diminua e que possamos viver de forma mais autêntica e equilibrada.

O perfeccionismo, em sua essência, alimenta o ciclo de sofrimento psíquico na atualidade. Quando buscamos sempre a perfeição, nos tornamos voltados a padrões inalcançáveis, gerando uma constante sensação de insatisfação e frustração. Ao aprender a aceitar a vulnerabilidade, podemos dar um passo importante para superar a ansiedade, pois a verdadeira liberdade emocional está em nos aceitarmos como somos, com todas as nossas falhas.

O papel do sistema nervoso na ansiedade

O sistema nervoso desempenha um papel essencial na nossa resposta à ansiedade. Quando nos deparamos com uma situação estressante, o cérebro envia sinais para o corpo se preparar para a ação — seja para lutar contra o problema ou fugir dele. Essa reação é fundamental para a nossa sobrevivência, mas quando essa resposta se torna crônica ou exagerada, o sistema nervoso fica sobrecarregado, e isso pode resultar em distúrbios emocionais e físicos, como a ansiedade. O sistema simpático, responsável por ativar a resposta de “luta ou fuga", pode permanecer em funcionamento excessivo, prejudicando nosso equilíbrio emocional e físico.

Aprender a controlar a ansiedade também significa aprender a gerenciar o sistema nervoso de forma saudável. Isso envolve práticas que ajudam a reduzir a ativação constante do sistema simpático, como técnicas de respiração profunda, meditação, e exercícios físicos regulares. Essas práticas promovem o equilíbrio, ativando o sistema parassimpático, responsável por relaxar o corpo e restaurar a sensação de bem-estar.

Além disso, a maneira como gerenciamos nossa ansiedade tem um impacto direto na longevidade e na qualidade do envelhecimento. O estresse crônico e a ansiedade constante podem acelerar o envelhecimento celular e aumentar o risco de doenças relacionadas ao envelhecimento, como problemas cardíacos, hipertensão e distúrbios metabólicos. Ao controlar a ansiedade e adotar hábitos saudáveis para o sistema nervoso, como manter uma rotina de exercícios, comer de forma equilibrada e reservar momentos para relaxamento, podemos não apenas melhorar nossa saúde mental, mas também promover um envelhecimento mais saudável e com mais qualidade de vida.

Envelhecer com saúde envolve cuidar do corpo e da mente, e aprender a gerenciar a ansiedade de forma eficaz é um passo fundamental para garantir um envelhecimento mais tranquilo, com um sistema nervoso equilibrado e uma vida mais plena.

Como controlar crise de ansiedade sozinha: Dicas práticas

Quando uma crise de ansiedade acontece, pode ser difícil saber por onde começar a lidar com a situação. No entanto, existem algumas ações simples que podem ajudar a amenizar o impacto e trazer alívio imediato. Aqui estão algumas sugestões:

  1. Respire profundamente

    A respiração controlada é uma das maneiras mais eficazes de acalmar a mente e o corpo durante uma crise de ansiedade. Inspire profundamente pelo nariz, segure o ar por alguns segundos e, em seguida, expire lentamente pela boca. Esse simples exercício ajuda a desacelerar os batimentos cardíacos e a reduzir a tensão muscular, promovendo um estado de calma.
  2. Faça uma pausa e mude o ambiente

    Muitas vezes, uma mudança de ambiente pode ser o suficiente para quebrar o ciclo da ansiedade. Se possível, saia do local que está gerando estresse, faça uma breve caminhada ou até mesmo mude de atividade por alguns minutos. Momentos de pausa ajudam a restaurar a sensação de controle e reduzem a intensidade da ansiedade.
  3. Pratique o auto acolhimento

    É fundamental ser gentil consigo mesmo durante uma crise de ansiedade. Reconheça que o que você está sentindo é válido e evite se criticar por isso. Dizer a si mesmo que está tudo bem, mesmo que não se sinta assim, pode criar um espaço emocional de acolhimento, permitindo que você recupere a calma de forma mais eficiente.
  4. Engaje-se em atividades que tragam prazer

    A ansiedade muitas vezes nos afasta das coisas que gostamos de fazer. Reservar um tempo para atividades prazerosas, como ler um bom livro, ouvir música ou assistir a um filme favorito, pode ajudar a restabelecer a conexão com você mesmo e aliviar a tensão. Essas pequenas pausas no seu dia podem ser fundamentais para renovar a energia emocional e reduzir o impacto da ansiedade.
  5. Considere a ajuda de um psicólogo

    Lidar com a ansiedade de forma eficaz muitas vezes requer apoio profissional. A psicoterapia é uma das ferramentas mais poderosas no enfrentamento de crises de ansiedade, ajudando a identificar os gatilhos e a desenvolver estratégias de controle. Consultar um psicólogo periodicamente pode fornecer novas perspectivas e mecanismos de enfrentamento que são essenciais para lidar com o transtorno de forma saudável a longo prazo.


Essas dicas são formas de reduzir os efeitos imediatos da ansiedade, mas o controle contínuo da ansiedade envolve um trabalho persistente e consciente. Incorporar essas práticas no seu cotidiano e buscar apoio profissional pode ser um passo importante em direção ao bem-estar emocional duradouro.



Conclusão

Controlar a ansiedade é um processo contínuo e envolve a prática de várias estratégias que visam melhorar o bem estar psicológico e a qualidade de vida. Ao aplicar ações como focar os pensamentos no momento presente, exercícios físicos regulares, sono de qualidade, você pode começar a lidar melhor com os sintomas de ansiedade e evitar que se tornem crises intensas. Além disso, ao refletir sobre o impacto do perfeccionismo e abraçar a vulnerabilidade, podemos aprender a superar a ansiedade em contextos sociais, de uma forma mais leve e saudável.

Se os sintomas persistirem ou se agravarem, procurar ajuda profissional é essencial. O tratamento adequado e o acompanhamento psicológico são ferramentas valiosas para lidar com o tratamento da ansiedade, promovendo uma vida mais plena e saudável.

Psicossomática: doenças, problemas psicológicos e redes sociais
Xavana Celesnah
Psicossomática: doenças, problemas psicológicos e redes sociais
O que é psicossomática e quais são as doenças psicossomáticas. Como o sistema nervoso e os problemas psicológicos se relacionam com as doenças.

A psicossomática é uma área do conhecimento que investiga a relação entre as emoções e o impacto que elas podem ter na saúde física. Muitas vezes, o estresse e a ansiedade, além de outros fatores emocionais podem resultar em doenças psicossomáticas.

