Psicologia

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Jung, o processo de individuação e a busca pelo sentido da vida
Ella Barruzzi
Jung, o processo de individuação e a busca pelo sentido da vida
Descubra como Jung conecta o processo de individuação à busca pelo sentido da vida e transforme autoconhecimento em propósito.

Quantas vezes ao longo do ano refletimos sobre o verdadeiro sentido da vida, os motivos de estarmos trilhando o caminho que escolhemos, nossas relações ou a forma como enxergamos a nós mesmos e ao mundo?

É como dar uma pausa em tudo aquilo que nos move diante das tantas demandas atuais, do imediatismo e da correria do dia a dia – e nos agarrarmos à atenção plena, a fim de, como seres humanos pensantes, reconhecermos a nossa verdadeira natureza e encontrarmos o significado de propósito.

Muitos chamam isso de autoconhecimento, mas Jung, com as teorias que construiu na psicologia analítica, chamou de processo de individuação.

Imagem representando uma estrada com várias opções de caminho no horizonte, com uma silhueta de pessoa no meio. Ao redor, muitas árvores, plantas e jardins multicoloridos.

O sentido da vida alinhado ao processo de individuação

A vida acontece de forma natural, como se fosse algo básico explicado pela famosa frase dos ciclos: “nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos.” Mas será que é só isso mesmo?

Primeiro, porque no meio de cada uma dessas etapas passamos por transformações que englobam não só a nossa vida externa, mas também a interna – onde a expansão da consciência se torna necessária para acessarmos conteúdos guardados, esquecidos ou reprimidos, além dos símbolos, arquétipos e demais representações que nos oferecem insumos para que o processo aconteça.

Para Carl Jung, existe um caminho a ser percorrido, no qual a pessoa se torna, a grosso modo, uma versão mais plena e integrada de si mesma. A esse caminho, ele deu o nome de processo de individuação, que busca uma harmonia entre os diferentes aspectos da psique – sejam eles conscientes ou inconscientes.

Dessa forma, é possível levar uma vida mais autêntica e tornar-se quem sempre foi. Parece bem simples ao ler essas palavras, mas a realidade é que a consciência torna tudo mais difícil, já que se desvia da base arquetípica instintual – interconexão entre os arquétipos (estruturas inatas do inconsciente coletivo) e os instintos (impulsos biológicos naturais que orientam nosso comportamento) –, mantendo oposição a ela.

O sentido da vida, nesse caso, vai para um lugar de integração, visto que a psique é constituída de duas metades incongruentes que, juntas, deveriam formar um todo. Muitas vezes, inclusive, pensamos que a consciência é capaz de assimilar o inconsciente, porém ele é algo que não conhecemos – e que se apresenta através de símbolos e arquétipos, conforme citado.

Mesmo que tenhamos acesso a esses materiais – muitas vezes através dos sonhos e seus conteúdos oníricos –, não quer dizer que somos capazes de penetrar nos recônditos do inconsciente.

Por isso, segundo Jung, a individuação é um processo dinâmico e permanente, além de possuir dois movimentos principais:

  1. Decompor o inconsciente por meio da análise o separatio na alquimia: a separação analítica envolve se desprender das identidades que a pessoa criou com base em outras, de coisas externas e daquilo que está enraizado dentro de si mesmo. Esse processo de desapego ajuda a desenvolver uma consciência mais clara e reflexiva, como um espelho cristalino.
  2. Observar e ter atenção às imagens simbólicas que surgem do inconsciente coletivo: essas imagens aparecem em sonhos, na imaginação ativa – técnica desenvolvida por Jung – e em eventos que parecem coincidir de forma significativa – sincronicidades. Isso envolve a integração dos novos conteúdos do inconsciente à vida cotidiana e ao modo como a mente consciente funciona.




O processo de individuação engloba a necessidade de que sejamos capazes de desvendar os aspectos mais confusos e entrelaçados da nossa psique, fazendo com que se tornem mais claros.

É necessário uma espécie de confronto, além do distanciamento de certos traços do nosso caráter, permitindo que novos componentes da psique venham à tona, para que exista uma integração em um todo mais completo.

Falando assim, parece algo muito complexo para o entendimento consciente – e é mesmo –, por isso a psicologia junguiana nos apresenta um caminho para lidar com tais paradoxos, mantendo-os na consciência e compreendendo suas complexidades – não à toa, a abordagem teórica e clínica de Carl Jung é denominada de psicologia complexa ou psicologia profunda.



Principais etapas do processo de individuação

O princípio da individuação revela algo essencial sobre o ser humano: o impulso básico e natural de nos distinguirmos do que nos cerca. Esse movimento não é algo opcional, muito menos condicional e, para Jung, existem duas fases principais, a primeira e a segunda metade da vida – que começa por volta dos quarenta anos.

Sabe aquela famosa crise de meia-idade? Popularmente chamada assim, essa transição para um retorno de quem se é, ou seja, um retorno a si mesmo, é considerada como uma oportunidade para o “crescimento” psicológico. Dessa forma, antigos padrões podem ser deixados de lado, restabelecendo uma nova ordem, que cria espaço para um novo tipo de consciência.

Jung divide tal processo em duas etapas, com características distintas que podem ser vistas no esquema abaixo:

PRIMEIRA METADE DA VIDA SEGUNDA METADE DA VIDA
Foco no desenvolvimento do ego e na construção de uma identidade sólida. Foco do mundo externo para o interno, com integração de partes esquecidas ou reprimidas da psique.
Consolidação dos papéis sociais e formação de família, além do estabelecimento de carreira. Existe um questionamento sobre o propósito da vida, além de uma revisitação ao significado de escolhas e valores – pode gerar uma crise existencial.
Adaptação ao mundo exterior, com um esforço gerado para atender demandas e expectativas sociais, familiares e culturais. Pode haver uma manifestação de elementos como sombras, arquétipos e aspectos inconscientes para que sejam reconhecidos e incorporados.
Pode haver repressão de aspectos inconscientes, gerando um afastamento das partes mais profundas do Self. Passa a existir um movimento em direção à harmonia entre o Self e o ego, permitindo assim uma vida mais autêntica.
Desenvolvimento de uma personalidade consciente, que garante autonomia e independência. O foco se desloca de conquistas externas para a realização interna e espiritual, redefinindo as prioridades.


Embora grande parte das pessoas ignore esse processo, reprimindo e não admitindo a transição, ele acontece durante toda a vida dos seres humanos, sendo uma obra contínua que nunca chega ao fim – ou seja, não existe uma conclusão.

Uma das palestras de Jung, de 1916, traz a seguinte afirmação sobre a individuação: “é um princípio que possibilita, e se necessário determina, a diferenciação progressiva com relação à psique coletiva”.

Mas é óbvio que para entendermos tal conceito – bem como todos os outros conceitos, teorias e terminologias utilizadas por Jung – é necessário um aprofundamento em sua obra e a Casa do Saber disponibiliza cursos que auxiliam o público nesta missão.

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Conteúdos que podem auxiliar na busca do sentido da vida

Para começar, vale reforçar que a psicologia – não só a analítica – nos exige constante pesquisa, estudo, esforço e atualização. Isso pode se dar através de cursos livres, formações, leitura de livros, artigos etc.

Dentro do tema abordado neste texto, podemos apresentar algumas obras de Jung, como:

  • Septem Sermones ad Mortuos [Sete Sermões aos Mortos]: onde aparece uma das primeiras ocorrências do termo individuação.
  • Memórias, Sonhos, Reflexões: em que descreve os anos de “confronto com o inconsciente”.
  • O Livro Vermelho – uma leitura mais avançada (não que as anteriores não sejam): onde se encontram os resultados do período do livro anterior.


Também podemos citar autores como Murray Stein, e seu livro “Jung e o caminho da individuação”; mesmo autor de “Jung, o mapa da alma”; bem como “Alquimia e a imaginação ativa”, escrito pela famosa Marie-Louise Von Franz.

Complementando, Tatiana Paranaguá, professora da Casa do Saber, nos oferece uma excelente explanação a respeito de quatro livros para compreender aspectos dos pensamentos de Carl Jung, sua personalidade e a construção de uma psicologia profunda que atua de forma ampla e complexa. As obras possuem estilos distintos, tendo sido escritas pelo próprio Jung, servindo como um importante ponto de partida para a compreensão de tudo o que dissemos até aqui, como também para o que você ainda irá estudar e consultar ao longo do seu desenvolvimento profissional e pessoal.



Como aprender com os cursos da Casa do Saber

A Casa do Saber possui uma curadoria que tem como objetivo oferecer conteúdos que agreguem valor não só às pesquisas, como também na formação dos seres humanos como um todo. Por isso, opta não só pelos clássicos, mas engloba pensadores contemporâneos e temas acessíveis e aplicáveis ao cotidiano individual e coletivo.

Se você já é assinante e busca por conteúdos que tenham a ver com a sua área de atuação, basta clicar em “explorar cursos” para ter uma visão geral do que é apresentado na plataforma – onde cada um deles é dividido em setores autoexplicativos.

Dica:

Caso queira realizar uma pesquisa específica, basta clicar no símbolo da lupa e digitar seu interesse, sendo assim, a plataforma irá apresentar todos os cursos que estejam alinhados à palavra-chave em questão – são mais de seiscentas horas em aulas sobre diversas áreas do conhecimento!

Você também pode buscar pelos professores, seguindo o mesmo padrão – clicando em “nossos professores” ou pesquisando pela lupa que se encontra no canto superior direito.

Para os não assinantes, a chance é agora, pois a Casa do Saber oferece sete dias de acesso gratuito para que seja possível navegar pela plataforma a fim de conhecer cursos, professores e todas as aulas disponíveis.

Os cursos, inclusive, são divididos em aulas com títulos específicos, organizados de acordo com o tema abordado. Isso facilita para o aluno que deseja assistir a módulos separados para complementar algum estudo. Quer uma dica de ouro? Faça anotações separando cursos e aulas; assim, quando precisar pesquisar novamente, escrever um artigo acadêmico ou preparar um trabalho para a faculdade, saberá exatamente onde encontrar o conteúdo para citá-lo.

Agora que já falamos sobre como realizar suas pesquisas dentro da plataforma, que tal explorar o tema da individuação e do sentido da vida com novas perspectivas e olhares?



Filosofia e pensamento contemporâneo, como encontrar significado aqui agora

Agora que você já sabe como explorar os conteúdos da Casa do Saber, é essencial incorporar também perspectivas de pensadores contemporâneos, enriquecendo o olhar singular de Jung.

Um excelente exemplo é Contardo Calligaris, que em seu curso O Sentido da Vida, nos convida a refletir sobre respostas automáticas, como à habitual pergunta “está tudo bem?”. Ele destaca como essa interação frequentemente revela um comportamento inconsciente, já que, na maioria das vezes, respondemos “sim” – mesmo quando não estamos bem.

Isso porque o desejo de evitar desconfortos e a incapacidade de lidar com respostas sinceras podem revelar uma espécie de desconexão entre o eu consciente e os conteúdos mais profundos da psique – podendo ser considerado como um reflexo do hábito de reprimir emoções e pensamentos que não se alinham com a expectativa social de otimismo que nos cerca atualmente – a famosa positividade tóxica –, prejudicando, muitas vezes, a autenticidade das relações humanas.

A conexão entre o inconsciente e o consciente está diretamente ligada à busca por propósito e significado, aspectos fundamentais da jornada humana – que, como vimos anteriormente, Jung denomina de processo de individuação.

