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A Sexualidade na Psicanálise: Desejos Inconscientes
Gabriel Cravo Prado
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A Sexualidade na Psicanálise: Desejos Inconscientes
Descubra como a psicanálise interpreta a sexualidade, seus desejos inconscientes e sua influência nas relações e no processo terapêutico.

A sexualidade na psicanálise é um tema essencial para entender os desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise aborda a sexualidade, considerando sua influência nas dinâmicas de transferência e nas relações afetivas. Neste texto, exploramos como a psicanálise interpreta a sexualidade e sua importância no processo terapêutico.

A sexualidade sempre foi um dos temas centrais da psicanálise, abordado por Sigmund Freud e seus sucessores de maneiras complexas e reveladoras. Para Freud, a sexualidade vai além dos aspectos físicos e biológicos, envolvendo processos emocionais, psicológicos e, principalmente, inconscientes que moldam nossos desejos, comportamentos e identidade. Ao longo de mais de um século de estudos, as teorias psicanalíticas sobre a sexualidade passaram por transformações significativas, sendo acompanhadas de perto pelos debates sobre a transferência, a resistência e o desejo no contexto terapêutico.

Sexualidade e transferência: conexões inconscientes

Um dos conceitos fundamentais da psicanálise que melhor explica como a sexualidade se manifesta no tratamento terapêutico é a transferência. Freud introduziu esse termo no início do século XX para descrever o fenômeno em que os desejos e sentimentos inconscientes do paciente, muitas vezes relacionados a figuras parentais ou a experiências da infância, se deslocam para o terapeuta. Em outras palavras, a transferência é um processo pelo qual o paciente projeta, inconscientemente, emoções e comportamentos vivenciados com outros objetos ou pessoas para o analista, criando um campo fértil para o trabalho psicanalítico.

Ao longo do tempo, Freud refinou sua compreensão da transferência, distinguindo a transferência positiva, associada a sentimentos de amor e ternura, da transferência negativa, que se manifesta através de sentimentos hostis e agressivos. Além disso, Freud observou que esses fenômenos não são exclusivos da psicanálise, mas permeiam todas as relações humanas. Assim, o conceito de transferência oferece uma chave para entender como a sexualidade inconsciente do paciente se expressa nas interações terapêuticas, e como essas emoções podem ser trabalhadas durante o tratamento.




A sexualidade e o complexo de édipo: repetição e desejo

Outro aspecto crucial da teoria freudiana é a relação entre sexualidade, desejo e o complexo de Édipo. Para Freud, a sexualidade infantil não é algo marginal ou secundário, mas uma força formadora e estruturante da psique humana. Através do complexo de Édipo, o desejo sexual da criança é canalizado em direções específicas, com o filho ou filha desenvolvendo sentimentos ambivalentes em relação aos pais: o desejo pelo genitor do sexo oposto e a rivalidade com o genitor do mesmo sexo.

Freud argumentou que esse processo é uma fonte primária de neurose, sendo projetado de maneira repetitiva ao longo da vida do indivíduo. O conceito de transferência se conecta diretamente ao complexo de Édipo, uma vez que o paciente, ao revisitar seus sentimentos inconscientes sobre os pais, reatualiza essas questões emocionais durante a terapia. Assim, a sexualidade, ao ser trazida para o campo terapêutico, pode ser vista como uma repetição de padrões emocionais originados na infância.

Teorias pós-freudianas: a sexualidade e o inconsciente coletivo

Após Freud, diversas abordagens psicanalíticas continuaram a explorar o vínculo entre sexualidade e psique humana, com figuras como Melanie Klein, Donald Winnicott, Heinz Kohut e Jacques Lacan oferecendo novas perspectivas. No campo das teorias pós-freudianas, a sexualidade continua a ser um tema central, mas a forma de abordá-la e interpretá-la foi expandida.

Melanie Klein, por exemplo, desenvolveu a ideia de que a transferência não é apenas uma reprodução de relações parentais, mas também uma reencenação das fantasias inconscientes do paciente. Ela associou as experiências transferenciais a processos profundos de amor, ódio, agressão e culpa, presentes desde as primeiras fases do desenvolvimento humano. Para Klein, esses sentimentos se conectam diretamente ao desejo inconsciente, transformando a sexualidade em um terreno fértil para a expressão de conflitos psíquicos profundos.

Donald Winnicott, influenciado pela ideia do vínculo materno, sugeriu que a transferência poderia ser vista como uma repetição deste vínculo primordial. Em sua abordagem, o analista não se coloca apenas como uma figura neutra, mas como um facilitador que pode ajudar o paciente a reconectar-se com a verdade emocional que foi distorcida ou reprimida ao longo da vida. Essa perspectiva mais relacional da transferência, voltada para a criação de um ambiente seguro e receptivo, tem grande relevância no tratamento de pacientes mais fragilizados emocionalmente.

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A sexualidade no pensamento lacaniano: desejo e verdade inconsciente

Jacques Lacan, por sua vez, trouxe uma contribuição fundamental para a compreensão da sexualidade na psicanálise, ao relacioná-la diretamente ao conceito de desejo. Em sua leitura da transferência, Lacan propôs que a relação entre o paciente e o analista não é apenas uma repetição das relações familiares, mas uma busca pela verdade do desejo inconsciente. Lacan viu a transferência como um processo em que o paciente busca atribuir ao analista o papel de “sujeito suposto saber”, ou seja, alguém que detém o conhecimento sobre o que o paciente verdadeiramente deseja.

Para Lacan, a transferência e o desejo estão entrelaçados de maneira intrínseca. Ele se inspirou em Platão, usando a metáfora de Alcibíades e Sócrates para ilustrar como o desejo inconsciente do paciente pode ser distorcido, projetando objetos de desejo de maneira que não correspondem à realidade. Essa visão foi revolucionária, pois trouxe a ideia de que a sexualidade e o desejo inconsciente não são apenas expressões de traumas ou frustrações, mas também sinais de uma busca profunda por entendimento e liberdade psíquica.

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Transferência e sexualidade: desafios éticos e terapêuticos

A sexualidade na psicanálise não se limita apenas a uma questão teórica. O manejo da transferência, especialmente quando envolvem sentimentos intensos de amor ou hostilidade, levanta importantes questões éticas no tratamento. O analista, ao lidar com a sexualidade transferencial, precisa manter uma postura de neutralidade e abstinência, evitando a satisfação de qualquer desejo transferido que possa prejudicar o processo terapêutico.

O desafio ético é grande, especialmente em casos em que o paciente desenvolve sentimentos românticos ou eróticos pelo analista. Freud e seus sucessores alertaram para a necessidade de um manejo cuidadoso e atento dessas manifestações, pois elas são, em grande parte, resistência ao próprio processo de cura. A sexualidade transferida, portanto, se torna não apenas um campo de exploração, mas também um terreno de resistência que precisa ser compreendido e trabalhado dentro das normas da psicanálise.

Conclusão: a sexualidade como via de acesso ao inconsciente

A sexualidade na psicanálise revela-se como uma expressão fundamental dos desejos e conflitos inconscientes que moldam a psique humana. Seja através da transferência, do complexo de Édipo ou das abordagens pós-freudianas, a sexualidade é vista como um fenômeno dinâmico e repetitivo, que se manifesta nas relações terapêuticas de forma intensa e reveladora. O manejo ético e técnico dessas questões demanda do analista uma sensibilidade profunda, sendo fundamental para o avanço do processo analítico.

Assim, ao compreender a sexualidade na psicanálise, não se trata apenas de explorar questões fisiológicas ou de desejo, mas de mergulhar nas profundezas do inconsciente, onde se revelam as dinâmicas que moldam nossa identidade, nossos relacionamentos e, acima de tudo, o nosso desejo mais íntimo.





Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
Xavana Celesnah
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Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
O que é terapia de casal: as linhas da psicologia, qual o tratamento para o bem estar, quando procurar ajuda do psicólogo, duração e perguntas.

A terapia de casal é uma abordagem da psicologia clínica especializada em resolver problemas conjugais, oferecendo um espaço seguro para que os casais possam explorar suas questões. Psicólogos capacitados recebem casais das mais diversas idades e crenças, para ajudá-los a superar impasses que, muitas vezes, parecem impossíveis de serem resolvidos na dinâmica cotidiana do casal.

Durante as sessões, os casais têm a oportunidade de identificar soluções saudáveis para seus desafios, encontrar o bem-estar individual de cada membro e, assim, ter uma vida mais plena. Esse tipo de terapia fortalece os laços afetivos e promove uma melhora significativa na comunicação e compreensão mútua. Neste artigo, vamos explorar como a terapia de casal funciona, os benefícios que ela oferece e como pode transformar a qualidade do relacionamento. Também discutiremos os sinais de quando é o momento ideal para buscar ajuda e iniciar o processo terapêutico.



O que é terapia de casal?

A terapia de casal é um tratamento psicológico especializado, dentro da psicoterapia contemporânea, voltado para ajudar os casais, independentemente da configuração de gênero, a superarem dificuldades e desafios que surgem ao longo da convivência. Esses desafios podem se manifestar de diversas formas, como conflitos frequentes, comunicação falha, problemas de intimidade, infidelidade ou distanciamento emocional, entre outras questões que afetam diretamente o bem-estar e a harmonia da relação.

O principal objetivo da terapia de casal é restaurar o equilíbrio emocional do relacionamento, promovendo uma compreensão mútua e fortalecendo o vínculo afetivo. Durante o processo, o terapeuta facilita o diálogo entre os parceiros, ajudando-os a identificar as causas profundas dos problemas e, mais importante, encontrar soluções adequadas e eficazes para a resolução dos conflitos. A terapia não tem a intenção de apontar culpados, mas de promover a empatia e a colaboração entre os dois, ajudando a reconstruir uma convivência mais saudável, essencial para a arte de amar.

Cada casal tem uma história diferente, com experiências e necessidades distintas. Daí, a necessidade de uma terapia personalizada, sempre levando em consideração a dinâmica específica de cada relacionamento. No contexto da procura da felicidade conjugal, o objetivo da terapia é proporcionar aos parceiros as ferramentas necessárias para melhorar a qualidade do relacionamento, fortalecer o vínculo afetivo e alcançar um equilíbrio emocional que favoreça a convivência e o bem-estar de ambos.



Como funciona a terapia de casal?

Durante as sessões de terapia de casal, um profissional especializado, geralmente um psicólogo com experiência em relações interpessoais, tem o papel de facilitar a comunicação entre os parceiros, criando um ambiente seguro e acolhedor. Portanto, o casal participa das sessões de forma conjunta. Este espaço deve permitir que ambos se sintam à vontade para expressar seus sentimentos, necessidades e preocupações, sem o medo de serem julgados ou de que haja hostilidade. O terapeuta atua com empatia e cuidado, com o foco em promover uma compreensão mútua, sem a intenção de apontar culpados, mas com o intuito de auxiliar o casal a entender os padrões de comportamento que podem estar gerando tensões ou distúrbios na relação.

A terapia de casal não busca uma solução rápida ou superficial. É uma linha de cuidado pautada na reflexão, onde o terapeuta orienta os parceiros a reconhecerem suas atitudes prejudiciais e tóxicas, muitas vezes baseadas em comunicação violenta, falta de empatia ou dificuldades relacionadas ao apego emocional.

A duração da terapia pode variar conforme a complexidade dos desafios enfrentados pelo casal. Embora as sessões ocorram geralmente de forma semanal ou quinzenal, cada encontro é uma oportunidade para analisar e praticar novas formas de comunicação e resolução de conflitos. O objetivo é que o casal saia de cada sessão mais preparado para lidar com os desafios de forma saudável, usando ferramentas e habilidades adquiridas no processo terapêutico.

A terapia de casal é estruturada em várias etapas fundamentais, que visam promover uma compreensão mais profunda para a resolução dos conflitos. Essas etapas incluem:

  • Acolhimento: O psicoterapeuta apresenta-se e explica a abordagem que será utilizada durante o processo terapêutico. O casal tem a oportunidade de se apresentar e fornecer informações pessoais, estabelecendo uma base de confiança e abertura. O ambiente é preparado para que ambos os parceiros possam expressar suas preocupações de maneira confortável..
  • Avaliação inicial: O terapeuta investiga as razões que levaram o casal a procurar ajuda, ouvindo cada parceiro de forma individual. Isso permite entender as questões que estão afetando o relacionamento, identificando as áreas que necessitam de mais atenção.
  • Diagnóstico: Com base nas informações coletadas, o terapeuta elabora um diagnóstico sistêmico conjugal, que leva em consideração a dinâmica do relacionamento e os padrões de comportamento dos parceiros.
  • Exploração emocional: Os parceiros são incentivados a compartilhar abertamente suas emoções, com foco na escuta ativa. A ênfase está em compreender a perspectiva de cada um, favorecendo uma comunicação mais eficaz e empática.
  • Identificação de padrões: O terapeuta ajuda o casal a identificar padrões de interação ou comportamentos repetitivos que perpetuam os conflitos, como falta de comunicação, críticas constantes ou a evitação de discussões importantes.
  • Desenvolvimento de estratégias: O terapeuta, junto com o casal, desenvolve estratégias para resolver os conflitos e melhorar a convivência. Técnicas de comunicação eficaz, resolução de conflitos e regulação emocional são ensinadas e praticadas. O casal também pode sugerir comportamentos que acredita que podem ajudar a resolver o problema. Cada ideia é avaliada e escolhida a mais adequada para ser experimentada, com a definição de um prazo para avaliação dos resultados.
  • Plano de ação: Ao final de cada sessão, o terapeuta sugere atividades ou tarefas para serem realizadas fora do consultório, de forma que os parceiros possam consolidar as mudanças e aplicar os novos comportamentos no cotidiano.


Essa estrutura proporciona um caminho claro para restaurar a harmonia no relacionamento e promover o crescimento individual de cada parceiro, com foco na construção de uma convivência mais saudável e equilibrada.

Objetivos da terapia de casal

O objetivo central da terapia de casal é proporcionar a regulação emocional no relacionamento, ajudando os parceiros a superar os obstáculos que prejudicam a convivência. A terapia é especialmente eficaz quando há desentendimentos constantes, comunicação deficiente ou quando os parceiros se sentem emocionalmente distantes. Problemas sexuais podem ser um reflexo de tensões subjacentes, muitas vezes relacionadas a questões emocionais não resolvidas, expectativas não atendidas ou até mesmo traumas do passado. Durante as sessões, o casal tem a oportunidade de explorar e compreender as causas profundas dessas dificuldades, que podem envolver experiências da infância, diferenças de personalidade ou conflitos não abordados.

Muitas vezes, os casais se sentem sozinhos mesmo estando em um relacionamento, o que pode ser uma das principais causas de insatisfação emocional. A sensação de solidão no relacionamento ocorre quando as necessidades emocionais de um ou ambos os parceiros não estão sendo atendidas. Esse distanciamento pode fazer com que um ou ambos sintam que estão "sozinhos juntos", o que agrava o sentimento de desconexão e isolamento. A terapia de casal oferece um espaço seguro para que esses sentimentos sejam discutidos abertamente e para que o casal trabalhe em conjunto para restaurar a intimidade e a conexão emocional.

Nesse sentido, a terapia de casal visa fortalecer o vínculo entre os parceiros, promovendo o desenvolvimento de habilidades emocionais e comportamentais que permitirão ao casal lidar de forma mais madura com os desafios que surgirem no futuro.



Benefícios da terapia de casal

A terapia de casal oferece uma série de benefícios profundos e significativos, proporcionando aos parceiros ferramentas valiosas para restaurar e fortalecer sua relação. A seguir, destacamos os principais benefícios dessa abordagem terapêutica:

BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE CASAL GANHOS
Melhora na comunicação A terapia de casal ensina aos parceiros como se comunicar de forma mais eficaz, com foco em uma comunicação respeitosa. Os casais aprendem a expressar suas emoções e necessidades sem recorrer a críticas ou acusações. Esse aprimoramento do diálogo favorece a escuta ativa, o que contribui para a criação de um ambiente mais harmonioso e empático no relacionamento.
Fortalecimento da intimidade A terapia ajuda os casais a restabelecerem sua conexão afetiva, promovendo a abertura e a vulnerabilidade.
Resolução de conflitos A terapia de casal oferece ferramentas para lidar com desacordos de forma construtiva e não conflituosa. Ao invés de ceder a impulsos de brigas ou acusações, os casais aprendem a resolver os problemas de maneira colaborativa. Isso diminui o risco de ressentimentos e evita que desentendimentos pequenos se transformem em grandes confrontos.
Recuperação após traições ou violações da confiança Quando ocorre uma infidelidade ou qualquer outra violação de confiança, a terapia oferece um espaço seguro para lidar com a dor emocional causada. O terapeuta facilita o processo de reconstrução da confiança, ajudando os parceiros a decidirem, juntos, se querem continuar o relacionamento ou seguir caminhos separados. A terapia pode ser um ponto de renovação e crescimento após um momento difícil, ajudando o casal a restaurar a confiança mútua.
Aumento do bem-estar emocional Ao enfrentar e resolver questões importantes no relacionamento, os casais conseguem atingir um equilíbrio emocional mais estável. Isso reduz o estresse emocional proveniente de conflitos não resolvidos e ajuda a promover uma vida conjugal saudável.


Terapia de casal online: como funciona?

A terapia de casal online se tornou uma alternativa viável para muitos casais que têm dificuldades de encontrar tempo para as consultas presenciais. Funciona de forma similar à terapia tradicional, com a diferença de que as sessões são realizadas por meio de plataformas digitais, como videochamadas. Isso oferece maior conveniência e flexibilidade para os casais que moram em locais distantes ou têm uma rotina apertada.

A principal vantagem da terapia de casal online é a acessibilidade, além de permitir que os casais se sintam mais confortáveis ao conversar sobre assuntos delicados no ambiente familiar ou no conforto de sua casa.

Quando procurar ajuda psicológica para o casal?

Muitas vezes, os casais evitam procurar ajuda devido ao estigma ou à ideia de que devem resolver seus problemas sozinhos. No entanto, existem vários sinais que indicam que é o momento de buscar a terapia de casal, tais como:

  • Comunicação que se tornou agressiva ou inexistente.
  • Falta de intimidade ou conexão emocional
  • Perda de confiança após uma traição ou outra quebra significativa de vínculo
  • Conflitos frequentes sem resolução
  • Sentimento de insatisfação constante no relacionamento
  • Sensação de solidão, mesmo estando no relacionamento


Quais são as linhas de tratamento para terapia de casal?

As principais linhas da terapia de casal incluem a terapia sistêmica, a cognitivo-comportamental e a abordagem psicanalítica. Elas oferecem abordagens distintas e focadas em aspectos específicos da dinâmica conjugal, permitindo que cada casal encontre a solução mais adequada para suas necessidades.

  • Terapia sistêmica: trabalha com o casal dentro de um contexto mais amplo, considerando a influência de fatores externos, como a família, os amigos e o ambiente social. O objetivo é compreender os padrões de interação entre os parceiros e como essas influências externas afetam a dinâmica do relacionamento. Essa abordagem enfoca as interações e a forma como as relações fora do casal impactam o comportamento de ambos.
  • Terapia cognitivo-comportamental: foca nas atitudes e comportamentos do casal. Ela ajuda a identificar e modificar pensamentos disfuncionais que geram conflitos e tensões, buscando transformar padrões de comunicação e interação negativa. Além disso, propõe tarefas práticas que os parceiros podem realizar para reforçar as mudanças e ajustes no relacionamento, promovendo uma nova forma de se comunicar e lidar com as dificuldades cotidianas.
  • Abordagem psicanalítica: mergulha nas questões inconscientes que podem estar influenciando o comportamento e os sentimentos do casal. Essa abordagem explora as influências das famílias de origem de cada parceiro, investigando como os padrões aprendidos no passado influenciam as reações, expectativas e comportamentos no relacionamento atual. O objetivo é compreender e resolver conflitos mais profundos, muitas vezes ligados a questões não resolvidas de ambos.


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Perguntas para terapia de casal: como começar?

Para muitos casais, o primeiro desafio é reconhecer a necessidade de ajuda. Isso geralmente acontece quando os problemas no relacionamento se tornam recorrentes e difíceis de resolver por conta própria. Quando a comunicação se torna difícil, a intimidade começa a desaparecer ou os conflitos se intensificam, pode ser hora de procurar apoio profissional. Reconhecer esses sinais e entender que a ajuda de um terapeuta pode ser fundamental para melhorar a relação é o primeiro passo importante.

Após perceber que a terapia pode ser a solução, o próximo passo é buscar um terapeuta especializado. É importante encontrar um profissional com experiência em terapia de casal, que tenha um bom entendimento dos desafios comuns que os casais enfrentam. Hoje, muitos terapeutas oferecem consultas tanto presenciais quanto online, o que aumenta ainda mais a acessibilidade para aqueles com uma rotina apertada ou que moram em lugares distantes.

Ao marcar a primeira consulta, o casal deve estar preparado para falar sobre suas preocupações e expectativas em relação à terapia. Muitas vezes, essa primeira sessão é um momento de esclarecimento, onde o terapeuta explica como funciona o processo terapêutico, quais são os objetivos e o que se espera de cada parceiro durante o tratamento. Para alguns casais, o simples fato de ter um espaço seguro para expressar sentimentos pode ser o início de uma mudança significativa. É importante estar disposto a ser transparente e honesto, já que isso cria a base para um processo terapêutico eficaz.

Nesse sentido, é essencial que ambos os parceiros estejam comprometidos com o processo, entendendo que as mudanças podem levar tempo. Não há um tempo exato para ver os resultados, mas, com dedicação, a terapia pode ajudar a reconstruir a confiança, restaurar a intimidade e melhorar o vínculo afetivo.

Para que a terapia seja eficaz, é fundamental que o casal mantenha a mente aberta e esteja disposto a ouvir e refletir sobre suas próprias atitudes. Isso exige paciência, especialmente quando se enfrentam temas sensíveis ou questões que podem ter sido ignoradas por um longo tempo.

Conclusão

A terapia de casal é uma ferramenta importante para restaurar o bem-estar no relacionamento, promovendo mudanças significativas na comunicação, na resolução de conflitos e no fortalecimento dos laços afetivos entre os parceiros. Quando enfrentam dificuldades constantes, como desentendimentos frequentes, distanciamento emocional ou falta de intimidade e de admiração mútua, a terapia pode ser a melhor alternativa para revitalizar a relação. As mudanças que surgem nesse processo são essenciais para quebrar padrões disfuncionais e abrir espaço para a evolução do relacionamento.

Ao se comprometer com a terapia de casal, vocês estarão investindo no futuro do relacionamento. O processo pode trazer transformações importantes, como o desenvolvimento de um novo repertório de comunicação, negociação e alinhamento de objetivos, além de contribuir para a melhoria da vida sexual e emocional. Essas mudanças são fundamentais para a superação de velhos hábitos.

Perguntas Frequentes sobre Terapia de Casal

O que é terapia de casal e como ela pode ajudar?

A terapia de casal é uma abordagem psicoterapêutica focada em melhorar a dinâmica do relacionamento, ajudando o casal a resolver conflitos, melhorar a comunicação e fortalecer os laços afetivos.

Como funciona a terapia de casal online?

A terapia de casal online funciona de maneira similar à presencial, mas as sessões são realizadas por meio de videochamadas, oferecendo maior conveniência e flexibilidade.





Referências

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/12/terapia-de-casal-salva-o-relacionamento-entenda-quando-ela-pode-ajudar.htm

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/03/09/terapeutas-contam-o-que-os-casais-mais-levam-para-terapia-de-casal.htm

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/terapia-de-casal-saiba-quando-ela-e-indicada,4c9e2021095c2a84618aefcc3debd6e8ssgzjxo9.html




As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Ella Barruzzi
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As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Quer conhecer os principais tipos de terapia, suas abordagens, conceitos e as linhas da psicologia em que estão inseridos? Este conteúdo é para você!

Depois daqueles dois anos que ficamos trancados dentro de nossas casas, impossibilitados de sair, interagir e exercer nossos papéis sociais – você deve se lembrar do que estamos falando –, a psicologia começou a ser vista com outros olhos, ganhando maior importância na vida da maioria das pessoas, abrindo assim a oportunidade de acesso a diversos tipos de terapia.

Mas suas tantas vertentes não tiveram início nesse tempo sombrio que tentamos – a duras penas – apagar de nossas mentes, elas vem se desenvolvendo e evoluindo à medida que as necessidades humanas surgem e se modificam. É o famoso Zeitgeist – termo alemão que significa "espírito do tempo".

Dentro desse contexto, você já deve ter ouvido a famosa frase: “todo mundo precisa de terapia”, mas será que estamos conseguindo acessar o que, de fato, nos coloca nesse lugar?

Não à toa, a psicoterapia contemporânea bebe de diversas fontes, sendo um conglomerado de teorias e conceitos que compartilham de ideias, muitas vezes, semelhantes – ou que se complementam.

Imagem computadorizada. Fundo bege, meio cinza, com uma estrutura redonda que possui três degraus no canto direito. No meio da estrutura, um busto humano andrógino. De seu peito se abre uma porta, de onde saem nuvens, com uma escada. Na beirada da escada, um homem está parado olhando para a porta.

Conseguimos explicar o que é psicologia?

Quando nos deparamos com as tantas nomenclaturas que as linhas da psicologia abrangem, acabamos gerando certa confusão de qual direção tomar, qual curso fazer ou qual caminho se deve seguir.

E é exatamente isso que Luiz Hanns aborda em seu curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias”, em que nos convoca a pensar nas tantas psicologias existentes como sendo conectadas umas com as outras, ampliando olhares e conhecimentos a fim de extrair bases fundamentais para o atendimento clínico.

Vale ressaltar que um psicólogo generalista tende a não se aprofundar em transtornos complexos, como borderline e anorexia, pois esses quadros exigem um alto grau de especialização, além de longas horas de estudo, supervisão e prática clínica específica. Nesses casos, é essencial que o paciente receba não apenas acolhimento e orientação adequados, mas também um direcionamento claro para profissionais ou abordagens com maior experiência na área.

Existem diversas teorias psicológicas que frequentemente divergem entre si, muitas vezes gerando rivalidades e debates contínuos. Além disso, algumas abordagens são tão distintas em seus princípios e métodos que não deveriam ser enquadradas no mesmo sistema de comparação ou avaliação, pois operam a partir de fundamentos epistemológicos completamente diferentes.

Quer saber como funciona na prática? Aprenda com o curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias

thumb do curso 'Psicoterapia contemporânea', por Luiz Hanns


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Os debates entre as linhas da psicologia

Podemos citar algumas “comparações” como Sigmund Freud e Carl Jung, uma vez que se fala muito sobre a separação de ambos. No debate, a psicanálise é considerada por vários países como sendo uma modalidade de psicoterapia, que analisa os sintomas e tem como uma das bases a teoria da libido.

Enquanto outros dizem que a psicologia analítica consegue ir mais profundo, através do inconsciente coletivo e dos arquétipos – claro que estamos trazendo aqui uma mínima pincelada.

Ao longo de sua trajetória, o psicólogo pode ou não se identificar com uma abordagem específica. É igualmente importante considerar como, no meio acadêmico e profissional, se estabelece quais abordagens prevalecem, quais podem coexistir e quais acabam sendo gradualmente rejeitadas ou caindo em desuso.

Segundo Hanns, para que uma ou mais teorias avancem e alcancem maior aceitação acadêmica e social, é necessário compreender a dinâmica da retórica científica e acadêmica.

Esse processo não se baseia em quem grita mais alto, em disputas agressivas ou em ataques pessoais, mas sim em um conjunto de parâmetros que, embora não garantam que uma teoria seja intrinsecamente mais científica do que outra, fornecem argumentos mais sólidos dentro do debate.

Esses argumentos podem aumentar a aceitação de uma teoria sobre outra ou, em alguns casos, permitir que duas teorias dominem o campo, mesmo que sejam antagônicas entre si – por isso, é essencial reconhecer a evolução das abordagens dentro da psicoterapia.

Imagem computadorizada. Fundo azul claro, meio esverdeado, com busto humano andrógino ao centro. O topo da sua cabeça está cortado e o cérebro é exposto como se fosse um labirinto. Seu rosto também está projetado para fora, como uma máscara. Em seu peito consta uma porta, de onde sai uma escada.

Conhecendo algumas linhas da psicologia

É fundamental manter a coerência de uma teoria não apenas internamente, mas também em diálogo com áreas afins. As diferentes disciplinas – quando em formação – estão em constante interação, e a psicoterapia não pode se isolar como um campo independente que ignora outros saberes – mesmo que algumas abordagens tentem sustentar essa ideia. O ideal é que apresentem congruência com outras áreas do conhecimento, garantindo um embasamento sólido e interdisciplinar.

A psicologia é uma área bastante ampla e diversa, oferecendo cuidado à saúde mental, bem como proporcionando bem-estar àqueles que se dedicam ao seu processo como clientes, analisados ou pacientes – cada abordagem trata de uma maneira distinta.

Neste texto, focamos na psicologia clínica, um dos principais ramos da psicologia, voltado para a avaliação, diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos mentais, emocionais e comportamentais. Seu objetivo é promover o bem-estar psicológico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ajudando-os a lidar com desafios internos e externos de maneira mais saudável.

O psicólogo clínico trabalha diretamente com indivíduos, casais, famílias ou grupos, utilizando diferentes abordagens para compreender e tratar problemas emocionais e comportamentais.

Esse processo, muitas vezes, começa com uma avaliação psicológica, que pode envolver entrevistas, testes e a análise do histórico do paciente para compreender melhor quais são as suas dificuldades e necessidades.

A psicologia clínica não se limita a uma única linha teórica. Existem diversas abordagens, cada uma com sua visão sobre a psique humana, o desenvolvimento dos transtornos e os métodos de intervenção. Algumas das principais são:

LINHA TEÓRICA ABORDAGEM
Psicanálise e Psicodinâmica Tem como base as teorias de Freud, Winnicott, Lacan, dentre outros – costumam ser mais longas e consideradas profundas, investigando processos inconscientes e sintomas que afetam a vida do paciente.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) Enfatiza a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o paciente a identificar e modificar padrões disfuncionais. Baseada em evidências e amplamente utilizada no tratamento de transtornos como ansiedade, depressão, TOC e fobias.
Humanista e Existencial Foca na experiência subjetiva do paciente, na busca por significado e na autorrealização. Abordagens como a Terapia Centrada na Pessoa (Carl Rogers) e a Logoterapia (Viktor Frankl) valorizam o crescimento pessoal e a autodeterminação.
Gestalt-terapia Trabalha a consciência do momento presente e a responsabilidade do indivíduo sobre suas emoções e comportamentos. Incentiva a integração de diferentes aspectos da experiência do paciente para promover o autoconhecimento.
Terapias de Terceira Onda São abordagens mais recentes dentro da TCC, incorporando elementos de aceitação, mindfulness e valores pessoais. Exemplos incluem a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT) – eficaz para transtorno de personalidade borderline.
Psicologia Analítica (Junguiana) Criada por Carl Jung, enfatiza o inconsciente coletivo, os arquétipos e o processo de individuação como chave para o desenvolvimento pessoal. Utiliza a análise de sonhos, mitos e símbolos para auxiliar na compreensão dos conflitos internos.


Atualmente, a psicologia clínica tem se expandido e integrado novas tecnologias, incluindo terapias online e abordagens interdisciplinares envolvendo neurociência e psiquiatria. O campo continua a evoluir, buscando sempre formas mais eficazes e acessíveis de promover a saúde mental e o bem-estar.

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Afinal, qual a diferença entre analista, terapeuta e psicólogo?

Fazer comparações não é o nosso objetivo aqui, mas sim esclarecer os papéis e as formas de atuação dos profissionais ligados à saúde mental de milhares de pessoas.

A diferença principal entre analista, terapeuta e psicólogo está no nível de formação, no tipo de atuação e na abordagem utilizada no atendimento clínico.