A palavra psicossomática vem do grego, onde psique significa alma e soma significa corpo, refletindo a ideia de que a mente e o corpo estão profundamente conectados. Nesse contexto, as emoções podem influenciar a saúde física, gerando condições como dores, desconfortos e outras manifestações incômodas, sem uma causa aparente.

Doenças psicossomáticas são aquelas cujos sintomas físicos não têm uma origem orgânica identificável, sendo desencadeadas por fatores emocionais como traumas, estresse ou ansiedade, por exemplo. Isso pode levar a um ciclo de consultas médicas sem diagnóstico definitivo, até que a relação entre a mente e o corpo seja compreendida. Neste artigo, abordaremos o que é psicossomática, as principais doenças psicossomáticas, suas causas, sintomas e formas de tratamento.



O que é Psicossomática?

A psicossomática é um campo da medicina que investiga como as questões que abalam a saúde mental afetam o corpo, gerando sintomas físicos. Embora frequentemente ignorado, o impacto das emoções no funcionamento dos órgãos e sistemas corporais, como o sistema nervoso e o sistema imunológico, é real e pode resultar em condições como dores de cabeça crônicas, problemas digestivos e até doenças mais graves. A psicossomática, portanto, busca compreender como os transtornos emocionais podem refletir no corpo, gerando sinais, sintomas e até doenças.

O vínculo entre a mente e o corpo é especialmente evidente em condições como a hipertensão, que pode ser agravada pelo estresse. Em muitos casos, os incômodos físicos não são explicados por exames clínicos, mas têm uma causa emocional subjacente que deve ser observada e tratada por profissionais da saúde mental. O sofrimento psíquico pode, de fato, desencadear ou agravar doenças físicas, mostrando a conexão profunda entre corpo e mente.

Quando enfrentamos sofrimento psicológico, ele pode afetar nosso corpo de maneiras que nem sempre são conscientes. Esse sofrimento, muitas vezes involuntário, pode vir de traumas, pressões ou até da autocobrança, e suas consequências podem ser sentidas de diversas formas.

O sofrimento psíquico na atualidade, impulsionado pelo aumento da pressão social, profissional e pessoal, tem se intensificado, contribuindo para o aumento das doenças psicossomáticas. Fatores como o estresse relacionado ao trabalho, as altas expectativas sociais e a constante comparação nas redes sociais ampliam a incidência de problemas psicológicos, tornando as pessoas mais vulneráveis aos efeitos do estresse e ansiedade. Como resultado, o bem-estar psicológico das pessoas tem sido cada vez mais afetado, refletindo diretamente na saúde física. Esse cenário revela como o equilíbrio entre a mente e o corpo é essencial para a manutenção de uma boa saúde e para a prevenção de doenças psicossomáticas.

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O que são doenças psicossomáticas?

As doenças psicossomáticas são condições físicas que têm sua origem em fatores emocionais ou psicológicos. Elas não podem ser explicadas exclusivamente por causas materiais, mas resultam de um desequilíbrio emocional ou psicológico prolongado. Esses distúrbios demonstram a forte conexão entre o emocional e o físico, onde o sofrimento psicológico se manifesta fisicamente, gerando sintomas e doenças. Importante destacar que o diagnóstico de uma doença psicossomática envolve a exclusão de outras condições físicas, já que seus sintomas não possuem explicações orgânicas claras.

O cérebro desempenha um papel crucial na manifestação de doenças psicossomáticas, pois ele regula nossa resposta emocional e física aos estímulos externos. Quando uma pessoa lida com afetos, sentimentos e emoções disfuncionais, que causam traumas ou estresse intenso e prolongado, esses fatores podem impactar diretamente a saúde física, gerando um ciclo de desgaste tanto emocional quanto físico.

Quais são as doenças psicossomáticas mais comuns?

Entre as doenças psicossomáticas mais comuns, encontramos:

DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS CARACTERÍSTICAS
Síndrome do Intestino Irritável (SII) Trata-se de um distúrbio gastrointestinal que provoca dores abdominais, constipação, diarreia ou uma combinação de ambos. O estresse emocional é um dos principais gatilhos para o desenvolvimento e agravamento dos sintomas dessa condição, tornando-a um exemplo clássico de doença psicossomática.
Enxaqueca Crônica A dor de cabeça intensa e persistente, muitas vezes acompanhada de náuseas, vômitos e sensibilidade à luz, pode ter uma base psicossomática. Embora nem todas as enxaquecas sejam causadas por fatores emocionais, o estresse e as tensões psicológicas podem intensificar as crises e a frequência das dores de cabeça.
Dermatite Atópica Condição de pele crônica que causa coceira, vermelhidão, descamação e erupções cutâneas. A dermatite atópica é altamente influenciada por fatores emocionais, e situações de estresse ou ansiedade podem piorar seus sintomas, levando a ciclos recorrentes de inflamação na pele.
Transtornos de Ansiedade A ansiedade excessiva, que afeta o cérebro e o sistema nervoso, pode causar sintomas físicos como falta de ar, batimento cardíaco acelerado, suores excessivos e até dores no peito. A constante tensão emocional associada ao transtorno de ansiedade pode levar a uma série de distúrbios psicossomáticos.
Gastrite A gastrite, inflamação do revestimento interno do estômago, pode ser exacerbada por fatores emocionais. O estresse, a ansiedade e a preocupação constante podem aumentar a produção de ácido gástrico, irritando o estômago e resultando em sintomas como dor abdominal, queimação e náuseas.
Insônia Quando as dificuldades para dormir são causadas por fatores emocionais. Isso cria um ciclo vicioso, onde a falta de sono piora os sintomas emocionais.
Dores Musculares e nas Articulações Muitas pessoas experimentam dores musculares e articulares sem uma causa aparente, e esses sintomas podem estar relacionados ao estresse ou à ansiedade. O tensionamento muscular causado por emoções negativas pode resultar em dores que afetam a mobilidade e o bem-estar.
Disfunção Erétil (Impotência Sexual) Esta condição, caracterizada pela dificuldade de manter uma ereção, pode ter raízes em fatores psicológicos, como estresse, ansiedade e baixa autoestima. O estresse emocional e a pressão psicológica podem agravar o quadro e dificultar o tratamento.
Síndrome do Cansaço Crônico O estresse e a sobrecarga emocional podem resultar em cansaço extremo, onde a pessoa se sente exausta, mesmo sem esforço físico significativo. Esse esgotamento mental pode afetar a capacidade de realizar atividades cotidianas, impactando a qualidade de vida.