Dessa forma, também podemos citar algumas falas de Kaká Werá, que nos traz o poder criador – muito ligado ao exercício da liberdade criadora – como um reflexo de uma possível integração: ao transformar experiências passadas em novas possibilidades, o indivíduo se torna agente de sua própria existência. Essa transformação ocorre no presente, onde o mundo do alto (transcendência), o mundo do meio (vida organizada) e o mundo de baixo (tempo e matéria) convergem, segundo a tradição Tupi.



É necessário que possamos ampliar a forma como estudamos a psicologia – não só a analítica –, uma vez que a atualidade nos demanda olhares variados. Por isso, aqui citamos também Renato Nogueira, que apresenta um olhar sensível sobre como o amor e a infância desempenham papéis essenciais nessa jornada da individuação.

Em seu curso “Qual é o sentido da vida”, ele traz o amor, descrito por Fromm e Reich, como sendo uma força que equilibra e conecta o indivíduo ao mundo, promovendo autoconhecimento e vínculo. A infância, com sua confiança inata e potência criadora, é o estado em que a relação com a vida é mais pura e autêntica. Resgatar essa energia vital, mesmo na vida adulta – e na velhice –, é um exercício de resistência ao esvaziamento do sentido.

Jung também afirma que o envelhecimento não deve ser temido, mas sim encarado como uma oportunidade de refinar e expandir a consciência. E Renato traz o pensamento de Marco Túlio Cícero, que reforça essa ideia ao destacar que a experiência acumulada ao longo da vida nos permite encontrar propósito e gratidão. Esse processo não significa apenas olhar para o passado, mas reconfigurar nossa relação com o tempo, reconhecendo que o futuro é moldado pela qualidade de nossa vivência no presente.

Para finalizar todo esse apanhado, vale dizer que a integração da consciência e do inconsciente nos dá a capacidade de acessar o nosso potencial criador e explorar o desconhecido. Como Jung sugere, essa integração nos conduz ao máximo desenvolvimento da consciência humana, permitindo que transcendamos as limitações impostas pelo tempo e pelo espaço. E, ao abordarmos este tema, é indispensável mencionar Viktor Frankl, criador da Logoterapia, que fundamentou toda a sua abordagem na busca pelo sentido da vida. Para Frankl, a vida nos apresenta constantemente uma pergunta: "O que faremos dela?"





Referências bibliográficas

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2017.

STEIN, Murray. Jung e o caminho da individuação. São Paulo: Cultrix, 20015.

STEIN, Murray. Jung, o mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Ella Barruzzi
Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Explore como Jung revelou o inconsciente coletivo, arquétipos e símbolos que nos conectam à experiência humana.

A camada mais profunda da psique humana: o inconsciente coletivo

Jung dedicava-se a um intenso processo de introspecção enquanto enriquecia seus estudos com os relatos e experiências apresentados por seus pacientes. Esse mergulho profundo no inconsciente, realizado sobretudo por meio da análise de sonhos e fantasias, permitiu com que ele explorasse as fontes mais enigmáticas da psique.

Com base nessas investigações, Jung formulou teorias sobre as estruturas gerais da mente humana – aquelas que transcendem a individualidade e pertencem a todos. Assim, denominou a camada mais profunda da psique como inconsciente coletivo, identificando seu conteúdo como uma combinação de forças universais e padrões recorrentes, os quais chamou de arquétipos.

Dessa forma, de acordo com o que a psicologia junguiana chama de inconsciente coletivo, já teríamos uma estrutura psíquica prévia, ou seja, antes mesmo de desenvolvermos nossa psique ela já estaria ali, pronta para se manifestar seus conteúdos, que seriam idênticos em todos os seres humanos.

Em seu livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”, podemos encontrar um parágrafo que descreve de forma genuína o que Jung nos traz acerca de tal conceito: “É o mundo da água, onde todo vivente flutua em suspenso, onde começa o reino do "simpático" da alma de todo ser vivo, onde sou inseparavelmente isto e aquilo, onde vivencio o outro em mim, e o outro que não sou, me vivência.



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O inconsciente coletivo é tudo, menos algo individual e fechado em si mesmo, é amplo e conectado a tudo que se encontra ao nosso redor, ele é formado por conteúdos que não adquirimos individualmente e que nunca fizeram parte da nossa consciência – eles existem por causa da herança psicológica que recebemos, algo transmitido através das gerações. Uma maneira de entender isso é imaginar o inconsciente coletivo como um vasto oceano, com uma pequena ilha que representa a nossa consciência.

Jung vai além ao afirmar que nossa psique não é uma "tabula rasa", ou seja, não nascemos sem nenhum conteúdo mental. Em vez disso, temos essa herança psicológica que se soma à nossa herança biológica, influenciando quem somos e como vemos o mundo.

Portanto, ao entender o inconsciente coletivo, Jung nos oferece uma visão mais abrangente da psique humana, desafiando a ideia de que não somos apenas produtos das nossas experiências individuais. Dessa forma, podemos considerar a existência de um depósito de saberes e imagens universais que transcendem o tempo e o espaço, conectando todos os seres humanos.

Imagem feita em Inteligência Artificial de uma cabeça humana e vários componentes saindo dela. Ao fundo, céi azul com nuvens e algumas montanhas.

O inconsciente pessoal e a forte carga emocional

Carl Jung não teria alcançado as profundezas da psique sem antes explorar sua camada mais superficial, conhecida como inconsciente pessoal, distinguindo-a do inconsciente coletivo.
Para melhor compreensão, podemos recorrer a uma reflexão de Nise da Silveira, que descreve o inconsciente pessoal como uma camada onde se manifestam percepções, impressões subliminares e representações carregadas de intenso potencial afetivo, sendo assim incompatíveis com a postura consciente – para Jung, eram os complexos afetivos ou apenas complexos, derivados de nossas vivências pessoais marcadas por forte carga emocional:

  • Complexos são padrões emocionais e comportamentais inconscientes.
  • Surgem de experiências emocionais intensas ou traumas.
  • Influenciam o comportamento de maneira inconsciente.
  • Podem gerar reações irracionais.
  • São projetados em outras pessoas, afetando relações.
  • O objetivo da individuação é integrar esses complexos ao consciente.
  • A análise dos sonhos ajuda a entender e integrar os complexos.

Sabe aquele pensamento ou emoção que um dia você sentiu e “nunca mais” se recordou dele? De acordo com a psicologia analítica e seus conceitos, qualquer coisa que saia da nossa consciência por algum motivo não se perde ou desaparece, mas sim fica armazenado no que se chama de inconsciente pessoal, como uma espécie de arquivo temporário da mente.

Em algum outro momento existe a capacidade de que possamos lembrar ou, até mesmo perceber, tais pensamentos ou emoções, mesmo que estejam bloqueados, esquecidos ou escondidos na nossa psique. Mesmo assim, tudo isso pode continuar influenciando ações, sentimentos e escolhas na vida cotidiana, pois, de fato, estiveram sempre ali.

Dessa maneira, Jung nos traz a ideia de que a mente humana é uma vasta rede de camadas interconectadas, onde o inconsciente pessoal, com suas impressões e complexos emocionais, serve de ponte para o inconsciente coletivo, que guarda os arquétipos universais da experiência humana.

Para que possamos entender de forma mais didática, separamos uma tabela comparativa com as principais características de cada um dos “inconscientes”:

INCONSCIENTE PESSOAL INCONSCIENTE COLETIVO
Imagens arquetípicas: Não são universais, mas refletem a experiência e os aspectos culturais de cada pessoa. Arquétipos: Padrões universais de comportamento, imagens e símbolos compartilhados por toda a humanidade.
Possui aspectos culturais: As vivências pessoais de uma pessoa estão frequentemente moldadas pelas normas, valores e tradições da sociedade em que ela vive. Comuns a toda a humanidade: Independentemente de sua cultura ou histórico pessoal. Contém padrões que são compartilhados.
Tem relação com complexos e cargas afetivas: Padrões de emoções, pensamentos e comportamentos inconscientes originados de experiências de vida com forte carga emocional, como traumas, conflitos ou situações não resolvidas. Extrapola as experiências vividas de cada indivíduo: Abarca experiências universais e atemporais, como arquétipos que representam a herança coletiva da humanidade.
Seus conteúdos já estiveram na consciência: Pensamentos ou sentimentos que, por alguma razão, foram afastados da consciência e guardados nesse "arquivo mental". Seus conteúdos nunca passaram pela consciência: Não é algo que tenha sido conscientemente experimentado ou adquirido, mas é transmitido através da herança psicológica.


Dessa forma, a psicologia junguiana procura, principalmente em sua clínica, dar prioridade ao inconsciente individual, porém sem deixar de lado os conteúdos presentes também no inconsciente coletivo.

Pintura de uma mulher cujo rosto é retirado como máscara e ela o segura em uma das mãos. Do buraco criado em seu rosto, sai uma pomba branca.

Os arquétipos, o inconsciente coletivo e uma das suas aplicações na contemporaneidade

A partir da leitura deste e de outros textos da Casa do Saber, mesmo que você não tenha percebido, várias manifestações de arquétipos do inconsciente coletivo podem ter se manifestado. É assim que as teorias de Jung podem ser também analisadas e descritas, afinal, as redes sociais e o universo on-line são uma das ferramentas para acesso aos conteúdos universais.

Trends, memes, emojis e hashtags, criam símbolos diariamente, fazendo com que exista uma manifestação que ressoa com diferentes culturas, independente da localidade.

Dentro desse ambiente digital, essas imagens arquetípicas se mostram de formas simbólicas, refletindo tanto os conteúdos universais do inconsciente coletivo quanto as experiências pessoais do inconsciente individual.

Nas redes sociais, o inconsciente pessoal de cada indivíduo se mistura com o inconsciente coletivo da sociedade digital, criando um espaço onde as imagens arquetípicas podem ser projetadas, distorcidas ou até mesmo amplificadas.

Jung acreditava que o processo de individuação – o desenvolvimento do indivíduo em direção à totalidade e à integração da psique – pode ser facilitado pelo reconhecimento e confronto com esses arquétipos.

Esse processo de individuação, quando aplicado ao ambiente digital, pode ser visto como uma jornada de autodescoberta e integração, onde as pessoas têm a oportunidade de confrontar, expressar e transformar seus conteúdos internos – podendo isso ser benéfico ou não.







Referências bibliográficas

JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1984.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

BONFATTI, Paulo; NOGUEIRA Cátia; BLANCO Manuela; COSTA Marina. Breves considerações acerca do conceito de inconsciente coletivo na psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Juiz de Fora: Uniacademia, 2019.




Inteligência Emocional: como desenvolver, livros, Daniel Goleman
Xavana Celesnah
Inteligência Emocional: como desenvolver, livros, Daniel Goleman
O que é Inteligência Emocional e como desenvolver, Soft Skills, 5 habilidades da inteligência emocional no trabalho, empatia, psicologia e neurociênci

Inteligência Emocional: Entenda Como Ela Pode Transformar Sua Vida

A inteligência emocional, popularizada pelo psicólogo Daniel Goleman em 1995, é uma habilidade socioemocional importante para o equilíbrio em várias áreas da vida, inclusive no ambiente de trabalho. No livro Inteligência Emocional, Goleman destacou que essa habilidade é tão importante quanto o coeficiente intelectual (QI) para o bem-estar pois nos permite reconhecer e gerenciar tanto nossas emoções quanto as dos outros.