  • Psicólogo: graduação em psicologia + CRP – Atua com psicoterapia, avaliação psicológica e intervenções terapêuticas. Pode diagnosticar pacientes.
  • Terapeuta: formação variada (pode ou não ser psicólogo) – Trabalha com diferentes formas de terapia (psicológicas ou holísticas). A possibilidade de poder ou não diagnosticar irá depender da formação.
  • Analista: formação em psicanálise (pode ou não ser psicólogo) ou psicologia analítica – Atua com psicanálise (Freud, Lacan) ou análise junguiana (Jung).


O psicólogo é um profissional formado em psicologia, com curso superior de quatro a cinco anos, podendo atuar em diversas áreas, como clínica, organizacional, educacional, esportiva, hospitalar e social.

Para atuar, é necessário ter registro no Conselho Regional de Psicologia (CRP) e escolher uma abordagem para conduzir seus atendimentos, podendo realizar avaliações psicológicas, testes, diagnósticos e intervenções terapêuticas.

O terapeuta, por outro lado, é um termo mais amplo e não exige necessariamente formação em psicologia. Ele pode atuar no campo da saúde mental, emocional e comportamental sem precisar ser psicólogo ou possuir CRP.

Um terapeuta pode ser um psicoterapeuta, caso tenha formação em uma abordagem psicológica específica ou atuar em áreas complementares – sua atuação depende das regulamentações locais e do campo de especialização. Vale ressaltar – e colocar em letras garrafais – que para escolher um terapeuta os pacientes devem se aprofundar em suas pesquisas, visto que existem muitas abordagens sendo trabalhadas sem bases científicas ou comprovações teóricas.

O analista pode seguir diferentes formações dependendo da abordagem adotada. No caso da psicanálise Freud, Lacan –, a formação pode ser realizada em instituições psicanalíticas sem a necessidade de um diploma em psicologia, mas necessitando de uma formação acadêmica e de bases sólidas no estudo de psicanálise, permitindo até mesmo que profissionais de outras áreas da saúde atuem como psicanalistas. Alguns psicanalistas contemporâneos de renome, como Ana Suy, reforçam que a formação em psicologia atrelada à atuação em psicanálise é extremamente proveitosa ao profissional.

Já a psicologia analíticaJung – exige formação superior em psicologia para que o profissional possa atuar como analista junguiano. Esse requisito se deve ao fato de que essa abordagem faz parte do campo da psicologia e exige uma base acadêmica formal para aplicação clínica.

Na prática, o analista trabalha com métodos específicos de sua abordagem, como associação livre, interpretação de sonhos, inconsciente coletivo e arquétipos, dependendo da linha teórica adotada.

Quer saber mais sobre este e outros temas? A Casa do Saber possui uma curadoria que oferece os melhores conteúdos por um valor acessível.

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Referências bibliográficas

HANNS, Luiz. Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias. Casa do Saber.

SANTI, Pedro Luiz Ribeiro; FIGUEIREDO, Luís Cláudio. Psicologia: uma (nova) introdução. São Paulo: Educ, 2008.

Psicanálise
A Sexualidade na Psicanálise: Desejos Inconscientes
Gabriel Cravo Prado
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A Sexualidade na Psicanálise: Desejos Inconscientes
Descubra como a psicanálise interpreta a sexualidade, seus desejos inconscientes e sua influência nas relações e no processo terapêutico.

A sexualidade na psicanálise é um tema essencial para entender os desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise aborda a sexualidade, considerando sua influência nas dinâmicas de transferência e nas relações afetivas. Neste texto, exploramos como a psicanálise interpreta a sexualidade e sua importância no processo terapêutico.

A sexualidade sempre foi um dos temas centrais da psicanálise, abordado por Sigmund Freud e seus sucessores de maneiras complexas e reveladoras. Para Freud, a sexualidade vai além dos aspectos físicos e biológicos, envolvendo processos emocionais, psicológicos e, principalmente, inconscientes que moldam nossos desejos, comportamentos e identidade. Ao longo de mais de um século de estudos, as teorias psicanalíticas sobre a sexualidade passaram por transformações significativas, sendo acompanhadas de perto pelos debates sobre a transferência, a resistência e o desejo no contexto terapêutico.

Sexualidade e transferência: conexões inconscientes

Um dos conceitos fundamentais da psicanálise que melhor explica como a sexualidade se manifesta no tratamento terapêutico é a transferência. Freud introduziu esse termo no início do século XX para descrever o fenômeno em que os desejos e sentimentos inconscientes do paciente, muitas vezes relacionados a figuras parentais ou a experiências da infância, se deslocam para o terapeuta. Em outras palavras, a transferência é um processo pelo qual o paciente projeta, inconscientemente, emoções e comportamentos vivenciados com outros objetos ou pessoas para o analista, criando um campo fértil para o trabalho psicanalítico.

Ao longo do tempo, Freud refinou sua compreensão da transferência, distinguindo a transferência positiva, associada a sentimentos de amor e ternura, da transferência negativa, que se manifesta através de sentimentos hostis e agressivos. Além disso, Freud observou que esses fenômenos não são exclusivos da psicanálise, mas permeiam todas as relações humanas. Assim, o conceito de transferência oferece uma chave para entender como a sexualidade inconsciente do paciente se expressa nas interações terapêuticas, e como essas emoções podem ser trabalhadas durante o tratamento.




A sexualidade e o complexo de édipo: repetição e desejo

Outro aspecto crucial da teoria freudiana é a relação entre sexualidade, desejo e o complexo de Édipo. Para Freud, a sexualidade infantil não é algo marginal ou secundário, mas uma força formadora e estruturante da psique humana. Através do complexo de Édipo, o desejo sexual da criança é canalizado em direções específicas, com o filho ou filha desenvolvendo sentimentos ambivalentes em relação aos pais: o desejo pelo genitor do sexo oposto e a rivalidade com o genitor do mesmo sexo.

Freud argumentou que esse processo é uma fonte primária de neurose, sendo projetado de maneira repetitiva ao longo da vida do indivíduo. O conceito de transferência se conecta diretamente ao complexo de Édipo, uma vez que o paciente, ao revisitar seus sentimentos inconscientes sobre os pais, reatualiza essas questões emocionais durante a terapia. Assim, a sexualidade, ao ser trazida para o campo terapêutico, pode ser vista como uma repetição de padrões emocionais originados na infância.

Teorias pós-freudianas: a sexualidade e o inconsciente coletivo

Após Freud, diversas abordagens psicanalíticas continuaram a explorar o vínculo entre sexualidade e psique humana, com figuras como Melanie Klein, Donald Winnicott, Heinz Kohut e Jacques Lacan oferecendo novas perspectivas. No campo das teorias pós-freudianas, a sexualidade continua a ser um tema central, mas a forma de abordá-la e interpretá-la foi expandida.

Melanie Klein, por exemplo, desenvolveu a ideia de que a transferência não é apenas uma reprodução de relações parentais, mas também uma reencenação das fantasias inconscientes do paciente. Ela associou as experiências transferenciais a processos profundos de amor, ódio, agressão e culpa, presentes desde as primeiras fases do desenvolvimento humano. Para Klein, esses sentimentos se conectam diretamente ao desejo inconsciente, transformando a sexualidade em um terreno fértil para a expressão de conflitos psíquicos profundos.

Donald Winnicott, influenciado pela ideia do vínculo materno, sugeriu que a transferência poderia ser vista como uma repetição deste vínculo primordial. Em sua abordagem, o analista não se coloca apenas como uma figura neutra, mas como um facilitador que pode ajudar o paciente a reconectar-se com a verdade emocional que foi distorcida ou reprimida ao longo da vida. Essa perspectiva mais relacional da transferência, voltada para a criação de um ambiente seguro e receptivo, tem grande relevância no tratamento de pacientes mais fragilizados emocionalmente.

banner curso complexo de edipo e sexualidade, por Fernanda Samico

A sexualidade no pensamento lacaniano: desejo e verdade inconsciente

Jacques Lacan, por sua vez, trouxe uma contribuição fundamental para a compreensão da sexualidade na psicanálise, ao relacioná-la diretamente ao conceito de desejo. Em sua leitura da transferência, Lacan propôs que a relação entre o paciente e o analista não é apenas uma repetição das relações familiares, mas uma busca pela verdade do desejo inconsciente. Lacan viu a transferência como um processo em que o paciente busca atribuir ao analista o papel de “sujeito suposto saber”, ou seja, alguém que detém o conhecimento sobre o que o paciente verdadeiramente deseja.

Para Lacan, a transferência e o desejo estão entrelaçados de maneira intrínseca. Ele se inspirou em Platão, usando a metáfora de Alcibíades e Sócrates para ilustrar como o desejo inconsciente do paciente pode ser distorcido, projetando objetos de desejo de maneira que não correspondem à realidade. Essa visão foi revolucionária, pois trouxe a ideia de que a sexualidade e o desejo inconsciente não são apenas expressões de traumas ou frustrações, mas também sinais de uma busca profunda por entendimento e liberdade psíquica.

banner do curso Jacques Lacan, de Christian Dunker, para a Casa do Saber



Transferência e sexualidade: desafios éticos e terapêuticos

A sexualidade na psicanálise não se limita apenas a uma questão teórica. O manejo da transferência, especialmente quando envolvem sentimentos intensos de amor ou hostilidade, levanta importantes questões éticas no tratamento. O analista, ao lidar com a sexualidade transferencial, precisa manter uma postura de neutralidade e abstinência, evitando a satisfação de qualquer desejo transferido que possa prejudicar o processo terapêutico.

O desafio ético é grande, especialmente em casos em que o paciente desenvolve sentimentos românticos ou eróticos pelo analista. Freud e seus sucessores alertaram para a necessidade de um manejo cuidadoso e atento dessas manifestações, pois elas são, em grande parte, resistência ao próprio processo de cura. A sexualidade transferida, portanto, se torna não apenas um campo de exploração, mas também um terreno de resistência que precisa ser compreendido e trabalhado dentro das normas da psicanálise.

Conclusão: a sexualidade como via de acesso ao inconsciente

A sexualidade na psicanálise revela-se como uma expressão fundamental dos desejos e conflitos inconscientes que moldam a psique humana. Seja através da transferência, do complexo de Édipo ou das abordagens pós-freudianas, a sexualidade é vista como um fenômeno dinâmico e repetitivo, que se manifesta nas relações terapêuticas de forma intensa e reveladora. O manejo ético e técnico dessas questões demanda do analista uma sensibilidade profunda, sendo fundamental para o avanço do processo analítico.

Assim, ao compreender a sexualidade na psicanálise, não se trata apenas de explorar questões fisiológicas ou de desejo, mas de mergulhar nas profundezas do inconsciente, onde se revelam as dinâmicas que moldam nossa identidade, nossos relacionamentos e, acima de tudo, o nosso desejo mais íntimo.





Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Carolina Tosetti
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Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Um guia para começar a estudar psicanálise ou atualizar sua formação. Conheça os melhores cursos, professores e as instituições de referência na área.

Você sabe o que estuda a psicanálise? Ou, se você já se interessa por essa área de conhecimento, sabe como fazer para começar a se aprofundar nas teorias e ideias dos maiores autores da psicanálise?

Neste artigo, vamos te explicar o passo a passo para aprender alguns dos principais conceitos da psicanálise criados por grandes personalidades reconhecidas mundialmente por suas contribuições à compreensão da psique humana, como Sigmund Freud e Jacques Lacan. Você também irá conhecer alguns dos mais renomados professores e especialistas em psicanálise do Brasil e as instituições que são referência nesta disciplina.

O que é psicanálise?

A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, é um método de investigação dos processos mentais, que se utiliza da associação livre para acessar, por inferência, os conteúdos inconscientes do paciente a partir de seus relatos à um analista, a fim de identificar possíveis causas e se utilizar da transferência estabelecida na relação analítica para tratamento dos sintomas.



imagem com diversos cursos da plataforma Casa do Saber


Esta prática é frequentemente associada à ideia de deitar no divã e falar livremente, mas vai muito além disso. A teoria e a prática clínica hoje permitem que o psicanalista interprete padrões, desejos, intenções, pensamentos e comportamentos do paciente. Neste sentido, um dos objetivos da psicanálise é trazer à consciência as questões do inconsciente que afetam o sujeito, sendo efetiva para uma melhora para a saúde mental, o senso crítico e o bem-estar pessoal do analisando. Entretanto, os objetivos de uma análise podem variar entre as escolas. Em maior escala, o impacto de uma análise bem desenvolvida pode ser notado na tomada de consciência e no poder decisão dos pacientes para deixarem de seguir determinados padrões, por exemplo, bem como no relacionamento consigo mesmo e com os outros.

Quais são as principais abordagens e escolas da psicanálise?

A psicanálise é uma área de conhecimento que perdura há mais de 100 anos. Existem várias abordagens dentro da psicanálise, refletindo diferentes escolas de pensamento sobre como os processos inconscientes afetam o comportamento e a vida humana. Abaixo listamos, em resumo, as principais linhas de pensamento da psicanálise e suas características essenciais. As principais incluem a Freudiana, a Lacaniana e a Kleiniana, por exemplo. Dentre as escolas podemos citar principalmente a inglesa, representada por Donald Winnicott e Wilfred Bion, e a francesa associada à Jacques Lacan.

Escola Características
Escola Freudiana Destacam-se os temas do inconsciente, as pulsões de vida e morte, a sexualidade, as estruturas psíquicas (neurose, psicose e perversão), o Complexo de Édipo, os mecanismos de defesa, as resistências, as transferências e as contratransferências em uma análise. Dentre os principais autores estão Sigmund Freud e Anna Freud.
Escola Kleiniana Também conhecida como escola das relações objetais, é a escola fundada pela austríaca Melanie Klein, cujas principais contribuições teóricas são a posição esquizo-paranóide, a posição depressiva, as fantasias infantis e os primitivos mecanismos de defesa, com destaque para a identificação projetiva. Klein é pioneira em análise de crianças, e seus estudos pensam o indivíduo desde o nascimento, acompanhando o seu desenvolvimento principalmente desde a infância.
Escola Francesa Jacques Lacan propôs um retorno a Freud e fez inúmeras contribuições, sobretudo se utilizando da Linguística e da Filosofia. Para Lacan, o inconsciente é estruturado como linguagem, e através dos ditos do sujeito teremos indícios de como ele se posiciona no mundo, nas relações com os outros, de suas alienações a certos ideais e de seus modos de desejar. Dentre diversos conceitos originais destacam-se os significantes, significados, objetos, o estágio do espelho e o corte lacaniano.
Escola de Winnicott Donald Winnicott teve uma vasta experiência no tratamento de crianças como pediatra, e desenvolveu sua teoria com ênfase na relação cuidador-bebê, com conceitos como mãe suficientemente boa: nem perfeita, nem negligente na criação do bebê, e a ideia de que a elaboração imaginativa do corpo e suas funções é que moldam a psique, não sendo uma estrutura pré-existente, mas sim, fruto dos cuidados recebidos. O inconsciente winnicottiano seria uma experiência que a imaturidade do bebê não tornou possível criar uma representação, e não o reprimido da teoria freudiana. Alguns de seus conceitos fundamentais são: holding, handling e integração de objetos, personalização e realização e desenvolvimento emocional primitivo.
Escola de Bion Wilfred Bion foi analisando e discípulo de Klein, mas criou diversos conceitos originais. Dentre suas principais contribuições estão a psicoterapia psicanalítica de grupo, o enfoque nos vínculos e a dinâmica do campo analítico, em que existe uma mútua influência entre analisando e analista e vice-versa.
Escola da Psicologia do Ego Heinz Hartmann é o principal nome ligado a esta escola. Nesta abordagem, o ego desenvolve-se a partir do id enquanto a criança passa a entender a diferença do seu corpo-mente em relação ao mundo e atenção se volta para o “eu”. Funções como percepção, afeto, memória, conhecimento e juízo crítico passam a ter valor para o analista nesta abordagem.
Escola da Psicologia do Self Nesta abordagem, Heinz Kohut (EUA) traz a introspecção e empatia como principais instrumentos da psicanálise, seguidos da tese das “falhas dos self-objetos primitivos”. Retira-se também a hegemonia do conceito de Complexo de Édipo e trata o Narcisismo como importante etapa do desenvolvimento.


Além das escolas mencionadas na tabela anterior, ainda há a psicanálise do húngaro Sándor Ferenczi, que surge a partir da escola freudiana. Ou seja, há muitas abordagens, e cada uma delas oferece uma perspectiva única sobre a estrutura da mente e os métodos de tratamento, influenciando significativamente as ementas dos cursos de psicanálise. Além disso, práticas modernas como a psicanálise relacional e conceitos como a intersubjetividade também estão ganhando espaço, mostrando a evolução e atualização contínua desta área.





Como estudar psicanálise hoje?

Para aqueles interessados em se tornar profissionais nesta área, há diversas opções de formação em psicanálise clínica. Os cursos podem variar, desde:

  • Workshops introdutórios
  • Pós-graduações
  • Programas de mestrado
  • Programas de doutorado
  • Residências


Atualmente, também existem cursos de psicanálise clínica disponíveis online, proporcionando flexibilidade para estudar de acordo com as próprias necessidades e ritmos. Um curso de psicanálise típico cobre fundamentos teóricos, técnicas e manejos terapêuticos e práticas supervisionadas, essenciais para quem busca uma compreensão profunda da mente humana e deseja praticar clinicamente.

Quem pode estudar psicanálise?

Enquanto área de conhecimento, todos! Para saber como começar a estudar psicanálise, acreditamos que o primeiro passo é entender qual é o seu perfil. Na Casa do Saber, sabemos que há variados tipos de interesse em aprender sobre esta disciplina. Abaixo, detalharemos um pouco sobre cada um deles. Veja qual é o seu caso:

1. "Sou psicanalista e quero aprofundar minha formação"

A psicanálise é uma área de estudo constante, por isso, tanto se você é um psicanalista em formação, quanto se você já tem muitos anos de experiência clínica é preciso tomar conhecimento das novas tendências culturais, das obras e dos autores relevantes para ter leituras fundamentais ao trabalho de analista. Mesmo após a conclusão de um curso de psicanálise, é essencial que o profissional continue em um processo de aprendizado contínuo, supervisionado por psicanalistas experientes e se mantenha em constante atualização.





2. "Sou estudante e quero me tornar um psicanalista"

Já que é considerada uma ocupação, a profissão de psicanalista pode ser exercida por qualquer pessoa que tenha concluído um curso de graduação em alguma das mais diversas áreas do saber. A atividade psicanalítica é independente de cursos regulares acadêmicos, sendo os seus profissionais formados pelas sociedades e instituições psicanalíticas.

Qualquer pessoa pode fazer um curso de psicanálise, desde que atenda aos pré-requisitos estabelecidos pela instituição de ensino que oferece o curso, como a exigência de se ter uma graduação completa, por exemplo. Além dos tradicionais cursos de psicologia e medicina associados à prática psicanalítica, têm destaque áreas dialógicas como ciências sociais, filosofia, antropologia, entre outras. O psicanalista em formação precisa também ter, é claro, interesse e afinidade com a área da saúde mental e da psicanálise.

Para exercer o ofício de psicanalista, ou seja, clinicar, dar aulas, entre outros, é recomendado que a pessoa interessada tenha uma formação específica em psicanálise, oferecida por uma instituição reconhecida e que realize um curso completo, com supervisão e análise pessoal. A formação em psicanálise é profunda, demandando uma capacidade de reflexão crítica, de análise, de leitura e de interpretação. No entanto, é possível fazer cursos de introdução à psicanálise, participar de encontros ao vivo, workshops e eventos acadêmicos para absorver conhecimento sobre teoria e prática psicanalítica.

No curso Uma Psicanálise da Existência o renomado professor e psicanalista Christian Dunker traça conceitos e leituras de Freud e Lacan.

Assista às aulas para se embasar nas principais teorias e começar a entender questões que envolvem a todos nós em diferentes momentos da vida.

banner do curso 'Uma psicanálise da existência', de Christian Dunker




3. "Gosto de aprender sobre diversas áreas para compreender o mundo"

A psicanálise permite uma profunda reflexão sobre a condição humana, influenciando várias áreas do conhecimento. Profissionais com noções em psicanálise utilizam suas habilidades não apenas em contextos clínicos, mas também em áreas como literatura, filosofia e estudos culturais. Ao entender como os processos inconscientes determinam comportamentos, decisões e relações sociais, a psicanálise oferece perspectivas interessantes para perceber a complexidade humana em diversos aspectos da vida, ampliando a compreensão sobre como pensamos e interagimos em diferentes contextos. Você só tem a ganhar aprendendo mais sobre essa disciplina extremamente versátil e profunda.





Confira algumas das principais áreas de estudo da psicanálise atualmente:

  • Psicanálise e Saúde Mental: focada no tratamento de distúrbios emocionais e psicológicos, essa área é a pedra angular da prática clínica.
  • Psicanálise e Literatura: utiliza teorias psicanalíticas para analisar textos literários, desvendando os aspectos inconscientes que moldam as narrativas.
  • Psicanálise e Cultura: examina como as normas culturais são internalizadas e como influenciam a identidade e o comportamento social ao longo da história.
  • Psicanálise e Educação: aplica conceitos psicanalíticos para entender dinâmicas de aprendizagem e desenvolvimento em ambientes educacionais.
  • Psicanálise e Arte: investiga a expressão inconsciente na criação e interpretação artística, proporcionando uma compreensão mais aprofundada dos movimentos e obras de arte.

E aí, se identificou? Entenda sobre o comportamento humano de forma aprofundada, considerando sentimentos, emoções, pensamentos, o consciente e o inconsciente.

A Casa do Saber + é a plataforma que permite que você conheça as ideias dos grandes pensadores como Sigmund Freud, Melanie Klein, Jacques Lacan, Donald Winnicott, Wilfred Bion, Sándor Ferenczi e muito mais, aprofundando o seu olhar sobre si mesmo e as suas relações.





Como aprender a teoria psicanalítica?

Se você quer complementar sua formação, se atualizando nos temas contemporâneos, revisitando conceitos importantes, aplicando-os à sua clínica e entendendo as contextualizações necessárias com a teoria das principais referências na área e abordagens é preciso aprender com bons profissionais ou professores. Conheça os grandes nomes da psicanálise no Brasil hoje:

Contardo Calligaris


Alexandre Patrício


Pedro de Santi


Christian Dunker


Marcelo Veras


Ana Suy


Conheça todos os professores da Casa do Saber

Quanto custa estudar psicanálise?

Sabia que você pode estudar sobre a teoria e a prática psicanalítica com os grandes mestres do país e ter um guia das principais obras, autores e conceitos para se aprofundar de forma online e em uma linguagem acessível?

A Casa do Saber + é o streaming do conhecimento: uma plataforma com mais de 60 cursos online de psicanálise exclusivos para você aprender com grandes profissionais, doutores e professores na área como Christian Dunker, Ana Suy, Marcelo Veras, Alexandre Patricio de Almeida, Pedro de Santi, Contardo Calligaris, Fernanda Samico, Daniel Omar Perez, Guilherme Facci, entre muitos outros.

Além dos cursos de psicanálise, a plataforma oferece mais de 600 horas de aulas sobre diversas áreas do conhecimento para você se desenvolver pessoalmente e profissionalmente. Lá você também encontra aulas que fazem aproximações entre a psicanálise e a literatura, a filosofia, as artes e a neurociência, por exemplo, afinal, a proposta da Casa do Saber é desenvolver de forma cultural e interdisciplinar os seus alunos.

Os cursos disponíveis no plano regular da plataforma, no entanto, não habilitam a pessoa a iniciar a prática clínica, servindo principalmente como fontes de aprofundamento, ampliação de repertório clínico e formação continuada.

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Especialização em psicanálise

Agora, se você é psicólogo(a), médico(a), tem graduação em alguma outra área e a sua ideia é se especializar em psicanálise, pode apostar em uma pós-graduação, mestrado, doutorado ou escolher alguma escola ou sociedade de referência para construir o seu caminho nesta área tão importante. Confira algumas opções de destaque no Brasil:

Sociedades Escolas Pós-graduações e especializações
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP Fórum do Campo Lacaniano - São Paulo Universidade de São Paulo (USP)
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro – SBPRJ Fórum do Campo Lacaniano - Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto - SBPRP Escola Brasileira de Psicanálise - Salvador Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Escola Brasileira de Psicanálise - Florianópolis Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)




Para começar a entender Freud, Lacan, Melanie Klein e os principais autores da psicanálise

Agora que você já sabe como estudar psicanálise de acordo com o seu objetivo, que tal começar de forma descomplicada, online e com os melhores recursos?

Para conhecer a teoria psicanalítica de Sigmund Freud; entender mais sobre o inconsciente; estabelecer relações entre a literatura, a mitologia e o comportamento humano; esclarecer ideias sobre parentalidade; se relacionar melhor com as pessoas; viver bem no século XXI, entre tantas outras possibilidades que a psicanálise oferece, experimente acessar o conhecimento de onde estiver e quando quiser.

Começar a entender a psicanálise não precisa ser uma tarefa complexa, e aprender com os maiores professores do país não é algo distante ou inacessível. Além disso, ao tornar a sua rotina de estudos adaptável ao seu tempo, espaço e momento você garante mais chances de continuar aprendendo continuamente.

Nesse sentido, a Casa do Saber + te acompanha em todos os lugares e momentos da vida. Você pode assistir às aulas pausando-as e retomando o seu progresso quando precisar, ou até mesmo ouvi-las em forma de podcast. O aplicativo do streaming está disponível para Android e IOS, e você também pode baixá-lo na sua SmarTV ou acessar pelo navegador do computador.

Dedicando 20 minutos do seu dia você baixa o aplicativo, acessa a plataforma e começa a sua primeira aula com um dos grandes mestres em psicanálise do Brasil.

Esperamos que este artigo tenha te ajudado a conhecer mais sobre o universo de conhecimento que te aguarda estudando psicanálise com a Casa do Saber.

Sexualidade e Teoria da Libido em Freud
Gabriel Cravo Prado
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Sexualidade e Teoria da Libido em Freud
Explore a visão de Sigmund Freud sobre sexualidade, libido e desenvolvimento, e como influenciam a formação da personalidade humana.

O estudo da libido revela como as pulsões impactam o sujeito e influenciam a sexualidade. Este texto explora essas transformações teóricas e como elas ajudam a compreender as complexas relações entre desejo, identidade e subjetividade.




A libido na teoria psicanalítica: origens, evolução e implicações clínicas

O conceito de libido, cuja etimologia remonta ao latim, em que significa "desejo", carrega consigo uma história complexa, que se entrelaça com diversas teorias sobre o sexual e psíquico ao longo do século XIX e XX. Inicialmente, o termo foi utilizado por Moriz Benedikt e, posteriormente, por cientistas como Albert Moll e Richard von Krafft-Ebing, para designar uma energia instintiva ligada à sexualidade, ou libido sexualis. No entanto, foi Sigmund Freud quem transformou e ampliou o significado de libido, conferindo-lhe um papel central na psicanálise, ao utilizá-lo para descrever as manifestações das pulsões sexuais na vida psíquica e, por extensão, para explicar a sexualidade humana, incluindo suas manifestações infantis e não-genitais.

Freud e a construção do conceito de libido

Sigmund Freud apresentou uma mudança paradigmática ao incorporar a libido em sua teoria da sexualidade, a qual ele delineou de maneira mais clara em 1905, com a publicação de Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Nessa obra, Freud introduziu a libido como uma manifestação da pulsão sexual, que, em sua visão, não se limitava ao aspecto genético ou somático, mas estava profundamente imersa nas dinâmicas psíquicas do sujeito. Esse movimento foi uma revolução na compreensão da sexualidade, uma vez que Freud desafiou as noções vigentes da época, que viam a sexualidade como uma mera questão biológica ou moral.

A libido, conforme Freud, era uma energia psíquica vinculada à pulsão sexual, mas com um caráter multifacetado e polimorfo. A ideia de uma sexualidade infantil que se manifestaria de diferentes formas ao longo da vida foi uma das maiores inovações de Freud. De acordo com sua teoria, a libido não se restringe à genitalidade, mas se desloca, ao longo da vida, para diferentes objetos e metas, sendo capaz de se sublimar em atividades não sexuais, como a arte e a intelectualidade. Assim, Freud expandiu o conceito de libido para além do sexo, entendendo-o como a força motivadora para o sujeito fazer investimentos no mundo externo.



O narcisismo e a libido do eu

Uma das grandes inovações de Freud foi a introdução da ideia de que a libido não se limita à busca de objetos externos, mas também pode ser direcionada ao próprio eu, conceito que ficou conhecido como libido do eu ou libido narcísica. A partir de 1914, Freud incorporou o narcisismo à sua teoria, entendendo-o como uma forma de investimento libidinal voltada para a própria pessoa. O narcisismo, então, torna-se uma das formas mais complexas e interessantes de manifestação da libido, uma vez que envolve tanto o amor-próprio quanto a relação do sujeito com sua imagem e identidade. Essa mudança teórica foi uma resposta direta às tensões e conflitos gerados pela interpretação sexual da psique humana, ampliando a compreensão da libido para além de suas expressões genitais ou objetais.

O conceito de libido e as críticas

A teoria da libido, especialmente após as reformas que Freud introduziu nas primeiras décadas do século XX, foi alvo de críticas e resistência. A crítica de Carl Gustav Jung, que se distanciou de Freud e desenvolveu uma abordagem alternativa, foi um dos momentos mais significativos dessa resistência. Jung propôs que a libido deveria ser vista não como uma energia sexual, mas como uma energia psíquica mais geral, capaz de se manifestar em diversas formas de comportamento, incluindo processos espirituais e intelectuais. Para Jung, a libido não estava restrita ao impulso sexual, mas era uma força motriz subjacente a toda a atividade psíquica.

A reação ao pansexualismo de Freud também ganhou força entre alguns de seus discípulos, como Alfred Adler, e na comunidade médica e científica da época, que viam a sexualidade como um componente mais restrito e menos central da vida psíquica. No entanto, Freud se manteve firme em sua perspectiva, defendendo que a libido, como expressão da pulsão sexual, era um fator primordial na constituição do psiquismo humano.

A libido na psicanálise lacaniana

Na psicanálise lacaniana, a libido é vista como uma energia que está profundamente ligada ao conceito de "objeto a". Lacan descreve o "objeto a" como o que o sujeito perde ao nascer, algo essencial à sua constituição psíquica. Esse "objeto perdido" pode se manifestar de diferentes formas, como excrementos, o olhar ou a voz. A busca por esse objeto reflete a tentativa do sujeito de restaurar sua perda original, criando a base para o desejo e a pulsão. A teoria de Lacan oferece uma nova perspectiva sobre a libido, ampliando a visão de Freud e conectando-a a questões de falta e sexualidade.

  • Libido e Pulsão: A Relação entre Energia Sexual e Subjetividade
    Freud identificou a libido como uma energia sexual, inicialmente associada à polaridade entre virilidade e feminilidade. Lacan, no entanto, amplia esse conceito, situando a libido não apenas como um impulso sexual, mas como uma força que interage com a pulsão. A pulsão, em Lacan, está ligada ao destino do sujeito e à sua estrutura psíquica, marcada pela falta e pelo desejo. A libido, portanto, não é só uma energia sexual, mas também um ponto de ancoragem para o sujeito, em sua busca por completar o que foi perdido.
  • Tipos Libidinais: A Diversidade Psíquica segundo Lacan
    A teoria lacaniana propõe uma tipologia dos tipos libidinais, que considera a forma como a libido se organiza nas diferentes instâncias psíquicas. De acordo com Lacan, esses tipos podem ser classificados em três grandes categorias: erótico, narcisista e obsessivo. Cada tipo é caracterizado pela predominância da libido em relação ao isso (instância pulsional), ao eu (instância do eu) ou ao supereu (instância moral). Essa tipologia permite entender melhor a dinâmica da libido e sua relação com os processos psíquicos, fornecendo uma estrutura para compreender as diferentes formas de desejo e sexualidade no sujeito.
  • A Sublimação e o Destino Pulsional: O Impacto na Psicologia
    A sublimação é um conceito essencial na psicanálise, que Lacan também integra em sua teoria sobre a libido. A libido pode ser desviada ou transformada em outras formas de expressão, não diretamente ligadas à sexualidade. Esse processo, conhecido como sublimação, está relacionado ao modo como o sujeito lida com a falta e o desejo. Além disso, Lacan explora como a pulsão molda o destino pulsional do indivíduo, influenciando suas escolhas e ações ao longo da vida. A teoria lacaniana da libido, assim, conecta a sexualidade com a estrutura psíquica e com o desenvolvimento do sujeito, criando uma visão mais abrangente da psicanálise.