Um dos fatores que contribuem para o desencadeamento das doenças psicossomáticas é a vida excessivamente estressante. Nesse contexto, a vulnerabilidade pode ajudar pessoas altamente perfeccionistas a superar a rigidez e o desejo de dar conta de tudo de forma excelente. Com isso, a vulnerabilidade contribui para o processo de crescimento e aceitação dos erros e imperfeições, sendo uma ferramenta aliada para tornar o cotidiano mais leve e diminuir a autocobrança.

Quais são os sintomas das doenças psicossomáticas?

Os sintomas das doenças psicossomáticas são frequentemente físicos e estão intimamente ligados ao impacto que o estresse e a ansiedade têm sobre o corpo, especialmente através do sistema nervoso. Quando uma pessoa experimenta altos níveis de estresse ou ansiedade, o sistema nervoso autônomo, responsável por funções como respiração, ritmo cardíaco e digestão, entra em um estado de alerta conhecido como "luta ou fuga". Esse estado é útil em situações de perigo, mas, quando ativado constantemente, causa um desgaste físico significativo.

Entre os sintomas mais comuns das doenças psicossomáticas estão:

  • Insônia: A ativação prolongada do sistema nervoso pode dificultar o relaxamento, levando a dificuldades para dormir.
  • Alterações no apetite: O estresse e a ansiedade podem influenciar os hábitos alimentares, resultando em perda de apetite ou, em alguns casos, em comer excessivamente.
  • Problemas digestivos: O sistema nervoso também afeta o trato gastrointestinal, o que pode levar a distúrbios como constipação, diarreia, síndrome do intestino irritável ou refluxo gástrico.
  • Dores musculares e tensões: O corpo tende a se contrair em resposta ao estresse, resultando em dores nas costas, pescoço, ombros e outras áreas.
  • Problemas de memória e concentração: O aumento nos níveis de cortisol e adrenalina pode afetar a memória de curto prazo e a capacidade de concentração.
  • Fadiga e cansaço excessivo: O estresse prolongado pode resultar em exaustão, mesmo sem esforço físico significativo.

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Como a Ansiedade e o Estresse Podem Causar Doenças Psicossomáticas?

A ansiedade e o estresse são dois dos principais fatores psicológicos que podem desencadear doenças psicossomáticas. Quando uma pessoa vive constantemente em estado de ansiedade, o corpo reage de forma física, gerando uma série de sintomas que podem afetar sua saúde de maneiras diversas. A tensão emocional contínua pode levar a um esgotamento físico e mental, resultando em cansaço excessivo, desencadeando distúrbios como o burnout . O estresse também provoca contrações musculares, que são frequentemente sentidas como dores no pescoço, nas costas e nos ombros. Essas tensões musculares podem se tornar crônicas, prejudicando a mobilidade e o bem-estar geral.

Eventos como o luto, a violência doméstica, o medo excessivo e o bullying também estão entre as causas comuns das doenças psicossomáticas.

Esses fatores podem causar, inclusive, impactos no sistema digestivo que não podem ser ignorados. Problemas como constipação, diarreia e até gastrite são comuns em pessoas que lidam com altos níveis de estresse e ansiedade. O sistema digestivo é altamente sensível às emoções, e quando a mente está sobrecarregada, os sintomas físicos podem se manifestar de maneira significativa.

Outro efeito do estresse é o comprometimento da qualidade do sono, devido ao aumento do cortisol. A ansiedade constante dificulta o relaxamento necessário para uma boa noite de descanso, o que resulta em insônia e cansaço.

Superar a ansiedade e outros transtornos emocionais é fundamental para restaurar o equilíbrio entre mente e corpo. Ter uma rede de apoio pautada no amor, agir com autocuidado e procurar acompanhamento psicológico são essenciais para prevenir e tratar doenças psicossomáticas, ajudando as pessoas a manterem uma boa saúde mental e a protegerem o corpo dos efeitos negativos dos fatores estressores do sistema nervoso.

Como identificar uma doença psicossomática?

Identificar uma doença psicossomática pode ser difícil, pois os sintomas físicos se apresentam de forma semelhante a várias condições médicas, mas não têm explicação orgânica clara. O primeiro passo para a identificação é observar se os sintomas físicos persistem sem uma causa aparente ou que não seja explicada por exames médicos. Quando uma pessoa sente dores crônicas, distúrbios digestivos, como constipação ou diarreia, ou problemas de pele, como dermatite, sem uma causa evidente, pode ser um indicativo de que há um componente emocional subjacente.

Se os sintomas se manifestam ou se agravam em momentos de grande tensão emocional, isso também pode sugerir que a origem é psicossomática. Outro fator importante é a presença de sintomas físicos que não são facilmente explicados por condições médicas tradicionais, como dores musculares intensas, falta de ar, pressão no peito, insônia ou problemas digestivos, mesmo após a exclusão de outras doenças.

A conexão entre o sofrimento emocional e os sintomas físicos é fundamental para identificar doenças psicossomáticas. Se uma pessoa está passando por períodos prolongados de estresse, ansiedade, trauma ou outros conflitos emocionais não resolvidos, é mais provável que o corpo manifeste esses problemas de forma física. A ajuda de um profissional da saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, é essencial para fazer a conexão entre os sintomas emocionais e físicos, e para um diagnóstico adequado.

O Que Fazer para Prevenir e Tratar Doenças Psicossomáticas?

O tratamento das doenças psicossomáticas começa com a investigação clínica detalhada para excluir outras possíveis causas físicas. Caso o diagnóstico seja realmente psicossomático, o tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo médicos especializados na área afetada pelo problema, além de profissionais da saúde mental, como psiquiatras e psicólogos. Isso é fundamental para abordar tanto os aspectos físicos quanto emocionais da condição, prevenindo que o adoecimento se repita ou se manifeste em outra parte do corpo.

O tratamento das doenças psicossomáticas exige um enfoque que trate a mente e o corpo de forma integrada. Para garantir o bem-estar completo, algumas abordagens terapêuticas podem ser eficazes. A psicoterapia pode ser útil para identificar os gatilhos emocionais que desencadeiam sintomas físicos, ajudando a pessoa a desenvolver mecanismos de enfrentamento mais saudáveis. Além disso, práticas de mindfulness e meditação são altamente eficazes no combate ao estresse e à ansiedade, promovendo o equilíbrio do sistema nervoso e prevenindo problemas físicos relacionados.