Nesse sentido, a inteligência emocional apresenta-se como uma competência que contribui para tomadas de decisão mais assertivas e para desenvolver relacionamentos melhores. Neste artigo, vamos apresentar o conceito de inteligência emocional, suas principais competências e como colocá-la em prática para ter uma melhora significativa em todas as áreas da vida.



O que é Inteligência Emocional?

A Inteligência Emocional refere-se à habilidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, bem como perceber e lidar com as emoções dos outros. Popularizada pelo psicólogo Daniel Goleman, ela abrange cinco componentes principais: autoconsciência, autorregulação, motivação, empatia e habilidades sociais, e é essencial tanto no âmbito pessoal quanto profissional.

A Inteligência Emocional também está ligada à neuroplasticidade, ou seja, à nossa capacidade de criar novas conexões cerebrais ao longo do tempo. Ao praticar essas habilidades, conseguimos reconfigurar nossos padrões emocionais e comportamentais, o que permite um maior controle sobre nossas reações automáticas. Embora inicialmente desafiador, esse processo de desenvolvimento se torna mais natural com a prática contínua.

Confira a seguir os principais componentes que formam a Inteligência Emocional:

COMPONENTES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SIGNIFICADO
Autoconsciência É a base da inteligência emocional. Ela permite identificar nossas emoções no momento em que surgem, compreender suas causas e reconhecer como afetam nossos pensamentos e comportamentos. Esse autoconhecimento é crucial para lidar de forma mais equilibrada com os desafios do dia a dia.
Autorregulação Diz respeito à capacidade de controlar impulsos e reagir de forma equilibrada, especialmente em situações de estresse ou adversidade. A pessoa emocionalmente inteligente é capaz de manter a calma e tomar decisões ponderadas, evitando reações automáticas que poderiam ser prejudiciais.
Motivação Está relacionada à capacidade de se manter focado em objetivos de longo prazo, apesar das dificuldades. Indivíduos com alta inteligência emocional são motivados por mais do que recompensas externas, como dinheiro ou reconhecimento; eles encontram satisfação no próprio processo e no impacto positivo que causam no mundo ao seu redor.
Empatia Envolve a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos dos outros. Em ambientes de trabalho, por exemplo, essa habilidade é essencial para líderes, pois permite que eles reconheçam e atendam às necessidades emocionais dos membros da equipe, promovendo um ambiente de compreensão e colaboração.
Habilidades sociais Referem-se à capacidade de construir e manter relacionamentos saudáveis e produtivos. Isso envolve comunicação eficaz, escuta ativa e resolução de conflitos de maneira construtiva.


Além disso, a Inteligência Emocional desempenha um papel fundamental na tomada de decisões, pois nos permite reconhecer e regular nossas emoções de maneira eficaz. Ao gerenciar nossas respostas emocionais, podemos tomar decisões mais assertivas e alinhadas com nossos objetivos de longo prazo, sem negligenciar as emoções sentidas. Esse processo envolve a prática constante de autocontrole e o desenvolvimento de melhores condutas.

Na Casa do Saber, você encontra uma seleção de cursos dedicados ao desenvolvimento da Inteligência Emocional, habilidade essencial para o crescimento pessoal e profissional. Esses cursos abordam desde os fundamentos da autoconsciência e autorregulação emocional até a aplicação da empatia e das habilidades sociais em diferentes contextos. São oportunidades valiosas para aprender a gerenciar as próprias emoções e melhorar as relações interpessoais. Confira a seguir os cursos disponíveis:



Quais são as características de pessoas com Inteligência Emocional?

  • Autocontrole
  • Autoconsciência
  • Otimismo Realista
  • Prática de Gratidão
  • Capacidade de Adaptabilidade
  • Trabalham bem em grupo
  • Resiliência
  • Liderança e Influência
  • Visão Sistêmica


Como as Emoções Influenciam Nossas Decisões Diárias?

As emoções estão sempre presentes em nossas decisões, muitas vezes influenciando nossa escolha de forma inconsciente. Por exemplo, quando estamos nervosos ou ansiosos, podemos tomar decisões impulsivas que não são as mais racionais. Por outro lado, emoções positivas, como a confiança, podem nos levar a agir de maneira mais assertiva e otimista.

A inteligência emocional nos ajuda a entender nossas emoções e a não deixar que elas nos controlem. Ao aprender a identificar o que estamos sentindo, podemos fazer escolhas mais equilibradas e refletidas. Afinal, gerenciar nossas emoções de forma adequada é fundamental para alcançarmos o bem estar. Além disso, a inteligência emocional nos ajuda a desenvolver empatia, um dos pilares da felicidade em nossas relações com os outros. Pessoas emocionalmente inteligentes tendem a ser mais altruístas, criando um ambiente de apoio e compreensão, o que também contribui para sua felicidade.

No mundo corporativo, a inteligência emocional é uma das habilidades mais requisitadas pelos empregadores. Com a automação de tarefas repetitivas e a evolução tecnológica, as empresas estão cada vez mais valorizando os aspectos emocionais de seus colaboradores. Competências como compaixão, comunicação eficaz e resolução de conflitos são fundamentais para o bom desempenho de uma equipe.

Estudos apontam que pessoas com alta inteligência emocional são mais produtivas, melhores em trabalhar em equipe e têm maior capacidade de tomar decisões complexas e de lidar com a exposição de suas vulnerabilidades. Por isso, desenvolver essa habilidade é muito importante para o crescimento pessoal e para a carreira profissional.

Como Desenvolver Sua Inteligência Emocional: 5 Passos Essenciais

Desenvolver inteligência emocional é um processo contínuo e diário, que exige dedicação e prática. Aqui estão cinco passos essenciais para começar:

  1. Trabalhar o autoconhecimento: reconhecer as emoções que podem estar atrapalhando o dia a dia, refletir como as emoções podem estar influenciando no comportamento. Saber o que te motiva também contribui para o autoconhecimento.
  2. Desenvolver a autoconfiança: Entender quais são os próprios limites e capacidades. Reconhecer seus pontos fortes e também os pontos fracos.
  3. Fazer autoavaliações: pensar a respeito do que você está sentindo, seja uma frustração ou um entusiasmo. Reconhecer as emoções negativas e positivas para saber tomar melhores decisões.
  4. Capacidade de ouvir críticas construtivas: pedir opiniões com a intenção de crescer através dos feedbacks externos. Além disso, fazer autoavaliações diante de situações que tiveram um resultado diferente do almejado
  5. Rir de si mesmo: compreender que o erro faz parte da vida e lidar com mais leveza diante das situações que não aconteceram da maneira que você queria. Ser menos crítico consigo mesmo e desenvolver a autocompaixão.


Como a Inteligência Emocional Pode Melhorar os Relacionamentos Interpessoais?

Relacionamentos saudáveis são fundamentais para o bem-estar emocional, e a inteligência emocional tem um papel central na construção e manutenção desses relacionamentos. Pessoas com alta inteligência emocional tendem a ser mais empáticas e amorosas, ouvindo os outros com atenção e respondendo de maneira construtiva.

Além disso, a capacidade de autorregulação emocional ajuda a evitar discussões impulsivas e mal-entendidos, criando um ambiente mais harmonioso e respeitoso nas interações. Dessa forma, investir no desenvolvimento da inteligência emocional pode ser um passo importante para fortalecer os vínculos com as pessoas ao seu redor.

O Impacto da Inteligência Emocional na Saúde Mental

A inteligência emocional também tem uma relação direta com a saúde mental. Ser capaz de entender e gerenciar as próprias emoções é uma forma de prevenir transtornos como ansiedade, depressão e estresse. Muitas vezes, quando estamos emocionalmente sobrecarregados ou não conseguimos lidar com nossas emoções de maneira saudável, isso afeta diretamente nosso bem-estar psicológico.

Pessoas com alta inteligência emocional têm maior capacidade de lidar com desafios e pressões sem se deixarem dominar por sentimentos negativos. Elas sabem como identificar sinais de alerta, como o estresse excessivo ou os sentimentos de angústia, e sabem como tomar medidas para reverter esse quadro. Isso inclui práticas como a meditação, o autocuidado e a busca por apoio profissional quando necessário.

No contexto atual, onde as redes sociais têm um papel central na nossa vida cotidiana, é fundamental entender como a exposição constante a esses ambientes pode impactar nossa saúde mental e aumentar a ansiedade. O ebook gratuito Ansiedade e Redes Sociais: Como Recuperar e Proteger sua Saúde Mental? oferece ferramentas para lidar com esses desafios. O ebook foi escrito com base no conteúdo do curso Saúde Mental e Estresse: Uma Visão das Neurociências, da Casa do Saber, ministrado pela doutora em Ciências pela UFRJ, Ana Carolina Souza. Para ter acesso ao conteúdo completo do ebook, preencha o formulário abaixo:

Banner ebook 'Ansiedade e redes sociais', da Casa do Saber

Inteligência Emocional na Liderança

No contexto profissional, a liderança é uma área onde a inteligência emocional se destaca como um diferencial importante. Líderes que dominam as habilidades emocionais são capazes de motivar suas equipes, resolver conflitos de maneira eficaz e criar um ambiente de trabalho saudável e produtivo. A empatia, por exemplo, permite que o líder compreenda as necessidades e preocupações de seus colaboradores, criando um espaço para comunicação aberta e apoio mútuo.

Além disso, a autorregulação emocional de um líder é fundamental. Quando um líder consegue manter a calma sob pressão, demonstrando controle emocional mesmo em momentos de crise, ele transmite confiança para sua equipe, que se sente mais segura e orientada a tomar decisões assertivas.

Uma liderança emocionalmente inteligente também sabe a importância do reconhecimento e da valorização das pessoas. Esse tipo de líder se preocupa com o bem-estar emocional de seus colaboradores, o que resulta em um ambiente de trabalho mais engajado, produtivo e criativo. Organizações que investem no desenvolvimento da inteligência emocional de seus líderes geralmente têm equipes mais motivadas, comprometidas e satisfeitas com o ambiente de trabalho.

Como a Inteligência Emocional Pode Melhorar a Qualidade de Vida?

A inteligência emocional impacta diretamente a qualidade de vida, pois nos proporciona as ferramentas necessárias para lidar com as adversidades de forma equilibrada e saudável. Ao aprimorar a inteligência emocional, conseguimos enfrentar os desafios diários com mais leveza e confiança, criando um equilíbrio entre o trabalho, o lazer e os relacionamentos pessoais.

Uma pessoa com alta inteligência emocional também tende a ser mais autoconfiante, pois compreende suas próprias forças e fraquezas. Essa autoconfiança ajuda a reduzir os níveis de insegurança e aumenta a sensação de realização pessoal, o que contribui para uma vida mais satisfatória.

Além disso, ao aprender a controlar o estresse e as emoções negativas, você pode melhorar sua saúde física, já que a redução do estresse está diretamente ligada à diminuição de riscos de doenças como hipertensão, doenças cardíacas e problemas de sono. A inteligência emocional, ao fortalecer o bem-estar psicológico, acaba tendo um impacto positivo em diversos aspectos da saúde, refletindo-se também na qualidade de vida geral.