Conclusão:

A teoria da libido, tanto em Freud quanto em Lacan, oferece uma compreensão profunda das dinâmicas psíquicas que envolvem o desejo, a pulsão e a falta. Para Freud, a libido é uma energia sexual fundamental que atravessa todas as fases do desenvolvimento humano, sendo moldada por questões de virilidade, feminilidade e a castração. Lacan, por sua vez, expande esse conceito ao situar a libido no contexto do "objeto a" – o objeto perdido que dá origem ao desejo e à pulsão. Ambos os pensadores exploram como a libido não se limita à sexualidade explícita, mas também se reflete em questões psíquicas mais profundas, como a sublimação e as relações do sujeito com o Outro.

Para aprender mais sobre a libido, é essencial estudar as vicissitudes da pulsão, a construção dos tipos libidinais e como esses conceitos são fundamentais para compreender a psicanálise e a psicologia humana em sua totalidade.

Para aqueles que desejam se aprofundar ainda mais nos conceitos de libido, pulsão e psicanálise, a Casa do Saber oferece cursos especializados que exploram essas e outras questões fundamentais da teoria psicanalítica. Com um corpo docente qualificado e uma abordagem teórica profunda, os cursos da Casa do Saber proporcionam um ambiente de aprendizado dinâmico e enriquecedor, ideal para quem busca uma compreensão mais aprofundada do pensamento de Freud, Lacan e outros grandes teóricos. Ao se inscrever, você terá a oportunidade de explorar os conceitos psicanalíticos de maneira prática e teórica.

O Programa +Psicanálise é ideal para quem quer se aprofundar e atualizar na área com cursos e conteúdos dos maiores professores do país.

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Referências Bibliográficas

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.




Psicologia
 Curso de Psicologia Online EaD: Guia completo e Passo a Passo
Rodrigo Gomes
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Curso de Psicologia Online EaD: Guia completo e Passo a Passo
Guia completo sobre o curso de Psicologia EaD. Veja as áreas de atuação, abordagens teóricas, melhores cursos e os custos para estudar à distância.

Entenda as possibilidades de se estudar psicologia através de cursos online, os famosos EAD (educação à distância). A seguir, exploraremos as áreas de atuação e abordagens da psicologia, além de apresentar opções e custos para quem deseja aprofundar os conhecimentos na área de forma remota.

Como estudar Psicologia online?

Se você está procurando opções para cursar a faculdade de psicologia à distância, infelizmente temos uma má notícia para te dar. Até o momento, de acordo com a determinação do Ministério de Educação (MEC), a graduação de psicologia não pode ser oferecida na modalidade EAD. Por outro lado, há muitas possibilidades de se estudar psicologia online por meio de cursos livres, pós-graduação e especializações.

A opção pelo ensino à distância atende tanto a estudantes quanto profissionais da área, onde o aluno pode explorar diferentes abordagens da psicologia com liberdade, seja para aprender sobre conteúdo introdutório ou especializar-se em algum tema de sua preferência. É possível estudar a psicologia analítica, de Carl Jung, a psicanálise, de Freud, e, ao mesmo tempo assistir a cursos sobre a logoterapia para investigar as ideias de Viktor Frankl.

Existe faculdade de Psicologia EaD?

Como já mencionado acima, não existe a possibilidade de realizar a graduação em psicologia EaD . Em julho de 2022, o Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) chegou a conseguir a autorização do MEC para oferecer o curso à distância, através da portaria MEC 749. Porém, no dia seguinte, o próprio Ministério da Educação a anulou, sob alegação de erro material.

À época, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e mais de 20 entidades publicaram uma nota de repúdio à Portaria MEC 749, afirmando que a presencialidade é indispensável para a formação de qualidade em Psicologia.

Posteriormente, em setembro de 2023, pela Portaria Nº 1.838, o Ministério da Educação abriu consulta pública para elaboração de proposta de regulamentação de oferta do curso de Psicologia - entre outras graduações - na modalidade de educação à distância.

Desde então, a discussão vem sendo constantemente adiada, sem uma previsão de desfecho à vista. Desta forma, não é possível definir ainda se, no futuro, a modalidade de graduação à distância será ou não viabilizada para o curso de psicologia. Mas, se depender da opinião do conselho dos profissionais de psicologia, a decisão permanecerá em mantê-lo somente no modelo presencial.

Atenção para não confundir:

Embora a graduação em psicologia seja recomendada, algumas abordagens da psicoterapia, como a psicanálise, não exigem formação superior específica no curso de psicologia para o exercício da atividade profissional. Por isso, é possível encontrar algumas instituições oferecendo o curso de formação para psicanalista 100% ead - o que é permitido.

O que é Psicologia e qual o papel do profissional da área?

A psicologia é uma ciência que se dedica a tratar, estudar e analisar o comportamentos dos indivíduos e os processos mentais, como sentimentos, pensamentos e razão. Embora a área de estudo tenha sido elaborada há alguns séculos no campo da filosofia, a psicologia estruturou-se como uma ciência independente somente em meados do século 19. Desde então, surgiram diversas teorias sobre o comportamento humano e novas descobertas científicas - como a chegada das neurociências..

O cenário dinâmico exige estudo constante do profissional da área. O psicólogo deve atuar na promoção da saúde mental, tratamento, intervenção em crises e em desenvolvimento pessoal e profissional. Seu trabalho tem grande importância social e demanda certa sofisticação, pois deve desenvolver habilidades como empatia e comunicação, mas também conhecimento técnico para diagnosticar e tratar problemas de saúde mental de forma eficaz.

Como em diversas outras profissões, há muitas áreas de atuação. No caso da psicologia, além desta segmentação, também encontramos diferentes teorias, técnicas e abordagens para analisar o comportamento humano, como veremos mais adiante.

Sobre o curso de graduação em Psicologia

O curso de psicologia prepara o profissional para atuar em diferentes contextos sociais e profissionais de forma ética, desenvolver o conhecimento científico, analisar criticamente os fenômenos sociais e biológicos e atuar na promoção da saúde. Dados do Sisu 2024 mostram que psicologia foi o 4° curso com maior número de inscrições, no topo da lista das graduações mais procuradas pelos estudantes.

POSIÇÃO CURSO QTDE. INSCRITOS
MEDICINA 298.316
DIREITO 157.364
ADMINISTRAÇÃO 118.883
PSICOLOGIA 103.336
ENFERMAGEM 99.768
PEDAGOGIA 89.702
MEDICINA VETERINÁRIA 65.271
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO 57.385
EDUCAÇÃO FÍSICA 55.437
10° CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 52.822


Dados extraídos do relatório do Sisu 2024

Qual a duração da faculdade de Psicologia?

A graduação em psicologia tem duração de 5 anos. Segundo as diretrizes curriculares para o curso de psicologia estipuladas pelo MEC, o estágio supervisionado é atividade obrigatória.

“Art. 11. A carga horária referencial dos cursos de Psicologia é de 4.000 (quatro mil) horas com, no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos, e duração mínima de 5 (cinco) anos.


Todas as instituições devem oferecer acesso ao núcleo comum do curso de Psicologia ao estudante. No entanto, as instituições podem possuir estruturas curriculares diferentes de acordo com as ênfases curriculares oferecidas. As ênfases curriculares são caminhos possíveis de estudo para aprofundamento de determinadas competências e habilidades necessárias para o exercício da profissão.

Em determinado momento da graduação, o aluno deverá optar pela ênfase que reflita o seu interesse para seguir as disciplinas e estágios correspondentes à sua escolha. Respeitando o projeto pedagógico, cada instituição deve disponibilizar ao menos duas opções de ênfases aos alunos, considerando as demandas sociais contemporâneas ou potenciais, assim como as características da instituição e da região em que se situa.

Isso significa que cada faculdade formulará os próprios eixos que são peculiares aos objetos de estudo e história do curso desenvolvido na instituição. Tenha isto em mente no momento de pesquisar as opções de faculdade de psicologia que deseja ingressar.

Para atuar profissionalmente como psicólogo, é necessário possuir o diploma de bacharelado em Psicologia por uma instituição reconhecida pelo MEC, além de estar inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de sua região.

Quais as áreas da Psicologia?

Apesar de a imagem do psicólogo clínico atendendo o paciente frente a frente em seu consultório ser uma das primeiras a vir à mente, a psicologia tem diferentes áreas de atuação. Cabe ao estudante em formação ou ao profissional identificar qual delas se adequa mais ao seu perfil.

Uma vez com o diploma na mão, o psicólogo está apto a exercer a profissão em qualquer área de atuação da psicologia. A partir da resolução CFP 23/2022, foram reconhecidas 13 especialidades para o exercício da psicologia . Confira as áreas da psicologia na lista abaixo:

  • Psicologia Clínica
  • Psicólogo Organizacional e do Trabalho
  • Psicologia Jurídica
  • Psicologia do Esporte
  • Psicologia Social
  • Psicologia Escolar ou Educacional
  • Psicologia de Tráfego
  • Neuropsicologia
  • Psicomotricidade
  • Psicopedagogia
  • Psicologia Hospitalar
  • Psicologia em Saúde
  • Avaliação Psicológica


Conheça as principais abordagens da Psicologia

Há diversas abordagens da psicologia sendo praticadas na atualidade. Mas por que precisam existir tantas ramificações teóricas? É importante compreender que não há uma definição sobre qual abordagem é a melhor. O que vamos descobrir - e veremos detalhadamente neste tópico - é que elas apresentam diferenças importantes entre si, como objetos de estudo distintos.

A Psicanálise, fundada por Sigmund Freud, por exemplo, dedica-se ao estudo do inconsciente e os processos mentais internos para entender o comportamento humano. Já o Behavorismo, desenvolvido por Skinner, se concentra na observação do comportamento, pautado pela análise e estudo do comportamento a partir de estímulos externos.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” - Carl Jung
foto de Carl Gustav Jung
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica


Veja algumas das abordagens teóricas:

  • Psicanálise
  • Psicologia Analítica
  • Behaviorismo ou Analítico Comportamental
  • Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC)
  • Gestalt


Psicanálise:

Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise surgiu no final do séc. 19, quando o médico austríaco revelou ao mundo uma grande descoberta: o inconsciente. Segundo sua teoria, a origem dos sintomas, transtornos mentais e emocionais está guardada neste campo oculto, que só pode ser acessado através da fala. Desta forma, o processo terapêutico para tratamento e cura dos fenômenos de ordem mental se dariam a partir do método de livre associação, onde o paciente pode falar livremente sobre qualquer assunto que lhe vier à mente (por isso, comumente conhecida como “terapia da fala”).

Fundamentada na investigação do inconsciente, o analista pode conduzir o paciente através da interpretação dos sonhos, análise de padrões de comportamento e repetições originadas ainda na infância. A partir da teoria criada pelo “pai da psicanálise”, começaram a ser trabalhados conceitos que hoje são bastante conhecidos, como complexo de édipo , ato falho e recalque.

Além disso, é bem comum que a psicanálise seja associada ao uso do divã, aquele sofá sem encosto em que o paciente se deita, embora ele nem sempre seja utilizado. Inspirados pela obra do médico austríaco, outros pensadores fundaram novas linhas da psicanálise, como a linha lacaniana, do francês Jacques Lacan, a linha kleiniana, da austríaca Melanie Klein e a linha winnicottiana, criada pelo inglês Donald Winnicott.

foto do divã utilizado por Freud  coberto pelo tapete de lã Qashqa'i shekarlu exposto no museu de Freud em Londres
Divã original de Freud, utilizado nas sessões com os seus pacientes (Reprodução: Freud Museum London)


A origem do divã de Freud

O icônico divã utilizado por Freud foi, na verdade, um presente recebido de sua paciente Madame Benvenisti , em 1890. Estima-se que mais de 500 pacientes tenham se deitado neste divã, que está exposto no Museu de Freud em Londres.

Psicologia Analítica Junguiana:

Fundada pelo psiquiatra Carl G. Jung no início do séc. 20, a psicologia analítica foi criada após o médico suíço se deparar com divergências teóricas em relação às ideias de Freud, com quem colaborou por algum tempo. Jung elaborou uma teoria totalmente nova, fundamentada em conceitos importantes como o inconsciente coletivo, individuação e os arquétipos.

Jung coloca que o inconsciente coletivo compõe uma camada universal, herdada pelos indivíduos através de seus ancestrais. Segundo sua teoria, as pessoas nascem com predisposição na forma de pensar e agir, que refletem imagens presentes em todas as culturas, representados pela noção dos arquétipos.

A partir da análise de símbolos, da interpretação de sonhos e mitos, o tratamento proporcionado pela psicologia analítica consegue auxiliar o paciente a encontrar novos caminhos de simbolização, que o conduzem ao autoconhecimento e a uma vida mais equilibrada.

Behaviorismo ou Analítico Comportamental:

O termo behaviorismo foi cunhado pelo psicólogo estadunidense John B. Watson, em 1913. A origem do nome remete ao termo “behavior”, da língua inglesa, que traduzido para o português significa “comportamento”. Na década de 1940, o psicólogo B. F. Skinner deu continuidade às ideias propostas por Watson e formulou novas contribuições à teoria, no que ficou conhecido como “behaviorismo radical”.

O behaviorismo surge em oposição às abordagens focadas nos processos mentais internos e passa a se dedicar ao estudo do comportamento observável, trabalhando observação, influência do ambiente e coleta de dados mensuráveis.

Esta proposta terapêutica propõe-se a compreender padrões comportamentais para tratamento de diversos transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. A concepção é de que a partir da análise do comportamento, é possível treinar habilidades e modificar padrões comportamentais através de técnicas específicas como reforço e punição, de forma a melhorar o bem-estar do paciente.

Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC):

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) foi criada pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck na década de 1960. Com alguns elementos em comum ao behaviorismo radical, a TCC incorpora elementos cognitivos ao tratamento. Isto significa que este modelo de terapia além de incluir a análise do comportamento influenciado por estímulos do ambiente, leva também em consideração os pensamentos e emoções do paciente como forma de identificar, questionar, modificar e tratar os sintomas.

A partir do tratamento, o psicólogo auxilia o paciente na busca pela identificação de padrões de pensamento distorcidos., bem como a modificação de crenças e hábitos disfuncionais.. Amparada por pesquisas e publicações científicas, a TCC se propõe a utilizar técnicas de intervenção de eficácia comprovada, atendendo às especificidades de cada transtorno mental.

Gestalt-terapia:

A Gestalt-terapia, conhecida como “terapia da forma”, foi criada no início do séc. 20 pelo médico alemão Fritz Perls, inspirada pelas ideias da Psicologia da Gestalt, de Wertheimer, Köhler e Koffka. Este modelo de terapia valoriza a subjetividade e o momento presente ( “aqui e agora”) , onde o paciente é estimulado a se concentrar em seus sentimentos, pensamentos e ações a partir de técnicas específicas utilizadas pelo profissional.

São diversas abordagens utilizadas, como a da cadeira vazia, onde o paciente senta-se de frente para uma cadeira vazia e simula uma conversa consigo mesmo ou com uma pessoa que tenha tido papel relevante em algum evento que tenha impactado a sua vida.

Outra técnica é a dramatização, onde a pessoa pode ser encorajada a interpretar papéis, expressar algum sentimento verbalmente ou em forma de movimento. Estas técnicas tem o objetivo de promover o autoconhecimento. e, consequentemente, a identificação de padrões de pensamentos negativos que podem prejudicar a sua vida.

Psicoterapia Contemporânea: Por uma Integração Transteórica de Diversas Práticas e Teorias
por Luiz Hanns

Em sua história, a psicoterapia ficou marcada pela divisão entre abordagens, cada uma com suas próprias concepções, métodos e indicações clínicas, com diferenças, à primeira vista, irreconciliáveis e muitas vezes dogmáticas.

Neste curso, Luiz Hanns aborda o integracionismo metodológico, que difere do ecletismo selvagem, e que permite uma clínica transteórica em busca da integração das melhores práticas e teorias.

Confira o curso!

Conhecemos agora algumas das abordagens da psicologia. Embora todos os profissionais da área passem, de certa forma, por este processo de definição teórica, a linha seguida por cada um é notada de forma mais perceptível nos tratamentos de psicoterapia, onde o paciente costuma ser acompanhado por períodos mais longos.

Não existe regulação ou exigência formal que obrigue o psicólogo a escolher uma das abordagens disponíveis. Assim como nas áreas de atuação, o psicólogo graduado está apto a praticar qualquer abordagem teórica.

Esta escolha representa um direcionamento pessoal do psicólogo, que não exclui a possibilidade de estudo ou aplicação de técnicas de diferentes linhas teóricas. No fundo, o que todos querem - tanto o psicólogo quanto o paciente - é conseguir encontrar um caminho comum para a melhora da saúde mental. Por isso, a aliança terapêutica - relação entre terapeuta e paciente - tem uma importância muito grande e é fundamental para qualquer modelo psicoterapêutico.

O que é “Aliança Terapêutica”?

É um conceito universal que caracteriza a relação de trabalho e de confiança entre terapeuta e paciente, comum a todas as abordagens teóricas. Tem grande importância para o bom desenvolvimento do processo psicoterapêutico, pois influencia na formação e manutenção do vínculo, permanência, desfecho e encerramento da psicoterapia.

Agora que já conhecemos as áreas e abordagens da psicologia, é provável que você já tenha se interessado por algum tema que gostaria de estudar. A seguir, apresentaremos algumas opções de curso para você começar a sua trajetória na área!

Quais os melhores cursos e quanto custa estudar psicologia online?

Uma boa opção tanto para estudantes como para profissionais já em atuação são os cursos livres de psicologia à distância. A grande vantagem deste modelo é que costumam ter um valor mais acessível, sendo possível encontrar conteúdo de muita qualidade e em constante atualização.

Confira 5 cursos para você dar os primeiros passos na área:

  • A Tal da Felicidade, por Luiz Hanns

    Entenda os argumentos da psicologia para definir felicidade como um sentimento de realização pessoal e individual, mais próximo do bem estar mental pleno do que da prosperidade material.

  • Freud Fundamental: As Ideias e as Obras, por Pedro de Santi

    O curso oferece uma introdução acessível aos principais conceitos de Sigmund Freud e suas obras, transformando a compreensão dos desejos e dilemas humanos. Ideal tanto para iniciantes quanto para aqueles que já possuem contato com a psicanálise, proporcionando novas reflexões.

  • Uma Introdução Guiada e Descomplicada ao Pensamento de Jung, por Lilian Wurzba:

    O curso oferece uma introdução acessível ao pensamento de Carl Gustav Jung, focando no autoconhecimento e na busca por uma vida mais íntegra. Ele esclarece equívocos comuns sobre suas ideias e acompanha o desenvolvimento de sua psicologia.

  • Quatro Livros para Entender Jung, por Tatiana Paranaguá

    O curso explora quatro obras fundamentais de Carl G. Jung, oferecendo uma introdução aos principais aspectos de seu pensamento e à Psicologia Analítica. As aulas funcionam como um guia para iniciar a jornada pelo vasto trabalho do autor

  • O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris.

    Ser plenamente feliz é um objetivo muito buscado pela humanidade, e nos tempos atuais este estado parece ser ainda mais desejado. Neste encontro, o psicanalista Contardo Calligaris discute a obrigação da felicidade, o “morrer bem” e o sentido da vida.

Na plataforma de streaming Casa do Saber +, por uma única assinatura, você tem acesso a diversos cursos livres da área de psicologia, ministrados grandes referências da área, como Christian Dunker, Luiz Hanns, Lilian Wurzba, Ana Suy, Alexandre Patrício, Tatiana Paranaguá, entre tantos outros.

A boa notícia é que com apenas uma assinatura você consegue assistir a mais de 300 cursos de diversas áreas do saber e ainda garantir um certificado de conclusão após finalizá-los . Além de conteúdos sobre psicologia e psicanálise, a plataforma oferece cursos de Filosofia, Artes, Literatura, História, entre tantas outras áreas que ajudam a complementar o conhecimento necessário para a prática da psicologia.

Quanto custa:

R$478,80 (Plano anual) , podendo ser dividido em 12x de R$39,90 ou a R$430,92 à vista (desconto de 10%). Também existe a opção de pagamento à vista via pix ou boleto bancário..

Vantagens:

  • Novos cursos lançados periodicamente
  • Acesso a diversos cursos com professores de referêcia por uma única assinatura
  • Cursos de diferentes abordagens teóricas da psicologia, do introdutório ao especializado
  • Certificado de conclusão


Conheça todos os cursos da Casa do Saber

Agora você já entendeu sobre a impossibilidade de realizar a graduação em psicologia no modelo EAD, conheceu as áreas de atuação da psicologia e abordagens teóricas da área.

Na atualidade, informação é o que não falta… E para facilitar o percurso de aprendizagem , nada como uma boa curadoria de conteúdo.

Por isso, se sentir vontade de explorar mais sobre psicologia e tantas outras áreas do saber a partir de uma proposta criteriosa, cuidadosa e de qualidade, conte com a plataforma da Casa do Saber+!

Esperamos que este conteúdo tenha facilitado a sua caminhada em direção ao conhecimento.






Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Carolina Tosetti
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Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Você sabe quais são os tipos de depressão? Entenda esse transtorno psíquico desde o diagnóstico psiquiátrico até as profundezas da psicanálise.

Quando fala-se sobre depressão hoje, a realidade aponta que este é um transtorno complexo e cada vez mais comum, que não faz distinção de idade ou status social.

Explore as estatísticas alarmantes no Brasil, entenda as classificações psiquiátricas, os manejos psicanalíticos e a importância do diagnóstico profissional na identificação e tratamento da depressão.

O contexto da depressão na atualidade

A depressão é um transtorno mental ou psíquico que pode atingir qualquer um, independentemente da idade, gênero, etnia ou classe social. Apesar da sua gravidade, muitas pessoas não dão a atenção necessária para a doença, o que pode dificultar o diagnóstico e, consequentemente, o seu tratamento.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de prevalência de depressão da América Latina e a segunda maior nas Américas. A previsão é que, em 2030, a depressão seja a primeira causa específica de incapacidade funcional no mundo.

De maneira geral e simplificada, pela visão psiquiátrica, a depressão é um transtorno biológico que se manifesta em forma de tristeza e angústia. A pessoa deprimida perde o interesse ou prazer em realizar atividades que antes gostava, podendo levar a mudanças bruscas de humor e comportamento, afetando diversas áreas de sua vida.

As alterações repentinas do humor são, inclusive, um dos sintomas mais comuns da doença. Por isso, o acompanhamento profissional se faz essencial para diagnosticar a depressão ou episódios de tristeza prolongados.

imagem de divulgação de masteclass sobre psicopatologias na atualidade com alexandre patrício



A visão da psiquiatria sobre a depressão

Em 1952, a Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association, APA) publicou pela primeira vez o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-1), a primeira tentativa de abordar o diagnóstico das doenças mentais por meio de definições e critérios padronizados.

A DSM-5-TR, publicada em 2022, fornece um sistema de classificação que tenta separar as doenças mentais em categorias diagnósticas com base na descrição dos sintomas.

A Classificação Internacional de Doenças, décima-primeira revisão (CID-11), e a mais recente versão publicada pela Organização Mundial da Saúde, utiliza categorias diagnósticas semelhantes às encontradas no DSM-5-TR. Essa semelhança indica que o diagnóstico das doenças mentais específicas está sendo feito de forma mais padronizada em todo o mundo.

A coleta da história clínica, a anamnese e o exame devem observar os critérios da décima primeira versão da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde.

Nenhum sinal ou sintoma representa propriamente uma patologia. A confecção do diagnóstico da depressão deve levar em conta que os critérios da CID apresentam grau de subjetividade, devendo-se evitar a psicopatologização e a medicalização de sentimentos humanos normais.

Sintomas da depressão: a importância do diagnóstico profissional

O diagnóstico da depressão é feito a partir da avaliação clínica de um profissional com base na persistência, abrangência e interferência que os sintomas apresentam na vida do indivíduo. Segundo o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os sintomas da depressão incluem:

  • Humor deprimido constante
  • Diminuição do interesse ou prazer em quase todas as atividades
  • Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta
  • Diminuição ou aumento significativo do apetite
  • Insônia ou sonolência
  • Agitação ou retardo psicomotor
  • Falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo
  • Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada
  • Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou indecisão
  • Pensamentos de morte ou suicídio


Para que os sintomas tenham uma relevância clínica, é preciso que se note uma mudança nos pensamentos, sentimentos, comportamento ou na fisiologia, devendo esta ser vivenciada por um período significativo de tempo.

Há regras específicas que indicam quantos sintomas de cada categoria devem estar presentes para se fazer o diagnóstico. Essa complexidade é apenas uma das razões pelas quais um profissional deve ser consultado para diagnosticar a depressão.

Quais são os tipos de depressão?

Um indivíduo que sofre de depressão também pode apresentar sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem demonstrar sentimentos de culpa ou baixa auto-estima, falta de concentração.

Um episódio depressivo pode ser leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Durante um episódio depressivo grave, é pouco provável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou cotidianas. Também pode-se fazer uma diferenciação da depressão em pessoas que têm ou não histórico de episódios de mania.

Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, auto-estima inflada e uma menor necessidade de sono, além da aceleração do pensamento. Os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem identificados e tratados, ou pontuais.

Conheça alguns dos principais tipos de depressão e a sua classificação na CID-11:

  • Transtorno depressivo recorrente | CID-11 6A71: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral. Este tipo de sofrimento pode ser longo, duradouro e mais difícil de ser diagnosticado.
  • Transtorno bipolar | CID-11 6A6Z: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e depressivos, separados por períodos de humor regular.
  • Transtorno depressivo de episódio único | CID-11 6A70: é caracterizado pela presença de um episódio depressivo quando não há histórico de episódios depressivos anteriores.
  • Transtorno distímico | CID-11 6A72: o transtorno distímico é caracterizado por um estado depressivo persistente (isto é, com duração de 2 anos ou mais), durante a maior parte do dia, na maior parte dos dias. Durante os primeiros 2 anos do distúrbio, nunca houve um período de 2 semanas durante o qual o número e a duração dos sintomas foram suficientes para satisfazer os requisitos de diagnóstico para um Episódio Depressivo.
  • Transtorno misto de ansiedade e depressão| CID-11 6A73: o transtorno misto de ansiedade e depressão é caracterizado por sintomas de ansiedade e depressão na maior parte dos dias por um período de duas semanas ou mais. Nenhum conjunto de sintomas, considerado separadamente, é suficientemente grave, numeroso ou persistente para justificar o diagnóstico de um episódio depressivo, distimia ou um distúrbio relacionado à ansiedade e ao medo.
  • Transtorno disfórico pré-menstrual |CID-11 GA34.4: um padrão de sintomas de humor (humor deprimido, irritabilidade), sintomas somáticos (letargia, dor nas articulações, excessos alimentares) ou sintomas cognitivos (dificuldades de concentração, esquecimento) que comece vários dias antes do início da menstruação, e comece a melhorar dentro de alguns dias após o início da menstruação e, em seguida, torne-se mínima ou ausente dentro de aproximadamente 1 semana após o início da menstruação, estando presente na maioria dos ciclos menstruais no último ano.
  • Depressão psicótica: o indivíduo em sofrimento geralmente convive com episódios de delírio e alucinação, em que se somam os sintomas de depressão a alguma forma de psicose. Pode ser considerado um tipo de depressão grave.


O que é depressão para a psicanálise?

No contexto da psicanálise, a partir da obra Luto e Melancolia, Freud (1917) inicialmente considerava a depressão como um fenômeno que envolvia a "diminuição do sentimento de auto-estima" e "expectativas ilusórias de punição". Sua visão inicial era de que as crianças, devido à falta de capacidade de auto-estima e de prever o futuro, não poderiam experimentar a depressão.

Acreditava-se que na adolescência o desenvolvimento da personalidade permitia a vivência da depressão, embora até a década de 1970 alguns estudiosos considerassem os sintomas depressivos como parte normal do desenvolvimento adolescente.

Ao longo do século 20, a compreensão da relação entre eventos na infância e o funcionamento da personalidade no futuro começou a ganhar destaque. Freud propôs que a personalidade de uma criança era amplamente desenvolvida até os cinco anos de idade, sendo influenciada pela maneira como ela se ajustava a experiências precoces. A depressão, para Freud, surgia da resolução inadequada dos conflitos entre impulsos primitivos (id) e a aceitação de tabus sociais pelo superego.

mão encostando na própria sombra sob fraca luz

Numa leitura mais recente, o mal-estar contemporâneo, para o psiquiatra Joel Birman, manifesta-se no corpo, na ação e na intensidade como uma dor difícil de ser simbolizada.

Nesse cenário, a depressão destaca-se como uma forma de subjetivação, refletindo um aumento significativo nos diagnósticos e previsões de uma sociedade predominantemente depressiva.

A contemporaneidade revela a psicanálise como um discurso relevante para entender questões sociais e culturais. As mudanças na estrutura familiar, a crise da paternidade e a ascensão do individualismo na vida pós-moderna contribuem para a proliferação da cultura do narcisismo.

A falta de consenso sobre o termo "depressão" na sociedade atual reflete a dificuldade em lidar com as transformações sociais, econômicas e culturais que afetam a evolução da subjetividade.

Por uma perspectiva psicanalítica, a depressão pode ser considerada uma posição subjetiva diante das demandas sociais que enfatizam o individualismo e a cultura do espetáculo.

O sujeito contemporâneo, sob pressão para buscar a satisfação constante, muitas vezes se vê paralisado, afastado de seu desejo, resistindo às exigências sociais. Assim, a depressão pode ser uma resposta à sociedade que não tolera a falta, a dor e o sofrimento.

Neste contexto, enquanto dispositivo de "cura pela palavra" a psicanálise concebe a escuta do "singular" como importante possibilidade de abertura para as manifestações subjetivas, que podem estar relacionadas às múltiplas expressões sintomáticas, inclusive as depressivas.

Em todos os casos, torna-se essencial o diagnóstico precoce para que o tratamento seja bem sucedido, evitando novos episódios. É fato que a depressão pode aparecer em diversas fases da vida, a começar pela infância.

Depressão na Era Digital
por Ana Suy e Alexandre Patrício

No curso Depressão na Era Digital, os psicanalistas e escritores Ana Suy e Alexandre Patricio de Almeida apresentam uma discussão sobre saúde mental, cultura e sociedade a partir da psicanálise, oferecendo uma imersão nas complexidades do adoecimento psíquico na era atual, em especial sobre o fenômeno da depressão.

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Sintomas e diagnóstico da depressão infantil

Em crianças pré-escolares - de idade até sete anos - a manifestação clínica mais comum é representada pelos sintomas físicos, tais como dores, fadiga e tontura. Ainda segundo o autor, seguem-se além das queixas dos sintomas físicos a presença de ansiedade, fobias, agitação psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite com falha em alcançar o peso adequado, e alterações do sono.

Alguns estudiosos citam surgimento de choro excessivo e frequente, comunicação falha, tristeza na fisionomia e um comportamento que apresenta agressividade.

Em crianças escolares - entre seis a doze anos -, o humor depressivo já pode ser verbalizado e é frequentemente relatado como tristeza, irritabilidade ou tédio. As crianças podem apresentar apatia, tristeza, fadiga, isolamento, aparência triste, queda do desempenho escolar, ansiedade diante de uma separação, dentre outros.