A prática regular de exercícios físicos também é fundamental, pois ajuda a reduzir o estresse, melhora a saúde mental e mantém o corpo em bom estado. Além disso, adotar uma mudança de estilo de vida que inclua momentos de lazer, descanso e autocuidado é essencial para prevenir doenças psicossomáticas, permitindo que o indivíduo se reconecte com suas necessidades emocionais e físicas.

É importante lembrar que, para envelhecer com saúde, é necessário equilibrar a saúde mental e física ao longo da vida. Procurar orientação médica adequada e garantir que o tratamento psicológico esteja alinhado com as necessidades físicas do paciente é essencial para uma recuperação completa e para a manutenção do bem-estar ao longo dos anos.

Conclusão

A psicossomática nos ensina que a mente e o corpo estão profundamente interligados. Problemas de saúde como a ansiedade, o estresse e a depressão podem estar intimamente relacionados a questões de origem emocional. Nesse sentido, a compreensão de que existe a somatização de questões advindas da mente é essencial para tratar essas condições de maneira eficiente.

Cuidar da saúde mental e adotar práticas que promovam o equilíbrio emocional são passos fundamentais para prevenir ou tratar doenças psicossomáticas. Lembre-se: a mente saudável contribui para um corpo saudável, e vice-versa. Para lidar com as consequências físicas do estresse e da ansiedade, buscar ajuda profissional e fazer mudanças no estilo de vida são atitudes importantes para restaurar o bem-estar.

Perguntas Frequentes sobre Psicossomática

  1. O que é psicossomática e como ela pode afetar a saúde?

    Psicossomática é a interação entre mente e corpo, onde problemas psicológicos podem gerar sintomas físicos. Ela pode resultar em doenças psicossomáticas como dores crônicas, distúrbios digestivos e doenças relacionadas ao estresse.
  2. Como tratar doenças psicossomáticas?

    O tratamento envolve uma abordagem integrada que pode incluir psicoterapia, exercícios físicos, práticas de relaxamento como meditação, e mudanças no estilo de vida.


Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicossom%C3%A1tica

https://www.tuasaude.com/sintomas-de-doencas-psicossomaticas/

https://www.rmmg.org/artigo/detalhes/1444

Estresse: sintomas, causas, tratamento e impacto no bem-estar
Xavana Celesnah
Estresse: sintomas, causas, tratamento e impacto no bem-estar
O que é estresse? Entenda as causas, sintomas, tipos e o que o estresse causa no corpo feminino. Veja tratamentos para reduzir os efeitos do estresse.

"O estresse é uma ameaça direta ou indireta à integridade física ou psicológica de alguém". Essa definição do neurocientista Bruce McEwen reflete a profundidade do impacto do estresse no corpo humano, fenômeno que ele estudou profundamente ao longo de sua carreira, com ênfase nos hormônios envolvidos, como o cortisol e a adrenalina.

Embora o estresse faça parte da vida cotidiana e, até certo ponto, seja uma resposta adaptativa saudável do corpo, quando suas causas se tornam constantes e intensas, os efeitos sobre a saúde podem ser extremamente prejudiciais.

Ansiedade, depressão e burnout são algumas das consequências do estresse crônico, que tem se intensificado na população mundial devido ao ritmo acelerado da vida contemporânea, à sobrecarga de responsabilidades e aos relacionamentos disfuncionais. Neste artigo, exploraremos as causas do estresse, suas manifestações físicas e emocionais, além dos tratamentos neurocientíficos disponíveis para restaurar o bem-estar.



O que é estresse?

O estresse é uma resposta do organismo a situações percebidas como ameaçadoras ou frustrantes. Dependendo do nível da reação ao estresse, o corpo pode ficar sobrecarregado e adoecer. Isso acontece quando o indivíduo não consegue se recuperar completamente após ter entrado em contato com eventos estressores. Sintomas como ansiedade, burnout, depressão e insônia são os que mais acometem as pessoas submetidas ao estresse crônico.

No contexto contemporâneo, o estresse é amplificado pela sobrecarga de tarefas diárias, pelo desejo de atingir padrões elevados de produtividade e pela constante comparação com os outros, algo cada vez mais exacerbado pelas redes sociais. A pressão para estar sempre disponível, para mostrar resultados e para não perder oportunidades se tornou uma constante na vida de muitos indivíduos, gerando um estado de alerta constante no cérebro. Isso pode levar ao desenvolvimento de estados de ansiedade e estresse crônico.

De acordo com estudos da neurociência, existem três níveis de enfrentamento ao estresse: o primeiro deles seria o nível adaptativo saudável, que é quando o organismo se recupera rapidamente, logo após situações impactantes. O segundo nível seria um estresse mais prolongado, porém o corpo consegue voltar ao estado de equilíbrio passada a fase estressora. E o terceiro nível seria uma sobrecarga emocional que provoca danos maiores à saúde.

As causas do estresse podem estar relacionadas a diversos fatores, como a pressão no trabalho, dificuldades financeiras, problemas de saúde, exposição constante às vidas idealizadas das redes sociais, sobrecarga de exigências diárias, entre outras. Cada indivíduo tem a sua maneira de lidar com o estresse, portanto os impactos à saúde podem ser diferentes entre as pessoas que vivem o mesmo tipo de situação.

Além das causas mais perceptíveis, também existe o estresse psicológico que gera consequências negativas para a saúde por ser um tipo de desgaste mental. Ele acontece, por exemplo, quando o indivíduo fica continuamente com medo do futuro ou com medo do julgamento dos outros. Nesse sentido, pode até mesmo não estar acontecendo um evento estressor, mas os pensamentos seriam geradores do estresse psicológico.

Para ajudar a desenvolver uma boa gestão do estresse na Era Digital, a doutora em Ciências pela UFRJ, Ana Carolina Souza, se especializou no tema. No eBook gratuito Ansiedade e Redes Sociais a professora ela esclarece quais são os fatores de estresse a partir da exposição constante às redes sociais e dá algumas dicas do que é possível fazer para manter a saúde mental. Preencha o formulário abaixo para ter acesso ao eBook de forma gratuita no seu e-mail:



Apesar do conteúdo esclarecedor, o ebook não substitui um acompanhamento psicológico. Recomendamos consultar um profissional da saúde para um tratamento personalizado para problemas relacionados à saúde mental.