Melhores Livros sobre Inteligência Emocional

Listamos abaixo as principais publicações sobre Inteligência Emocional, caso você tenha interesse em aprofundar seu conhecimento no assunto:

  1. Inteligência Emocional - Daniel Goleman
  2. A Coragem de Ser Imperfeito - Brené Brown
  3. Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar - Daniel Kahneman
  4. Trabalhando com a Inteligência Emocional - Daniel Goleman
  5. Agilidade Emocional - Susan David
  6. Foco - Daniel Goleman
  7. Inteligência Emocional 2.0 - Travis Bradberry e Jean Greaves


Conclusão

A inteligência emocional é uma habilidade essencial para uma vida pessoal e profissional mais equilibrada e satisfatória. Ao aprender a reconhecer e gerenciar suas emoções, você será capaz de tomar decisões mais sábias, melhorar suas relações interpessoais e alcançar seus objetivos com mais facilidade. No ambiente de trabalho, ela é fundamental para lidar com os desafios diários e para tornar o convívio mais humano, diante do desenvolvimento avassalador da inteligência artificial.

Ao praticar a inteligência emocional, aprendemos a ouvir ativamente, comunicar nossas próprias emoções de forma assertiva e, quando necessário, pedir desculpas ou oferecer perdão. Essas ações ajudam a transformar um conflito em uma oportunidade de aprendizado e crescimento, fortalecendo as relações e promovendo relacionamentos mais harmoniosos.

Investir no desenvolvimento da inteligência emocional traz benefícios para a sua saúde mental e emocional. Comece agora a trabalhar em sua autoconsciência, autorregulação e empatia, e observe os resultados positivos em todos os aspectos da sua vida.




Perguntas Frequentes

  1. Como a inteligência emocional pode melhorar minha vida profissional?

Desenvolver inteligência emocional no trabalho pode melhorar sua capacidade de lidar com o estresse, tomar decisões assertivas e trabalhar de maneira mais eficiente em equipe. Além disso, pessoas emocionalmente inteligentes têm mais facilidade em se adaptar a mudanças e liderar com empatia.

  1. Quais são os primeiros passos para começar a desenvolver minha inteligência emocional?

O primeiro passo é praticar a autoconsciência, ou seja, estar atento às suas emoções e como elas influenciam seu comportamento. A partir disso, você pode trabalhar na autorregulação e na empatia, buscando sempre melhorar sua capacidade de lidar com as situações emocionais de forma equilibrada e construtiva.

Referências:

https://porvir.org/daniel-goleman-identifica-o-papel-da-inteligencia-emocional-na-educacao/





A alquimia no desenvolvimento da psicologia analítica de Carl Jung
Ella Barruzzi
A alquimia no desenvolvimento da psicologia analítica de Carl Jung
Saiba mais sobre a ligação entre psicologia e alquimia, uma das bases para a terapia junguiana de Carl Jung.

No senso comum, quando falamos em alquimia, geralmente, a primeira coisa que nos vem à cabeça é o famoso livro de Paulo Coelho: “O alquimista”, que conta a história de um jovem pastor que parte em busca de seu "tesouro pessoal" após ter um sonho recorrente – o que não se afasta tanto assim do que Carl Jung nos fala sobre o tema.

A alquimia é um processo comentado há muitos séculos pela sua capacidade de transformar metais comuns em ouro, além de alcançar a pedra filosofal. E, para que possamos entender as metáforas e histórias por trás dos símbolos da alquimia e seus significados, a psicologia analítica nos fornece conceitos e elementos estudados e interpretados por Jung, que nos levam ao caminho da transformação interior, ou seja, rumo à individuação.

Imagem estilo chinês, toda em tons de amarelo, que apresenta à esquerda um senhor ajoelhado, oferecendo um cadinho alquímico. Ao centro um cadinho alquímico em tamanho grande, saindo fumaça. À direita, um senhor mostra a figura central para um nobre, com vestimentas elegantes em tons de preto e dourado.

Como Carl Jung alinhou psicologia e alquimia

Em 1928, a alquimia passou a fazer parte da vida de Jung. Isso aconteceu por meio de um texto da alquimia chinesa, que chegou até ele por intermédio de Richard Wilhelm, conhecedor da psicologia analítica e consciente de que o conteúdo estava alinhado às pesquisas de Jung naquela época.

Sem dúvidas, esse foi um dos marcos mais importantes, pois a psicologia junguiana toma a própria alquimia como base para o seu desenvolvimento. Carl Jung recorreu a experiências pessoais e sonhos nesse processo, incluindo também a análise de pacientes que relataram episódios complementares.

Todos os textos eram trabalhados através de linguagem simbólica, em que os símbolos reuniam aspectos da consciência e do inconsciente. Foi então que Jung passou a usá-los não apenas como analogias, mas como forma de compreender e se aprofundar nos processos psíquicos.

As práticas alquímicas, em sua busca pela pedra filosofal – símbolo da iluminação –, refletem o processo pelo qual uma pessoa deve passar para expandir a consciência. Esse processo envolve o desenvolvimento psíquico em direção à individuação, que consiste na integração dos aspectos conscientes e inconscientes da psique.



Também podemos citar que ele enxergava diversos arquétipos nas imagens alquímicas, expressando polaridades como, por exemplo: o sol e a lua, a prima matéria e o ouro, o claro e o escuro. Na psicologia analítica, os arquétipos também estão conectados ao inconsciente coletivo, ou seja, à camada mais profunda da mente humana, compartilhada por todos, sem distinção.

Esse processo alquímico, considerado como uma purificação para a transformação, se refletia no próprio processo de individuação, onde é necessário confrontar a sombra – aspectos reprimidos da psique, os quais não queremos acessar –, para que todos os elementos sejam integrados a fim de alcançar um estado de equilíbrio.

De forma mais simples: no processo de individuação, precisamos ser os próprios alquimistas trabalhando a matéria-prima bruta – sombra –, com o objetivo de transformá-la em ouro – autoconhecimento. Mas nem tudo é tão fácil como parece.

Pintura onde um  senhor de barba branca e vestimentas marrons, segura um frasco de vidro de laboratório, contendo um líquido dourado. Em sua frante, se encontra um segundo recipiente, que brilha como se fosse uma luz solar. Ao fundo, um forno à lenha.

O processo de transmutação para alcançar a pedra filosofal

O Opus Alquímico, também conhecido como a Grande Obra, é o termo utilizado para se referir ao processo de transformação que o alquimista busca alcançar – a transmutação de um estado inferior para um estado superior –, criando assim a pedra filosofal.

Ele é dividido em duas partes: operações – atividades realizadas em laboratório – e teoria – aquilo que pode ser observado, meditado e especulado. Sua fundamentação se dá na filosofia hermética, de Hermes Trismegisto e, ao longo do processo histórico, acabou sendo acrescido de ideias dogmáticas cristãs.

Como dito anteriormente, Jung utiliza desse processo como uma metáfora para a individuação, ou seja, a busca pelo autoconhecimento e a integração das diversas partes da psique, tanto conscientes quanto inconscientes. O Opus Alquímico seria então, um caminho simbólico que reflete as etapas da transformação psicológica, tendo alguns elementos principais e etapas específicas:

FASES DA ALQUIMIA DO QUE SE TRATA O PROCESSO
Prima matéria Ponto de partida para a transformação. Na psicologia analítica, é considerada como o estado inicial da psique – aspectos não reconhecidos, reprimidos ou que estão na sombra.
Nigredo Simboliza o enfrentamento da sombra, das partes mais negligenciadas da psique, daquilo que não se quer acessar e que está reprimido no inconsciente. Na análise, pode ser considerada como o momento de confronto, difícil e doloroso, onde medos e traumas tendem a aparecer para serem transformados.
Albedo É onde há a clareza, a fase em que os aspectos sombrios da psique já foram transformados, equilibrados e trazidos à consciência. Nesta fase, é onde acontece a integração dos opostos, além de uma profunda compreensão de si mesmo.
Rubedo Fase final onde ocorre a unificação de todas as partes da psique. Ela representa a conclusão da transformação e a integração total do inconsciente com a consciência – a criação da pedra filosofal, ou seja, o self integrado. Podemos considerar como exemplos para esta fase Buda e Jesus, pois é aqui que ocorre a iluminação.


Mas não podemos nos ater apenas às fases do Opus Alquímico, visto que para que a prima matéria comece seu processo, precisamos pensar também na ideia de Kairós, que nos traz a necessidade de um tempo – momento – adequado para que o trabalho alquímico seja iniciado.

Na clínica, por exemplo, durante o processo terapêutico, o paciente só conseguirá acessar um trauma – um aspecto de sua sombra – quando já tiver passado, previamente, por outras etapas da análise, ou seja, “é chegado o seu Kairós”.

Também é necessário que exista um processo de introspecção e reflexão profunda, denominado meditatio, onde é preciso manter um diálogo com aspectos internos da psique que, muitas vezes, podem ser representados por imagens arquetípicas de anjos da guarda, guias, mentores, gurus ou outras facetas do si mesmo – permitindo assim um contato com a subjetividade, proporcionando uma maior compreensão de elementos do inconsciente.

A partir disso, pode-se concretizar aspectos psíquicos através da imaginatio, que se expressa de símbolos – linguagem de expressão do inconsciente. Isso faz com que tais aspectos se tornem visíveis, pois foram trazidos à consciência. Para que sejam compreendidos, é necessário que esses símbolos estejam conectados a algo já conhecido, para que possam ser revelados.

O Opus Alquímico também necessita de um local apropriado para a operação, como se o “vaso” onde a alquimia é feita servisse como um útero para a própria gestação da pedra filosofal. Muitas vezes, esse lugar, no caso da terapia junguiana, será o próprio setting terapêutico.

Essa é uma atividade considerada sagrada, pois lida com o sublime, se tratando de uma atuação quase secreta ao próprio alquimista, pois ele conhece apenas uma parte do trabalho, enquanto parte dessa busca é ocultada por ela mesma e jogada no inconsciente.

Pintura com um homem vestido de azul, com cabelos e barbas grisalhos, sentado em uma cadeira, utilizando um fole para aumentar o pequeno fogo que se encontra abaixo de um recipiente. Ao seu lado, no chão, encontram-se alguns livros abertos, além de vidros de laboratório.

O que é alquimia e seu desenvolvimento

Assim como a natureza oferece os metais como matéria prima para que o alquimista a transforme em ouro, o inconsciente – ou a vida em geral – nos oferece potencialidades a serem trabalhadas para a integração dos opostos no processo de individuação, a partir da tomada de consciência.

É importante dizer que um dos conceitos fundamentais da alquimia é de que nada é criado do zero, mas sim existe a transformação de tudo. Como na famosa frase: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, do químico francês Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794), que corresponde à Lei da Conservação das Massas.

De certa forma, essa é uma frase alquímica, pois todas as potencialidades existentes se encontram em nossa psique desde o momento do nascimento. Até porque, quando falamos que é necessário um “vaso” que se assemelha ao útero para que o processo ocorra, muitas vezes, esse retorno ao útero se faz necessário em terapia, com o objetivo de que certos conteúdos do inconsciente sejam acessados para que haja sua integração.

Nesse contexto, a prima matéria é tudo aquilo que é intrínseco ao ser humano – pensamentos, ações, comportamentos, emoções – e, do ponto de vista psicológico, são esses elementos que irão passar pelas transformações do processo alquímico.