Os estudos dedicados à depressão infantil, semelhantes aos adultos, revelam a importância do diagnóstico precoce. A peculiaridade do diagnóstico infantil reside na possibilidade de identificação tardia, agravando a situação.

A depressão infantil pode passar despercebida ou ser confundida com características temperamentais, tornando-se desafiador reconhecê-la. Desde a década de 1970, há consenso de que as crianças apresentam sintomas depressivos semelhantes aos dos adultos, com a irritabilidade assumindo o papel do abatimento no diagnóstico infantil.

15 sinais da depressão infantil

  • Angústia.
  • Pessimismo
  • Agressividade
  • Falta de apetite
  • Falta de prazer em executar atividades
  • Isolamento
  • Apatia
  • Insônia ou sono excessivo que não satisfaz
  • Queixas de dores
  • Sentimentos de desesperança
  • Dificuldade de concentração, atenção memória ou raciocínio
  • Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade
  • Sensação frequente de cansaço ou perda de energia
  • Sentimentos de culpa
  • Dificuldade de se afastar da mãe


A depressão em crianças: uma visão da psicanálise

A teoria de Sigmund Freud trouxe uma nova perspectiva sobre as angústias infantis, que se assemelham às vivenciadas na idade adulta. Estudos recentes corroboram a ideia de que, contrariamente a concepções antigas, as crianças experimentam emoções, enfrentam perdas, mudanças e traumas, que podem ter repercussões na vida adulta, tornando-se terrenos férteis para o desenvolvimento da depressão.

Para a psicanálise freudiana, a depressão infantil está relacionada a situações de perdas e luto, impactando diretamente na fase narcísica da criança. A infância, caracterizada pela ainda incompleta constituição psíquica, evidencia a singularidade de como cada criança vivencia e elabora suas perdas, considerando que as histórias de vida são distintas.

banner do curso Melanie Klein e a refundação do eu desenvolvimento psiquico e a teoria das posicoes, do professor Alexandre Patricio, para a Casa do Saber



Psicanálise, psicoterapia e psiquiatria no tratamento da depressão

Pesquisas sobre a depressão de difícil tratamento enfatizam a importância da associação do acompanhamento psiquiátrico ao acompanhamento psicanalítico. Nestes casos graves, nota-se a predominância de derivados de impulsos agressivos nos humores depressivos.

Na clínica psicanalítica destacam-se dois tipos de desprazer: a ansiedade e o afeto depressivo, decorrentes de situações como luto, perdas amorosas ou punições.

Uma leitura psiquiátrica associada ao manejo psicanalítico ressalta que o afeto depressivo desempenha papel equivalente à ansiedade na psicopatologia, sendo uma parte inevitável da vida mental, acionando defesas e conflitos, podendo ser ou não consciente em um dado compromisso.

Aqui os transtornos depressivos são definidos como a "sensação de impotência e desesperança diante da realização de um desejo intenso", colorindo toda a auto-representação com sentimentos de inferioridade, incapacidade e ameaça.

Grandes autores da psicanálise, como Melanie Klein, criaram conceitos e formas de compreensão das manifestações do transtorno depressivo. Aprofunde-se no tema da depressão com a Masterclass do professor e psicanalista Alexandre Patricio de Almeida dedicada às psicopatologias atuais.



Como vencer a depressão?

O acolhimento das pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo depressão e as necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, e seus familiares é fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias.

No Brasil, além de contar com a disponibilidade de consultórios e clínicas particulares, os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da rede pública de saúde.

Os casos de pacientes em situação de emergência devem ser atendidos nos serviços de urgência e emergência e nos serviços da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) é composta por equipamentos variados, em sua maioria guiados por princípios de cuidado comunitário e em liberdade, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e as Unidade de Acolhimento (UAs). As diretrizes da política envolvem o governo federal e os estados e municípios.






Referências:

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Ciúmes: Significado, Tipos de ciúme, Retroativo, Relacionamentos
Xavana Celesnah
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Ciúmes: Significado, Tipos de ciúme, Retroativo, Relacionamentos
O que é ciúmes, suas causas e tipos, como esse sentimento impacta os relacionamentos românticos e como as redes sociais agravam a insegurança.

O ciúme é um sentimento presente em todo ser humano e é considerado normal até certo ponto. Ele indica que o outro é importante em um relacionamento e que a pessoa que sente ciúmes tem medo de perder aquele relacionamento. Porém, o ciúme se torna um problema quando ele passa a ser uma obsessão. Nesse ponto, a pessoa ciumenta busca controlar a vida do parceiro, prejudicando a qualidade da relação. Neste artigo, vamos abordar o significado dos ciúmes, suas causas, tipos e de que maneira ele impacta os relacionamentos. Além disso, vamos discutir a influência das redes sociais sobre esse sentimento.

O que é Ciúmes?

O ciúme pode ser definido como um sentimento de insegurança emocional que surge quando uma pessoa teme perder o afeto de seu parceiro devido à presença de uma terceira pessoa ou a percepções de diminuição de sua importância. A palavra "ciúmes" tem origem no latim zelumen e no grego zelozus, que significam um desejo ardente, calor ou zelo. Em essência, os ciúmes estão intimamente relacionados ao medo de perder algo ou alguém que consideramos valioso, o que inclui nossos relacionamentos amorosos.

De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra ciúme é definida como um “sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade, fazem nascer em alguém; zelos; angústia provocada por sentimento exacerbado de posse”.

Este sentimento pode ser natural e até mesmo saudável em algumas situações. Um certo grau de ciúmes pode sinalizar que a pessoa valoriza o relacionamento e tem medo de perdê-lo. No entanto, o ciúmes se torna problemático quando a insegurança e o medo de perda se transformam em obsessão. Neste ponto, a pessoa ciumenta busca controlar a vida do parceiro, o que pode prejudicar a confiança mútua e a qualidade do relacionamento.

Para entender melhor sobre o tema, assista a seguir a aula gratuita sobre ciúmes com a psicanalista e escritora Ana Suy. A autora dos livros “A gente mira no amor e acerta na solidão” e “Não pise no meu vazio”, Ana Suy esclarece sobre as origens do ciúmes e seu significado.

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Tipos de Ciúmes: Quando o Sentimento Se Torna Prejudicial

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, acreditava que o ciúmes seria um estado emocional natural, mas que sua manifestação exacerbada causaria uma patologia. Ele identificou três níveis de ciúmes: o competitivo ou normal, o projetado e o delirante, cada um com suas características e intensidades.

Os ciúmes podem se manifestar de várias formas, desde uma preocupação momentânea até uma obsessão destrutiva. Conhecer os diferentes tipos de ciúmes é essencial para entender como esse sentimento pode afetar um relacionamento, de que forma a dependência emocional pode estar relacionada ao ciúmes e como ele pode ser tratado.

Ciúmes Normal ou Competitivo

Este tipo de ciúmes é o mais comum e natural. Ocorre quando uma pessoa percebe uma ameaça à sua relação, geralmente devido à presença de uma terceira pessoa que disputa a atenção ou o afeto do parceiro. O ciúme competitivo, também definido como normal, é desencadeado por situações reais e específicas, como um parceiro que passa mais tempo com um amigo(a) ou tem interações constantes com um ex-namorado(a).

O ciúme competitivo é, em muitos casos, uma reação à percepção de que outra pessoa pode estar ocupando um espaço importante ou oferecendo algo que a pessoa teme não poder oferecer, como atenção ou carinho. Esse tipo de ciúmes está relacionado a uma insegurança temporária e pode ser agravado pela dependência emocional. Mas, é possível ser superado por meio de diálogos abertos e pelo fortalecimento da confiança mútua.

Ciúmes Projetado

O ciúme projetado ocorre quando a pessoa que sente ciúmes transfere suas próprias inseguranças para o parceiro. Em vez de perceber seus próprios medos e desejos, ela começa a projetar essas emoções no outro. Por exemplo, uma pessoa pode suspeitar que seu parceiro está atraído por alguém, quando, na verdade, ela mesma está experimentando sentimentos de atração por outra pessoa. O ciúme projetado reflete uma desconfiança infundada e pode levar a um comportamento possessivo e controlador, sem base na realidade.

Freud acreditava que esse tipo de ciúmes está relacionado a processos inconscientes, onde a pessoa, ao sentir algo negativo sobre si mesma, começa a "enxergar" esse comportamento no parceiro, mesmo quando não há evidências concretas.

Ciúmes Delirante

O ciúme delirante é o tipo mais extremo e patológico de ciúmes. Nesse caso, o indivíduo sente uma obsessão irracional e sem fundamentos de que está sendo traído, mesmo na ausência de qualquer prova concreta. O ciúme delirante pode levar a distúrbios emocionais graves, como raiva, depressão, paranóia e até comportamentos obsessivos de vigilância, como o monitoramento constante do parceiro.

Nesse caso, a pessoa não apenas sente ciúmes de maneira exagerada, mas acredita de forma delirante e sem fundamento que o parceiro está constantemente sendo infiel. O ciúme delirante pode levar o indivíduo a criar fantasias e acreditar em situações inexistentes, como ter convicções firmes de que o parceiro está escondendo algo, mesmo sem nenhuma evidência concreta.

Esse tipo de ciúmes está frequentemente associado a transtornos psiquiátricos, como o transtorno delirante, em que a pessoa se torna obcecada por uma crença infundada. Muitas vezes, esse comportamento é uma forma de defesa contra sentimentos profundos de insegurança, baixa autoestima ou medo da perda. O ciúmes delirante pode destruir um relacionamento, pois a pessoa afetada vive imersa em fantasias e crenças distorcidas, tornando-se cada vez mais difícil para ela distinguir o que é real do que é imaginário.

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Como as Redes Sociais Intensificam os Ciúmes nos Relacionamentos

O surgimento das redes sociais tem adicionado uma nova camada de complexidade ao ciúmes nos relacionamentos. Plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp por exemplo, permitem uma exposição constante de nossas interações sociais e de momentos da nossa vida privada, o que pode alimentar a insegurança e a desconfiança no parceiro. Além disso, esses aplicativos surgem como uma fonte inesgotável de mal entendidos e de comparações, especialmente quando um parceiro interage com outras pessoas de forma aberta ou “excessiva” na internet.

A facilidade com que podemos monitorar as atividades online do outro gera o fenômeno conhecido como "stalking digital" ou ou monitoramento das redes sociais. Esse comportamento é cada vez mais comum e envolve desde a análise de fotos e postagens do parceiro até a investigação de mensagens privadas. Em alguns casos, o parceiro começa a criar cenários e conclusões baseadas em interpretações das interações online, o que pode gerar uma espiral de insegurança e desconfiança, prejudicando o fluir do amor.

Para muitas pessoas, esse tipo de comportamento provoca sofrimento emocional e pode até levar ao fim de um relacionamento saudável, já que o foco passa a ser no mal estar e insegurança gerados pelas redes sociais e não nos sentimentos reais entre os parceiros.

Ciúmes e a Psicanálise: A Profundidade das Motivações Inconscientes

Na psicanálise, o ciúme é frequentemente relacionado a uma manifestação de conflitos emocionais inconscientes, muitas vezes, enraizados em experiências passadas e dinâmicas familiares. Assim, a complexidade e os contratempos das relações amorosas teriam origens muito mais profundas. Segundo Freud, o ciúmes pode ser um reflexo de rivalidades internas, como aquelas com pais ou irmãos, ou até mesmo um desejo inconsciente de controle ou possessividade.

A psicanálise e suas diferentes perspectivas, seja através das concepções de Jacques Lacan, pela psicologia analítica de Carl Jung e de Freud, sugere que, para entender profundamente os ciúmes, é necessário examinar as emoções reprimidas e os mecanismos de defesa que as pessoas utilizam para lidar com suas inseguranças. O ciúme excessivo pode, muitas vezes, ser um reflexo de um medo profundo de abandono ou uma sensação de inadequação, que a pessoa projeta no parceiro.

O que é Ciúmes Retroativo?

O ciúme retroativo é um tipo de ciúmes que surge quando uma pessoa sente insegurança ou desconforto em relação ao passado amoroso ou sexual de seu parceiro. Ao contrário do ciúme tradicional, que geralmente está relacionado ao medo de uma ameaça no presente — como uma terceira pessoa que pode estar competindo pela atenção do parceiro — o ciúme retroativo é alimentado por sentimentos de possessividade ou inveja sobre experiências passadas.

Esse tipo de ciúmes pode ser desencadeado por conversas sobre relacionamentos anteriores, a presença de objetos ou recordações do passado (como fotos ou presentes de ex-namorados), ou até mesmo a comparação constante entre o parceiro atual e ex-parceiros. Também é possível surgir a partir de relacionamentos tóxicos com narcisistas, que costumam realizar triangulações com a intenção de desestabilizar o parceiro e causar ciúmes propositalmente. A pessoa com ciúmes retroativo pode sentir que o parceiro ainda tem uma conexão emocional com os ex, o que cria uma sensação de insegurança ou inadequação.

Por que os Ciúmes Retroativos Surgem?

O ciúme retroativo geralmente está ligado a questões de autoestima e insegurança. Quando uma pessoa não consegue se sentir completamente segura ou valorizada no relacionamento amoroso atual, pode começar a projetar suas próprias inseguranças sobre o que o parceiro viveu anteriormente. Esse sentimento é muitas vezes exacerbado por um desejo de "ser a única" pessoa ou a mais importante na vida do parceiro, levando a uma idealização de uma relação sem passado.

Além disso, pessoas com dificuldades em lidar com sentimentos de abandono ou rejeição são mais propensas a desenvolver o ciúmes retroativo, uma vez que se sentem ameaçadas pela ideia de que o parceiro possa ter experimentado um sentimento de amor mais intenso e significativo com outra pessoa no passado.

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Como o Ciúmes Retroativo Afeta o Relacionamento?

Quando não tratado, o ciúme retroativo pode causar tensão e desconfiança no relacionamento. Ele pode levar a conflitos frequentes, onde o parceiro ciumento questiona o outro sobre detalhes do passado, exige explicações ou tenta apagar símbolos da história anterior do parceiro, como fotos ou presentes de ex-namorados. Isso cria um ambiente de controle e possessividade, onde o foco não está na construção de um relacionamento saudável, mas em tentar apagar ou substituir o passado.

Além disso, o ciúmes retroativo pode gerar uma sensação de culpabilização no parceiro que tem um passado amoroso. Esse parceiro pode se sentir constantemente acusado ou pressionado a se desvincular de suas experiências anteriores, o que é um comportamento injusto e prejudicial à autoestima e à liberdade individual.

Como Lidar com o Ciúme Retroativo?

Autoconhecimento: Entender a origem do ciúme retroativo é fundamental. Muitas vezes, esse sentimento está relacionado a inseguranças próprias, como o medo de não ser bom o suficiente ou a ideia de que o parceiro teve experiências melhores no passado. Trabalhar esses sentimentos pode ajudar a reduzir o impacto do ciúmes.

Diálogo honesto: É importante que o parceiro que sente ciúmes retroativo converse de forma verdadeira e respeitosa com o outro, explicando suas inseguranças sem acusar ou culpar. O diálogo construtivo pode ajudar a esclarecer mal-entendidos e fortalecer a confiança.

Aceitação do Passado: Todo relacionamento tem um passado, e é saudável aceitar que o parceiro teve experiências antes de estar com você. Tentar apagar ou negar esse passado prejudica a relação. O respeito pelo passado do outro é fundamental para o fortalecimento do vínculo no presente.

Desenvolvimento da Autoestima: Investir em melhorar a autoestima e autoconfiança é essencial para quem sente ciúmes retroativo. O parceiro que se sente inseguro deve focar no seu próprio crescimento e entender que seu valor não depende das comparações com outras pessoas.

Conclusão

O ciúmes é um sentimento humano natural, mas quando se torna uma obsessão leva a comportamentos prejudiciais que afetam profundamente os relacionamentos românticos. Compreender suas origens, seus tipos e os efeitos que ele pode ter nas nossas interações é essencial para lidar com esse sentimento de forma saudável.

Se você se vê constantemente sentindo ciúmes e nota que isso está prejudicando sua vida amorosa e suas relações pessoais, a psicanálise pode ser uma boa ferramenta para entender suas causas mais profundas. Um relacionamento saudável é construído com base na confiança, no respeito mútuo e no amor, não na posse ou controle.




Perguntas Frequentes sobre o Ciúmes

  1. O que causa o ciúmes em um relacionamento?
    O ciúmes é causado por insegurança emocional, medo de perder o parceiro, baixa autoestima, e, em alguns casos, traumas devido à experiências passadas de traição ou rejeição.
  2. Como controlar o ciúmes de maneira saudável?
    Para controlar o ciúmes, é importante desenvolver a autoestima, estabelecer uma comunicação aberta com o parceiro e procurar ajuda psicológica, quando necessário.




Referências:

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/287/amor-e-solidao-uma-psicanalise-das-conexes-humanas

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/476/vocabulario-dos-afetos

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/311/as-relaces-amorosas-e-seus-contratempos-uma-abordagem-interdisciplinar

https://www.filosofiaepsicanalise.org/2013/11/freud-explica-o-ciume.html

Filosofia
Cansaço mental: sintomas de ansiedade, fadiga, sono, fraqueza
Xavana Celesnah
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Cansaço mental: sintomas de ansiedade, fadiga, sono, fraqueza
Cansaço extremo o que pode ser, estresse, burnout, Sociedade do Cansaço, Byung-Chul Han, fraqueza no corpo, angústia, sistema nervoso.

O livro A Sociedade do Cansaço, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, oferece uma análise perspicaz sobre um fenômeno globalizado que afeta milhões de pessoas: a sensação de cansaço e exaustão. Essa sensação tornou-se onipresente na sociedade tecnológica voltada para o desempenho. Existe, em grande parte, uma valorização implícita das pessoas que experimentam esse cansaço extremo, por ele estar associado a um esforço contínuo pela produtividade no trabalho.

Essa admiração, alimentada pela ideologia neoliberal, sugere que a cultura do estar “sempre ocupado” é sinal de sucesso. Contudo, os efeitos dessa entrega excessiva – seja no trabalho presencial, no home office ou nos estudos – resultam em um fardo diário de esgotamento, que pode levar a condições como ansiedade, burnout e depressão. Neste artigo, exploraremos as possíveis causas da sobrecarga mental e como a filosofia de Byung-Chul Han pode nos oferecer uma compreensão ampla da situação, criando ferramentas para redefinir as formas de ação dentro de uma ideologia que exalta o "empreendedor de si mesmo".



Como as redes sociais influenciam na ansiedade?

As redes sociais têm um papel central na sociedade contemporânea, impactando significativamente a saúde mental da humanidade. De acordo com o filósofo Byung-Chul Han, estamos vivendo um contexto de mudança de paradigma, onde ocorre a transição entre a sociedade disciplinar descrita por Michel Foucault, para a sociedade do desempenho. Nessa nova configuração, os limites entre o eu e o outro desaparecem, pois tudo passa a ser visto a partir da preocupação com a própria existência. Como consequência, tudo se transforma em mero reflexo de si mesmo. Em cada situação, o indivíduo enxerga a prolongação de sua própria identidade, e as pessoas acabam enxergando apenas a si mesmas.

Nesse sentido, as redes sociais são o principal veículo por meio do qual as pessoas constroem e afirmam suas próprias identidades. Cada postagem, foto ou atualização é uma forma de autoafirmação narcisista, que visa mostrar ao mundo o quanto o indivíduo é produtivo, bem-sucedido e realizado. Isso reflete a lógica neoliberal que se baseia na ideia de que o sucesso provém do esforço contínuo e permanente.

Cansados e Conectados: O Preço da Busca pelo Reconhecimento nas Redes Sociais

No entanto, essa busca incessante por validação e autoafirmação nas redes sociais tem um custo significativo. Ao se verem como produtos a serem consumidos pelos outros, os indivíduos se sentem compelidos a manter uma produtividade constante. Essa busca por aprovação torna-se uma forma de "empreendedorismo de si", onde a pessoa precisa sempre "vender" a melhor versão de si mesma.

Esse comportamento acaba por produzir uma exaustão psicológica que, em muitos casos, leva a problemas psíquicos como ansiedade, insônia, burnout e depressão, como apontado pelo filósofo Byung-Chul Han. A produtividade ininterrupta, tanto no trabalho quanto na vida social, surge com aparência de liberdade, já que não existem chefes ou horários impostos. Mas, na prática, é uma “falsa liberdade”, pois as pessoas sentem-se na obrigação de realizar entregas virtuais cada vez mais constantes, comprometendo a capacidade de desfrutar de uma vida plena.

Para obter mais conhecimento sobre como superar a ansiedade na era digital, baixe gratuitamente o ebook abaixo, que explica os impactos das redes sociais na saúde mental e o conceito de Brain Rot, termo usado para se referir aos efeitos negativos da exposição contínua aos conteúdos de baixa qualidade das redes sociais. O ebook contém informações do curso da Casa do Saber intitulado Saúde Mental e Estresse: Uma Visão das Neurociências, ministrado pela doutora em Ciências pela UFRJ, Ana Carolina Souza. Preencha o formulário a seguir e tenha acesso ao ebook instantaneamente no seu e-mail:

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As redes sociais: uma dependência patológica

As redes sociais, ao promoverem um modelo de produtividade constante, reduzem a vida humana a uma busca incessante por reconhecimento. Assim, o que antes era um espaço pessoal, como a casa ou a privacidade do pensamento, agora se mistura ao olhar e ao julgamento constante do público. Esse processo de exposição contínua cria uma atmosfera de pressão, onde o indivíduo não pode mais se relacionar com sua própria identidade de maneira autêntica, mas em função de como é percebido pelos outros. Assim, a autoafirmação na era digital se torna dependente da validação externa, medida por curtidas, comentários, seguidores, compartilhamentos.

Esse fenômeno revela um paradoxo de liberdade. Em vez de promover a liberdade individual, as redes sociais, na verdade, encorajam uma forma de escravidão contemporânea. Ao acreditar que estão se autoafirmando e sendo livres, os indivíduos acabam presos a uma lógica de produtividade sem fim. O filósofo Byung-Chul Han explica que, no capitalismo neoliberal, a liberdade é confundida com a obrigação de se afirmar constantemente, o que leva a uma exploração do próprio corpo e mente. O indivíduo, ao tentar se destacar e se afirmar nas redes sociais, está, na realidade, se exaurindo, tornando-se incapaz de desfrutar dos próprios momentos de descanso ou de lazer em conexão com outras pessoas.

Essa incessante procura por autossuperação nas redes sociais reflete o modelo de vida capitalista, onde a produtividade desenfreada gera uma exaustão que compromete a saúde mental e emocional. A pessoa, que inicialmente se vê como livre ao produzir e compartilhar sua identidade, acaba se tornando um "morto-vivo", como descreve o já mencionado pensador sul-coreando, presa a um ciclo de atividade e consumo sem limites. Nesse sentido, as redes sociais não apenas refletem essa lógica, mas também a amplificam, tornando o indivíduo cada vez mais dependente da constante validação externa, e cada vez mais distante de alcançar momentos de plenitude que estejam desprovidos de uma função econômica.

Burnout e Redes Sociais

Quem trabalha com redes sociais, seja como social media para empresas ou como empreendedor de si mesmo no digital, sabe que o esgotamento mental é uma constante nesse ambiente virtual de trabalho. Postagens diárias, seja no Instagram ou no TikTok, precisam ter alcance, curtidas, compartilhamentos, engajamento. Portanto, esse tipo de trabalho opera em uma lógica de produtividade ininterrupta, que acaba sugando as energias dos criadores de conteúdo. Principalmente, quando o produtor de conteúdo digital também é o próprio empreendedor, fato que acontece com frequência na sociedade do desempenho que vivenciamos.

A lista de atividades diárias de quem trabalha como produtor de conteúdo digital nas redes sociais é interminável:

  • Fotos
  • Legendas
  • Carrosséis
  • Arte com conteúdo para feed
  • Vídeos para reels
  • Vídeos para story
  • Vídeo para TikTok
  • Caixinhas de perguntas para story
  • Compartilhamento de conteúdo relevante
  • Texto persuasivo de copywriter para vendas


Além da pressão para estar disponível 24 horas por dia, responder imediatamente a mensagens e estar presente em múltiplas plataformas. Tudo isso gera uma sensação de sobrecarga. Se identificou? Muito provavelmente sim.

Mas, o que você talvez ainda não saiba é que a lógica neoliberal tem propagado uma ideia sedutora de liberdade no ambiente virtual. Apesar da aparência de liberdade que essa lógica sugere, ela resulta, na prática, em uma uniformização das experiências de vida. As pessoas, ao acreditarem que estão tomando decisões autônomas, estão, na realidade, sendo moldadas por uma mesma dinâmica de produtividade e consumo. Todos estão seguindo o mesmo caminho: trabalhar mais, se expor mais, alcançar mais.

Nesse sentido, são incentivadas a se perceberem como responsáveis pelo seu próprio destino e pela sua realização pessoal. Mas, essa promessa de autonomia, no entanto, esconde uma realidade de exploração constante. Trata-se da “uberização do trabalho”, uma dinâmica onde as pessoas se percebem como “donas de seu próprio tempo” e acreditam que assim, são livres. Quando, na verdade, estão sujeitas a uma nova forma de subordinação. Ao se verem como empresários de suas vidas, acabam presas a uma rotina de produtividade incessante, sem descanso e sem a possibilidade de se desconectar das demandas virtuais, sociais e econômicas.

Nesse contexto, o trabalho não é mais uma obrigação imposta de fora, como propôs Foucault com sua sociedade disciplinar, mas tornou-se uma escolha que se transforma em uma necessidade constante de atingir metas. A lógica do "empreendedorismo de si mesmo" faz com que o indivíduo se sinta constantemente pressionado a demonstrar sua capacidade nas redes sociais, em um ciclo de validação permanente.

Essa obsessão por produzir e se autoafirmar em todas as esferas da vida intensifica a carga de trabalho e drena as energias emocionais e psicológicas, levando as pessoas a uma exaustão constante. Daí, o surgimento de quadros de muito sono acumulado, estresse e o aumento significativo dos casos de burnout. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam um aumento significativo de diagnósticos relacionados a distúrbios mentais, com o Brasil sendo um dos países com maiores índices de síndrome de burnout, um reflexo claro de uma sociedade que sobrecarrega seus cidadãos em nome do desempenho.

A exaustão provocada por essa lógica é uma das consequências mais devastadoras do neoliberalismo. O constante esforço para manter a imagem de sucesso e capacidade leva ao esgotamento físico e mental. O indivíduo, pressionado a se afirmar a todo momento, perde a capacidade de se conectar consigo mesmo e de aproveitar os momentos de lazer. O paradoxo é claro: ao tentar conquistar sua liberdade através do trabalho e da produtividade, as pessoas se tornam cada vez mais escravizadas por essas mesmas exigências. O “empreendedor de si mesmo” está, na realidade, preso a um ciclo de autossubordinação, onde sua identidade é definida unicamente pela sua capacidade de produzir e de se mostrar ativo. E essa dinâmica leva, inevitavelmente, à exaustão, à perda de autonomia real e ao sofrimento psicológico.

Entenda as ideias de Byung-chul Han no curso

thumb do curso 'A Filosofia de Byung-chul Han', por Lucas Nascimento Machado


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Como recuperar a saúde mental na Era Digital?

Alcançar o bem-estar psicológico na era das redes sociais exige um esforço consciente para desacelerar e redefinir o que significa bem-estar. A sociedade atual valoriza a produtividade acima de tudo, mas é preciso saber valorizar também a pausa, o descanso. Até mesmo o tempo de lazer é frequentemente visto como algo secundário, um luxo ou até mesmo um desperdício, especialmente em um cenário onde as redes sociais impõem uma imagem de sucesso ininterrupto e constante.

No entanto, é fundamental entender que o descanso genuíno não é apenas uma pausa física, mas também emocional e psicológica. A recuperação da saúde mental começa quando se reconhece que o descanso não deve ser vivenciado com culpa ou com a mesma lógica da produtividade, considerando que as pessoas muitas vezes ficam querendo compartilhar fotos e vídeos de onde estão nas férias; assistir ao máximo de séries e filmes, ler o máximo de livros, fazer o máximo de viagens possíveis. Ou seja, mesmo nos momentos de descanso, a lógica da produtividade continua a mesma.

Isso resulta em um ciclo vicioso de autocobrança, onde não fazer nada é inaceitável e o sofrimento é invisibilizado. Para quebrar esse ciclo, é essencial que as pessoas questionem a forma como se relacionam com o trabalho e a busca pelo sucesso. O verdadeiro descanso envolve parar, refletir e dar a si mesmo permissão para não estar sempre "fazendo algo". Ao interromper o ciclo de exigências, é possível recuperar uma vida mais equilibrada.



Conclusão

Em uma sociedade que induz as pessoas a acreditarem que o resultado de suas conquistas depende exclusivamente de seu esforço, é preciso redefinir o conceito de produtividade. A ideologia dominante pressiona as pessoas a acreditarem que o sucesso é resultado exclusivo do esforço individual. Portanto, é essencial redefinir o conceito de produtividade. Essa lógica do esforço individual impõe uma opressão psicológica que leva muitos a acreditarem que o valor de sua existência e conquistas depende exclusivamente do seu desempenho. Esse pensamento cria uma cobrança constante, onde o indivíduo se vê em um ciclo exaustivo de autossuperação.

Quando os resultados não correspondem às expectativas, o impacto psicológico é profundo, gerando sentimentos de inadequação, frustração e até angústia. Essa pressão por resultados, combinada com a ideia de que não há limites para o esforço, acaba produzindo uma exaustão física e um sofrimento mental significativo, pois a busca incessante por sucesso é vivida como uma obrigação pessoal, e não como uma escolha saudável.

A produtividade também pode envolver momentos de introspecção, cuidado consigo mesmo e conexão com os outros. Integrar esses momentos na rotina, ao lado do trabalho, cria um espaço para a regeneração mental e emocional. Para que isso aconteça, é necessário estabelecer limites claros entre o trabalho e o lazer, respeitando o tempo de desconexão sem que isso seja visto como uma falha. A recuperação da saúde mental não se resume a diminuir o ritmo, mas a reconfigurar as expectativas sobre o que é produtivo e valioso.

Para lidar com a sobrecarga mental imposta pela era das redes sociais, é importante procurar um profissional de saúde habilitado para realizar um tratamento individualizado. Por mais que atitudes possam ser incluídas na rotina no sentido de minimizar os efeitos negativos provocados pela exposição incessante e diária ao universo virtual, o acompanhamento psicológico continua sendo fundamental no processo de recuperação psíquica.

thumb do curso 'Manual Psicanalítico para Viver Melhor no Século 21', por Marcelo Veras




Referências

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/259/a-filosofia-de-byung-chul-han

 Curso de Filosofia EaD: Guia Completo para Estudar Online
Rodrigo Gomes
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Curso de Filosofia EaD: Guia Completo para Estudar Online
Saiba o que é Filosofia, o que estuda e principais pensadores. Veja a lista de melhores cursos para estudar à distância, do introdutório ao avançado.

Entenda o que é Filosofia, como ela surgiu e sua importância para o mundo. Vamos conhecer os períodos e principais pensadores que marcaram a história da Filosofia, as áreas de estudo, além dos melhores cursos à distância para aprender sobre esta área do conhecimento.



Quais os passos para estudar Filosofia?

É comum as pessoas entenderem que estão filosofando (e de fato o estão) ao se verem introspectivas refletindo sobre qual o sentido da vida, observando as árvores, animais, as estrelas e ao se espantarem diante da grandeza do universo em contraste com a pequenez do homem.

Estruturar o pensamento filosófico, no entanto, está longe de ser uma tarefa simples. É possível acessar um material rico já construído por mentes brilhantes com reflexões e métodos que servem como guia para se construir o saber filosófico.

Por isso, além de explorar uma inquietação filosófica espontânea, aprender filosofia significa essencialmente se debruçar sobre a própria história da filosofia, seus conceitos e métodos.

O que a Filosofia estuda?

Este campo do saber procura investigar as nossas origens, a existência, as transformações observadas na natureza, e as relações e experiências do homem no mundo.