Como o estresse impacta o corpo e a mente

O estresse afeta o corpo de diversas maneiras e com intensidades variadas. Quando estamos estressados, o organismo entra em um estado de “luta ou fuga”, uma resposta biológica que, em situações de risco, pode ser benéfica, permitindo-nos reagir rapidamente a uma ameaça.

No entanto, uma rotina causadora de estresse ou pensamentos estressores constantes acarretam uma série de problemas de saúde. Dentre os problemas mais comuns, destacamos:

  • Problemas cardíacos: O aumento da pressão arterial e a aceleração dos batimentos cardíacos, que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas.
  • Comprometimento do sistema imunológico: O estresse constante pode enfraquecer as defesas do corpo, tornando-o mais vulnerável a infecções e doenças.
  • Enxaqueca e dores de cabeça constantes: As dores de cabeça e crises de enxaqueca também são reflexos da sobrecarga de estresse
  • Insônia: A dificuldade de relaxar e dormir torna-se comum em pessoas com alto nível de estresse
  • Ansiedade: Dificuldade em se manter no presente e pensamentos recorrentes sobre o futuro desgastam o bem-estar e atrapalham a concentração e tomada de decisões
  • Depressão: O desânimo e a falta de interesse e envolvimento nas atividades do dia a dia desconecta as pessoas de um sentido na vida, resultando na queda de autoestima e de motivação
  • Distúrbios digestivos: O estresse pode afetar o sistema digestivo, gerando problemas como gastrite, síndrome do intestino irritável e outros distúrbios gastrointestinais.
  • Problemas musculoesqueléticos: A tensão muscular prolongada devido ao estresse pode causar dores crônicas, principalmente na região dos ombros, pescoço e costas.


Os Hormônios do Estresse

O estresse, quando persistente, tem efeitos profundos sobre o corpo, e muito disso se deve à ação de hormônios como o cortisol e a adrenalina. Esses hormônios são liberados pelo organismo em resposta ao estresse, ativando o que é conhecido como a resposta de "luta ou fuga". Embora essa resposta seja útil em situações imediatas de ameaça, o problema surge quando o estresse se torna crônico.

O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, é um dos principais responsáveis pelos efeitos adversos dessa condição prolongada. Sua produção constante pode afetar a memória, dificultando a capacidade de concentração e aprendizado. Além disso, o cortisol tem um impacto negativo no sistema imunológico, enfraquecendo as defesas do corpo e tornando-o mais suscetível a doenças. Esse desequilíbrio hormonal contribui para o aumento da ansiedade, criando um ciclo vicioso no qual o estresse alimenta mais estresse.

Já a adrenalina, outro hormônio fundamental durante o estresse, prepara o corpo para a ação imediata, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial. No entanto, quando liberada de forma contínua devido ao estresse crônico, ela pode prejudicar o funcionamento do sistema cardiovascular e desencadear uma série de problemas físicos, como hipertensão e problemas cardíacos.

Portanto, embora a resposta ao estresse seja natural e inicialmente útil, quando prolongada, ela pode prejudicar a saúde e o bem-estar psicológico de diversas maneiras, afetando tanto o corpo quanto a mente. É essencial aprender a gerenciar o estresse de forma eficaz, minimizando a produção excessiva de cortisol e adrenalina, para evitar os danos que podem surgir com o tempo.

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Estresse no trabalho e a pressão por resultados

O ambiente de trabalho é um dos principais contextos onde o estresse se manifesta de forma mais evidente. Em uma sociedade voltada para o consumo e para a competitividade, as pessoas altamente produtivas são mais valorizadas e admiradas. Nesse sentido, todos se sentem pressionados a entregar resultados rápidos e de alta qualidade, mas na maioria das vezes sem ter tempo suficiente para descansar ou se recuperar o suficiente após a jornada de trabalho. A pressão por metas e o medo de não atender às expectativas geram um clima de ansiedade e tensão, que compromete a saúde mental dos trabalhadores.

Nesse modelo neoliberal, a busca incessante pelo sucesso na carreira e o medo de fracassar acabam gerando um estresse contínuo. Além disso, o home office e o trabalho no ambiente digital, trouxeram consigo a necessidade de estar disponível o tempo todo. Com isso, o tempo de trabalho acaba invadindo a vida pessoal, aumentando a sensação de cansaço e exaustão que, muitas vezes, leva a situações de esgotamento, como o burnout. Por isso, estabelecer limites e uma rotina que contemple espaço para o descanso e o lazer precisam ser incluídos entre as prioridades de quem cumpre jornada de trabalho.

Como reduzir o estresse: tratamentos e práticas eficazes

O desenvolvimento das habilidades de inteligência emocional nos permite ter autoconhecimento suficiente para saber quais são os nossos limites e preferências. Essas informações nos ajudam a nos relacionar melhor e a saber dizer não quando necessário. Além disso, aumenta nossa capacidade de ter empatia e nos colocar no lugar do outro.

Uma vida sem estresse não existe. Mas, podemos equilibrar a forma como lidamos com os desafios da vida. Algumas práticas que ajudam a reduzir o estresse incluem:

  • Atividade física regular: A prática constante de exercícios, como caminhada, corrida ou yoga, ajuda a reduzir o estresse ao liberar endorfinas, substâncias responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.
  • Mindfulness e meditação: Técnicas de atenção plena (mindfulness) e meditação são poderosas ferramentas para acalmar a mente, reduzir a ansiedade e promover o equilíbrio emocional, concentrando-se no momento presente e afastando pensamentos negativos recorrentes.
  • Apoio psicológico: Abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), ajudam a identificar padrões de pensamento prejudiciais e ensinam estratégias para enfrentar as pressões cotidianas de forma mais saudável.
  • Descanso e lazer: Garantir tempo para descansar e desfrutar de momentos de lazer é fundamental para a recuperação mental. Estabelecer limites para desacelerar o ritmo diário pode ser um desafio, mas é essencial para o equilíbrio emocional.
  • Relaxamento e contato com a natureza: Técnicas de respiração, alongamento e contato com a natureza são formas de desacelerar e se reconectar com o presente e minimizar a sobrecarga de preocupações.
  • Conexões sociais e sentido de pertencimento: Criar laços de confiança e empatia com amigos e familiares contribui para uma sensação de inclusão social, reduzindo a solidão e aliviando o estresse.
  • Autocuidado: O autocuidado vai além de rituais de beleza; é sobre saber o que faz bem para você e realizar escolhas que proporcionem prazer e equilíbrio, sem se preocupar em corresponder às expectativas dos outros.
  • Estímulo à criatividade: Engajar-se em atividades criativas, sem pressão por resultados. Apenas praticar hobbies para se divertir e aumentar a sensação de bem estar.
  • Hábitos saudáveis: Manter uma rotina de sono adequada, alimentação balanceada e hidratação é fundamental para o funcionamento adequado do corpo, contribuindo para uma maior resiliência frente ao estresse.