Na psicologia analítica, os primeiros aspectos com necessidade de transmutação e aperfeiçoamento são provenientes da sombra, ou seja, tudo aquilo que é rejeitado e ignorado acaba sendo recalcado ou esquecido no inconsciente. E, para além desse conteúdo, também existe o macro, denominado de inconsciente coletivo, que nos influencia através dos arquétipos, conforme já mencionado.

Pintura com um homem de barbas e cabelos grisalhos, misturando um conteúdo em um mini pote, segurando na mão esquerda um livro. Na mesa, alguns potes e uma ampulheta. Ao chão, perto da mesa, alguns livros abertos, enquanto do lado esquerdo, ao fundo da pintura, uma pessoa de joelhos acende uma espécie de forno, onde encontram-se vários frascos de laboratório.

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Psicologia e alquimia, do que fala o elemento

Muitos dos processos alquímicos estão intimamente relacionados aos elementos água, fogo, terra e ar, principalmente devido ao paralelo que é feito com os metais. Por exemplo, uma espada é forjada através do refinamento de um metal específico, exposto ao fogo, seguido de seu resfriamento na água. Da mesma forma, ocorre com o material psíquico, que Jung divide da seguinte forma:

  • Calcinatio: elemento fogo. Tem relação com a Rubedo e representa a purificação das chamas. Também é tido como representação das paixões fulminantes e da raiva. Ou seja, se não for um aspecto devidamente trabalhado, tende a ser destrutivo – para o próprio indivíduo ou pessoas ao redor.
  • Solutio: elemento água. Representa a dissolução de aspectos enrijecidos da psique, comportamentos que acabaram sendo consolidados. Pode ser relacionado com a fragilidade, pois para o líquido não existe certo contorno. Ao se quebrar em partes, a quantidade de energia psíquica liberada pode ampliar outros aspectos, afrouxando o sofrimento da consciência. Muitas vezes, no processo de transferência, o paciente identificado com tal reação alquímica tende a se dissolver no terapeuta em busca desse contorno.
  • Sublimatio: elemento ar. Representa a elevação e a transcendência de conteúdos psíquicos. Esse processo busca libertar o indivíduo de padrões mais densos ou materiais, permitindo que sua consciência alcance níveis mais elevados. A Sublimatio está ligada à capacidade de abstração, insight e compreensão de significados mais profundos.
  • Coagulatio: elemento terra. Simboliza a concretização, a materialização de conteúdos psíquicos antes dispersos ou abstratos. Esse processo corresponde à integração dos aspectos inconscientes na consciência, permitindo que ideias e potencialidades se tornem tangíveis e úteis na vida prática. A Coagulatio é essencial para que o trabalho psíquico realizado encontre um equilíbrio sólido e funcional no dia a dia.

Essas quatro operações nos oferecem uma metáfora para a compreensão da jornada alquímica, pois, eventualmente, elas chegarão para todos. Não podemos considerar um passo a passo ou uma jornada linear, mas um caminho com avanços e regressões, idas e voltas, por muitas vezes longo e sinuoso.

À esquerda, um desenho com a figura de um ouroboros, com um pentagrama ao centro, com símbolos e signos, além de uma escrita em hebreu. Do lado esquerdo um sol, do lado direito uma lua, ao centro um olho. Abaixo, um diabo com asas e um rei. À direita, um homem prepara um líquido em um grande frasco enquanto segura uma ampulheta. Abaixo ainda temos a representação de vários símbolos alquímicos como se fosse uma tabela periódica.

Alquimia e terapia, o paralelo da expansão da consciência

A psicologia junguiana, assim como o processo alquímico, envolve uma interação constante entre o mundo interno e externo, onde a matéria – as experiências vividas – refletem os conteúdos psíquicos.
O analista e o paciente trabalham em conjunto para decifrar esses reflexos, projetados nas situações rotineiras ou em eventos que parecem unicamente externos. Trata-se de um processo sutil, pois lida com feridas psíquicas – a sombra.

Portanto, é necessário que o indivíduo respeite seu próprio tempo – Kairós –, para que o seu Opus Alquímico aconteça. Mas mesmo em momentos de pausa (da terapia), o desenvolvimento psicológico não cessa; ele ocorre de forma orgânica, sendo impulsionado pela força natural de evolução da psique.

Acessar tais elementos, por mais doloroso que possa parecer o confronto com a sombra, gera potencial para a transformação da psique e o processo de individuação. Então, assim como o alquimista transforma metais brutos em ouro, o paciente é capaz de transmutar dores e dificuldades em autoconhecimento, integrando seus opostos e ampliando assim sua consciência.

Para tal, o analista tende a ser visto como um elemento fundamental, também como sendo alquimista que, como descrito na citação abaixo, convoca o paciente a tomar posse de sua própria psique:

“Geber requer do artifex as seguintes qualidades psicológicas e caracterológicas: ele deve ter o espírito extremamente sutil e dispor de conhecimentos suficientes acerca dos metais e dos minerais. Assim pois não pode ser grosseiro de espírito ou rígido, nem pode ser voraz ou cobiçoso, indeciso e inconstante. Não deve ser apressado ou presunçoso. Pelo contrário, deve ter firme propósito, longanimidade, perseverança, paciência, docilidade e moderação.”

(Apud Carl Gustav JUNG, Psicologia e Alquimia, p. 282-3).


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Referências bibliográficas:

JUNG, Carl Gustav. Psicologia e alquimia. Petrópolis: Vozes, 2016.

STEIN, Murray. O mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Interpretação dos sonhos, Jung e o processo de análise
Ella Barruzzi
Interpretação dos sonhos, Jung e o processo de análise
Os sonhos não são meras atividades aleatórias do inconsciente, funcionam como ferramenta de autocompreensão e desenvolvimento psíquico.

Com o que você sonhou hoje? Escrever um diário com os episódios desse “streaming noturno” tem se tornado rotina de muitas pessoas, especialmente aquelas que estão em processo de análise, em busca da interpretação dos sonhos.

Geralmente, o objetivo é que a psicologia junguiana auxilie no entendimento não apenas dos elementos presentes, mas também do simbólico e dos arquétipos que compõem a longa jornada entre as diversas atividades cerebrais e psíquicas do sono. Para Jung, isso sempre era um mistério e, para nós, também costuma ser.




Como a análise dos sonhos se torna possível com a psicologia analítica

Segundo Sidarta Ribeiro, no curso "A arte de sonhar: história, ciência e futuro dos sonhos", a capacidade de sonhar é um reflexo da evolução da espécie. Ao longo desse processo, o cérebro se desenvolve em camadas, passando por modificações que se tornam adaptativas, estabelecendo a base para futuros avanços.

Nesse contexto, os animais mamíferos apresentam uma característica marcante: a necessidade de aprendizado cerebral e o amadurecimento por meio de um repertório de memórias. Assim, o sonho e a brincadeira desempenham papéis importantes, auxiliando nessa dinâmica – em um ambiente seguro e afastado da supervisão parental.

Como sendo expressões do inconsciente, para Jung, os sonhos se dão a partir de uma lógica própria, que está para além da consciência. Dessa forma, o inconsciente se comunica através de conteúdos oníricos, que podem ser compostos por cenários, situações, imagens, sentimentos, memórias e até mesmo emoções.

É importante ressaltar que eles não são fenômenos que se delimitam em interpretações únicas – sem sentidos ambíguos –, mas sim com inúmeras possibilidades de análise e significados. Algumas definições foram trazidas por Carl Jung ao apresentar um método de interpretação dos sonhos, em um dos seminários sobre sonhos de crianças, proferido por ele entre 1936 e 1941. São elas:

  • O sonho reflete a resposta do inconsciente a uma experiência ou situação vivida na consciência, ou seja, o sonho traz conteúdos que, de maneira complementar ou compensatória, refletem a impressão deixada pelas experiências do dia. Ele só acontece porque alguma coisa específica foi vivida no dia anterior e precisa ser trabalhada enquanto dormimos.
  • Ele pode ser visto como uma mistura de duas realidades: a que vivemos acordados – consciência –, e a que vem do nosso inconsciente. Na maioria das vezes, não conseguimos apontar um motivo claro do nosso dia para determinada manifestação, sendo assim, o inconsciente cria algo novo e totalmente diferente, entrando em conflito com o que sabemos e vivemos, dando origem ao sonho.
  • Também é uma forma do nosso inconsciente tentar dar um toque peculiar na maneira como vemos e percebemos as coisas de forma consciente. Às vezes, o que sonhamos é tão forte e estranho que acaba influenciando atitudes e, até mesmo, a forma de pensar – um empurrãozinho para sair da estagnação, de vez em quando, vai bem.
  • Alguns deles são bem diferentes e difíceis de entender, já que se apresentam sem relações diretas com o que está sendo vivenciado durante o dia. Sem pé nem cabeça e com surpresas épicas – ou não –, também oferecem significados profundos e importantes. Podem, inclusive, surgir como revelações ou avisos, deixando uma sensação de clareza e ensinamento adquirido.


Muitas pessoas acabam acreditando que os sonhos se limitam ao mundo interno, porém é importante salientar que, na verdade, eles podem refletir percepções sutis do inconsciente, capazes de influenciar aspectos psicossomáticos da saúde e também da doença. No entanto, diagnósticos e prognósticos baseados em sonhos dificilmente seguem uma lógica categórica como no modelo médico atual, o que os torna inadequados para um tratamento sistemático com rigor técnico-científico.

Pintura surrealista em cores vivas, com uma mesa ao centro e elementos dispostos: árvores em miniatura, moldura de quadro e coreto. Ao fundo, um céu multicolorido, com nuvens cinzas e duas janelas.

Sonhos complexos e seu conteúdo onírico

No mesmo seminário, Jung traz uma estrutura que auxilia no desmembrar de sonhos complexos, facilitando a visualização dos conteúdos oníricos, que podem ser classificados de duas formas: manifestos – como o sonho é lembrado pelo sonhador, através dos elementos que aparecem na consciência ao acordar –; e latentes – associados aos significados ocultos ou inconscientes por trás do sonho (desejos, medos, memórias reprimidas e conflitos internos, por exemplo).

Para a interpretação dos sonhos, pode-se considerar os aspectos apresentados no esquema geral trazido abaixo, pois é uma estrutura típica e, segundo ele, dramática:

PARTES DO SONHO PRINCIPAIS DETALHES
Local ou lugar Espaço onde o sonho ocorre, bem como sua época e “Dramatis Personae” – pessoas que sejam protagonistas, antagonistas e personagens secundários, bem como suas relações, características e papéis desempenhados.
Exposição Como o problema se apresenta.
Peripécia (reviravolta ou mudança súbita) Introdução a uma mudança que, no entanto, também pode resultar em um desfecho catastrófico.
Lýsis (solução ou desfecho) Momento em que os conflitos do sonho são resolvidos, conduzindo ao seu possível término. Desfecho que faz sentido para o sonhador, apresentando a natureza compensatória do enredo do sonho.


Com tal esquema, Jung nos oferece um direcionamento capaz de auxiliar no processo de interpretação dos tipos de sonhos e seus significados, onde direciona para uma espécie de desmembramento de características e elementos, atribuindo funções, símbolos e formas a esse conteúdo onírico, como citado anteriormente.

Para isso, é essencial concentrar-se na imagem inicial, utilizando-a como uma espécie de núcleo central. A observação deve ser direcionada e focada, abandonando a ideia de associação livre – que permite aos pensamentos fluírem sem restrições, muitas vezes distanciando a mente do sonho e de sua imagem principal.