A partir da curiosidade, questionamentos e observações sobre o que está à nossa volta, é possível filosofar sobre tudo o que possa provocar espanto, despertar dúvidas ou admiração. Dentro de seu estudo sistematizado, encontramos diversas áreas de investigação.

Um exemplo é o estudo da Ética, onde a filosofia se propõe a refletir sobre valores morais e as ações humanas, levanta questões sobre a definição do que é o bem e o mal, o certo e o errado ou o conceito de justiça.

Outro ramo é a Estética, em que o interesse está focado na experiência artística, sendo possíveis questionamentos sobre a concepção do que é considerado belo ou a reflexão sobre o papel da arte na sociedade. Estes são apenas alguns exemplos das muitas ramificações possíveis para desenvolver o pensamento filosófico.

pintura escola de atenas, de rafael sanzio
Afresco "A Escola de Atenas", de Rafael Sanzio, que apresenta Platão e Aristóteles ao centro.(Wikimedia Commons)

Quem pode estudar Filosofia?

Pelo seu aspecto livre e universal, a filosofia é acessível a todas as pessoas que desejam se lançar ao estudo da área, abarcando desde a trajetória acadêmica formal ao puro desejo pessoal de estudar a existência e as questões que nos concernem.

Dentro deste espaço de aprendizado, encontramos diferentes ramos de estudo - como moral, ética, política, religião, epistemologia - diversos pensadores e períodos históricos, além de tratar de dilemas ancestrais até questões contemporâneas. Em cada campo mencionado, há um universo inesgotável de possibilidades de investigação e estudo.

A Filosofia não implica em uma posição de posse do saber, mas uma prática do pensar a realidade pela razão. Por isso, seu estudo não se limita apenas ao caminho acadêmico. A Filosofia é para todos aqueles que têm curiosidade de saber, que desejam questionar, se debruçar nas questões levantadas por grandes pensadores e analisar criticamente a realidade, trilhando um caminho próprio em busca da verdade.

Por onde começar a estudar Filosofia?

A construção de aprendizado nesta área do saber é subjetiva e marcada por um exercício constante de elaboração em relação aos mistérios da vida. Para começar os estudos em Filosofia , sabemos que é necessário traçar minimamente um caminho para início da jornada.

Os estudos iniciais geralmente tomam por partida o pensamentos de filósofos ocidentais, como Sócrates, Platão e Aristóteles, através de textos considerados fundamentais, como a obra “O Banquete”, de Platão. Porém, indicar a leitura dos textos pode não ser o suficiente para a devida compreensão do tema.

Por isso, passaremos ponto a ponto pela história da filosofia, grandes pensadores e áreas de estudo para que você consiga entender um pouco mais sobre o percurso e encontrar as melhores opções de cursos de filosofia.

O que é Filosofia e como surgiu?

Traçar uma definição clara e simples da filosofia é uma tarefa desafiadora, pois sua estrutura conceitual é baseada em uma linguagem complexa e necessita de um certo conhecimento prévio na área para compreendê-la em essência. É da natureza da filosofia não contar com respostas imediatas.

A filosofia é um livre saber que se baseia na razão para explicar a realidade a partir do uso de conceitos. A palavra "filosofia" (do grego φιλοσοφία) resulta da união de outras duas palavras:

- "philos” - significa "amizade", "amor fraterno" (não no sentido erótico), desejo intenso por algo e respeito entre os iguais.

- "sophia” - significa "sabedoria", "conhecimento".

Filosofia significa, portanto, amizade ou amor pela sabedoria, amor e respeito pelo saber ou pelo conhecimento. A partir da Filosofia, o homem pode caminhar em direção à autonomia para pensar sobre si mesmo e o mundo e, por isso, carrega um sentido de liberdade. É um exercício do pensar e constante busca pelo saber, uma atitude que não se submete a nenhuma forma de controle ou qualquer outro conhecimento.

A origem da filosofia remonta à Grécia Antiga, no século VI a.C, e marca a transição do pensamento mítico para o da razão. Surge não por uma pergunta teórica ou alguma questão efetiva, mas a partir da admiração diante de fenômenos que ultrapassam o poder do conhecimento e provocam curiosidade, temor e espanto.

À época, fenômenos naturais que não podiam ser explicados, como a noção de finitude marcada pela vida e morte, a mudança das estações ou a transição entre dia e a noite, eram ilustrados por meio de mitos.

Os mitos eram narrativas que pretendiam explicar a origem dos deuses e do universo de forma fantasiosa e sobrenatural, onde eram representados os fenômenos da natureza, os sentimentos humanos e as contradições presentes na sociedade.

Mito de Perséfone: a mudança das estações pela mitologia grega

imagem antiga retratando mito de perséfone e hades exposta no British Museum,em Londres
Representação de Perséfone e Hades - Vulci, c. 440-430 BCE. (British Museum, London)

Segundo conta a mitologia grega, Perséfone era filha de Zeus com Deméter, deusa da colheita e da agricultura. Um dia, ao ver a jovem colhendo flores em uma pradaria, Hades, o deus do submundo, se apaixona por Perséfone e a sequestra.

Enfurecida e entristecida pelo sumiço da filha, Deméter deixa o Olimpo e passa a não cumprir suas funções de colheita, tornando o solo da Terra estéril. Ao notar a devastação causada pela ausência de Deméter, Zeus envia o mensageiro Hermes ao submundo para negociar a libertação de Perséfone. No entanto, sem saber das consequências, a jovem havia ingerido sementes de romã oferecidas por Hades, fato que criou uma ligação eterna com o submundo e que a impediu de deixá-lo permanentemente.

Assim, foi feito um acordo: Perséfone viveria dois terços do ano com Deméter, representado o período de boa colheita, quando Deméter estava contente pela chegada da filha (primavera e verão) e um terço do ano com Hades, representando o período de dificuldade na colheita, pois Deméter estava infeliz por conta do regresso da filha para o submundo (outono e, principalmente, inverno)

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Por que a Filosofia surgiu na Grécia?

Há diferentes teses sobre esta questão. Uma delas é conhecida como “Milagre Grego”, em que se acreditava que a Filosofia surgiu de maneira única, inesperada e espontânea na Grécia , como defendia o historiador Diógenes Laércio (180-240 d.C).

Outra vertente considera que as transformações vivenciadas pelos gregos se deram por conhecimentos advindos dos povos “orientais”, através de uma herança dos egípcios, caldeus, babilônios e persas, contribuindo para que florescessem conhecimentos como geometria, astrologia e meteorologia.

Por uma visão histórica, é possível constatar que a topografia da região facilitou a construção de portos, viagens marítimas e intercâmbio econômico. Isso levou os gregos ao contato com outras civilizações e seus diferentes mitos, trazendo descrença e busca por explicações mais racionais sobre o mundo.

mapa do mundo grego referente ao período histórico de início da filosofia
Mapa do mundo grego - Reprodução: Livro “Iniciação à História da Filosofia - dos pré-socráticos a Wittgenstein, de Danilo Marcondes


Quais foram os primeiros filósofos?

A estrutura e modelo político desenvolvidos nas polis gregas, propiciaram o surgimento dos primeiros filósofos, conhecidos como pré-socráticos. Eles se concentravam na pergunta e busca pelo arché, que seria o elemento primordial a que todas as outras coisas se derivam, a substância primeira capaz de constituir todo o universo e tudo o quanto existe na realidade.

Tales de Mileto (sec. VII e VI a.C) é considerado o primeiro filósofo da História. Marcou o rompimento em relação ao mito ao questionar racionalmente a natureza, buscando compreender o mundo a partir da investigação e não se satisfazendo com as respostas fantásticas e sobrenaturais colocadas pela mitologia. Ele propôs que a água era a substância fundamental e que compunha todas as coisas que existiam no mundo.

Não à toa os filósofos pioneiros são chamados de pré-socráticos. Esta definição já indica a importância do legado deixado por Sócrates, que contribuiu de forma consistente para o início e desenvolvimento do período conhecido como filosofia clássica, seguido por Platão e Aristóteles. A partir de então, a disciplina se desenvolve com métodos mais sistemáticos e analíticos de investigação, e se expande para áreas como´ética, política, lógica e epistemologia.

Para entendermos melhor essa caminhada, vamos conferir os períodos que marcam a filosofia e um pouquinho da característica de cada um deles.

Imagem de Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo
Imagem de Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo da História. (Wikimedia Commons)


Conheça os períodos e grandes pensadores da Filosofia

Os períodos da Filosofia são marcados por diversas condicionantes, que refletem mudanças estruturais e impactam no modo de vida da sociedade. Acontecimentos históricos, descobertas científicas e tecnológicas, mudanças políticas, entre outros fatores são determinantes para uma mudança de comportamento em relação ao modo de se pensar e se viver no mundo.

As ideias propostas por grandes pensadores, advindas de suas reflexões e expostas em suas obras, contribuem de forma substancial para esta demarcação entre os períodos. Confira a lista dos períodos abaixo:

  • Filosofia Antiga (séc.VI a.C. até sec. V d.C):

    Este período marca o início da Filosofia , que começou na Grécia Antiga e se estendeu até ao mundo romano. Foi iniciada pelos Pré-Socráticos, com as investigações sobre a natureza, ordem e origem do mundo (cosmologia) e seguiu com Sócrates, Platão e Aristóteles, que trouxeram as atenções para o homem (“conhece-te a ti mesmo”) e estabeleceram as bases da ética, epistemologia e metafísica ocidentais. No período helenístico, escolas como o Estoicismo e o Epicurismo focaram na ética prática e na busca pela felicidade.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Antiga:

    Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro, Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímees, Heráclito, Pitágoras, Parmênides e Zenão.

  • Filosofia Medieval (séc. V d.C até séc XV d.C):

    Este longo período histórico vai do final do helenismo até o Renascimento e o início do pensamento moderno e marca a fusão da filosofia grega com as tradições religiosas, como o cristianismo. Os principais temas incluíam a relação entre fé e razão, a natureza de Deus, a existência da alma e a moralidade.

    A maior parte da produção conhecida como “filosofia medieval”, porém, está concentrada entre os séculos XII e XIV, período do surgimento e desenvolvimento da escolástica. Filósofos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, buscaram integrar o pensamento racional à fé religiosa. Esse período foi essencial para o desenvolvimento da filosofia e ciência modernas.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Medieval:

    Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Anselmo de Cantuária, Boécio, Duns Scotus, Guilherme de Ockham e Avicena (Ibn Sina).

  • Filosofia Moderna (séc. XVII d.C até XIX d.C):

    A filosofia moderna representa um movimento centrado na ideia de progresso e valorização da subjetividade. Impulsionado pela queda do regime feudal, ascensão burguesa, descobertas científicas e declínio da influência da Igreja Católica, a filosofia passa a operar pela razão e empirismo científico.

    Pensadores como Descartes, Locke, Kant, Spinoza e Hume exploraram o conhecimento, a mente humana e a realidade. Esse período destacou a importância da liberdade, do governo e dos direitos humanos, influenciando a ciência, a política e a ética. O Iluminismo enfatizou a razão e a ciência como caminhos para o progresso, enquanto Hegel e Marx moldaram debates filosóficos e sociais que são relevantes até os dias de hoje.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Moderna:

    René Descartes, Immanuel Kant, John Locke, David Hume, Baruch Spinoza, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Francis Bacon, G.W.F. Hegel, Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche e Karl Marx.

  • Filosofia Contemporânea (séc. XX - atualmente):

    Abarcando o início do século XX até os dias atuais, o período abrange uma ampla gama de temas que refletem as profundas mudanças sociais, políticas e tecnológicas. Pensadores como Sartre, Foucault, Derrida e Deleuze exploraram questões fundamentais como a natureza da existência, o exercício do poder, a linguagem e a construção da identidade.

    Já o movimento analítico, representado por Wittgenstein e Russell, concentrou-se na lógica e na análise da linguagem como instrumentos centrais de investigação filosófica. Temas como ética, direitos humanos, feminismo e desafios contemporâneos relacionados à questões ambientais e tecnológicas são evidenciados neste período. Este cenário apenas comprova a importância do estudo contínuo e relevância da filosofia para pensarmos os dilemas e as complexidades do mundo atual.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Contemporânea:

    Jean-Paul Sartre, Michel Foucault, Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein, Simone de Beauvoir, Hannah Arendt e Jürgen Habermas

Foto da “O pensador”,de Auguste Rodin, escultura de homem com a mão no queixo pensando filosoficamente, exposta no Musée Rodin, em Paris, na França.
Escultura “O Pensador”, obra-prima de Auguste Rodin. Representa a introspecção, contemplação e a intelectualidade. Reprodução: Site Musée Rodin

“O que faz meu Pensador pensar é que ele pensa não só com o cérebro, mas também com suas sobrancelhas tensas, suas narinas distendidas e seus lábios comprimidos. Ele pensa com cada músculo de seus braços e pernas, com seus punhos fechados e com seus artelhos curvados”

- citação de Auguste Rodin sobre a própria obra.



Conheça as áreas de estudo da Filosofia

Entender as ramificações da filosofia é um passo interessante para vislumbrar os passos de investigação na área.

Confira de forma um pouco mais detalhada algumas das principais ramificações da Filosofia abaixo:

  • Metafísica:

    Você já parou para refletir sobre o que é a alma ou mesmo a existência?

    Essas são algumas das perguntas abordadas pelos filósofos nesta área de estudo. A palavra metafísica vem de um vocábulo grego que significa “depois da física” ou “além do físico”, por isso investiga a realidade como um todo e o que está além do mundo físico e da experiência de nossos sentidos.

  • Epistemologia:

    O que é a verdade? Ela é subjetiva ou objetiva? Como definir quais fontes de conhecimento são válidas e por que algumas ideias têm mais espaço do que outras?

    Conhecida como “teoria do conhecimento”, este é um dos campos principais da filosofia, onde se estuda a relação do sujeito com o conhecimento, os tipos de conhecimento e em que investiga-se sua origem, limites e validade.

  • Ética:

    Esta área se debruça sobre questões morais e as ações humanas como uma ciência do bom comportamento para construir uma vida boa para o todo em sociedade.

    Busca refletir sobre bem e mal, bom e ruim e levantar debates sobre condutas de comportamento humano como a definição do que é certo e errado e a noção de justiça.

  • Estética:

    Ao visitar um museu, é possível que você escute alguém questionando a beleza das obras expostas. Afinal como - ou quem - define o que é o belo?

    Conhecida também como “Filosofia da Arte” , a estética se dedica a estudar o conceito do que é belo e do fenômeno artístico, refletindo sobre percepções e sensações para além do gosto pessoal de cada um, mas levando em conta também a natureza da criatividade na arte e aspectos culturais.

  • Filosofia Política:

    Ao longo da história, presenciamos diversos tipos de ideologias e formas de governar. Este ramo da filosofia busca refletir sobre a natureza do poder, da justiça, igualdade, direitos e liberdade.

    Por que um governo precisa existir, o que o torna legítimo e de que forma ele se estabelece? O que é cidadania e qual a sua importância da participação política? A política está presente na vida social de todos e as perguntas feitas pela filosofia são de grande importância para a sociedade.

  • Lógica:

    A lógica é utilizada para construir e validar raciocínios, distinguindo o que é correto e o que é incorreto no intuito de encontrar um resultado verdadeiro.

    A partir de diferentes métodos, como dedução e indução, direciona a linha de pensamento para uma conclusão que seja coerente. Confira abaixo um exemplo de silogismo, modelo dedutivo introduzido por Aristóteles:

    1ª premissa: Todos os homens são mortais

    2ª premissa: Sócrates é homem

    Conclusão: Sócrates é mortal.

Agora que já entendemos um pouco mais sobre a história da filosofia e suas áreas de estudo, vamos conferir uma lista com os melhores cursos de filosofia para você estudar à distância?

Melhores cursos online de Filosofia com certificado

Até aqui aprendemos algumas informações importantes sobre a Filosofia, mas como começar a de fato a estudar os métodos, conceitos e enriquecer a caminhada em busca de respostas às questões filosóficas de forma mais satisfatória e menos “aventureira”? Separamos cursos por alguns recortes que podem auxiliá-lo nesta empreitada em busca de conhecimento.

Indicaremos cursos de filosofia relacionados especificamente a períodos históricos, cursos focados na vida e obra de pensadores, grandes questões da humanidade ou em áreas de estudo da Filosofia. Todos os cursos listados geram certificado de conclusão.

Cursos introdutórios sobre Filosofia

Para todo início, precisamos “começar do começo”. Considere partir por aqui se você está tendo o primeiro contato com Filosofia e gostaria de ser apresentado a ela antes de seguir para caminhos mais profundos na área.

  • Introdução à Filosofia, por Franklin Leopoldo e Silva
    07 aulas | Duração (50 min)

    Este curso é bem interessante para quem está buscando algo bem introdutório. Nele, o professor Franklin Leopoldo e Silva explica sobre o surgimento da Filosofia de maneira leve, clara, sem abordar conceitos complexos e difíceis de assimilar para um iniciante.

    O curso ajuda a entender como o início da Filosofia contribuiu para criar as bases teóricas do conhecimento e que definiram o ponto de partida para a ciência.

  • Assistir ao curso



  • Introdução à Mitologia Grega, por Julia Myara
    02 aulas | (50 min)

    Se a Filosofia surgiu na Grécia Antiga e marcou uma transição do mito para a razão, é interessante conhecer um pouco sobre a mitologia grega.

    Conheça a origem do mito, as primeiras gerações de Deuses e entenda como essa concepção de mundo sustentava a compreensão dos gregos em relação à existência.

  • Assistir ao curso



  • Para Começar a Estudar Filosofia, por Mauricio Pagotto Marsola
    08 aulas | (3h03)

    Este curso traça um bom caminho para efetivamente iniciar os estudos na área.

    Você será apresentado a obras fundamentais que servem como base para o aprendizado da Filosofia, como “O Banquete”, de Platão, e terá um panorama sobre pensadores e ideias que alicerçam o pensamento filosófico.

  • Assistir ao curso



Cursos sobre as áreas de estudo da Filosofia

Vimos anteriormente neste texto, que a Filosofia tem algumas áreas de estudo. Seguem abaixo algumas opções de cursos relacionados às áreas de investigação da disciplina para que você possa se debruçar:

  • Jornada da Filosofia: Ética, por Douglas Rodrigues Barros
    06 aulas | (2h57)

    Como a ética pode contribuir para uma vida boa para o todo na sociedade?

    Reflita sobre público e privado, certo e errado, justo e injusto e desenvolva recursos de pensamento a partir da introdução às ideias de diferentes pensadores a respeito do tema.

  • Assistir ao curso



  • Jornada da Filosofia: O que é Beleza?, por Eduardo Wolf
    06 Aulas | (3h03)

    Como entender a Beleza para além do gosto pessoal? Seja introduzido à história do conceito de beleza ocidental.

    Entenda como os gregos a enxergavam, tenha um panorama sobre o ponto de vista da Filosofia e compreenda a importante relação da beleza com a maneira como lidamos com o mundo e a vida em sociedade.

  • Assistir ao curso



  • Jornada da Filosofia: Saber, por Suze Piza
    07 aulas | (3h56)

    Por que as afirmações e hipóteses de alguns têm mais espaço e aceitação do que outras?

    Debruce-se pela epistemologia, área de estudo da Filosofia que investiga o conhecimento, suas origens e conceitos sobre a verdade e tenha uma perspectiva da filosofia refletida sobre ela mesma e outros saberes.

  • Assistir ao curso


Cursos sobre períodos históricos da Filosofia

Nesta série, o professor Paulo Niccoli Ramizes apresenta o "Guia Essencial da Filosofia", traçando um panorama com os pontos mais importantes, mudanças, grandes pensadores e as questões trabalhadas no período destacado no curso.

Cursos sobre grandes pensadores da Filosofia

Uma boa maneira de estudar Filosofia é compreender a vida, obra e visão de mundo do filósofo em específico. Confira algumas indicações de cursos neste sentido:

  • Os pensadores: Aristóteles, por Franklin Leopoldo e Silva
    04 aulas | (1h51)

    Entenda a importância e legado de Aristóteles para a Filosofia.

    O curso aborda o pensamento aristotélico e mostra que ele entendia a virtude como a melhor maneira de agir nas ocasiões que se apresentam durante a vida, pois depende, em grande parte, do uso da razão.

  • Assistir ao curso



  • Um dia com Spinoza, por Clóvis de Barros Filho
    07 aulas | (2h54)

    Nascido em Amsterdã em uma família de origem portuguesa, Espinosa (1632-1677) é um dos nomes mais importantes da filosofia moderna.

    Neste curso, os conceitos do pensador sobre ética, Deus e paixões são abordados pelo professor Clóvis de Barros Filho.

  • Assistir ao curso



  • Nietzsche: Vida, Obra e Legado, por Scarlett Marton
    08 aulas | (1h35)

    Seja introduzido ao pensamento de um dos filósofos mais conhecidos (e mais controversos) da história: Friedrich Nietzsche.

    Criador do termo "Übermensch" e da concepção filosófica do "Eterno Retorno" , acreditava que o homem precisava superar seus próprios valores para alcançar a evolução.

  • Assistir ao curso


Cursos de Filosofia sobre temas atuais

A Filosofia permanece viva e atual, trazendo uma visão crítica sobre o modo que vivemos, levantando questões importantes sobre a dinâmica neoliberal, feminismo, questões ecológicas, entre outros assuntos. Conheça alguns cursos de filosofias interessantes para se debater os dilemas contemporâneos abaixo:

Esperamos que este texto tenha te ajudado a compreender melhor sobre o que é Filosofia, suas áreas de estudo, períodos e grandes pensadores.

Se você tem sede por conhecimento e deseja aprender mais sobre Filosofia com professores de referência, conte com os cursos da plataforma Casa do Saber +!




É possível praticar o estoicismo hoje? Livros, caminhos e dicas para seguir a filosofia
Tainá Voltas
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É possível praticar o estoicismo hoje? Livros, caminhos e dicas para seguir a filosofia
O estoicismo tem reaparecido como uma resposta ao mundo moderno. Mas será realmente possível aplicar a filosofia aos dias atuais? Descubra!

Embora tenha se desenvolvido e aprofundado suas raízes há mais de 2000 anos, o estoicismo tem reaparecido como uma resposta ao complexo e desconfortável mundo moderno, marcado pelo esgotamento coletivo e pelas frustrações geracionais.

Tal filosofia, que é banhada em uma ideia de felicidade resiliente às adversidades e às influências externas, ganha adeptos e curiosos, cuja motivação se dá em direção comum: é realmente possível aplicar a práxis estoica nos dias de hoje?

Neste artigo vamos destacar algumas obras, cursos e dicas que podem oferecer uma resposta certeira ao questionamento, além de mostrar como viver de um modo mais estoico, mesmo em meio a tantas distrações.

Mulher deitada sobre a mesa, aparentando cansaço, com peso de pedras nas costas. Alusão ao estoicismo
O Estoicismo aplicado à modernidade surge como uma alternativa para amenizar os efeitos comuns da experiência humana superestimulada, oferecendo uma nova interpretação possível para a vida, para os desafios e para os problemas do cotidiano. Trata-se de uma filosofia que apresenta ferramentas para aprimorar a resiliência ao inevitável, incentivando a clareza emocional.


Recordação: o que é o estoicismo?

“A felicidade e a liberdade começam com a clara compreensão de um princípio: algumas coisas estão sob nosso controle, outras não”. A expressão, de autoria um dos maiores filósofos estoicos da antiguidade - Epicteto, define com bastante clareza os pilares que sustentam o estoicismo.

Criada durante o período helenístico, ainda na Grécia Antiga, e tendo como pano de fundo a crença nas leis da natureza, essa vertente filosófica buscou explicar o sentido da vida a partir da racionalização e de uma proposta de aceitação do inevitável.

Na prática, estruturou um entendimento acerca da "felicidade" como um resultado dado àqueles que conseguiam desvencilhar-se das paixões avassaladoras e das emoções exageradas.

Ou seja, para o estoicismo a felicidade se materializava quando as emoções eram racionalizadas, assim como quando os episódios da vida eram entendidos como pertencentes todos à uma teia natural e inevitável de causas e efeitos.

Nessa perspectiva, os esforços e desejos de mudança humanos deveriam ser direcionados para as coisas passíveis de serem controladas e não para aquelas alheias à vontade dos homens, tal qual a morte.

Dessa forma, o estoicismo passou a ser caracterizado como uma filosofia prática, que orientava os indivíduos a viverem em harmonia com a natureza e a razão, buscando a virtude como um bem maior.

Para os estoicos, a vida virtuosa seria aquela baseada no agir lógico, ético e sereno, capaz de enfrentar os desafios com resiliência por entendê-los como pertencentes a uma ordem natural das coisas.

A abordagem, rigorosa e libertadora na mesma medida, faz com que o estoicismo seja uma ferramenta resgatada na modernidade para lidar com os novos desafios e contornos sociais, oportunizando a busca pelo equilíbrio mesmo em cenários turbulentos.


Continue a sua jornada por aqui: baixe gratuitamente o eBook “Estoicismo no Século 21: É Possível Ser Estoico Hoje?” e tenha esse conhecimento sempre à mão!

Banner jornada da filosofia 'É Possível Ser Estoico hoje?'




O que é agir com estoicismo nos dias atuais?

A pergunta "é possível praticar o estoicismo nos dias atuais?" depende essencialmente da compreensão do que é o agir estoico nesse novo contexto.

Em meio à Era da Informação, aos dados gerados em velocidade exponencial, às demandas por performance e resultado e ao excesso de estímulos, o estoicismo apresenta uma bússola mental, que cultiva a clareza e a resiliência emocional como forma de melhor viver e sobreviver a este cenário.

Trata-se de uma aplicação da abordagem que incentiva o foco àquilo que é controlável, como as ações e reações individuais, ao passo que pratica a compreensão serena daquilo que escapa ao domínio pessoal.

Homem segurando um guarda-chuva, virado para parede com metas e planejamentos. Reflete a necessidade de entrega e resultado.
O estoicismo moderno incentiva uma leitura de mundo focada no controle do que se é controlável, ajudando a redefinir prioridades e a encontrar clareza em meio às exigências incessantes por desempenho e resultados.


Assim, no mundo contemporâneo, essas ideias podem se traduzir em práticas, como:

Gerenciar o tempo e a atenção Evitar dispersar energia com distrações ou preocupações improdutivas, dedicando-se ao que realmente importa, bem como ao autocuidado e auto escuta.
Reavaliar o conceito de sucesso Adotar uma perspectiva baseada na virtude e no progresso interno, afastando-se da busca contínua por uma validação externa ou padrões sociais inatingíveis.
Cultivar o autocontrole Responder às adversidades com calma e reflexão, resistindo aos impulsos imediatos ou a emoções exageradas, as quais podem comprometer o senso crítico e a tomada de decisão racional.
Praticar a gratidão e a perspectiva Reconhecer o valor das coisas e aprender a ressignificar os desafios como oportunidades de crescimento pessoal.



No cotidiano moderno, o estoicismo, uma filosofia para tempos de crise, continua emergindo como um consolo e como uma libertação de ilusões. Por isso, oferece uma base sólida para enfrentar crises pessoais ou profissionais, promovendo uma atitude resiliente frente a desafios inevitáveis.

Mauricio Marsola , professor de história e filosofia da Unifesp, contribui para a acepção do conceito, em um material produzido pela Casa do Saber:

“Para o estoicismo o mundo é um grande sistema composto de relações causais necessárias. É uma racionalidade plena, na qual todas as coisas concorrem para uma harmonia maior. A isso os estoicos chamam de logos (o que também pode ser compreendido como physis, ou Deus). Cabe a nós criarmos uma harmonia em nossa alma que reproduza a harmonia do cosmos”

Assista na íntegra:




3 livros para entender o estoicismo

Livros são uma excelente maneira de transportar as ideias filosóficas estoicas da Antiguidade para contemporaneidade, indicando um caminho para a prática da filosofia no cotidiano.

Nesse sentido, as obras selecionadas abaixo repercutem os princípios estoicos em seus diferentes tempos, além de apresentarem aplicações palpáveis do conceito e contextos históricos que ajudam na compreensão do pensamento filosófico em sua totalidade.

1) Diário estoico: 366 lições sobre sabedoria, perseverança e a arte de viver - Ryan Holiday e Stephen Hanselman

Uma das mais populares obras do movimento moderno de resgate ao estoicismo, o Diário Estoico propõe a leitura de 366 meditações baseadas em ensinamentos de grandes filósofos estoicos, como Sêneca, Marco Aurélio e Epicteto.

Seu objetivo é funcionar como um guia prático e acessível para quem deseja introduzir o agir estoico à sua rotina, cultivando a arte de viver bem. Para isso, Ryan Holiday e Stephen Hanselman instigam os leitores a expandir a compreensão do mundo e a experimentar novas maneiras de agir e pensar.

Encontrar o propósito da vida, lidar com perdas irreparáveis e o caminho para a felicidade verdadeira são apenas alguns dos tópicos abordados no texto.

Com os ensinamentos dos antigos estoicos, em uma metodologia meditativa a cada dia do ano, o livro proporciona uma reavaliação das percepções, atitudes e metas de vida.

2) Meditações - Marco Aurélio

Uma das mais influentes obras filosóficas de todos os tempos, Meditações transforma-se em uma janela direta para a mente de Marco Aurélio, o imperador romano conhecido como "imperador filósofo".

Escrito como um diário pessoal, o livro reúne reflexões sobre a busca pela virtude, a compreensão do universo e a arte de viver em harmonia com a natureza, mesmo em cenários inconstantes e desequilibrados.

Mesmo que inicialmente não tenha sido destinado à publicação, o texto se tornou um verdadeiro mantra para a prática estoica, atemporal e requisitada ao longo de várias décadas.

No projeto, Marco Aurélio menciona a necessidade da ponderação em meio às pressões, sobretudo aquelas relacionadas ao poder, assim como destaca os desafios do enfrentamento das incertezas e das dores inevitáveis da existência humana, priorizando a serenidade e o autocontrole.

As lições valiosas apresentadas, como a importância de aceitar o que não se pode controlar, focar no presente e viver de acordo com princípios éticos, têm sido incorporadas neste novo momento do estoicismo, guiando os adeptos a uma forma de praticar a filosofia de forma flexível e adaptada.




3) Sobre a Brevidade da Vida (De Brevitate Vitae) – Sêneca

Escrita por outro grande pensador estoico, esta obra concisa, mas profundamente impactante, aborda um dos temas centrais para o estoicismo: a natureza do tempo e as armadilhas de uma vida perpassada pelo negligenciamento.

Para Sêneca, a duração da vida importa à medida que escolhemos como iremos vivê-la. Ou seja, ele convida o leitor a refletir sobre a urgência do cultivo da totalidade interior, contrastando os valores culturais modernos guiados pela prosperidade material e pela produtividade incessante.

Argumenta ser o tempo o bem mais precioso existente, embora seja frequentemente tratado como infinito. Assim, o filósofo critica, sobretudo, a tendência humana de procrastinar, acumular riquezas sem propósito e buscar validação externa, ao invés de focar no desenvolvimento interno e nas relações significativas.

“A vida que recebemos não é curta, mas a tornamos desse modo; tampouco a temos de sobra, mas a desperdiçamos” - Sêneca


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4 cursos para aprender de forma rápida sobre o estoicismo

Os cursos são outra excelente oportunidade para mergulhar mais profundamente nos conceitos do estoicismo, a partir da orientação de especialistas que conectam essa filosofia ao mundo contemporâneo, entendendo como e onde aplicá-la. Veja três cursos recomendados para esse propósito:

  1. Aprender a Viver: Como a Sabedoria Pode Ser o Caminho para uma Vida Melhor

    Este curso explora como a sabedoria filosófica pode transformar o cotidiano. Para isso, oferece uma visão geral sobre as escolas filosóficas, com destaque para os estoicos, mostrando como seus ensinamentos podem ajudar a superar os desafios da vida moderna, como o tédio e a banalidade. “Como a sabedoria pode ser o caminho para uma vida melhor? Como aprender a viver e superar o tédio e a banalidade da vida cotidiana?”, essas são algumas das perguntas que a ementa do texto se dedica a responder.