Como prevenir o estresse?

Prevenir o estresse começa com a conscientização de que nossa saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Cuidar da mente é fundamental para evitar que o estresse se acumule e traga consequências prejudiciais. Isso envolve cultivar o autoconhecimento, fortalecer a inteligência emocional e desenvolver habilidades de resiliência diante dos desafios da vida. Além disso, praticar a autocompaixão e buscar um equilíbrio saudável entre trabalho, descanso e relacionamentos pessoais são aspectos chave para manter o bem-estar e prevenir o impacto negativo do estresse.



Conclusão

O estresse é uma resposta do organismo que afeta diversas áreas da vida, desde o ambiente de trabalho até os relacionamentos amorosos. A pressão constante por desempenho, as diversas tarefas diárias e a busca por resultados rápidos têm contribuído para o aumento significativo de casos de estresse, ansiedade e burnout. No entanto, existem estratégias eficazes para prevenir e reduzir os efeitos do estresse, como a prática de técnicas de relaxamento, o cuidado contínuo com a saúde mental e a redefinição das expectativas em relação à produtividade.

Embora o mercado de trabalho valorize o desempenho incessante, é fundamental aprender a respeitar os próprios limites e a priorizar o bem-estar psicológico. Desacelerar e restaurar o equilíbrio, garantindo tempo para o descanso, é necessário para a manutenção da saúde mental. Em momentos de sobrecarga emocional, buscar ajuda psicológica é essencial. Profissionais capacitados podem oferecer suporte e ferramentas adequadas para lidar com o estresse de maneira saudável, ajudando a prevenir que ele se torne um problema crônico. Lembre-se: cuidar da saúde mental é um passo fundamental para garantir uma vida mais equilibrada e satisfatória.

Perguntas Frequentes sobre Estresse

  1. Quais são os principais sintomas do estresse e como identificá-los?

    Os sintomas do estresse podem ser físicos, emocionais e comportamentais. Entre os sinais mais comuns estão: tensão muscular, ansiedade, dores de cabeça, cansaço excessivo, dificuldades para dormir, irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração. Se esses sintomas se mantiverem por um período prolongado e interferirem nas atividades diárias, pode ser um indicativo de estresse crônico, que requer atenção e, possivelmente, tratamento.

  2. Como posso gerenciar o estresse no meu dia a dia e evitar que ele se torne crônico?

    Para gerenciar o estresse de maneira eficaz, é importante adotar práticas que promovam o equilíbrio físico e mental. Algumas estratégias incluem: a prática regular de exercícios físicos, como caminhada ou yoga, o uso de técnicas de relaxamento e mindfulness, estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal, garantir momentos de descanso e lazer, e buscar apoio psicológico quando necessário. Além disso, é fundamental aprender a reconhecer seus limites e a não sobrecarregar-se com expectativas irreais.

Referências

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/320/saude-mental-e-estresse-uma-visao-das-neurociencias

https://www.rockefeller.edu/news/27135-neuroscientist-bruce-mcewen-studied-impact-stress-brain-died/

Gestalt-terapia: abordagem da psicologia, conceito e princípios
Ella Barruzzi
Gestalt-terapia: abordagem da psicologia, conceito e princípios
Explore as raízes fenomenológicas da Gestalt, suas leis da percepção e o impacto transformador no campo terapêutico e na psicologia.

Gosto da forma como alguns teóricos da Gestalt apresentam a abordagem, destacando que ela é, ao mesmo tempo, uma arte e uma ciência.

Além disso, é interessante expandirmos nossos horizontes e olhares para diferentes tipos de abordagens, pois, assim como o ser humano é múltiplo, também são as formas de lidar com ele.

De acordo com a fala de Luiz Hanns, no curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias”, hoje temos mais de mil diferentes abordagens, metodologias e técnicas de psicoterapia.

A maioria delas é formada por até quinze matrizes, que servem de base para uma ampla diversidade – e apesar da fragmentação teórica, muitas acabam dialogando entre si.

Neste texto falaremos sobre a Gestalt, que oferece uma importante contribuição para as linhas da psicologia: sua visão holística do ser humano, compreendido como um ser biopsicossocial em constante interação com o meio. Essa abordagem considera não apenas a pessoa em sua totalidade, mas também o contexto em que está inserida.



O surgimento da abordagem Gestalt

Um dos nomes que encontramos ao pesquisar sobre a Gestalt é o de Max Wertheimer, pois o primeiro estudo oficial contou com sua autoria, juntamente com Kurt Koffka e Wolfgang Köhler – seus trabalhos estavam alinhados à corrente fenomenológica alemã – e a Gestalt-terapia é a própria fenomenologia aplicada.

Embora Max Wertheimer seja uma figura central no desenvolvimento da Psicologia da Gestalt, sua contribuição, assim como a dos outros nomes mencionados, está mais diretamente ligada à psicologia experimental e à teoria da percepção. Como um dos fundadores da escola de Psicologia da Gestalt, sua influência foi indireta na Gestalt-terapia, posteriormente desenvolvida por Fritz Perls e seus colaboradores.

Nessa abordagem mais ampla desenvolvida por eles, o foco do estudo estava em compreender como os seres humanos percebem e organizam os estímulos sensoriais em configurações significativas, ao invés de analisá-los como elementos individuais isolados.

Dessa forma, a Gestalt-terapia adaptou essa ideia e a aplicou no campo emocional e psicológico, com foco em como as pessoas vivenciam e organizam suas experiências.

No Brasil, suas raízes foram lançadas por volta de 1970, com uma palestra seguida de um convite para que terapeutas estrangeiros formassem o primeiro grupo de Gestalt-terapeutas no país.