A partir dessa abordagem, as camadas do sonho podem ser exploradas de maneira estruturada, garantindo que a imagem central permaneça como base sólida para as associações que se desenvolvem ao seu redor.

Jung também compartilha algumas perguntas que foram utilizadas em casos de análise de sonhos com seus pacientes, tendo "x" como a imagem central:

  • O que vem à mente em relação a x, o que pensa sobre isso?
  • O que mais vem à mente em relação a x?


Quem está à frente de um sonho analisado é sempre o sonhador, um fator que se alinha com a ideia da psicologia analítica de que a fala do paciente vem antes de qualquer teoria.

Pintura surrealista em cores vivas. Chão de areia, como um deserto, onde, ao fundo, observa-se lagoas que se misturam à areia. Céu em tons de azul e laranja com balões voando. Árvore ao fundo e destaque para um relógio vertical antigo, com maquinário exposto, que marca 11h10.

Sabemos interpretar todos os sonhos?

O psicólogo ou analista não sabe do que se trata o sonho e seu significado, não faz ideia ou tem a mínima noção do modo como a imagem onírica se encontra na mente de cada uma das pessoas; é preciso que os símbolos e arquétipos façam sentido para aquele que traz a mensagem, para que possa ser interpretada à luz dos conceitos junguianos.

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Amplificar cada um dos elementos do sonho faz com que eles tomem forma – no sentido de se tornarem visíveis. Sendo assim, anotar todas as ideias e expressões que surgem individualmente, irão auxiliar na compreensão do significado como um todo, chegando ao real sentido do fenômeno.

As imagens precisam ser acompanhadas de um contexto, para que possam ser interpretadas por inteiro, sem contar que essa “estratégia” se dá a partir de uma amplificação pessoal e, claro, não podemos nos esquecer daquilo que é coletivo, das imagens universais. Ou até mesmo da cultura onde estamos inseridos, uma vez que as nossas figuras de linguagem já estão envoltas em diferentes tipos de símbolos. De maneira geral, um brasileiro sonhando com um elefante pode associar a imagem a um zoológico, enquanto, para um indiano, ela pode estar ligada a um festival sagrado.

Para esses sonhos onde imagens coletivas – que temos pouca ou nenhuma associação – se encontram em primeiro plano, acabamos não sabendo qual o contexto daquele conteúdo onírico, demandando muito esforço para que os sentidos sejam revelados e entendidos.

Os estudiosos da psicologia analítica sabem o quanto mitologias são importantes para a construção de um embasamento amplo, onde se possa acessar e coletar informações sobre diferentes símbolos, além dos motivos mitológicos. Não à toa, um dos principais sonhos de Jung o levaram a desenvolver um dos seus principais conceitos: os arquétipos.

Pintura surrealista com um homem com vestes orientais ao cenro, parado em um pequeno monte de pedra e grama, que se estende para um lago que se mistura com o céu. Tons de verde, laranja, rosa e azul compõem o chão; enquanto o céu é laranja degradê para o mais escuro do azul. Ao fundo nuvens e um imenso sol, enquanto, ao lado esquerdo, se apresenta, ao longe, um castelo com uma lua.

Para quê você está sonhando?

A psicologia analítica considera os sonhos como um fenômeno natural, não sendo intencional e contendo um modo muito específico de funcionamento, que não é proveniente de vontades, desejos, intenções ou objetivos da consciência.

Por ser algo tão intangível, tem como característica o esquecimento do sonhador, pois sua qualidade efêmera o desconecta do estado desperto, ou seja, quando acordamos, na maioria das vezes, nossa “memória sonhadora” se apaga.

Para Freud, os sonhos funcionam como uma janela para o inconsciente, desempenhando duas funções principais: realizar desejos reprimidos e proteger o sono.

Quando esses desejos são inaceitáveis ou difíceis de lidar, eles se manifestam de forma camuflada nos sonhos, permitindo que sejam explorados de maneira mais aceitável – mesmo conteúdos perturbadores encontram uma forma simbólica de expressão. Ao mesmo tempo, os sonhos têm um papel protetor, garantindo que o descanso não seja interrompido.

Podemos oferecer a Freud um grande mérito, pois foi ele quem abriu o caminho para que possamos interpretar os sonhos, tendo reconhecido, antes de tudo, que a interpretação de nenhum dos conteúdos oníricos pode se dar sem a colaboração do próprio sonhador – o que também é colocado por Jung.

As palavras que formam o relato de um sonho não possuem um único significado, mas múltiplos. Por exemplo, todos sabem o significado da palavra “elefante”, mas o que compõe o sonho como um todo, é muito mais amplo do que uma simples consulta a um dicionário.

Para a interpretação, é necessário contar com a colaboração do sonhador para restringir a variedade de significados das palavras, guiando a análise até o ponto central, onde não restem mais dúvidas.

Do ponto de vista da psicologia analítica, devemos nos questionar sobre o "para quê" – qual é o propósito – de ter tido um sonho específico, em vez de perguntar "por que" se teve. Essa abordagem, buscando entender o objetivo final, deve guiar a análise dos sonhos, pois, frequentemente, não encontraremos uma explicação imediata para um determinado conteúdo.



Durante o processo de interpretação, diversas hipóteses irão aparecer, isso porque o sonho pode ser tão confuso e denso, que demore a fazer sentido – inclusive, existem pacientes que entendem determinados episódios muitos anos depois.

Segundo Von Franz, é algo que acarreta um grande esforço físico, não apenas mental e ela diz: “O inconsciente, entre outras coisas, é um grande brincalhão, e às vezes ele fala direto – bang! Ao anotar o sonho, você dá uma gargalhada e sabe o que significa. Entretanto, muitos dos nossos sonhos não são assim tão óbvios.”

Ela ainda traz a ideia de que não devemos interpretar nossos próprios sonhos, uma vez que eles tendem a tocar em nosso ponto cego, ou seja, nos mostram aquilo que não sabemos – e que, muitas vezes, não queremos acessar. Nesse caso, a projeção acaba sendo inevitável e se mostrarmos a outra pessoa – um analista – ela poderá encontrar o que não podemos ver.

Entre as manifestações psíquicas, os sonhos talvez sejam aqueles que mais nos apresentam elementos "irracionais". Eles parecem ter pouca ou nenhuma coerência lógica e precisam da hierarquia de valores que definem outros conteúdos da consciência, tornando-os assim mais difíceis de entender – sonhos que possuem uma estrutura lógica, moral e estética são exceções.

Imagem psicodélica de um rosto andrógino, de olhos fechados, virado para cima, em tom de azul claro, com cores e luzes saindo dela.

A investigação dos sonhos é tarefa para uma vida inteira

Há pessoas que, de tempos em tempos, têm os mesmos sonhos repetidamente. Isso é mais comum na juventude, mas esse fenômeno pode continuar ocorrendo por muitos anos.

Isso acontece devido ao fato de precisarem elaborar alguns – ou vários – dos conteúdos oníricos ou até mesmo o contexto geral do sonho. Essas repetições acabam sendo as mais importantes para análise, uma vez que novas percepções podem ser atribuídas em cada sessão, facilitando assim o aprofundamento do entendimento do analisado. Geralmente, quando elaborados, esse tipo de sonho para de acontecer, dando lugar a outras formas do inconsciente se revelar.

Durante o sono, ocorre uma interação entre o mundo consciente, representado pelo ego ou "eu sonhador", e o inconsciente, expresso pelos conteúdos que surgem de maneira aparentemente aleatória no sonho. Para Jung, esse processo é tão significativo que ele o vê como uma tentativa de restaurar o equilíbrio psíquico.

Sidarta ainda nos traz a informação de que a nossa capacidade de sonhar dormindo, provavelmente, explica a nossa capacidade de sonhar despertos, ou seja, se relaciona com a nossa capacidade de imaginar. Mas como o processo acontece?

O sono é composto por diferentes fases que envolvem ondas cerebrais – elas não seguem uma única frequência ou um único padrão, mas sim uma sequência complexa e variada de atividade cerebral:

  • Vigília: quando estamos acordados, nosso cérebro está em atividade alfa, com ondas cerebrais na faixa de 10 Hz e olhos fechados – conscientes e alertas.
  • Teta: é a fase inicial do sono, onde as ondas cerebrais caem para uma faixa entre 5 a 7 Hz – começamos a relaxar e a transitar de um estado de vigília para o sono profundo.
  • Fusos corticais: onde ocorrem oscilações rápidas nas ondas cerebrais, com frequências de 10 a 12 Hz, durando de 1 a 3 segundos – são associados à consolidação da memória e ao descanso físico.
  • Complexos K: surgem ondas isoladas que atuam como um tipo de "apagão" no cérebro, interrompendo a atividade neuronal e promovendo uma desconexão temporária da consciência externa.
  • Ondas lentas: caracterizadas por grandes amplitudes e frequências baixas, geralmente abaixo de 4 Hz – aumentam de intensidade à medida que o sono avança, sinalizando um sono mais profundo e restaurador.
  • Sono REM (Rapid Eye Movement): marcado por uma aceleração das ondas cerebrais e uma dessincronização das mesmas – sono paradoxal, onde o cérebro está ativo, mas o corpo está imobilizado. Durante o REM, os sonhos intensos geralmente acontecem.




A cada noite, o ciclo de sono se repete várias vezes, passando por essas diferentes fases de forma contínua, proporcionando descanso e reparação do corpo e da mente.

Jung, tendo se dedicado às investigações dos encontros com entidades oníricas, tanto dormindo quanto desperto – imaginação ativa, imagos –, diz que o sonho prepara o sonhador para o dia seguinte. Essa porta de entrada para o inconsciente nos permite acessar conteúdos, submergindo em seus significados, com o objetivo de que se tornem presentes na consciência, proporcionando insights sobre nós mesmos.

Os sonhos têm uma função significativa, não são meras atividades aleatórias do inconsciente, desempenham um papel tanto retrospectivo – processando o passado –, bem como prospectivo – influenciando o futuro. A capacidade dos sonhos de moldar o estado emocional e mental consciente demonstra sua importância como ferramenta de autocompreensão e desenvolvimento psíquico.

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Referências bibliográficas

HALL, James A. Jung e a interpretação dos sonhos: um guia prático e abrangente para a compreensão dos estados oníricos à luz da psicologia analítica. São Paulo: Cultrix, 2021.

JUNG, Carl Gustav. Seminário sobre sonhos de crianças: sobre o método de interpretação dos sonhos – Interpretação psicológica de sonhos de crianças. Petrópolis: Vozes, 2011.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

VON FRANZ, Marie-Louise. O

Jung, arquétipo e o inconsciente coletivo na psicologia analítica
Ella Barruzzi
Jung, arquétipo e o inconsciente coletivo na psicologia analítica
Descubra os conceitos primordiais da psicologia junguiana: arquétipos e inconsciente coletivo, a partir de uma linguagem acessível. Leia agora!

É provável que você tenha ouvido algum conto de fadas quando era criança, conhecido histórias antigas de mitos ou se deparado com figuras religiosas estampadas em quadros expressivos. Dentro desse contexto, na época, não tinha conhecimento suficiente – uma consciência expandida – que ajudasse na interpretação das principais características dos arquétipos ali inseridos.

Neste texto, à luz da psicologia analítica, os símbolos dos signos serão decifrados a partir de uma pincelada no inconsciente coletivo, conceito amplamente discutido por Jung a fim de que a psique humana possa ser compreendida em sua totalidade e complexidade.