  2. A Filosofia Como Forma de Vida: Estoicos, Epicuristas e Cínicos

    Focado na relação entre filosofia e prática de vida, este curso apresenta Sócrates e escolas como o Estoicismo, o Epicurismo e o Cinismo, refletindo sobre suas diferentes concepções de mundo e suas consequentes formas de vida. O curso explora, principalmente, como os pensadores dessas escolas propunham exercícios espirituais e uma arte de viver, conceitos que permanecem relevantes nos dias de hoje.

  3. Jornada da Filosofia: Vida e Morte no Ocidente

    Com uma abordagem interdisciplinar, este curso examina como o pensamento ocidental lida com a finitude humana. Ele conecta as raízes filosóficas do estoicismo com questões psicológicas e políticas, oferecendo uma compreensão mais ampla sobre como viver e morrer com significado e serenidade.

  4. Trilha da Filosofia | 2ª Temporada

    Esta série propõe uma jornada que aborda, de maneira introdutória, alguns dos principais pensadores, temas e conceitos da história do pensamento filosófico. Com a orientação dos professores Franklin Leopoldo e Silva e Oswaldo Giacoia Junior, o curso esclarece questões fundamentais para o aprendizado da filosofia. Como é o caso do pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.) e Santo Agostinho (354-430), do estoicismo e epicurismo do período helenístico. O curso também inclui temas como a Teoria do Justo Meio, os conceitos de Transcendência e Imanência, e a questão do espírito como a fonte principal de todo conhecimento, assim como Deus como fundamento radical do conhecimento.

Explore essas leituras e cursos para aprofundar seu conhecimento sobre o estoicismo e aprender a como praticar essa filosofia em sua vida cotidiana!

A plataforma Casa do Saber + tem uma categoria de cursos inteiramente dedicada ao estudo da filosofia, desde a antiguidade até os dias atuais. Acesse para assistir a todos os cursos indicados acima e muito mais.

Conclusão:

Ao final da leitura, devemos nos perguntar: é então possível praticar o estoicismo nos dias de hoje ou estamos condicionados a sucumbir às pressões de uma sociedade que prioriza o imediatismo e o materialismo?

Ou ainda, é realmente viável pensar em uma filosofia de práxis individual em meio a um sistema com falhas estruturais?

A resposta depende do ponto de vista a ser abordado, compreendendo que as filosofias apontam não para a solução absoluta de todos os dilemas humanos, mas para caminhos que auxiliam na reflexão, no enfrentamento das adversidades e na busca por uma vida mais alinhada aos próprios valores.

O estoicismo, nesse sentido, se destaca como uma prática acessível e adaptável ao cotidiano moderno, reconhecido por promover a resiliência individual diante das incertezas externas.

Embora seja interessante reconhecermos as limitações impostas pelo contexto social, destaca-se que o estoicismo também desafia o indivíduo a agir com virtude e propósito, independentemente das circunstâncias.

Em última análise, o estoicismo oferece um convite para olharmos mais profundamente para nós mesmos e para as circunstâncias à nossa volta.

Assim, mais do que uma resposta definitiva, essa escola filosófica antiga nos faz refletir sobre como podemos moldar nossas escolhas e atitudes para encontrar significado em meio ao caos.




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Referências

¹SANTOS, Kleys Jesuvina dos. A influência do estoicismo na filosofia de Foucault. Kinesis, Marília, v. 11, n. 28. 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/9140. Acesso em: 25 set. 2024.


GAZOLLA, Rachel. Representação compreensiva: critério de verdade e virtude no Estoicismo Antigo. Revista da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, v. 19, n. 2, 2006. Disponível em: https://www-periodicos-capes-gov-br.ez40.periodicos.capes.gov.br/index.php/acervo/buscador.html?task=detalhes&source=&id=W1511359753. Acesso em: 25 set. 2024.

Artes, Literatura e História
Expressionismo: Características, obras, O Grito, Van Gogh, artistas
Xavana Celesnah
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Expressionismo: Características, obras, O Grito, Van Gogh, artistas
Expressionismo alemão:arte anterior à I Guerra Mundial, principais obras, cinema, expressionismo abstrato, o que é a arte expressionista, artistas.

O expressionismo foi um movimento artístico que surgiu na Alemanha, no ano de 1905, como uma reação à proposta estética do impressionismo, que buscava realizar uma arte baseada em estudos de óptica, retratando a luminosidade e as imagens da maneira como as vemos. Ao contrário do impressionismo, o expressionismo procurava realizar uma arte onde a emoção do artista tivesse mais espaço do que a técnica.

Expressionismo: Obras, Características e 3 Cursos Para Você Entender Tudo sobre a Vanguarda Modernista

A expressão dos pintores, seus sentimentos e sua visão de mundo importavam mais do que o realismo para essa vanguarda modernista. A obra O Grito (1893), do norueguês Edvard Munch, é precursora do expressionismo e traz muitas de suas características, como a deformação das figuras e a temática pessimista. O movimento não ficou restrito à pintura, mas também se manifestou na literatura, no cinema, na arquitetura e na fotografia.

Neste artigo, vamos mostrar como surgiu a arte expressionista, seus principais artistas e cursos para você aprofundar seus conhecimentos na Arte Moderna. O artigo passará pelos seguintes conteúdos:



O que é Expressionismo?

O expressionismo foi um movimento artístico que emergiu no início do século XX, com origem na Alemanha, que valorizava a visão particular de mundo de cada artista, bem como suas emoções íntimas. O movimento refletia um mundo em crise, marcado pela Revolução Industrial, pela urbanização crescente e por tensões sociais e políticas intensas.

Os artistas distorciam formas, cores e perspectivas para expressar sentimentos profundos de angústia, sofrimento e desespero, em vez de retratar a realidade de maneira fiel. Em contraste com estilos artísticos anteriores, como o impressionismo, que se concentrava na representação objetiva e realista do mundo, os expressionistas buscaram transmitir a subjetividade e as turbulências internas do indivíduo.

Grandes nomes do expressionismo, como Edvard Munch e Egon Schiele, usaram essas distorções para capturar as intensas emoções humanas e o impacto psicológico das mudanças da sociedade moderna. O expressionismo é considerado uma das primeiras vanguardas históricas, ao lado do fauvismo francês. As vanguardas europeias da arte modernista foram um conjunto de movimentos artísticos que surgiram entre o início do século XX, antes da Primeira Guerra Mundial até o final da Segunda Guerra Mundial

Esses movimentos desafiavam as convenções estéticas tradicionais e traziam novas formas de expressão, abordando questões psicológicas, existenciais e sociais de maneira inovadora e muitas vezes perturbadora. Surgia uma nova era na arte ocidental com a mudança da mentalidade acerca do que faz um trabalho artístico uma obra de arte.

Como surgiu o Expressionismo?

O expressionismo surgiu em uma Alemanha imersa em uma profunda crise, cujas tensões sociais e políticas acabariam por culminar na eclosão da Primeira Guerra Mundial. As consequências da Revolução Industrial, o crescimento das áreas urbanas e os conflitos políticos criaram um cenário de angústia que se refletiu na arte expressionista.

Os artistas expressionistas reagiram a esse ambiente com uma paleta cromática agressiva, utilizando cores intensas e contrastantes para transmitir suas emoções internas. As temáticas centrais do movimento incluem a solidão, o sofrimento e a miséria, refletindo a crise existencial vivida pela sociedade.

O pintor norueguês Edvard Munch, com obras como O Grito (1893), tornou-se um ícone do expressionismo, retratando o desespero e a incomunicação humanas em um cenário de opressão psicológica. Seu trabalho, marcado por uma forte carga emocional e uma paleta de cores intensas, foi uma das principais inspirações para o movimento.

Além de Munch, outros artistas, como o francês Paul Cézanne, cujas experimentações com a desfragmentação da realidade e os pós-impressionistas Vincent van Gogh e Paul Gauguin, também foram precursores do expressionismo, trazendo à tona uma ênfase na subjetividade, na distorção das formas e na expressão de emoções profundas.

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O Expressionismo Alemão na Pintura

O movimento expressionista teve início em 1905, com a formação do grupo Die Brücke (A Ponte), fundado em Dresden por artistas como Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff e Erich Heckel. Este grupo se propôs a romper com as tradições artísticas acadêmicas e buscar uma expressão mais direta e emocional da realidade. Influenciados por movimentos como o pós-impressionismo e o primitivismo, os membros do Die Brücke usaram cores intensas e distorções nas formas para retratar temas como a angústia e o sofrimento causados pelas transformações sociais e culturais da época. A arte expressionista visava, assim, representar a subjetividade humana e os sentimentos conflitantes do indivíduo. O fazer artístico estava se transformando, bem como o perfil do consumo da arte.

Em 1911, o termo "expressionismo" foi formalmente associado ao movimento pela primeira vez ao ser escrito na revista Der Sturm (A Tempestade), uma das mais importantes publicações da vanguarda alemã. Ao mesmo tempo, o movimento se expandiu com a formação do grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), em Munique, composto por artistas como Wassily Kandinsky e Franz Marc. Embora ambos os grupos compartilhassem a ideia de distorcer a realidade e explorar a subjetividade, o Der Blaue Reiter adotou uma abordagem mais espiritual, buscando expressar realidades metafísicas por meio da arte.

O Nazismo contra o Expressionismo

O regime nazista teve um impacto devastador sobre a arte expressionista, considerando-a "degenerada" e incompatível com seus valores nacionalistas e tradicionais. O movimento de censura do nazismo visava eliminar formas de arte modernas, como o expressionismo, o cubismo e o futurismo, que eram vistas como antinacionais e subversivas. Em 1937, os nazistas organizaram a Exposição de Arte Degenerada em Munique, onde obras de artistas como Ernst Ludwig Kirchner, foram expostas de forma grotesca, sendo ridicularizadas como expressão da loucura e usadas como exemplo do que o regime considerava corrompido. Muitas dessas obras foram retiradas de museus, destruídas ou vendidas a colecionadores estrangeiros, enquanto outras foram armazenadas fora do alcance do público.

O regime nazista tentou eliminar o expressionismo da cena artística alemã e ainda associou esse movimento ao comunismo e o rotulou de imoral e subversivo. Em 1937, cerca de 16.500 obras de arte foram confiscadas, incluindo trabalhos de artistas renomados como Van Gogh, Pablo Picasso e Matisse, muitas das quais foram vendidas em leilões ou destruídas, resultando em um prejuízo irreparável para a arte alemã e mundial.

3 Cursos Para Você Entender tudo sobre Arte Moderna

Para você que deseja entender profundamente o que é a arte, o que é Arte Moderna e, consequentemente, o movimento Expressionista, listamos três cursos essenciais da Casa do Saber que vão te fornecer uma visão mais abrangente sobre esses temas. São eles:

  1. A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock
  2. Introdução à História da Arte
  3. O que é Arte?



A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock

O curso "A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock" oferece uma análise profunda das transformações que ocorreram na arte moderna entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX.

Através das obras e vidas de artistas icônicos como Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock, o curso revela como a arte moderna rompeu com as convenções estéticas anteriores e aborda o impacto desse movimento nas instituições, na crítica de arte e no mercado.

O curso é ministrado pelo doutor em História da Arte pela Unicamp e pesquisador de pós-doutorado no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP), Felipe Martinez. Com vasta experiência acadêmica e profissional, Felipe Martinez é especialista na obra de Van Gogh e tem atuação em instituições renomadas, como o MASP e o MAM de São Paulo. Confira a seguir uma prévia do curso:

Thumb curso 'A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock' com Felipe Martinez


Introdução à História da Arte

O curso "Introdução à História da Arte" oferece uma visão abrangente dos principais marcos e transformações na arte ocidental, desde o Renascimento até a arte moderna e contemporânea. Ministrado pelo doutor em História da Arte pela Unicamp e pesquisador da USP (MAC-USP), Felipe Martinez, o curso mostra como nossos conceitos de beleza e arte são construídos a partir do contexto histórico.

As aulas cobrem uma vasta gama de movimentos e artistas, como Michelangelo, Caravaggio, Monet, Degas, Van Gogh e Matisse, além de discutir as influências estéticas, técnicas e sociais que formaram cada período. A arte moderna e as vanguardas europeias fazem parte do conteúdo do curso e você pode conferir um pouco das aulas dando play no vídeo abaixo:

Thumb curso 'Introdução à História da Arte' com Felipe Martinez


O que é Arte?

O curso "O Que é Arte?" busca responder a essa pergunta, que permanece relevante e aberta a diversas interpretações. Através de uma abordagem crítica, o pesquisador Felipe Martinez investiga a arte a partir de seus diferentes sentidos, funções e efeitos, analisando como ela se conecta com a sociedade e provoca reflexões. As aulas envolvem obras e autores de períodos clássicos, modernos e contemporâneos, oferecendo novas formas de compreender e questionar o papel da arte em nosso mundo. Assista abaixo um trecho de uma das aulas para se familiarizar com o conhecimento compartilhado:

Thumb curso 'O que é arte?' com Felipe Martinez


Quais são as Características do Expressionismo?

Influenciado pelo gótico alemão, o movimento expressionista é caracterizado pela distorção das formas, uso de cores intensas para refletir emoções, e ênfase no impacto psicológico sobre a realidade objetiva. O expressionismo também se concentra no isolamento urbano, alienação e solidão do indivíduo, além de usar linhas dramáticas e angulares para aumentar a tensão emocional. Embora tenha sido um movimento heterogêneo, com grupos e artistas apresentando grandes diferenças estilísticas e temáticas, sua influência se estendeu por várias décadas, até a Segunda Guerra Mundial, e alcançou outros países além da Alemanha.

Principais características do expressionismo:

  • Distorção das formas para expressar emoções, não a realidade
  • Uso de cores vibrantes e intensificadas
  • Foco nas emoções e tensões interiores, não na objetividade
  • Representação de cenas urbanas e do isolamento
  • Linhas dramáticas e angulares para aumentar a intensidade emocional
  • Impacto psicológico mais importante que a beleza visual
  • Diversidade estilística e temática entre os grupos e artistas



Principais Artistas do Expressionismo

Abaixo, apresentamos uma tabela com alguns dos principais artistas do movimento expressionista, suas características e obras mais representativas. Além disso, incluímos artistas do pós-impressionismo, cujas obras influenciaram diretamente o surgimento e o desenvolvimento do expressionismo. Confira:

PINTORES EXPRESSIONISTAS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS OBRAS
Edvard Munch Conhecido por expressar emoções de angústia e ansiedade, especialmente a solidão humana O Grito (1893)
Egon Schiele Famoso por suas representações distorcidas do corpo humano, explorando temas de desejo e morte Retrato de Wally (1912)
Ernst Ludwig Kirchner Membro do grupo Die Brücke, seus trabalhos eram caracterizados por distorções de figuras e cores vibrantes Autorretrato com Modelos (1910)
Wassily Kandinsky Pioneiro da arte abstrata, ele acreditava que a arte deveria expressar a espiritualidade e a emoção Composição VII (1913)



Pintura Expressionista

Aqui estão algumas das principais obras expressionistas, que exemplificam a distorção da realidade e a ênfase nas emoções, tão características do expressionismo:

O Grito (1893) | Edvard Munch

Quadro 'O Grito' de Edvard Munch, pintado em 1893. Retrata, de forma distorcida, uma pessoa gritando em cima de uma ponte, com expressão de aflição.
O Grito, Edvard Munch. 1893. Têmpera e pastel oleoso sobre cartão, 91 x 73,5 cm. Galeria Nacional de Oslo, Noruega.


O Grito é uma das obras mais icônicas do expressionismo, capturando a angústia e o desespero humano. A distorção da figura e a explosão de cores vibrantes transmitem a sensação de uma crise emocional profunda.

Mulher Sentada com Joelhos Dobrados (1917) | Egon Schiele

Quadro 'Mulher Sentada com Joelhos Dobrados' de Egon Schiele, pintado em 1917. Retrata uma mulher sentada, com as pernas abertas, encostando a cabeça em um dos joelhos dobrados.
Mulher Sentada com Joelhos Dobrados, Egon Schiele, 1917. Guache, aquarela e giz de cera preto sobre papel. Galeria Nacional de Praga, Praga.


Mulher Sentada com Joelhos Dobrados é uma das imagens mais conhecidas de Schiele e revela uma mulher representada de uma maneira que destoava completamente dos padrões convencionais da arte da época. Ele mistura um ângulo nada convencional com uma estética erótica.

Composição VII(1913) | Wassily Kandinsky

Quadro 'Composição VII' de Wassily Kandinsky, pintado em 1913. É uma pintura abstrata, de traços fortes e marcantes, com uso de cores intensas e contrastantes.
Composição VII, Wassily Kandinsky, 1913. Óleo sobre tela, 200,6 cm x 302,2 cm. Galeria Tretyakov , Moscou.


Kandinsky foi um dos primeiros artistas a criar a arte abstrata. "Composição VII" é uma obra caótica, com cores vibrantes. O quadro não faz uma representação figurativa da realidade e traz uma composição complexa que cria novos caminhos e possibilidades para a arte modernista.

O Expressionismo no Brasil

O Expressionismo no Brasil, embora não tenha se consolidado como um movimento dominante, surgiu no início do século XX influenciado pelas inovações da vanguarda europeia e deixou uma marca significativa nas artes, especialmente na pintura. Artistas como Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti e Anita Malfatti buscaram transmitir emoções intensas e subjetivas por meio da distorção das formas, cores fortes e contrastantes, além de uma representação mais psicológica e emocional do ser humano. Obras como Retirantes e Guerra, de Portinari, exemplificam a busca por representar o sofrimento e as tensões sociais, refletindo as angústias de sua época.

Quadro 'Retirantes' de Cândido Portinari, pintado em 1944. Mostra uma família de camponeses em fuga, com rostos expressando sofrimento e fadiga, em uma composição de cores fortes que transmite a dor e a luta das dificuldades sociais.
Retirantes, Cândido Portinari, 1944. Óleo sobre tela, 190 cm x 180 cm. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (SP)


Impacto e Legado do Expressionismo

O expressionismo, embora inicialmente rejeitado, desempenhou um papel fundamental na reconfiguração da arte moderna, abrindo caminho para movimentos como o surrealismo e a arte abstrata. Sua ênfase na distorção das formas e na representação do mundo interior desafiou as convenções estéticas da época e transformou a concepção da arte de uma mera representação da realidade externa para uma expressão profunda das experiências humanas. O legado do expressionismo, com suas inovações e reflexões sobre a condição humana, continua a influenciar as artes visuais e outras formas criativas até os dias de hoje. Além disso, o movimento também deixou uma marca significativa no cinema, especialmente nos gêneros de horror e suspense.

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Perguntas Frequentes sobre Expressionismo

O que é o expressionismo?

O expressionismo é um movimento artístico que começou no início do século XX, focado na expressão das emoções do artista através da distorção de formas e do uso intensivo de cores vibrantes.

Quais são as principais características do expressionismo?

As características do expressionismo incluem distorção das formas para expressar emoções, uso de cores intensas e vibrantes, e a exploração de temas como alienação, angústia e a tensão interior do ser humano.

Referências:

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termos/80046-expressionismo

Impressionismo: Obras, Características, Claude Monet, Pinturas
Xavana Celesnah
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Impressionismo: Obras, Características, Claude Monet, Pinturas
Impressionismo: Movimento artístico, obras de Monet, Degas, Renoir, estilo impressionista, pinceladas rápidas e captura de momentos

Impressionismo: O que é, Características, Principais Artistas

O impressionismo foi um divisor de águas na arte do mundo ocidental do final do século XIX. Os artistas que criaram esse movimento na França estavam insatisfeitos com as limitações impostas pela academia, que definia quais deveriam ser os temas das obras de arte, bem como as cores utilizadas e a técnica aplicada. Até mesmo o local onde os artistas produziriam suas telas era imposto: tinha que ser no atelier.

Os impressionistas bateram de frente com esses “dogmas” acadêmicos e foram em busca da liberdade criativa. Nomes como Claude Monet e Pierre-Auguste Renoir estudaram a fundo as cores e a luminosidade, percebendo que os contornos nítidos das pinturas feitas até ali não condiziam com a realidade. Assim, criaram pinturas com pinceladas mais soltas, abandonando a nitidez e criando efeitos visuais inovadores a partir da indefinição dos contornos e do uso de cores variadas, inclusive nas sombras. Inicialmente, o movimento foi depreciado pela crítica, mas logo as pessoas passariam a compreender a proposta impressionista que marcou um ponto de virada na História da Arte.

Como surgiu a Pintura Impressionista?

O impressionismo nasceu na segunda metade do século XIX, na França. O contexto histórico da época foi marcado pelas consequências da Revolução Francesa do final do século XVIII, que tinha promovido uma verdadeira ruptura com a tradição. A quebra de paradigmas sociais abriu espaço para os artistas questionarem também os preceitos das Escolas de Belas Artes.

A primeira metade do século havia sido marcada pela volta ao clássico, com o neoclassicismo. Esse movimento iria conviver com o romantismo, expressão artística que, dentre outras características, se voltou bastante para a natureza, com o desenvolvimento de muitas pinturas de paisagens. É nesse cenário que surge o impressionismo.

Os artistas não estavam mais interessados em pintar temas históricos ou mitológicos. Agora, havia um interesse maior pelas cenas do cotidiano, que não estavam entre os grandes temas acadêmicos. Aliás, chocar a burguesia a partir da escolha de novos temas e do uso de técnicas diferenciadas acabou virando uma espécie de desejo dos jovens artistas da época, que se consideravam uma espécie de classe à parte da sociedade.

É nesse momento que entra em jogo a representação da realidade e os artistas do impressionismo ousaram ao inventar novas soluções criativas que desafiavam as convenções artísticas da época. O maior interesse da pintura impressionista era capturar a luz e o movimento, da maneira como os vemos, com toda a sua fugacidade. Assim, os artistas passaram a pintar ao ar livre e criaram novas imagens, voltadas para temas do cotidiano, onde realizavam seus estudos de cor, luz e movimento. Com suas pinturas, questionam os contornos bem delineados da pintura feita nos ateliês, pois percebem que na natureza, ao ser observada ao ar livre, não existiam essas linhas tão definidas.

As pinceladas desmembradas, a mistura de cores vibrantes e as novas concepções a respeito da representação do mundo fizeram com que o impressionismo influenciasse todas as futuras expressões da arte moderna. A ideia era confiar nos próprios olhos e não mais seguir as receitas prontas dadas pela academia sobre o que é a arte.

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A primeira exposição Impressionista

A Academia de Belas Artes, que organizava a curadoria do tradicional Salão Oficial de Paris, no ano de 1874, recusou obras de diversos artistas. Foi assim que aconteceu o Salão dos Recusados. No dia 15 de abril deste mesmo ano, cerca de 30 artistas que não haviam sido selecionados para a mostra oficial, dentre eles Claude Monet, Edgar Degas, Pierre-Auguste Renoir, Édouard Manet, Berthe Morisot e Paul Cézanne resolvem expor no atelier do fotógrafo Félix Nadar.

É quando Monet expõe o seu quadro Impressão: Nascer do Sol que causa bastante polêmica. Era uma pintura rápida, quase um esboço, cujo objetivo era captar as impressões daquele momento. Tornou-se a pintura mais marcante do impressionismo e foi justamente a ela que um crítico de arte se referiu ao desqualificar as obras da exposição. No livro A História da Arte, do historiador Ernst Gombrich, uma crítica ao movimento foi transcrita:

“A Rua Le Peletier é uma sucessão de desastres. Após o incêndio na Ópera, temos agora uma outra catástrofe. Acaba de ser lançada uma exposição na Durand-Ruel que supostamente contém pinturas.

Entro, e meus olhos horrorizados são assombrados por uma visão terrível. Cinco ou seis lunáticos, entre eles uma mulher, reuniram-se para expor suas obras. Vi gente chorando de rir diante das telas, mas meu coração verteu sangue quando as vi. Esses pretensos artistas autointitulam-se revolucionários, “impressionistas”. Pegam um pedaço de tela, tinta e pincel, besutam-na com manchas aleatórias e assinam seu nome. É uma ilusão como se internos de um hospício pegassem algumas pedras na rua e julgassem ter encontrado diamantes.”

(Nota publicada em uma revista humorística semanal em 1876)

Quadro 'Impressão: Sol Nascente' de Claude Monet, pintado em 1872. Retrata uma cena ao amanhecer, com sol laranja brilhante refletindo na água, cercado por barcos e uma névoa suave, utilizando pinceladas soltas e cores vibrantes.
Impressão: Sol Nascente, Claude Monet. 1872. Óleo sobre tela, 48X63 cm. Museu Marmottan, Paris.


Apesar da crítica pejorativa, os artistas acabam adotando o termo para se autodenominarem. E assim como aconteceu com outros movimentos, como o cubismo e o barroco, o impressionismo foi batizado a partir de um comentário negativo.

A pintura impressionista estava interessada no instante, no momento imediato que pode ser captado pelo olhar sensível. Os artistas deste movimento tinham uma percepção fenomenológica da realidade, eles não estavam preocupados com o que pensamos ser a realidade, mas sim em como ela aparece diante dos nossos olhos.

Por isso, eles são considerados revolucionários na arte. Foram os primeiros a perceber a mistura das cores na natureza e a pintá-las. A questão do movimento também foi essencial para os pintores. Eles mostraram o movimento a partir de uma nova perspectiva: focavam em um único acontecimento da cena e o restante aparecia de forma desfocada, como um amontoado de formas indefinidas. Isso tudo demonstra o interesse desses artistas pelo estudo de óptica. Possivelmente, o surgimento da fotografia no início do século XIX contribuiu para as novas concepções desses artistas a respeito da captação da realidade a partir dos nossos olhos.

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Quais são as características do Impressionismo?

O movimento impressionista ficou marcado por suas inovações técnicas e ideológicas. Os artistas do movimento se inspiraram em cenas do dia a dia, observando paisagens, pessoas e atividades sociais, como danças e festividades.

Ao invés de produzir imagens que traziam os tradicionais temas históricos ou mitológicos, as obras impressionistas mostravam momentos efêmeros, como encontros de pessoas em tardes ensolaradas. Dentre as principais características do movimento, destacam-se:

  • A inovação nas pinceladas: os artistas pintam de uma forma diferente, fazendo pinceladas mais curtas e livres na tela. Assim, criam uma sensação de movimento e uma maior dinâmica de cores, que deixam de ser estáticas e frias.
  • Abandono dos Contornos Nítidos: os contornos das obras impressionistas são propositalmente indefinidos, sugerindo as formas, em vez de criar delineados.
  • Uso de cores vibrantes: as cores dos impressionistas se misturam e são aplicadas muitas vezes diretamente na tela. Isso porque os artistas pintavam o efêmero e não tinham mais tempo para realizar uma minuciosa mistura de cores. A ideia agora era captar o instante.
  • Pintura ao ar livre: influenciados por Monet, que era um grande defensor da pintura ao ar livre, os impressionistas saem dos ateliês para observarem as cenas in loco.
  • Estudo da luz: a luz natural estava entre os temas centrais para os impressionistas. Em todas as composições, o elemento da luminosidade era central. A partir do estudo da luz, os artistas criaram obras com uma nova percepção das cores. Isso se refletiria, inclusive, nas sombras que ganharam nuances e deixaram de ser um reflexo amorfo e uniforme.
  • Momentos Efêmeros: o artista agora estava pela primeira vez tendo a liberdade de escolher os seus temas. Não precisava mais fazer uma pintura oficial. Dessa maneira, tudo poderia ser fonte de inspiração, como o nascer do sol ou um passeio de barco.
  • Representação do Movimento: no impressionismo, o movimento ganha um novo brilho. As cenas não parecem estáticas, pois com o uso das novas técnicas, os artistas conseguem capturar o instante de uma maneira mais dinâmica.

Principais Artistas do Impressionismo

Aqui está uma pequena tabela com os principais pintores do movimento impressionista.

Pintores Impressionistas Características Principais Obras
Claude Monet Foi o primeiro grande nome da pintura impressionista. A partir do quadro dele intitulado Impressão: Nascer do Sol, o movimento foi nomeado. Teve influência da arte japonesa e chegou a cultivar um jardim aquático japonês. - Impressão: Nascer do Sol (1872)

- Mulher com sombrinha (1875)
Pierre-Auguste Renoir Conhecido pelo seu estudo da luz, o pintor ficou famoso por pintar pessoas banhadas em uma luminosidade vibrante, preferencialmente em cenas ao ar livre. - O Baile no Moulin de la Galette (1876)

- O Almoço dos Barqueiros (1881)
Edgar Degas Consagrado por suas pinturas de balé clássico, Degas costumava frequentar os teatros para criar suas composições. - Sala de Ensaio do Balé no Teatro da Ópera (1872)

- Bailarinas no Palco (1879)
Edouard Manet Trouxe cenas do cotidiano para a pintura, abordando a nudez de forma crua e não idealizada. Trabalha muito bem o jogo de luz e sombras. - O Almoço na Relva (1863)

- Claude Monet pintando no seu barco-ateliê (1874)
Camille Pissarro Destaca-se pela captura da vida cotidiana e das paisagens, utilizando uma técnica de pinceladas rápidas e uma paleta rica em luz, que transmite os efeitos das mudanças sazonais e da luz natural. - O Boulevard Montmartre em uma Manhã de Inverno (1897)

- Praça do Teatro Francês (1898)
Berthe Morisot Uma das poucas mulheres do movimento, suas obras exploram a vida privada das mulheres, além de uma abordagem intimista e emocional que captura momentos efêmeros do cotidiano. - O Berço (1872)

- Mulher Jovem Tricotando (1885)


Principais Obras Representativas do Impressionismo

Confira a seguir algumas das principais obras impressionistas, além da já citada Impressão: Nascer do Sol, de Monet.

Mulher com Sombrinha (1875) | Claude Monet

Uma mulher elegante, vestida com um vestido claro é vista ao lado de um menino enquanto segura uma sombrinha em um dia ensolarado. Ela está em um campo florido, cercada por uma paisagem verdejante. A luz suave e difusa cria sombras delicadas e destaca os detalhes do vestido, transmitindo uma sensação de movimento e leveza, típica da estética impressionista.
Mulher com Sombrinha, Claude Monet. 1875. Óleo sobre Tela, 100 x 81cm. National Gallery of Art em Washington, Estados Unidos.


O Almoço dos Remadores (1880) | Pierre-Auguste Renoir

Um grupo de pessoas realiza uma celebração da vida social e o pintor capta a alegria e a luz do verão. As figuras estão em poses descontraídas, conversando e rindo, enquanto bebidas e pratos estão sobre a mesa.
O Almoço dos Remadores, Auguste Renoir, 1880. Óleo sobre tela, 130x173cm. The Phillips Collection, Washington, EUA.


Bailarina Balançando (1879) | Edgar Degas

Retrata uma cena das bailarinas dançando durante um espetáculo, destacando o movimento e o figurino.
Bailarina balançando (bailarina verde), Edgar Degas, 1879. Pastel e guache sobre papel, 64x36cm. Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid.


Boulevard Montmartre, Manhã, Tempo Nublado (1897) | Camille Pissarro

Uma cena urbana retrata o Boulevard Montmartre em um dia nublado, com pessoas caminhando nas calçadas e carruagens na rua. Edifícios históricos cercam a área, e a paleta de cores suaves, com tons de cinza e marrom, reflete a atmosfera melancólica do clima. Pissarro utiliza pinceladas soltas para capturar a vida cotidiana e a luz difusa, criando uma sensação de movimento e dinamismo na cena.
Boulevard Montmartre, Manhã, Tempo Nublado, Camille Pissarro, 1897. Óleo sobre tela, 73 x 92 cm. National Gallery of Victoria, NGV. Melbourne , Victoria , Austrália.