Quando surgiu no campo terapêutico, a abordagem despertou um grande interesse entre profissionais da área social, como educadores especializados, assistentes sociais, diretores de instituições para jovens em situação de vulnerabilidade e conselheiros conjugais, entre outros. O que chamava a atenção não era apenas o método em si, mas sua capacidade de atender de forma específica e eficaz às demandas práticas de suas atividades.

Imagem surrealista com um homem vestido com terno e sapatos sociais sentado em uma poltrona laranja no topo de um precipício. Ao fundo, sol e nuvens, além de lustres em formato de discos voadores.

Afinal, o que é Gestalt?

A pergunta de milhões vem de uma época em que seus teóricos ainda se diziam psicanalistas e, claro, bebiam da fonte de Sigmund Freud. Fritz Perls e sua esposa Laura Perls, faziam parte de um grupo de artistas e intelectuais não conformistas.

Perls era considerado por muitos como o criador da Gestalt-terapia, porém, analisando alguns livros, podemos encontrar o que era chamado de “grupo dos sete”, que englobava nomes como: Isadore From, Paul Goodman, Paul Weisz, Sylvester Eastman, Elliot Shapiro e Ralph Hefferline, além de Laura.

A abordagem acabou se tornando uma das forças rebeldes, humanistas e existenciais da psicologia, sendo redescoberta durante toda a história da humanidade, visto que seus conceitos e teorias continuam aparecendo sob novas formas.

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A Gestalt-terapia utiliza ferramentas criadas ou aprimoradas por Pearls – autointitulado como “redescobridor da gestalt” – para ajudar a desbloquear o modo natural de funcionamento do ser humano e, a partir dessa liberação, proporcionar uma vivência direta do que é a Gestalt.

Porém, apenas a experiência pode fazer isso – a própria experiência de si mesmo –, ou seja, não é uma teoria que pode ser colocada de forma fundamentada em um papel. Ela se baseia na compreensão da existência do indivíduo, focando na experiência do "ser" e na interação do ser humano com o mundo ao seu redor, considerando tanto a dimensão mental quanto a biológica.

Na Gestalt-terapia, é possível aprender a prestar atenção no que está acontecendo internamente, tanto na mente quanto no corpo, como uma forma de se entender melhor.

Essa forma de atuação pode ser desafiadora, pois, na maioria das vezes, estamos tão focados em nossas atividades diárias que nem percebemos o que estamos fazendo, sentindo ou querendo – vivemos de maneira automática, em muitos dos casos.

Em vez de observarmos o que está acontecendo enquanto falamos ou agimos, como se estivéssemos em um estado meditativo, acabamos nos identificando com o conteúdo das nossas palavras ou ações. Isso nos prende em ciclos, como sentir pena de nós mesmos, culpar os outros ou nos julgar, sem perceber que estamos apenas repetindo esses sentimentos e pensamentos. Dessa forma, o objetivo dos terapeutas da abordagem é ampliar o potencial humano por meio do processo de integração, apoiando os interesses, desejos e necessidades genuínas de cada pessoa.

Sabe aquele sentimento que fica guardado por muito tempo, sem ter a mínima condição de ser expressado? A Gestalt-terapia ajuda a nos “livrarmos” dele e, ao invés de esconder ou reprimir o que sentimos, aprendemos a expressar emoções de maneira saudável.

E isso se dá através de métodos específicos – e até mesmo simples –, como bater em uma almofada ou conversar com uma cadeira vazia, liberando assim esses sentimentos de forma segura e sem nenhum tipo de julgamento.

Como em outros tipos de terapia, ela não oferece a cura para todos os problemas, mas auxilia a viver melhor em um mundo cheio deles. Isso porque, quando conseguimos entender claramente o que está acontecendo na nossa vida, ela fica mais tranquila, sem confusão ou sofrimentos desnecessários, entrando em contato com o que sentimos, percebendo o que acontece ao nosso redor e formando nossas próprias experiências e interpretações.

Por fora existe uma imagem de um casal de idosos olhando um para o outro. A mulher está do lado esquerdo, com cabelos brancos e brinco em formato de garrafa. Ele, do lado direito, é calvo. Olhando de um outro ângulo, a figura externa é formada por duas entradas de um salão onde em cada portal estão sentados dois homens. O do lado direito segura na cabeça um pote de barro, ao lado do pé do seu pé direito uma garrafa transparente (que é o brinco da senhora). O do lado direito está sentado no chão sobre o portal segurando um violão e cantando. Atrás dele uma mulher aparece em um outro portal.

A psicologia das formas e as leis da Gestalt

Um dos principais conceitos da Gestalt-terapia trabalha com a relação de figura e fundo – que abarca seus princípios –, que é a forma como percebemos e organizamos nossas experiências. Em vez de olhar apenas para os elementos isolados, como faz a psicanálise, considera a totalidade da experiência.

Por exemplo, no contexto terapêutico, o comportamento do paciente não é uma manifestação isolada, mas o resultado de múltiplas variáveis que emergem na interação com o terapeuta. Por isso, o terapeuta deve atuar com flexibilidade e sensibilidade, ajustando-se às constantes dinâmicas e transformações do "campo" terapêutico.

As leis da Gestalt estão intimamente relacionadas com a psicologia das formas (ou psicologia da percepção), sendo considerada como uma das bases da teoria da Gestalt.

Ela investiga como o ser humano percebe, organiza e interpreta os estímulos sensoriais, formando padrões ou figuras significativas, em vez de simplesmente analisar os elementos de forma isolada. Dessa maneira, explica como o cérebro organiza os estímulos visuais para criar uma percepção clara e coerente do mundo, buscando sempre entender o todo, e não apenas suas partes.

Uma das leis fundamentais é a da Pregnância, também conhecida como lei da forma, que afirma que nossa percepção tende a organizar os estímulos de maneira mais simples, estável e completa, preferindo formas claras e simétricas. Em outras palavras, o cérebro busca sempre a forma mais "organizada" e "completa", aquela que exige o menor esforço cognitivo para ser compreendida. No esquema a seguir podemos explorar as demais leis:

Leis da Gestalt

Como ela se coloca

Unidade Afirma que o cérebro humano tende a perceber grupos ou elementos como uma única unidade, em vez de vê-los como partes separadas.
Unificação Descreve a tendência do cérebro de agrupar estímulos separados em uma unidade coerente quando há uma relação entre eles, formando uma figura única, similar à Lei da Unidade, mas com foco na conexão entre os elementos.
Semelhança Fala sobre a tendência do cérebro de agrupar elementos com características semelhantes, como cor, forma ou tamanho, em uma única unidade ou figura.
Proximidade Afirma que elementos próximos uns dos outros são percebidos como pertencentes ao mesmo grupo, independentemente de suas características individuais.
Fechamento Descreve que o cérebro tende a completar figuras incompletas, preenchendo lacunas para formar uma unidade coerente.
Continuidade Diz sobre como a nossa mente organiza elementos em uma sequência contínua, percebendo-os como um fluxo suave, mesmo quando há interrupções.
Segregação Sustenta que o cérebro tende a separar elementos distintos e organizá-los em grupos ou figuras diferentes, mesmo que compartilhem o mesmo espaço.