Jung, o conceito de arquétipo e o inconsciente coletivo

O processo histórico é essencial para que possamos entender a atualidade e, quando falamos de arquétipos – um dos principais conceitos da psicologia junguiana –, existe uma necessidade ainda maior de ampliarmos nossos olhares, com o objetivo de construirmos uma base bem estruturada para analisarmos algo que não se pode medir em palavras, que é inefável.

Jung era um psiquiatra que se denominava psicólogo; seus longos anos de estudo foram baseados nos fenômenos, não deixando que as teorias viessem antes. Toda essa experiência pregressa à teorização lhe proporcionava um rico saber, visto que, para ele, poderiam valer mais do que milhares de escritos. Dessa forma, em sua clínica, era primordial que a fala do paciente fosse colocada à frente de qualquer tipo de conceito ou teoria, o que é aplicado até os dias atuais.

No caso da análise, o psicólogo busca explorar e compreender todas as dinâmicas existentes internamente compondo a psique, ou seja, trabalha-se tanto o consciente como o inconsciente – que se apresenta das mais diversas formas, como nos sonhos, símbolos ou arquétipos.



Acessar o consciente é uma tarefa quase palpável, mas, no caso do inconsciente, é como descascar uma cebola, são tantas camadas que, na maioria das vezes, nos perdemos antes de chegarmos ao seu miolo.

Por isso, Carl Jung trazia como forte argumento que não se podia reduzir todos os aspectos da experiência humana a explicações psicológicas – o que denominava de psicologismo –, pois, dessa forma, estaríamos limitando toda a compreensão da psique e do próprio mundo através de uma visão reducionista.

Para a psicologia junguiana, o inconsciente não é um depósito de conteúdos reprimidos. Mas de onde vem esses conteúdos que não passam pela consciência? Como eles podem se expressar de forma tão influente sem que estejam necessariamente relacionados com a vida pessoal?

foto de Carl G. Jung

O inconsciente coletivo como uma das suas mais originais contribuições

A partir de seus questionamentos e estudos, Jung ia cada vez mais fundo nos materiais do inconsciente, explorando sonhos e fantasias dos seus pacientes, bem como materiais oriundos do seu trabalho pessoal de introspecção. Isso o levou a criar teorias e desmembrar as estruturas da psique, onde descobriu que algumas delas eram inerentes a todos os seres humanos, como no caso do inconsciente coletivo – sua camada mais profunda.

Um dos pontos marcantes para que chegasse a tal entendimento, foi um sonho tido por ele, onde uma casa de vários andares se mostrava como uma descida ao recôndito da psique. Nesse sonho, Jung explorou os diversos níveis, como sendo camadas do inconsciente, onde os mais altos eram organizados – representando a atualidade –, enquanto os mais profundos se encontravam abandonados – com a presença de crânios que remontavam ao primitivo. Só então, Carl Jung fez sua primeira menção ao inconsciente coletivo.

Não à toa, na mesma época, havia toda uma dedicação de sua parte ao estudo da mitologia, seus simbolismos e povos antigos, aprofundando-se nas teorias de Friedrich Creuzer.

De acordo com o que ia observando, ouvindo e experienciando, elaborou a ideia de que o conteúdo contido no sonho – e nessas partes mais profundas do inconsciente – era uma combinação de forças e padrões universalmente predominantes, que denominou de arquétipos e instintos. Nesse nível, nada seria individual ou único, o inconsciente coletivo não seria fruto da nossa vivência, mas sim um local onde todos nós estaríamos imersos.

A noção de Jung de arquétipos começou quando ainda colaborava com Freud, tendo sua origem localizada nas obras que escreveu no período entre 1909 e 1912. A exploração e a descrição do que Jung denominou inconsciente coletivo foram os elementos que conferiram à sua obra o caráter mais marcante e singular.

imagem de simbolos, olhos, mariposas e uma pessoa pensando representando inconsciente coletivo

O que é arquétipo

Ao contrário do que muitos acreditam, o arquétipo não é uma construção cultural, pois não foi criado por nós. Na realidade, é ele quem nos molda, e é a partir do seu impulso que também desenvolvemos a nossa consciência.

Para além, as construções culturais são responsáveis pelos símbolos arquetípicos, que facilitam o acesso à energia arquetípica, moldando a totalidade da experiência humana. Esses símbolos funcionam como dons que a natureza oferece, sem distinção de classe, credo, cor ou gênero.

Existem alguns arquétipos básicos, que estão presentes em todas as pessoas e acessíveis a elas – são a base para a construção de experiências. Porém, vale ressaltar, que nem sempre serão constelados de uma forma consciente por todos, a manifestação dos arquétipos de Jung dependerá da sintonia de cada um no contexto dessa linguagem simbólica do inconsciente. Confira alguns deles:

ARQUÉTIPOS JUNGUIANOS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Self É a parte central da psicologia analítica, sendo identificado como quem realmente somos, uma busca pela totalidade e pela individuação.
Ego Também com muita relevância para as teorias apresentadas por Jung, o ego é a nossa identidade consciente, como nos percebemos e como queremos ser percebidos pelo outro. Ego e Self equilibrados acabam sendo fundamentais para a jornada de individuação.
Sombra A maioria das pessoas não deseja ter acesso a esse arquétipo, por se tratar da parte reprimida ou considerada como obscura da personalidade. Compreender a própria sombra também faz parte do processo.
Anima e Animus Representando o feminino e o masculino, respectivamente, estão em todos nós, independente do sexo biológico, auxiliando assim a dinâmica de integração dos opostos.
Herói Coordena uma série de símbolos de forma característica para expressar a realização de grandes feitos, muito bem representados quando analisamos a vida de profetas. Ele exige o abandono do pensamento fantasioso infantil, para que a realidade seja aceita de um modo ativo.
Mãe e Pai Não se restringem a figuras parentais literais; eles se manifestam em papéis e comportamentos que podem ser assumidos ao longo da vida, como por exemplo: nutrição, amor, cuidado e o útero, no caso da mãe; e autoridade, lei, racionalidade e disciplina, no caso do pai.
Criança Este arquétipo aparece em muitos mitos, contos de fadas e sonhos como a criança divina, o bebê milagroso ou o herói infantil. Pode ser associado a momentos de transformação e novos começos. Simboliza a pureza, o lado instintivo e espontâneo do ser humano.
Velho sábio Simbolizando sabedoria, orientação e conhecimento profundo, o arquétipo do velho sábio representa a conexão com o inconsciente coletivo e a capacidade de oferecer soluções ou conselhos. Dessa forma, muitas vezes, é associado à figura do mentor, guia ou ancião, em mitos, contos de fadas e narrativas culturais.


Os arquétipos, como fonte primordial de energia e padronização psíquica, constituem a base essencial dos símbolos psíquicos, são como matrizes do funcionamento dos símbolos que expressam a normalidade e a patologia. No entanto, as imagens arquetípicas frequentemente correm o risco de serem confundidas com uma psicologia espiritualizada, desprovida de um embasamento sistematizado.

Dessa forma, é fundamental que saibamos fundamentar tais discussões na vida e em tudo aquilo que é vivido no corpo humano, entrelaçando as histórias pessoais, a exploração da psique, o corpo e a mente.



A partir disso, Jung traz a ideia de que o homem não nasceu da tábula rasa, mas sim inconsciente, possuindo muitas informações que não adquiriu por si, mas que herdou dos seus antepassados, mesmo das mais remotas origens. Ou seja, se compõe de um sistema organizado, advindo de milhões de anos de desenvolvimento, assim como os pássaros que constroem seus ninhos ou tartarugas que colocam seus ovos na mesma praia onde nasceram – o plano básico da sua natureza coletiva, um plus forts que vous (mais fortes do que a gente).

pintura de narciso

As manifestações dos arquétipos na contemporaneidade

Com todos esses conceitos e teorias da psicologia junguiana, às vezes, paira no ar o questionamento de como os arquétipos e suas principais características podem influenciar no desenvolvimento de uma personalidade, então, para clarificarmos o que trouxemos até aqui, vamos entender como eles moldam não apenas nossas histórias, mas também nossas identidades.

Ao nos relacionarmos com essas figuras arquetípicas, através dos mitos, filmes ou até mesmo em nossa própria vida, começamos a reconhecer partes de nós mesmos, acessando camadas mais profundas da psique, como falado anteriormente, sendo assim, a compreensão permite que possamos integrar esses aspectos de forma mais consciente. Cada arquétipo, com seus padrões e símbolos, tem o poder de influenciar decisões, medos, motivações e desejos que guiam nossas ações no mundo.

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O Sábio

O Inocente

O Explorador

O Governante

O Criador

O Cuidador

O Amante

O Herói

O Comediante

O Homem Comum

O Mago

O Rebelde

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Nos contos de fadas, como em “Branca de Neve e os Sete Anões”, o arquétipo do herói é personificado pelo príncipe, enquanto o arquétipo da criança divina é simbolizado por Branca de Neve, que embarca em uma jornada de transformação e confronta sua sombra. Já em “A Bela e a Fera”, Bela representa o feminino consciente – Anima –, enquanto a Fera vivencia o processo de integrar sua sombra masculina em busca de aceitação e transformação.

Os mitos também são fonte de consulta quando o assunto é arquétipo, como no caso de Thor, na mitologia nórdica, onde Thor é o próprio herói, defendendo o mundo contra forças malignas, enquanto seu martelo, Mjöllnir, simboliza poder e proteção, enquanto também reflete o processo de confronto com a sombra, representada pelas forças do caos e da destruição. A mitologia grega nos traz o mito de Narciso, que nada mais é do que o arquétipo do ego, que se encontra inflado, com uma grande obsessão consigo mesmo – essa representação nos traz também a sombra, pois esse ego não está “saudável”.

Filmes são amplamente trabalhados com base em personalidades relacionadas aos arquétipos, em que a psique humana se depara com o que há de mais óbvio; por serem tão evidentes, muitas vezes, tais contextos acabam passando despercebidos. Alguns dos mais famosos são:

  • "O Senhor dos Anéis" – de Tolkien –, onde a jornada de Frodo é um exemplo clássico de individuação.
    • Arquétipo do velho sábio (Gandalf).
    • Arquétipo do herói (Frodo).
    • Arquétipo da sombra (Smigol).


  • "Star Wars" – de George Lucas –, que consiste em um processo de transformação psíquica ao longo da saga.
    • Arquétipo do herói (Luke Skywalker).
    • Arquétipo do velho sábio (Yoda).
    • Arquétipo da sombra (Darth Vader).


  • "O Rei Leão" – da Disney –, onde o personagem principal precisa confrontar sua sombra para alcançar a individuação.
    • Arquétipo do herói (Simba).
    • Arquétipo da sombra (o passado e Scar).
    • Arquétipo do velho sábio (Rafiki).


E, claro, ícones da cultura pop também devem ser mencionados, como:

  • "Game of Thrones" – de George R.R. Martin.
    • Arquétipo do herói (Jon Snow).
    • Arquétipo da sombra (Cersei Lannister).


  • "Vingadores: Ultimato" – da Marvel Studios.
    • Arquétipos de heróis (Capitão América e Homem de Ferro).
    • Arquétipo da sombra (Thanos).


  • "Stranger Things" – de Matt e Ross Duffer.
    • Arquétipo do herói (Eleven).
    • Arquétipo da sombra (Demogorgon).
    • Arquétipo do velho sábio (Jim Hopper).