O Berço (1872) | Berthe Morisot

Um delicado retrato da maternidade, com uma mulher diante do berço observando um bebê, refletindo um momento cotidiano da vida feminina.
O Berço, Camille Pissarro, 1872. Óleo sobre tela, 46 x 56 cm. Museu de Orsay, Paris, França.


Entenda o que Transforma um Trabalho Artístico em uma Obra de Arte

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Quais elementos transformam um trabalho artístico em uma verdadeira obra de arte? O que faz com que o sucesso de uma criação perdure ao longo dos séculos? E, afinal, o que torna uma obra de arte genial?

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Impacto e Legado do Impressionismo

O movimento impressionista revolucionou a arte do final do século XIX, abrindo espaço para uma nova forma de ver e representar o mundo. O pintor Claude Monet, que foi um dos pioneiros do movimento, mostrou a importância da captura da luz in loco. Além disso, a abordagem inovadora da pintura impressionista teve influência das gravuras japonesas. Foi dessa arte oriental que os artistas beberam para elaborar composições sem uma perspectiva central e com enquadramentos diferentes do habitual. Inclusive, o próprio Monet cultivava um jardim aquático de inspiração japonesa, de onde tirou a inspiração para pintar a série de quadros da sua ponte japonesa.

Quadro 'Ponte sobre um lago de nenúfares' de Claude Monet, pintado em 1899. A obra apresenta uma ponte curva sobre um lago repleto de nenúfares, com reflexos vibrantes na água e uma rica paleta de verdes.
Ponte sobre um lago de nenúfares, 1899, Claude Monet. 1872. Óleo sobre tela, 92,7 x 73,7 cm. Coleção HO Havemeyer, legado da Sra. HO Havemeyer, 1929


Monet e seus contemporâneos perceberam que a natureza não era apenas um objeto a ser retratado, mas uma experiência a ser vivida e transmitida. Ao adotar uma abordagem mais subjetiva, os impressionistas estabeleceram as bases para a Arte Moderna, permitindo que os artistas explorassem novas formas e técnicas que ainda não haviam sido concebidas. O uso de pinceladas curtas e rápidas, que parecem caóticas de perto, revela, ao serem observadas à distância, uma harmonia e vitalidade que desafia a percepção tradicional.

A resistência inicial ao Impressionismo foi significativa, com muitos críticos e o público não compreendendo imediatamente a proposta dos artistas. Era necessário um novo olhar, uma nova maneira de ver a arte. Essa necessidade de distância física para que a obra "ganhasse vida" demonstra a ruptura com as expectativas anteriores. Contudo, com o passar do tempo, o Impressionismo foi ganhando espaço e respeito, e artistas como Monet e Renoir alcançaram fama e reconhecimento em vida, consolidando seu legado em importantes coleções públicas.

Além disso, o Impressionismo preparou o terreno para movimentos subsequentes, como o Pós-Impressionismo e o Modernismo. Artistas como Paul Cézanne e Vincent van Gogh, que foram influenciados pelos impressionistas, continuaram a explorar novas formas de expressão, cada um à sua maneira. O pontilhismo, uma técnica desenvolvida no Pós-Impressionismo, exemplifica a evolução da experiência estética proposta pelos impressionistas.

O Impressionismo iniciou uma nova forma de perceber e representar o mundo, mas continuou querendo representá-lo. As transformações estéticas revolucionaram o fazer artístico, mas os artistas continuavam buscando ilustrar a realidade. A arte impressionista abriu caminhos para a inovação criativa que, posteriormente, iria se manifestar nas vanguardas europeias.

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Perguntas Frequentes sobre Impressionismo

O que é Impressionismo?
O Impressionismo é um movimento artístico que surgiu no final do século XIX, na França. É caracterizado pela captura da luz e do movimento através de pinceladas soltas e cores vivas.

Quais são as principais características do Impressionismo?
As características do movimento incluem o abandono dos contornos nítidos e o uso de pinceladas aleatórias, o uso de cores puras, a observação da natureza e a captura da luz do instante observado. Além disso, os artistas buscavam representar cenas simples do cotidiano.

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Referências:

https://www.marmottan.fr/en/

https://mam.org.br/

https://www.musee-orsay.fr/en

GOMBRICH, E.H. A História da Arte



Iluminismo: o que foi, resumo, conceitos e principais pensadores
Tainá Voltas
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Iluminismo: o que foi, resumo, conceitos e principais pensadores
Entenda as diferenças das três tradições do iluminismo e como o movimento transformou paradigmas para além da Europa e da Revolução Francesa.

Marcado por ser um grande transformador de paradigmas, o Iluminismo estabeleceu uma interseção com as propostas antropocêntricas para se firmar como um movimento filosófico, intelectual e cultural que acreditava na valoração da razão e do conhecimento como meios autênticos para a conquista da liberdade, justiça e felicidade.

Desenvolvido no cenário da Europa Ocidental, ao longo dos séculos XVII e XVIII (também conhecido como Século das Luzes), o Iluminismo criticou duramente as concepções de verdade da Idade Média, as quais davam à fé e à religião papeis centrais na compreensão do mundo.

Na época, o teocentrismo (doutrina que colocava Deus no centro e que perdurava desde o século IV) abria espaço para que o antropocentrismo (homem no centro) se fortalecesse e para que os filósofos estruturassem discursos e teorias capazes de colocar a legitimidade dos poderes absolutistas em xeque.

Tratou-se, portanto, de uma verdadeira crise dos valores propagados até então, combinada com uma proposta de revisitação aos pensamentos da Grécia Antiga sobre a necessidade da racionalidade para as tomadas de decisão.

Embora seja muitas vezes tratado como um movimento único, o Iluminismo teve várias vertentes em seus diferentes locais de propagação, agindo, inclusive, sobre as Américas e influenciando o pensamento moderno, suas democracias e o cientificismo.

Conheça todas as especificidades desse marco histórico no Guia Iluminista da Casa do Saber. Você irá encontrar por aqui:



Pintura em tela de uma imagem de Voltaire lendo sua tragédia
A obra de Anicet Charles Gabriel Lemonnier retrata o momento da leitura da tragédia de Voltaire, "O Órfão da China", sendo uma das pinturas sobre o iluminismo mais conhecidas da história da arte. (Fonte: Domínio Público)


O que é o Iluminismo

Como já abordamos anteriormente, o iluminismo é caracterizado como um movimento intelectual dos séculos XVII e XVIII, reconhecido por defender a importância da razão e do conhecimento para a observação e experimentação da vida.

A crença de um mundo regido exclusivamente pelos desígnios de Deus e, sobretudo, pela Igreja Católica era substituída pelas demandas por descentralização de poder e por justificativas racionais para as dinâmicas cotidianas.

Em outras palavras, o iluminismo contrastou a “´fe” e a “razão”, questionando os privilégios do clero e das monarquias, bem como desenvolveu teorias e discursos que colocaram o ser humano como vetor responsável por suas ações, fossem elas culturais, filosóficas, sociais ou históricas.

Na prática, a partir do iluminismo e de seus ideais racionalistas, as sociedades modernas passaram a valorizar a ciência como forma de compreender as questões e de solucionar problemas do dia a dia.

Com isso, o gradativo afastamento das explicações místicas e dogmáticas foi um produto lógico desse novo modelo de pensamento, que mitigou também o controle e a opressão característicos dos períodos inquisitivos da Idade das Trevas.

O movimento iluminista deu origem a transformações profundas em diversas áreas, como nos campos político, econômico e cultural, servindo como base e referencial para diversos eventos históricos significativos.

A Revolução Industrial e a Revolução Francesa (com seu lema “liberdade, igualdade e fraternidade"), os movimentos de independência dos Estados Unidos e do Brasil são apenas alguns exemplos desses grandes marcos.

Além disso, o iluminismo propiciou a criação de constituições baseadas em direitos naturais, impulsionou a defesa de governos representativos e o surgimento das democracias modernas, cujos fundamentos perduram até hoje

Um dos principais expoentes do iluminismo alemão, Immanuel Kant formulou um conceito lógico para o movimento, no texto “Resposta à pergunta: Que é o iluminismo?”:

O iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude (em português, “ouse saber" ou "atreva-se a conhecer)”. (KANT, 1995 apud WEIMANN, 2015)

Podemos dizer então que o iluminismo foi um movimento complexo, que se desenvolveu nas diversas frentes sociais (política, cultural, econômica, religiosa) através de uma filosofia que dava protagonismo aos seres humanos e não mais às divindades, ao cristianismo e à Igreja Católica.

Articulou a busca pelo conhecimento através da razão como sua principal pauta, priorizando a ciência, o empirismo e as explicações lógicas para fenômenos sociais e da natureza.

Seus principais expoentes, Voltaire, David Hume, Kant, entre outros contribuíram para uma revolução intelectual e para transformação de paradigmas importantes, questionando, sobretudo, as formas de governos absolutistas e os privilégios legados às monarquias e ao clero.

Os reflexos do movimento filosófico iluminista foram tão significativos ao longo do século XVIII, que o período foi reconhecido como Século das Luzes.

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Contexto do Iluminismo: como surge o movimento?

O iluminismo não foi uma ruptura abrupta, mas o ápice de transformações que se desenvolviam há séculos na Europa Ocidental.

Para se ter uma ideia, o pensamento racionalista já estava presente na Grécia Antiga, defendido por nomes importantes como Sócrates, Platão e Aristóteles, os quais enfatizavam a lógica, a ética e a busca pelo conhecimento como instrumentos para a compreensão do mundo.

Os romanos, por sua vez, ao herdarem essas ideias, as adaptaram e exerceram uma influência direta nos sistemas de leis utilizados pelo direito moderno.

Entretanto, com a ascensão do cristianismo no século IV, o teocentrismo ganhou destaque e passou a ser a principal norma das sociedades, colocando a fé e a Igreja Católica no centro da vida social, política e espiritual, especialmente ao longo da era medieval.

Somente a partir dos avanços científicos provocados pelas descobertas que desafiavam o status quo da época (entre os séculos XVI e XVII), como o movimento da Terra - observado por Copérnico e Galileu Galilei, ou pelas leis de Newton e a invenção de equipamentos como o telescópio e o microscópio, é que o teocentrismo passou a ser novamente questionado.

Associadas às Grandes Navegações e ao legado renascentista, essas mudanças retomaram o incentivo da busca pela razão como ferramenta central de investigação.

A colcha de retalho dessas descobertas científicas, com o resgate histórico e as mudanças culturais gradativas, criou as condições ideais para o surgimento do iluminismo e para a sua filosofia de combate aos valores do Antigo Regime.

Facilite a sua compreensão acerca do iluminismo a partir do seguinte resumo comparado:

Resumo do Iluminismo

Idade Média (teocentrismo) Iluminismo (antropocentrismo)
O teocentrismo tinha a religião (Deus) e, posteriormente, a Igreja Católica como bússolas, sendo aspectos que controlavam não só o campo espiritual e ético, como o político.

Através do medo e do misticismo, o modelo de pensamento da época compelia as sociedades a se comportarem de acordo com os interesses das monarquias absolutistas (forma de governo que concentrava o poder nas mãos do rei e da nobreza) e do alto clero.

Desenvolveu-se ao longo dos séculos V ao XV.
Marcou o questionamento das verdades teocêntricas, solidificando o antropocentrismo e o projeto humanista

A razão era o instrumento legítimo para o conhecimento e para a boa aventurança, “iluminando” as explicações outrora associadas às divindades e à natureza.

Caracterizou-se pela crítica ao absolutismo e à sua concentração de poder que resultava nas sociedades estamentais.

Além disso, buscava pela igualdade, autonomia intelectual e direitos naturais, bem como pelo fortalecimento do pensamento crítico e da liberdade de escolha.

Refletiu nos diversos eventos revolucionários da Idade Moderna e foi a principal base das democracias modernas.

Desenvolveu-se durante o século XVII e XVIII - conhecido como Século das Luzes.


Diferenças entre o Iluminismo Francês, Inglês e Americano a partir de seus principais pensadores

O iluminismo foi um movimento bastante complexo, apresentando características específicas alinhadas a cada contexto cultural no qual se estabeleceu.

Dessa forma, refletiu as prioridades e os desafios de cada sociedade, promovendo em todas elas alterações importantes.

Entre as tradições que mais se destacaram nesse sentido, o iluminismo francês, britânico e americano possuem como singularidades os pontos abordados abaixo:

1. Características do iluminismo Francês

Foi profundamente marcado pelo racionalismo e pelo combate às estruturas tradicionais de poder, como a monarquia absolutista e a Igreja Católica.

A razão era a ferramenta para a reconstrução de uma sociedade mergulhada, à época, na insatisfação econômica e social.

Foi a partir dos ideais iluministas que a Revolução Francesa (1789) tomou forma e registrou na História a sua busca por liberdade, igualdade e fraternidade.

A Queda da Bastilha, inclusive, evento caracterizado pelo protesto popular na prisão e fortaleza militar que simbolizava o absolutismo do Antigo Regime francês, assinalou não só o início da própria Revolução Francesa, como a transição da Idade Moderna para a Contemporânea.

Pintura em tela do grande evento iluminista queda da bastilha
Obra "Tomada da Bastilha e prisão do governador M. de Launay", 14 de julho de 1789. (Fonte: Domínio Público)



Seus principais filósofos iluministas foram:

  • René Descartes (1596 – 1650): responsável pelo método de pesquisa cartesiano, cujo objetivo era duvidar de tudo aquilo que era tido como verdade. Um fato deveria ser verificado, sintetizado e iluminado antes de comprovado. Desafiou as certezas dogmáticas, buscando uma nova base lógica para a verdade. "Penso, logo existo"
  • Voltaire (1694 - 1778): criticou os privilégios das aristocracias e dos religiosos, disseminando a liberdade de expressão e o combate à intolerância. Foi perseguido e, por isso, exilou-se na Inglaterra, onde teve contato com John Locke.
  • Montesquieu (1689- 1755): em O Espírito das Leis, o filósofo propôs a separação dos poderes (executivo, legislativo e judiciário) pela primeira vez, argumentando acerca de sua eficácia e prevenção de abusos de autoridade.
  • Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778): teceu a tese do homem natural, sustentando que a sociedade era a perversão desse sujeito, corrompendo-o de sua vocação para o bem e para o convívio harmônico com a natureza. Também foi um crítico da propriedade privada, que, segundo a sua perspectiva, era a responsável pela desigualdade dos homens.


2. Características do Iluminismo Britânico

A busca incessante pela razão não era a principal questão do iluminismo britânico. Parte da "era da benevolência", o iluminismo dessa região voltou-se à ética das virtudes e à moralidade, expandindo o seu foco para além da priorização da racionalidade.

A filosofia política britânica se destacou essencialmente pelos temas do liberalismo e pela defesa dos direitos individuais

Teve como principal pensador iluminista:

  • John Locke (1632 - 1704): considerado o pai do liberalismo, Locke defendeu a ideia de que o conhecimento humano era derivado de uma experiência sensorial. Criticou o governo absolutista e propôs a famosa teoria do contrato social, segundo a qual a sociedade civil seria formada a partir de um pacto entre as pessoas e o Estado. Em condições justas, o filósofo acreditava que as sociedades abriam mão de seus direitos individuais para, de modo consentido, gozar da proteção oferecida pelas instituições estatais.


3. Características do Iluminismo Americano

Enquanto isso, o iluminismo americano encontrou um forte apelo na liberdade política e nos direitos naturais, destacando-se pela busca da independência e pela criação de um novo modelo de governo.

Foi conhecido pela tese da “política da liberdade”, tendo a Independência (declarada no dia 4 de julho de 1776) como seu evento mais importante.

Entre os pensadores iluministas relevantes da época estavam:

  • Thomas Jefferson (1743 - 1826), John Adams (1735 - 1826) e Benjamin Franklin (1706 - 1790): estiveram envolvidos nas questões de liberdade política e nas ideias sobre um governo baseado na razão e nos direitos inalienáveis do homem. Essas ideias se materializaram na Declaração de Independência e ajudaram a moldar os princípios da Constituição dos Estados Unidos.


Além desses nomes, Immanuel Kant e Adam Smith também foram importantes sistematizadores do pensamento iluminista.

O alemão Kant (1724 - 1804), por exemplo, foi fundamental para o desenvolvimento da ética e da epistemologia, além de ser o criador do imperativo categórico, uma medida de princípio universal e racional capaz de sustentar as ações morais.

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Para ele, a percepção da realidade dependia tanto das experiências vividas quanto das individualidades de cada sujeito, o que desafiava diversas abordagens anteriores.

Por sua vez, Adam Smith (1723 - 1790), filósofo escocês, é amplamente reconhecido como pai da economia moderna. Foi na obra A Riqueza das Nações (1776), que o filósofo iluminista introduziu o conceito de economia de mercado livre, posicionando a busca individual pelo lucro, por meio da mão invisível do Estado, como uma ferramenta para o bem-estar coletivo.

Entenda essa diferença de forma prática:

O iluminismo também produziu seus efeitos no Brasil, influenciado a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e o artigo 5º da Constituição Federal.

Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


Veja também: D. Pedro I, Um Príncipe Dividido - a trajetória do monarca que se identificou e apoiou o desejo dos brasileiros pela Independência, liderando a separação entre os dois Reinos.



Um outro olhar para o iluminismo: a crítica a partir de um referencial colonial.

Embora tenha sido revolucionário em diversos aspectos, o iluminismo esteve imerso em contradições relevantes, especialmente quando observamos as suas bases a partir de um referencial decolonial.

A crítica mais pujante ao movimento reside na contraposição dos seus ideais de liberdade e igualdade ao tratamento dado às populações africanas e indígenas, como aponta o doutor em Filosofia pela UFRJ, Renato Nogueira (vídeo abaixo).

Entre as crenças iluministas, havia uma perspectiva de inferiorização desses povos, responsável por legitimar o seu controle pelas colônias e pelos movimentos escravagistas.

Nesse contexto, Frantz Fanon (1925 -1961) assume um papel fundamental ao propor uma revisão do humanismo tradicional, apontando suas falhas em reconhecer e valorizar as identidades dos povos colonizados e escravizados.

Trata-se de uma abordagem fundamental para compreender os impactos do humanismo e do iluminismo para além do continente europeu.

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Referências

COSTA, Abraão Lincoln Ferreira. Relações entre o iluminismo alemão e a concepção goethiana de formação. Água Viva, v. 3, n. 1, p. 12184, jan.-jul. 2018. DOI: 10.26512/aguaviva.v3i1.12184.

WEINMAN, Carlos. O conceito de iluminismo em Kant e sua implicação com a moralidade e a política. Unoesc & Ciência - ACHS, Joaçaba, v. 6, n. 2, p. 201-212, jul./dez. 2015.

Autores

John Locke foi um filósofo iluminista do século XVII, conhecido por seus pensamentos acerca dos direitos naturais e sua teoria do conhecimento. Nascido na Inglaterra, John Locke combateu o absolutismo na política e defendeu a criação de um Estado liberal, criado pela humanidade através de leis que garantissem o direito à vida, à liberdade e à propriedade privada.

Locke foi um dos pensadores do contrato social e desenvolveu a ideia de que a mente humana nasce como uma “tábula rasa” e adquire conhecimento a partir das experiências vividas. Foi, portanto, um filósofo empirista e escreveu obras fundamentais como o Ensaio sobre o Entendimento Humano e O Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Formulou conceitos que continuam a ser debatidos e aplicados até hoje. Neste artigo, vamos abordar a biografia de John Locke e suas principais ideias.



Quem foi John Locke?

John Locke nasceu em 29 de agosto de 1632, na pequena cidade de Wrington, no condado de Somerset, na Inglaterra. Filho de um advogado puritano dono de uma pequena propriedade de terras, Locke cresceu em uma época de intensas tensões políticas, marcadas pelas Guerras Civis Inglesas, que influenciaram profundamente suas ideias.

A educação de Locke foi privilegiada, ele estudou na Westminster School, uma das melhores escolas da Inglaterra, e, em 1652, ingressou na renomada Christ Church College da Universidade de Oxford. Embora seu pai desejasse que ele seguisse a carreira eclesiástica, Locke se formou em medicina e dedicou-se à filosofia e às ciências naturais. Durante sua formação, teve contato com as ideias filosóficas de René Descartes e com o trabalho científico de Robert Boyle, com quem desenvolveria uma estreita amizade e colaboração.

Em 1667, Locke tornou-se médico particular de Lord Ashley Cooper, futuro conde de Shaftesbury, fato que o aproximou das discussões políticas e lhe permitiu desenvolver suas ideias sobre o liberalismo e o governo. Durante esse período, Locke também se interessou pelo movimento científico da época, tornando-se membro da Royal Society de Londres em 1668 e realizando experimentos em diversas áreas do conhecimento, incluindo meteorologia e física dos gases.

Em 1681 o conde de Shaftesbury foi acusado de conspirar contra o rei Carlos II e John Locke de colaborar com seu mentor. Ambos foram exilados na Holanda. Durante os cinco anos em que permaneceu na Holanda, Locke escreveu grande parte de suas obras mais importantes.

Entre elas, destacam-se Cartas sobre a Tolerância, onde Locke defendeu a separação entre Igreja e Estado e a necessidade de tolerância religiosa, e Tratado Sobre o Governo Civil, onde formulou suas ideias sobre os direitos naturais do ser humano (vida, liberdade e propriedade) e o governo legítimo, baseado no consentimento dos governados. John Locke voltou à Inglaterra após a Revolução Gloriosa de 1688 e começou a publicar suas obras sobre filosofia política.

O pensador também teve um papel significativo na evolução do empirismo, defendendo que o conhecimento humano se origina da experiência sensorial e que a mente, ao nascer, é uma tábula rasa, sem ideias inatas. Essa teoria teve grande influência no desenvolvimento do Iluminismo na modernidade. Suas ideias tiveram consequências em diversas áreas do conhecimento, como filosofia, política e economia.

Locke faleceu em 28 de outubro de 1704, na cidade de High Lavre, na Inglaterra, onde passou seus últimos anos. Seu legado perdura até hoje, e suas ideias continuam a ser fundamentais para a compreensão dos direitos humanos, da liberdade política e das bases da democracia moderna. Os sistemas jurídico e político dos Estados Unidos foram criados a partir das ideias de Locke, feito copiado por diversas outras democracias.

O que John Locke defendia?

John Locke, ao lado de Rousseau e Thomas Hobbes, pertence à linha dos filósofos do jusnaturalismo, ou teóricos dos direitos naturais. Para ele, os seres humanos, ao viverem inicialmente no estado de natureza, possuíam direitos naturais inalienáveis, como a vida, a liberdade e a propriedade privada, sendo este último um direito conquistado por meio do trabalho.

Ao contrário de Hobbes, que via o estado de natureza como um cenário de guerra constante, Locke acreditava que o estado natural da humanidade era originalmente equilibrado, no qual os indivíduos possuíam a capacidade de criar normas, julgar e condenar. Esses direitos e capacidades foram fundamentais para a construção da sociedade civil, que seria formada por meio de um contrato social.

Esse pacto não significava que os direitos naturais eram abandonados, mas passavam a ser reconhecidos e protegidos pela sociedade. Para Locke, o Estado deveria garantir a proteção desses direitos, o que gerou uma visão do governo como um meio de assegurar a liberdade, a segurança e a propriedade de seus cidadãos. Nesse processo, o contrato social não eliminava os direitos naturais dos indivíduos, mas os delegava ao Estado. Isso resultava em uma tensão entre os direitos privados e as funções públicas do Estado, algo que Locke não deixou de considerar em sua teoria.

Além de suas contribuições à teoria política, Locke também é conhecido por sua influência no campo do conhecimento, como um dos primeiros defensores do empirismo na filosofia. Em sua obra Ensaio sobre o Entendimento Humano, ele argumenta que a mente humana é uma tábula rasa ao nascer, sem ideias inatas, e que todo o conhecimento provém da experiência sensorial.

Locke acreditava que, por meio dos sentidos e da reflexão sobre essas experiências, formávamos nossas ideias e, assim, nossa compreensão do mundo. Ele via a razão e a experiência como elementos essenciais para a construção do saber.

No campo político, ele foi um dos primeiros a propor a separação dos poderes, defendendo que os poderes executivo, legislativo e federativo deveriam ser exercidos distintamente. Mas, diferente do que foi proposto na teoria da separação dos poderes de Montesquieu, John Locke estabelece uma relação de subordinação entre os poderes, onde todos estariam submetidos ao poder legislativo.

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Principais Livros de John Locke

John Locke escreveu diversas obras que se tornaram fundamentais para a filosofia, abordando temas que vão desde a teoria do conhecimento até a teoria política. Seus escritos influenciaram profundamente a formação do liberalismo e do empirismo, além de terem deixado um legado duradouro no pensamento ocidental. A seguir, listamos alguns de seus principais livros:

  • Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689)
  • Primeiro Tratado sobre o Governo Civil (1689)
  • Segundo Tratado sobre o Governo Civil (1689)
  • Carta sobre a Tolerância (1689-92)
  • Alguns Pensamentos sobre a Educação (1693)
  • Razoabilidade do Cristianismo (1695)
  • Da Conduta do Entendimento (1706)



Carta sobre a Tolerância (1689 - 92)

capa do livro Carta Sobre a Tolerância, de John Locke

Carta sobre a Tolerância, de John Locke, foi publicada pela primeira vez em 1689, em um contexto de grande agitação religiosa e política na Inglaterra, onde o medo de um domínio crescente do catolicismo gerava tensões entre protestantes e católicos. Essa obra surge como uma resposta ao problema das disputas religiosas e à crescente interferência da religião nas questões políticas e sociais. Locke defende a ideia de que a autoridade do governo deve ser limitada à proteção da lei civil e que as questões religiosas pertencem à esfera privada do indivíduo. Ele argumenta que a tolerância religiosa é essencial para a convivência pacífica e que o governo não deve impor ou interferir nas crenças religiosas das pessoas. O filósofo também enfatiza que as leis devem ser elaboradas de forma coletiva pelos cidadãos, refletindo uma visão de liberdade e respeito pelas diferenças. A obra teve grande impacto na promoção da liberdade religiosa e influenciou profundamente o pensamento sobre os direitos individuais e a separação entre igreja e Estado.

Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689)

capa do livro Ensaio sobre o Entendimento Humano, de John Locke

Ensaio sobre o Entendimento Humano é uma das obras mais importantes de John Locke, fundamental para o desenvolvimento da epistemologia moderna. Publicada em 1689, nesta obra Locke rejeita a ideia platônica de que nascemos com ideias inatas e propõe uma nova concepção sobre o conhecimento humano. Ele argumenta que a mente humana é uma "tábula rasa" (uma folha em branco) ao nascer, ou seja, não possui ideias ou conhecimento pré-existentes. Para Locke, todo conhecimento deriva da experiência, que ocorre de duas formas principais: as sensações, que nos fornecem ideias simples sobre o mundo externo, e a reflexão, que nos permite formar ideias mais complexas a partir dessas experiências sensoriais. Assim, Locke estabelece a base para uma teoria empírica do conhecimento, segundo a qual a experiência é a única fonte confiável de todo saber humano. A obra teve grande impacto no empirismo e influenciou o pensamento filosófico sobre como adquirimos e construímos o conhecimento.

Segundo Tratado sobre o Governo Civil (1689)

capa do livro Segundo Tratado Sobre o Governo Civil, de John Locke

Segundo Tratado sobre o Governo Civil é uma publicação significativa de John Locke e uma das principais fontes do surgimento do liberalismo moderno. Escrito de forma anônima, o livro foi publicado com o objetivo de combater o absolutismo monárquico, que defendia o poder divino dos reis. Locke argumenta que os indivíduos possuem direitos naturais inalienáveis, como a vida, a liberdade e a propriedade, e que a principal função do governo é proteger esses direitos. Ele refuta a ideia de que o governo se origina da vontade divina e propõe que o poder político surge de um contrato social entre os indivíduos. Para Locke, o Estado é formado por homens que se reúnem para garantir a preservação da liberdade, que é assegurada pela inviolabilidade do corpo, pelo respeito às leis e pela proteção do direito à propriedade. Além disso, Locke introduz a ideia de separação dos poderes, propondo que os poderes executivo, legislativo e federativo estejam em “mãos” distintas. O livro defende que o governo deve ser limitado, baseado no consentimento dos governados, e que sua principal função é garantir os direitos naturais.

O que são os Direitos Naturais para John Locke?

Para John Locke, os direitos naturais são direitos fundamentais que todo ser humano possui desde o nascimento, independentemente de qualquer autoridade ou sistema legislativo. Locke identificou três direitos naturais essenciais: o direito à vida, à liberdade e à propriedade privada. Esses direitos são considerados inalienáveis, ou seja, não podem ser retirados de um indivíduo, nem mesmo pelo governo. O filósofo acreditava que a principal função de um governo legítimo era proteger esses direitos, e que qualquer governo que violasse tais direitos perderia sua legitimidade. A proteção desses direitos era a base para a formação de uma sociedade justa e para a preservação da liberdade individual.

O que é a Tábula Rasa de John Locke?

A “tábula rasa” é um conceito central na epistemologia de John Locke, apresentado em sua obra Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689), e refere-se à ideia de que, ao nascer, a mente humana é semelhante a uma "folha em branco", sem qualquer conteúdo ou ideias inatas. Locke rejeita, assim, a concepção cartesiana e platônica de que certos conhecimentos ou ideias são inatos, argumentando que todos os conceitos e saberes do ser humano provêm da experiência. Segundo Locke, a mente humana, ao invés de ter ideias pré-existentes, é um receptáculo vazio que vai sendo preenchido ao longo da vida através de duas fontes principais de experiência: as sensações e a reflexão.

As sensações referem-se às percepções que o indivíduo recebe do mundo externo por meio dos sentidos, enquanto a reflexão diz respeito à experiência interna, ou seja, ao processo de pensar sobre as próprias percepções e experiências sensoriais. A partir dessas fontes de experiência, Locke sustenta que as ideias se formam e evoluem, sendo, portanto, adquiridas e não inatas.

A teoria da tábula rasa tem implicações profundas na concepção de conhecimento de Locke. Ela coloca a ênfase na experiência como a única fonte válida de conhecimento, o que é uma pedra angular do empirismo, corrente filosófica da qual Locke é um dos principais expoentes.

Além disso, o conceito de tábula rasa também tem consequências na filosofia política de Locke, especialmente em sua defesa da liberdade e da igualdade natural dos indivíduos. Se as ideias e os comportamentos são moldados pela experiência, então não há uma natureza humana fixa e determinada desde o nascimento, o que justifica a visão de Locke de que a sociedade deve ser construída com base no consentimento e na experiência dos indivíduos, e não em hierarquias ou modelos predeterminados.

Qual a diferença entre o pensamento de Hobbes e Locke?

A principal diferença entre John Locke e Thomas Hobbes reside em suas visões sobre a natureza humana e o papel do governo. Hobbes, em sua obra Leviatã, tem uma visão pessimista da natureza humana, acreditando que, sem a autoridade central de um soberano absoluto, os seres humanos viveriam em uma "guerra de todos contra todos", motivados pelo egoísmo e pela busca de autopreservação. Para ele, o contrato social implicava a entrega total do poder a um governante centralizado, o "Leviatã", cuja autoridade deveria ser absoluta para garantir a paz e a ordem.

Locke, em contraste, tinha uma visão mais otimista sobre a natureza humana. Embora reconhecesse o egoísmo humano, ele acreditava que as pessoas eram racionais e podiam viver em harmonia no estado de natureza, desde que respeitassem os direitos dos outros. Para Locke, o contrato social tinha como objetivo proteger os direitos naturais à vida, liberdade e propriedade, e o governo deveria ser limitado e baseado no consentimento dos governados. Ao contrário de Hobbes, Locke não defendia um governo absoluto, mas sim um sistema de separação dos poderes, onde o governo poderia ser deposto caso violasse os direitos naturais dos cidadãos.