Essas leis explicam como organizamos as informações visuais para perceber o mundo de maneira estruturada e coerente, muitas vezes sem nos darmos conta de que esse processo está ocorrendo.

O que Fritz Perls ensinou em sua teoria é que as dificuldades de uma pessoa estão sempre no presente, e qualquer maneira de trazê-las à tona ajudará tanto o terapeuta quanto o cliente a entender melhor a situação.

A Gestalt-terapia não é apenas uma filosofia de viver no aqui e agora, mas também um conjunto de práticas que, com o tempo, aprimoram a capacidade de estar totalmente presente no momento.

As pessoas estão tão habituadas a viver em meio aos pensamentos, seguindo os padrões da consciência, dos hábitos e das expectativas, que, ao atingirem a vida adulta, já aprenderam a bloquear a experiência de viver esse presente, como falado anteriormente.

Então, Fritz demonstrou diversas maneiras de fazer com que essas questões se tornem visíveis. Sendo assim, a Gestalt, essencialmente, é uma abordagem que busca despertar as sutilezas da vida, permitindo que elas se manifestem, para que a vida seja percebida e compreendida de maneira mais clara.

Ela propõe uma abordagem que não foca apenas no cliente individual, mas também na relação estabelecida entre ele e o terapeuta. A ênfase está no "campo" no qual o processo terapêutico ocorre, o que significa que tanto o cliente quanto o terapeuta são parte ativa da experiência.

Podemos dizer que Fritz Perls e Paul Goodman deslocaram a ênfase do "por quê?" do passado para o "como?" no presente, permitindo que a pessoa se torne mais consciente de suas experiências no momento atual. A ideia de awareness (consciência) surge aqui, permitindo que o cliente perceba o que está acontecendo com ele tanto interna quanto externamente, de forma corporal, mental e emocional. A awareness não é apenas uma reflexão sobre o problema, mas uma integração criativa do que está sendo experienciado, relembrado ou dito no momento presente.

Diferente da psicanálise, que explora o passado e os processos inconscientes do paciente, a Gestalt-terapia foca no que está acontecendo no "aqui e agora". Em vez de permitir que o terapeuta permaneça distante ou semi-oculto, a abordagem gestáltica coloca o terapeuta no centro da experiência terapêutica, junto ao cliente. A relação entre ambos deve ser clara e dinâmica, com o terapeuta se envolvendo no processo sem se esconder atrás das cortinas.

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Para quem é indicada a Gestalt-terapia?

Como falamos anteriormente, a Gestalt-terapia consiste em explorar e entender a estrutura interna da experiência concreta do cliente. O objetivo é investigar não apenas o que está sendo dito ou feito, mas como está sendo expressado – gestos, expressões faciais, tom de voz e outros detalhes são analisados.

Dessa forma, a importância do corpo como parte fundamental da experiência também é reconhecida. O terapeuta presta atenção nas manifestações corporais do cliente, como posturas e movimentos involuntários, que podem revelar aspectos da experiência emocional ou psicológica que o cliente talvez não esteja consciente. O sintoma corporal, portanto, é utilizado como uma “porta de entrada” para o processo terapêutico, respeitando a forma como o cliente se expressa, ainda que de maneira involuntária.

Podemos dizer que a Gestalt, mais do que uma psicoterapia, é uma ferramenta metodológica que permite uma visão holística do ser humano. Ela integra várias correntes terapêuticas e filosóficas e prepara o terreno para uma nova visão do homem, onde a busca pelo "ser" integrado supera a busca pelo "ter" fragmentado. Em vez de um foco na causa ou no "porquê", valoriza o "como" e o "para quê", enfatizando a experiência direta, a percepção e a consciência do presente. Essa abordagem não busca ser uma ciência no sentido tradicional, mas continua sendo uma arte que acompanha as tendências contemporâneas.

Por isso, é indicada para uma ampla variedade de pessoas, pois não se restringe a tratamentos de transtornos psicológicos específicos, mas busca promover o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal:

  • Para aqueles que desejam compreender melhor seus sentimentos, pensamentos, comportamentos e suas interações com o mundo ao seu redor.
  • Pessoas que enfrentam desafios como ansiedade, depressão, estresse ou outros sintomas que afetam seu bem-estar emocional, mas que ainda não necessariamente possuem um diagnóstico clínico.
  • Quem está vivendo momentos de transição na vida, como mudanças de carreira, divórcio, aposentadoria, entre outras situações que exigem adaptação ou reflexão sobre novos caminhos.
  • Ou que possui dificuldade de expressar, compreender emoções ou que enfrentam desafios nos relacionamentos interpessoais, seja com familiares, amigos ou colegas de trabalho.
  • Especialmente útil para quem deseja conectar mais profundamente com seu corpo, por meio da observação de posturas, respiração, microgestos e outras manifestações físicas que refletem o estado emocional.
  • Pessoas que preferem uma abordagem terapêutica que não se concentre tanto em explicações analíticas, mas sim na vivência do momento presente e na construção do significado da experiência de forma prática.
  • Podendo também ser aplicada em contextos de grupos ou terapia familiar, ajudando a identificar padrões de interação, aumentar a consciência coletiva e facilitar a comunicação entre os membros.


A Gestalt-terapia é uma abordagem terapêutica flexível e profunda, indicada para qualquer pessoa que deseje se reconectar consigo mesma, compreender suas emoções e comportamentos, e promover um maior equilíbrio nas suas relações e na sua vida. Ao focar no presente, auxilia no autoconhecimento e no desenvolvimento de uma consciência mais plena e integrada.

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Referências bibliográficas

GINGER, Serge. Gestalt: uma terapia do contato. São Paulo: Summus, 1995.

PERLS, Frederick Salomon. Isto é Gestalt. São Paulo: Summus, 1977.

PERLS, Frederick Salomon. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997.