Em relação à propriedade, enquanto Hobbes acreditava que a propriedade só surgiria com a criação do Estado, Locke via a propriedade como um direito natural inalienável, que já existia no estado de natureza e deveria ser protegida pelo governo. Assim, a propriedade era adquirida por meio do trabalho e da utilização dos recursos naturais, e o governo tinha o dever de protegê-la.

Portanto, enquanto Hobbes defendia um governo absoluto e centralizado para evitar o caos, Locke propunha um governo limitado, baseado na proteção dos direitos naturais e no consentimento dos governados. Ambos influenciaram profundamente o pensamento político moderno, com as ideias de Hobbes sendo mais relevantes para o absolutismo e as de Locke para o liberalismo e os direitos humanos.

Locke e os Pensadores Iluministas

John Locke foi uma figura central entre os pensadores do Iluminismo, cujas ideias influenciaram profundamente o desenvolvimento do pensamento moderno. Ele defendeu a importância da razão e da experiência sensorial como fontes do conhecimento, estabelecendo as bases para o empirismo. Sua teoria dos direitos naturais, que inclui os direitos à vida, liberdade e propriedade, teve grande impacto na formação das ideias iluministas sobre os direitos humanos e o papel do governo.

Pensadores iluministas como Voltaire, Montesquieu e Rousseau foram fortemente influenciados por Locke, especialmente em suas críticas ao absolutismo e na defesa da liberdade individual. Immanuel Kant, embora crítico do empirismo de Locke, também reconheceu sua importância. Kant desafiou a visão lockeana ao argumentar que a mente humana não é passiva, mas ativa na organização do conhecimento, introduzindo a ideia de categorias a priori que moldam nossa percepção da realidade. Apesar das divergências, tanto Locke quanto Kant foram fundamentais para a epistemologia.

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Conclusão

John Locke foi um dos pensadores mais importantes da filosofia iluminista, com suas ideias sobre conhecimento, direitos naturais e governo limitado, influenciando profundamente as teorias políticas e filosóficas subsequentes. Seu legado é especialmente marcante no campo do liberalismo, onde suas ideias sobre a liberdade individual, estado laico e separação dos poderes formaram as bases das sociedades democráticas.

Perguntas Frequentes sobre John Locke

Quais são as principais obras de John Locke e suas contribuições filosóficas?

As principais obras de John Locke incluem “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, “Segundo Tratado sobre o Governo Civil” e “Carta sobre a Tolerância”. Locke foi fundamental para o desenvolvimento do empirismo, defendendo que todo o conhecimento deriva da experiência. Na política, suas ideias sobre os direitos naturais e o governo baseado no consentimento dos governados influenciaram profundamente o liberalismo e as democracias modernas.

Como a visão de Locke sobre o governo difere da de Hobbes?

John Locke acreditava que o governo deveria ser limitado e baseado no consentimento dos governados, com o objetivo de proteger os direitos naturais, como a vida, liberdade e propriedade. Em contraste, Thomas Hobbes defendia um governo absoluto e centralizado, acreditando que a humanidade necessitava de um soberano forte para evitar o caos e a guerra de todos contra todos. Locke via o governo como um guardião da liberdade, enquanto Hobbes o via como uma necessidade para garantir a ordem.





Referências

https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20857/john-locke/

https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke

https://www.britannica.com/biography/John-Locke

Michel Foucault foi um filósofo e psicólogo francês do século XX, que estudou profundamente o conceito de poder na sociedade contemporânea. Desenvolveu a ideia de microfísica do poder, demonstrando que instituições como escolas, hospitais, quarteis e até mesmo grupos de amigos estão permeados por relações de poder, que pretendem docilizar os corpos através da disciplina.

Foucault escreveu obras marcantes como História da Loucura e História da Sexualidade e seu legado é de suma importância não apenas para a Filosofia, mas também para as Ciências Sociais, a Psicologia, a Psiquiatria e a História. Neste artigo, vamos abordar a vida e os principais livros de Michel Foucault, além de conceitos como microfísica do poder, biopoder e panóptico. Confira!



Quem é Michel Foucault?

Paul-Michel Foucault foi um pensador francês que nasceu no dia 15 de outubro de 1926, na cidade de Poitiers, em uma família tradicional de médicos. Ele não atendeu às expectativas de seu pai, Paul Foucault, médico cirurgião e professor de anatomia, que desejava que o filho seguisse a carreira de medicina. Desde jovem, Michel Foucault já revelava um forte interesse por História e Filosofia. Sua mãe, Anna Malapert, ao contrário de seu pai, o apoiou em sua decisão de estudar filosofia.

Em 1945, mudou-se para Paris e no ano seguinte ingressou na Escola Normal Superior de Paris, onde se formou em filosofia. Foi aluno do filósofo Jean Hippolyte, que o introduziu aos trabalhos de Hegel e de Louis Althusser. Foucault se interessou profundamente por psicologia, psiquiatria e psicanálise, além de ter estudado as obras de filósofos como Platão, Hegel, Marx, Nietzsche, Freud e Kant.

Após concluir sua graduação em Filosofia, em 1951, Foucault obteve o diploma em Psicologia no ano seguinte. Aos 28 anos, publicou Doença Mental e Psicologia. Trabalhou alguns anos como diplomata cultural no exterior e, ao retornar à França, publicou o livro A História da Loucura, que o consagraria entre os maiores pensadores contemporâneos. Atuou como psicólogo em hospitais e prisões, além de exercer a docência universitária.

Ao longo de sua trajetória, ministrou palestras em diversas universidades europeias e norte-americanas, incluindo duas passagens pela Universidade de São Paulo (USP), a primeira em 1965 e a segunda em 1975.

Entre 1966 e 1968, Foucault lecionou na Universidade de Túnis, na Tunísia, antes de retornar à França, onde assumiu a direção do departamento de Filosofia na Universidade Paris VIII. Em 1970, foi nomeado professor no Collège de France, onde ocupou a cátedra de História dos Sistemas do Pensamento até sua morte, em 1984.

Sua trajetória intelectual foi marcada por uma incessante busca para compreender as diferentes formas de poder e como elas se manifestam na sociedade. Foucault dedicou-se a investigar como os discursos, instituições e práticas sociais moldam e disciplinam os indivíduos e as sociedades. Sua experiência prática como psicólogo em hospitais e penitenciárias contribuiu para a elaboração de obras como Vigiar e Punir e História da Loucura.

Antes de falecer, ele publicou O Uso dos Prazeres, que analisa a sexualidade na Grécia Antiga, e O Cuidado de Si. Foucault morreu em 25 de junho de 1984, aos 57 anos, em decorrência de complicações relacionadas à AIDS, mas seu legado continua vivo, influenciando as ciências sociais e a filosofia contemporânea.

Se você quiser entender melhor a noção do “cuidado de si” desenvolvida por Foucault, assista às aulas do professor de História da Filosofia Antiga, Mauricio Pagotto Marsola, que abordam a relação entre conhecimento e cuidado de si nos pensamentos de Sócrates, Platão e Foucault. Clique no botão abaixo e veja um trecho da aula gratuitamente:



Quais são as Fases do Pensamento de Foucault?

O trabalho de Foucault pode ser dividido em três fases distintas: a primeira delas é a arqueologia do saber; a segunda, trata do método genealógico, onde ele aborda as formas de poder e a última fase está voltada para suas investigações acerca da sexualidade, com a publicação dos dois últimos volumes da série inacabada História da Sexualidade. Embora frequentemente relacionado ao pós-estruturalismo, Foucault preferia caracterizar seu pensamento como uma investigação crítica da modernidade.

Primeira Fase: A Arqueologia do Saber

Nessa fase, Foucault desenvolve o conceito de arqueologia do conhecimento, focando em como as formas de saber se estruturam ao longo da história e como as ciências humanas surgem e se consolidam. Ele investiga as condições históricas que possibilitam a formação dos saberes, utilizando o seu “método arqueológico”. Também analisou, nesse período, a Filosofia, a Linguística e a Literatura. As principais obras da fase arqueológica são:

  • As Palavras e as Coisas (1966)
  • A Arqueologia do Saber (1969)


Segunda Fase: A Genealogia do Poder

Na segunda fase de sua obra, Foucault passa a entender o poder como algo disseminado por toda a sociedade, em vez de centralizado em uma autoridade estatal, por exemplo. Além disso, ele investiga como as práticas sociais, políticas e morais se formaram a partir de relações de poder, colocando a liberdade em xeque. Influenciado por suas experiências em clínicas e instituições correcionais e pelo método genealógico de Nietzsche, ele examina a evolução das práticas de punição e controle social, além da construção do discurso sobre a sexualidade como forma de controle. Esse período é marcado pela publicação de obras como:

  • Vigiar e Punir (1975)
  • A Vontade de Saber (1976 - primeiro volume de História da Sexualidade)


Terceira Fase: Ética, Moral e Sexualidade

Na terceira fase de sua obra, Foucault se concentra em estudar ética e moralidade, destacando a noção do “cuidado de si", uma prática originada na filosofia grega antiga. Ele investiga como a moralidade e o comportamento sexual foram regulados ao longo da história, vinculando essas questões ao poder e à formação do sujeito ético. Suas principais obras dessa fase incluem:

  • A História da Sexualidade Volume 2: O Uso dos Prazeres (1984)
  • A História da Sexualidade Volume 3: O Cuidado de Si (1984)


Principais Livros de Michel Foucault

Michel Foucault escreveu uma série de obras fundamentais que abordam temas como poder, saber, sexualidade e a formação do sujeito. A seguir, listamos alguns dos principais livros de Michel Foucault:

  • História da Loucura (1961)
  • Doença Mental e Psicologia (1962)
  • O Nascimento da Clínica (1963)
  • As Palavras e as Coisas (1966)
  • A Arqueologia do Saber (1969)
  • Isto Não é um Cachimbo (1973)
  • Vigiar e Punir (1975)
  • História da Sexualidade: Volume 1 - A Vontade de Saber (1976)
  • História da Sexualidade: Volume 2 - O Uso dos Prazeres (1984)
  • História da Sexualidade: Volume 3 - O Cuidado de Si (1984)
  • Microfísica do Poder (1982, coletânea de palestras)
  • A Ordem do Discurso (1971, conferência)
  • Sociedade e Poder (coletânea de palestras de 1977–1978


História da Loucura de Michel Foucault (1961)

capa do livro 'História da Loucura', de Michel Foucault

História da Loucura é considerado o primeiro trabalho significativo de Foucault, no qual ele examina a evolução da concepção de loucura na sociedade ocidental. O filósofo analisa como a loucura foi tratada ao longo da história e como as instituições psiquiátricas desempenharam um papel crucial na marginalização dos indivíduos considerados "loucos".

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Vigiar e Punir (1975)

capa do livro Vigiar e Punir de Michel Foucault

Vigiar e Punir é uma obra que se insere na investigação genealógica de Foucault, que busca entender as origens de certas práticas e discursos, conectando-os com as relações de poder. O filósofo argumenta que as relações de poder geram saberes, e esses saberes, por sua vez, produzem efeitos de poder. No livro, ele analisa a evolução das práticas disciplinares nas sociedades ocidentais, com foco nas prisões, e explora a transição do poder soberano, caracterizado pela violência, para o poder disciplinar, mais sutil e focado na vigilância. O autor revela como esses sistemas de punição passaram a normatizar e controlar os corpos na sociedade moderna.

A Arqueologia do Saber (1969)

capa do livro A Arqueologia do Saber, de Michel Foucault

A Arqueologia do Saber é uma das obras fundamentais de Foucault, onde ele aborda a epistemologia e os métodos utilizados para analisar as disciplinas do conhecimento. O filósofo investiga como as ideias, linguagens e saberes se formam e são legitimados ao longo do tempo dentro das sociedades. O livro se concentra em como as formas de conhecimento são constituídas e como se tornam aceitas e institucionalizadas nas diversas esferas sociais.

História da Sexualidade (1976)

capa do livro História da Sexualidade, de Michel Foucault

Em História da Sexualidade, Foucault analisa como a sexualidade foi moldada como um instrumento de poder nas sociedades ocidentais. No primeiro volume, A Vontade de Saber (1976), argumenta que, em vez de ser silenciada, a sexualidade foi intensamente regulamentada e definida por normas sociais e pelo discurso médico, refletindo relações de poder.

Em 1984, Foucault publicou os volumes O Uso dos Prazeres, que examina a sexualidade na Grécia Antiga, e O Cuidado de Si, que aborda a Roma Antiga. A série de livros sobre a sexualidade permaneceu inacabada, mas os livros que foram publicados analisam a constituição do desejo sexual e como ele foi regulado ao longo do tempo, destacando o papel das instituições sociais nesse processo.

O que é o Biopoder de Michel Foucault?

O conceito de biopoder em Michel Foucault descreve formas de poder que não se manifestam por meio de proibições diretas, mas pelo controle da vida em sociedade. O filósofo introduz o conceito de biopoder no livro História da Sexualidade, relacionando a ideia a uma forma do Estado controlar os indivíduos, através de políticas públicas, coletas de dados e disciplina dos corpos.



A disciplina agiria de forma mais sutil, mas igualmente eficaz na subjugação das pessoas, em comparação com o poder soberano. Foucault descreve assim a microfísica do poder, exercida em instituições como escolas, hospitais, prisões e fábricas, onde técnicas disciplinares adestram os indivíduos. Por outro lado, ele também aborda a macrofísica do poder, controle exercido por uma autoridade central, como um monarca, que usava o medo e punições físicas para dominar a população. Assim, Foucault propõe que o poder não se limita à violência explícita, mas se espalha por formas sutis de controle que influenciam os comportamentos e a subjetividade dos indivíduos.

Mecanismos de Adestramento dos Corpos para Foucault

MECANISMOS DE ADESTRAMENTO RESUMO
Arte da Distribuição Distribuição dos Corpos no Espaço, em Quadriculamentos, em locais como indústrias, hospitais, escolas
Controle das Atividades Controle do Tempo, do horário em que as pessoas entram e saem de determinadas instituições, como escolas, quarteis
Organização das Genesis Como são as técnicas para a evolução da aprendizagem
Composição das Forças Combinações de indivíduos que promovem uma maior docilidade e utilidade. Cada corpo se constitui uma peça numa engrenagem, onde há uma obediência por meio de sinais


O Panóptico e a Vigilância Social em Michel Foucault

Em Vigiar e Punir, Foucault utiliza a metáfora do panóptico – uma estrutura prisional idealizada pelo filósofo Jeremy Bentham – para ilustrar como as instituições modernas utilizam a vigilância constante para disciplinar os corpos e adestrar comportamentos.

O panóptico é uma torre localizada no centro de uma prisão que permite a observação de todos os prisioneiros, criando uma sensação de vigilância permanente. Foucault estende essa metáfora à sociedade contemporânea, sugerindo que estamos constantemente sob observação, com a possibilidade de punição a qualquer momento.

Nesse sistema, cada indivíduo se transforma, potencialmente, em um observador de si mesmo e dos outros. Foucault afirma que a vigilância não se limita a punir, mas também incentiva a auto-monitorização, resultando na internalização das regras e no controle dos comportamentos. Para ele, as prisões não têm o objetivo de reabilitar os indivíduos, mas sim de exercer controle sobre eles. De forma semelhante, instituições como escolas, fábricas, quartéis e hospitais operam como prisões, impondo normas e disciplinando os corpos dos seus membros.

Conclusão

Michel Foucault transformou profundamente a maneira como compreendemos as relações de poder e saber nas sociedades contemporâneas. Sua análise das instituições, da disciplina e da produção do conhecimento continua a ser uma referência essencial para os pensadores atuais. O impacto de suas ideias se reflete na forma como hoje entendemos o controle social, as estruturas de poder e os mecanismos de manipulação social.

Perguntas Frequentes sobre Michel Foucault

O que é a Microfísica do Poder para Foucault?

A microfísica do poder é o conceito de Foucault que descreve o poder como algo disperso e exercido em pequenas interações cotidianas. Ao invés de ser centralizado em um governante ou uma autoridade única, o poder circula por diversos espaços e práticas sociais, como nas escolas, hospitais, fábricas e prisões. Esse poder é mais sutil, mas igualmente eficaz, pois se manifesta em normas e comportamentos que moldam a sociedade.

Qual é a diferença entre o poder soberano e o poder disciplinar segundo Foucault?

Foucault diferencia o poder soberano, caracterizado pela violência direta e pela punição física (como execução e tortura), do poder disciplinar, que age de maneira mais sutil, com o objetivo de normatizar e controlar o comportamento por meio de vigilância e práticas de disciplina. O poder disciplinar, ao contrário do soberano, cria sujeitos "dóceis" por meio de técnicas que regulam os corpos e comportamentos.





Referências

https://colunastortas.com.br/michel-foucault/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault

Carl Gustav Jung foi um psiquiatra suíço nascido em 1875 que impactou campo da psicologia ao criar a Psicologia Analítica, uma abordagem que enfatiza a importância do inconsciente coletivo e dos arquétipos na formação da psique humana.

As teorias de Jung, envolvem conceitos como os de personalidade extrovertida e introvertida, e o processo de individuação, que continuam a influenciar a psicologia contemporânea e outras áreas do conhecimento, como a filosofia, a literatura e a ciência das religiões.

Com uma visão diferenciada, que integrou aspectos do ocultismo e da filosofia, Jung se destacou por explorar os mitos e símbolos universais, sendo muitas vezes considerado um místico devido ao seu vasto interesse por temas transcendentes. A Casa do Saber se consolidou como referência nacional em cursos sobre Jung e psicologia analítica. Portanto, neste artigo, vamos mostrar o vasto conteúdo disponível acerca do autor, bem como aspectos marcantes de sua vida e obra, destacando alguns dos principais livros que fundamentam sua teoria.



Quem é Carl Jung?

Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta nascido em 26 de julho de 1875, em Kesswil, na Suíça. Seu pai, Paul Jung, era um pastor protestante que estudava as línguas orientais e sua mãe, Emilie Preiswerk, era uma mulher com forte ligação ao espiritismo.

Aos quatro anos de idade, Jung e sua família se mudaram para Basileia, cidade que já era um centro cultural da Suíça. Embora tenha sido filho único até os nove anos, Jung perdeu três irmãos ainda na infância, o que deixou marcas profundas em sua psique e no seu desenvolvimento emocional. Diante desse cenário complexo, o pequeno Jung formou uma personalidade observadora e reflexiva.

Ele passou a infância no campo, nutrindo um forte interesse pela natureza. Gostava de história, de filosofia e se sentia atraído pelo misticismo. Apesar disso, não desejou seguir a carreira religiosa do pai e foi estudar medicina na Universidade da Basileia, dando continuidade à tradição médica de sua família, já que seu avô e bisavô foram médicos muito respeitados.

Após completar seus estudos em Medicina, Jung mergulhou na psiquiatria, atuando no hospital psiquiátrico de Burghölzli, em Zurique, onde começou a elaborar suas ideias sobre a mente humana. No início de sua carreira, ele foi influenciado pelas ideias de Sigmund Freud, mas com o tempo se distanciou das abordagens psicanalíticas do mestre, desenvolvendo sua própria teoria: a psicologia analítica.

Essa nova perspectiva dava ênfase ao inconsciente coletivo, um conceito revolucionário que sugere que todos os seres humanos compartilham uma camada profunda de experiências e símbolos universais.

Jung se formou em medicina em 1900 e casou em 1903, aos 28 anos, com Emma Rauschenbach. Nessa época, ele já exercia a função de médico assistente em um hospital psiquiátrico. Emma era filha de Johann Rauschenbach, um grande empresário da Suíça, proprietário da renomada fabricante de relógios de luxo IWC Schaffhausen (International Watch Company),

O casamento com Emma proporcionou a Jung uma base financeira sólida, o que lhe permitiu se concentrar ainda mais em suas pesquisas e na elaboração de suas teorias inovadoras sobre a psique humana.

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A obra de Jung não se limitou à psicologia; ele também se dedicou ao estudo da religião, da mitologia, da alquimia e da filosofia. Para compreender o legado do psiquiatra, você pode ter acesso a uma introdução guiada e descomplicada ao pensamento de Jung, que vai te conduzir de uma forma simples aos principais conceitos e reflexões do criador da psicologia analítica.

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Entre as inúmeras inovações de Jung, o processo de individuação se destaca como um dos pilares centrais de sua teoria. Este processo é entendido como uma jornada profunda de autodescoberta, que visa a integração dos aspectos conscientes e inconscientes da psique. Essencial para o pleno desenvolvimento do ser humano, a individuação se tornaria um conceito fundamental e duradouro no legado de Jung.

Carl Jung faleceu aos 85 anos de idade, no dia 6 de junho de 1961, em sua casa, nas margens do lago de Zurique, após uma embolia e um acidente vascular cerebral.

Principais Livros de Carl Jung

Carl Jung deixou uma vasta obra, com mais de trinta livros que trazem suas ideias e conceitos sobre a psique humana. Os livros de Jung continuam a ser leitura essencial para aqueles que desejam entender profundamente a natureza humana e a dinâmica da mente.

A seguir listamos alguns dos principais livros do psiquiatra e pensador:

O Homem e Seus Símbolos (1964)

capa do livro 'O Homem e Seus Símbolos, de Carl Jung

Este foi o último livro escrito por Jung e tinha o objetivo de tornar suas ideias mais acessíveis ao leitor não especializado na área. Na obra, ele explica a importância dos símbolos e dos sonhos para o autoconhecimento.

O Eu e O Inconsciente (1928)

capa do livro O Eu e O Inconsciente, de Carl Jung

Nesta obra, Jung investiga a dinâmica entre a parte consciente da psique, representada pelo “eu”, e as profundezas do inconsciente, que incluem o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O livro foi escrito durante a Primeira Guerra Mundial e as consequências psicológicas do conflito na psique coletiva motivaram a produção desta obra.

Memórias, Sonhos, Reflexões (1961)

capa do livro Memórias, Sonhos, Reflexões, de Carl Jung

É uma autobiografia de Carl Jung, organizada e editada por Aniela Jaffé, que oferece insights profundos sobre sua própria jornada de individuação e os eventos que influenciaram a elaboração de suas teorias.

Psicologia e Alquimia (1944)

capa do livro Psicologia e Alquimia, de Carl Jung

Aqui, Jung faz uma interpretação psicológica da alquimia medieval, mostrando a relação entre a simbologia alquímica e o desenvolvimento da personalidade.

Passo a Passo para entender a obra de Jung com Tatiana Paranaguá

A psicóloga e diretora do Centro Junguiando Clínica e Estudo de Psicologia Analítica, Tatiana Paranaguá, disponibiliza diversos cursos sobre o pensamento de Jung, na plataforma on demand da Casa do Saber.

Nos cursos, ela traz para a atualidade muitos conceitos desenvolvidos por Jung, através de temas como a imaturidade e os vínculos fantasmas, as escolhas amorosas, os predadores emocionais, a busca de sentido para a vida, dentre outros.

A seguir, você encontra uma sequência de cursos específicos para entender a obra de Jung através da visão de Tatiana Paranaguá, profissional de referência nos estudos junguianos, que já atuou como comentarista nos programas “Encontro com Fátima Bernardes" e "Mais Você", ambos da Rede Globo. Confira abaixo os cursos dela na plataforma:

  • Quatro Livros para Entender Jung
  • Em Busca do Sentido da Vida: Jung e o Processo de Individuação
  • As Escolhas Amorosas segundo Jung
  • Imaturidade e Vínculo Fantasma: Um Sintoma Atual
  • Predadores Amorosos: Uma Visão Junguiana Sobre Relações Corrosivas
  • Os Papéis da Vida: Entre as Projeções Pessoais e Profissionais
  • O Sagrado Segundo Jung


Para acessar os cursos de Tatiana Paranaguá sobre Jung, clique no botão abaixo e tenha uma visão completa das aulas online, com o resumo de todos os conteúdos disponibilizados na Casa do Saber.

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Quatro Livros para Entender Jung

Neste curso, a psicóloga Tatiana Paranaguá analisa a importância de quatro livros essenciais de Carl Jung para compreender a psicologia analítica. Os livros são:

  1. Memórias, Sonhos, Reflexões (1961)
  2. O Homem e Seus Símbolos (1964)
  3. Seminários sobre Psicologia Analítica (1925)
  4. A Natureza da Psique (1947)


Através de sua abordagem, Tatiana oferece uma visão clara sobre os principais conceitos e teorias junguianas. Confira a seguir o trailer do curso Quatro Livros para Entender Jung:

thumb do curso 'Quatro Livros para entender Jung'

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Jung e a Psicologia Analítica

A psicologia junguiana é conhecida por sua visão profunda da psique humana. Diferentemente da psicanálise freudiana, que atribui a origem dos conflitos psíquicos à traumas sexuais, Jung acreditava que existem outras causas para essas questões. Nesse sentido, ele elaborou o processo de cura e integração por meio da individuação, um caminho psicológico e espiritual pelo qual uma pessoa se torna o que ela realmente é, integrando as diferentes partes da sua psique e alcançando a realização pessoal e um sentido mais profundo para a vida.

Para Jung, a psicologia analítica não estava destinada apenas a tratar doenças mentais, mas também seria uma ferramenta para o autoconhecimento e o crescimento espiritual. Ele acreditava que, ao reconhecer e integrar os arquétipos junguianos e os conteúdos do inconsciente coletivo, as pessoas poderiam alcançar um estado de equilíbrio interno.

O Inconsciente Coletivo

O conceito de inconsciente coletivo é fundamental na teoria junguiana. Diferente do conceito de inconsciente, desenvolvido por Freud, que seria único e individual, o inconsciente coletivo refere-se a um depósito de imagens, símbolos e experiências compartilhadas por toda a humanidade. Esses conteúdos são universais e aparecem em manifestações culturais, como fábulas, mitos e lendas coletivas, independente do período histórico. Jung nomeou esses símbolos universais do inconsciente coletivo de arquétipos. Seriam representações de elementos primordiais e fundamentais que influenciam a psique humana.

Segundo Jung, o reconhecimento desses arquétipos, tanto na psique individual quanto nas culturas, é essencial para a compreensão do comportamento humano e dos processos psíquicos. Ele aprofundou os estudos sobre o inconsciente coletivo nas obras “Os arquétipos e o inconsciente coletivo” e “O Eu e o Inconsciente”.

Arquétipos Junguianos: O que São e Como Funcionam?

Os arquétipos junguianos são padrões universais de pensamento, emoção e comportamento que existem no inconsciente coletivo da humanidade. Esses arquétipos representam elementos fundamentais da experiência humana e se manifestam de maneiras semelhantes em todas as culturas e épocas, sendo reconhecíveis em mitos, sonhos, religiões e contos populares.

Jung acreditava que o inconsciente coletivo, ao contrário do inconsciente pessoal, é uma camada compartilhada de experiências e representações, herdada ao longo da evolução humana. Os arquétipos são, portanto, formas primordiais de energia psíquica que influenciam nossos comportamentos, pensamentos e emoções de maneiras profundas e instintivas, muitas vezes fora da nossa consciência direta. Nesse sentido, até mesmo as escolhas amorosas seriam influenciadas inconscientemente pelos arquétipos.

Entre os arquétipos junguianos mais conhecidos estão:

ARQUÉTIPOS JUNGUIANOS RESUMO
O Herói Representa a parte de nós que busca enfrentar desafios, superando obstáculos e buscando crescimento. O herói é muitas vezes associado à jornada de transformação, superação e descoberta, como vemos em histórias mitológicas.
A Sombra Refere-se aos aspectos da personalidade que são reprimidos ou negados pela consciência, como os sentimentos, desejos e comportamentos indesejáveis. Para Jung, assumir a sombra é essencial no processo de individuação.
A Grande Mãe É o arquétipo da nutrição, cuidado e proteção, mas também pode ter um aspecto destrutivo e devorador, que pode se manifestar em formas de controle excessivo, rejeição ou dependência. Está associada tanto à maternidade quanto à figura da terra ou natureza.
A Persona Representa a máscara ou fachada que mostramos ao mundo, a identidade social que adotamos para nos adaptar às expectativas da sociedade. A persona pode ser uma fonte de conflito quando a pessoa se identifica excessivamente com essa fachada, negligenciando seu verdadeiro eu.


O Processo de Individuação segundo Jung

O processo de individuação é uma jornada que Jung desenvolveu com o objetivo de ajudar as pessoas a alcançarem a saúde através da manifestação da sua essência. Ele acreditava que cada pessoa tem o potencial de se tornar um indivíduo único e autêntico ao integrar os aspectos conscientes e inconscientes da psique. Esse processo envolve o confronto com a sombra, o reconhecimento dos arquétipos junguianos e a aceitação das diversas facetas do eu.

Jung acreditava que esse caminho de autodescoberta é muitas vezes árduo, mas é essencial para alcançar a realização pessoal. Ao longo do processo, o indivíduo transcende as limitações de sua personalidade egóica e alcança um estado de maior equilíbrio e autenticidade.

Carl Jung compreendia a individuação como o caminho para se tornar um ser verdadeiramente único, atingindo uma singularidade profunda ao integrar o “si mesmo”. Segundo ele, esse processo de autodescoberta e realização pessoal geralmente ocorre na segunda metade da vida, quando o indivíduo, após construir suas relações externas e consolidar seu papel na sociedade, volta-se para dentro, em busca de aspectos reprimidos ou esquecidos de sua psique.

Esse processo de individuação não é fácil, e envolve um constante confronto com os próprios medos, desejos e projeções. Mas é, segundo Jung, o caminho para alcançar uma vida plena e verdadeira, livre das amarras da inconsciência e da imaturidade emocional.

O Sagrado na Psicologia Junguiana

Jung dedicou uma parte significativa de sua obra ao estudo da espiritualidade e do sagrado, considerando-os expressões essenciais do inconsciente coletivo. Em suas análises, ele explorou a relação entre os indivíduos e as imagens e símbolos do sagrado, frequentemente herdados de suas culturas ou experiências passadas.

À medida que Jung aprofundava seus estudos sobre o inconsciente coletivo e os arquétipos, ele ampliava também sua visão sobre o sagrado. Para ele, o sagrado não se restringe a práticas religiosas ou a uma experiência espiritual formal, mas se revela nas manifestações simbólicas da psique humana.

Assim, Jung reconhece que a busca pelo sagrado seria uma jornada de autoconhecimento e não uma fuga da realidade. Nesse sentido, a religiosidade, em sua forma mais profunda, seria uma resposta da alma humana à necessidade de compreender e integrar as forças interiores e exteriores que influenciam a existência.

Frases de Jung

Carl Jung é conhecido por suas frases profundas sobre a psique humana, a espiritualidade e o autoconhecimento. Algumas de suas frases mais célebres incluem:

  • “Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar.”
  • "Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda."
  • "O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas: se houver uma reação, ambas se transformam."
  • "O que negamos em nós mesmos, torna-se o nosso destino."
  • "A sua visão se tornará mais clara apenas quando você olhar para o seu coração."
  • “Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão de nós mesmos.”


Perguntas Frequentes sobre Carl Jung

Quem foi Carl Jung?

Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, o fundador da psicologia analítica, que revolucionou a compreensão do inconsciente humano, introduzindo conceitos como inconsciente coletivo, arquétipos junguianos e individuação.

Quais são as principais ideias de Jung?

As principais ideias de Jung incluem a teoria do inconsciente coletivo, os arquétipos junguianos, o processo de individuação e a relação entre a psicologia e a espiritualidade.

Conclusão

O trabalho de Carl Jung oferece reflexões profundas sobre a psique humana. Seus conceitos de inconsciente coletivo, arquétipos e individuação continuam a ser de grande relevância para psicólogos e terapeutas. Jung propôs a integração dos aspectos sombrios e luminosos da nossa psique, no sentido de alcançar a saúde mental, o autoconhecimento e a realização pessoal.

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Referências:

https://super.abril.com.br/historia/carl-gustav-jung-conheca-o-fundador-da-psicologia-analitica#:~:text=fundador%20da%20psicologia%20anal%C3%ADtica%2C%20tamb%C3%A9m,sobre%20a%20natureza%20do%20inconsciente.

https://jungnapratica.com.br/vida-de-jung/

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/105/jung-vida-e-obra

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