Ao considerar temas e cenários arquetípicos, como os citados acima, as pessoas, muitas vezes, se veem caindo em uma armadilha. É como estar em um labirinto sem saída, onde o ego, que sempre tenta evitar enfrentar seus desafios internos e responsabilidades, se vê sem alternativas.

Esse é o ponto onde a jornada interior, segundo os conceitos de Jung aqui apresentados, exige que se encare suas questões, pois, até que essas questões sejam resolvidas, a liberdade não será alcançada.

imagem do filme 'o rei leão' da Disney

Como se aprofundar nos símbolos dos signos e nos arquétipos

Todos nós nascemos integrados ao inconsciente coletivo, repleto de arquétipos que, ao longo da vida, vão sendo atualizados, manifestados – constelados – ou não. Esses padrões originais têm uma base profunda e única, que vai além do que podemos compreender de forma cognitiva. Para isso, Jung utiliza o termo alemão Selbst o si-mesmo ou arquétipo central, aquele que é da ordem e da totalidade do homem.

Dessa forma, inicialmente, esses “pacotes de informação” transitam pelo inconsciente coletivo, onde são, de certa forma, influenciados por outros conteúdos já presentes nesse nível da psique. Posteriormente, eles emergem para a consciência, podendo se manifestar sob a forma de intuições, visões, sonhos, percepções de impulsos instintivos, imagens, emoções e ideias.

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Referências bibliográficas

JUNG, Carl Gustav. Sobre sentimentos e a sombra. Petrópolis: Vozes, 2015.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

STEIN, Murray. Jung, o mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Ciúmes: Significado, Tipos de ciúme, Retroativo, Relacionamentos
Xavana Celesnah
Ciúmes: Significado, Tipos de ciúme, Retroativo, Relacionamentos
O que é ciúmes, suas causas e tipos, como esse sentimento impacta os relacionamentos românticos e como as redes sociais agravam a insegurança.

O ciúme é um sentimento presente em todo ser humano e é considerado normal até certo ponto. Ele indica que o outro é importante em um relacionamento e que a pessoa que sente ciúmes tem medo de perder aquele relacionamento. Porém, o ciúme se torna um problema quando ele passa a ser uma obsessão. Nesse ponto, a pessoa ciumenta busca controlar a vida do parceiro, prejudicando a qualidade da relação. Neste artigo, vamos abordar o significado dos ciúmes, suas causas, tipos e de que maneira ele impacta os relacionamentos. Além disso, vamos discutir a influência das redes sociais sobre esse sentimento.

O que é Ciúmes?

O ciúme pode ser definido como um sentimento de insegurança emocional que surge quando uma pessoa teme perder o afeto de seu parceiro devido à presença de uma terceira pessoa ou a percepções de diminuição de sua importância. A palavra "ciúmes" tem origem no latim zelumen e no grego zelozus, que significam um desejo ardente, calor ou zelo. Em essência, os ciúmes estão intimamente relacionados ao medo de perder algo ou alguém que consideramos valioso, o que inclui nossos relacionamentos amorosos.

De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra ciúme é definida como um “sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade, fazem nascer em alguém; zelos; angústia provocada por sentimento exacerbado de posse”.

Este sentimento pode ser natural e até mesmo saudável em algumas situações. Um certo grau de ciúmes pode sinalizar que a pessoa valoriza o relacionamento e tem medo de perdê-lo. No entanto, o ciúmes se torna problemático quando a insegurança e o medo de perda se transformam em obsessão. Neste ponto, a pessoa ciumenta busca controlar a vida do parceiro, o que pode prejudicar a confiança mútua e a qualidade do relacionamento.

Para entender melhor sobre o tema, assista a seguir a aula gratuita sobre ciúmes com a psicanalista e escritora Ana Suy. A autora dos livros “A gente mira no amor e acerta na solidão” e “Não pise no meu vazio”, Ana Suy esclarece sobre as origens do ciúmes e seu significado.

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Tipos de Ciúmes: Quando o Sentimento Se Torna Prejudicial

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, acreditava que o ciúmes seria um estado emocional natural, mas que sua manifestação exacerbada causaria uma patologia. Ele identificou três níveis de ciúmes: o competitivo ou normal, o projetado e o delirante, cada um com suas características e intensidades.

Os ciúmes podem se manifestar de várias formas, desde uma preocupação momentânea até uma obsessão destrutiva. Conhecer os diferentes tipos de ciúmes é essencial para entender como esse sentimento pode afetar um relacionamento, de que forma a dependência emocional pode estar relacionada ao ciúmes e como ele pode ser tratado.

Ciúmes Normal ou Competitivo

Este tipo de ciúmes é o mais comum e natural. Ocorre quando uma pessoa percebe uma ameaça à sua relação, geralmente devido à presença de uma terceira pessoa que disputa a atenção ou o afeto do parceiro. O ciúme competitivo, também definido como normal, é desencadeado por situações reais e específicas, como um parceiro que passa mais tempo com um amigo(a) ou tem interações constantes com um ex-namorado(a).

O ciúme competitivo é, em muitos casos, uma reação à percepção de que outra pessoa pode estar ocupando um espaço importante ou oferecendo algo que a pessoa teme não poder oferecer, como atenção ou carinho. Esse tipo de ciúmes está relacionado a uma insegurança temporária e pode ser agravado pela dependência emocional. Mas, é possível ser superado por meio de diálogos abertos e pelo fortalecimento da confiança mútua.

Ciúmes Projetado

O ciúme projetado ocorre quando a pessoa que sente ciúmes transfere suas próprias inseguranças para o parceiro. Em vez de perceber seus próprios medos e desejos, ela começa a projetar essas emoções no outro. Por exemplo, uma pessoa pode suspeitar que seu parceiro está atraído por alguém, quando, na verdade, ela mesma está experimentando sentimentos de atração por outra pessoa. O ciúme projetado reflete uma desconfiança infundada e pode levar a um comportamento possessivo e controlador, sem base na realidade.

Freud acreditava que esse tipo de ciúmes está relacionado a processos inconscientes, onde a pessoa, ao sentir algo negativo sobre si mesma, começa a "enxergar" esse comportamento no parceiro, mesmo quando não há evidências concretas.

Ciúmes Delirante

O ciúme delirante é o tipo mais extremo e patológico de ciúmes. Nesse caso, o indivíduo sente uma obsessão irracional e sem fundamentos de que está sendo traído, mesmo na ausência de qualquer prova concreta. O ciúme delirante pode levar a distúrbios emocionais graves, como raiva, depressão, paranóia e até comportamentos obsessivos de vigilância, como o monitoramento constante do parceiro.

Nesse caso, a pessoa não apenas sente ciúmes de maneira exagerada, mas acredita de forma delirante e sem fundamento que o parceiro está constantemente sendo infiel. O ciúme delirante pode levar o indivíduo a criar fantasias e acreditar em situações inexistentes, como ter convicções firmes de que o parceiro está escondendo algo, mesmo sem nenhuma evidência concreta.

Esse tipo de ciúmes está frequentemente associado a transtornos psiquiátricos, como o transtorno delirante, em que a pessoa se torna obcecada por uma crença infundada. Muitas vezes, esse comportamento é uma forma de defesa contra sentimentos profundos de insegurança, baixa autoestima ou medo da perda. O ciúmes delirante pode destruir um relacionamento, pois a pessoa afetada vive imersa em fantasias e crenças distorcidas, tornando-se cada vez mais difícil para ela distinguir o que é real do que é imaginário.

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Como as Redes Sociais Intensificam os Ciúmes nos Relacionamentos

O surgimento das redes sociais tem adicionado uma nova camada de complexidade ao ciúmes nos relacionamentos. Plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp por exemplo, permitem uma exposição constante de nossas interações sociais e de momentos da nossa vida privada, o que pode alimentar a insegurança e a desconfiança no parceiro. Além disso, esses aplicativos surgem como uma fonte inesgotável de mal entendidos e de comparações, especialmente quando um parceiro interage com outras pessoas de forma aberta ou “excessiva” na internet.

A facilidade com que podemos monitorar as atividades online do outro gera o fenômeno conhecido como "stalking digital" ou ou monitoramento das redes sociais. Esse comportamento é cada vez mais comum e envolve desde a análise de fotos e postagens do parceiro até a investigação de mensagens privadas. Em alguns casos, o parceiro começa a criar cenários e conclusões baseadas em interpretações das interações online, o que pode gerar uma espiral de insegurança e desconfiança, prejudicando o fluir do amor.

Para muitas pessoas, esse tipo de comportamento provoca sofrimento emocional e pode até levar ao fim de um relacionamento saudável, já que o foco passa a ser no mal estar e insegurança gerados pelas redes sociais e não nos sentimentos reais entre os parceiros.

Ciúmes e a Psicanálise: A Profundidade das Motivações Inconscientes

Na psicanálise, o ciúme é frequentemente relacionado a uma manifestação de conflitos emocionais inconscientes, muitas vezes, enraizados em experiências passadas e dinâmicas familiares. Assim, a complexidade e os contratempos das relações amorosas teriam origens muito mais profundas. Segundo Freud, o ciúmes pode ser um reflexo de rivalidades internas, como aquelas com pais ou irmãos, ou até mesmo um desejo inconsciente de controle ou possessividade.

A psicanálise e suas diferentes perspectivas, seja através das concepções de Jacques Lacan, pela psicologia analítica de Carl Jung e de Freud, sugere que, para entender profundamente os ciúmes, é necessário examinar as emoções reprimidas e os mecanismos de defesa que as pessoas utilizam para lidar com suas inseguranças. O ciúme excessivo pode, muitas vezes, ser um reflexo de um medo profundo de abandono ou uma sensação de inadequação, que a pessoa projeta no parceiro.

O que é Ciúmes Retroativo?

O ciúme retroativo é um tipo de ciúmes que surge quando uma pessoa sente insegurança ou desconforto em relação ao passado amoroso ou sexual de seu parceiro. Ao contrário do ciúme tradicional, que geralmente está relacionado ao medo de uma ameaça no presente — como uma terceira pessoa que pode estar competindo pela atenção do parceiro — o ciúme retroativo é alimentado por sentimentos de possessividade ou inveja sobre experiências passadas.

Esse tipo de ciúmes pode ser desencadeado por conversas sobre relacionamentos anteriores, a presença de objetos ou recordações do passado (como fotos ou presentes de ex-namorados), ou até mesmo a comparação constante entre o parceiro atual e ex-parceiros. Também é possível surgir a partir de relacionamentos tóxicos com narcisistas, que costumam realizar triangulações com a intenção de desestabilizar o parceiro e causar ciúmes propositalmente. A pessoa com ciúmes retroativo pode sentir que o parceiro ainda tem uma conexão emocional com os ex, o que cria uma sensação de insegurança ou inadequação.

Por que os Ciúmes Retroativos Surgem?

O ciúme retroativo geralmente está ligado a questões de autoestima e insegurança. Quando uma pessoa não consegue se sentir completamente segura ou valorizada no relacionamento amoroso atual, pode começar a projetar suas próprias inseguranças sobre o que o parceiro viveu anteriormente. Esse sentimento é muitas vezes exacerbado por um desejo de "ser a única" pessoa ou a mais importante na vida do parceiro, levando a uma idealização de uma relação sem passado.

Além disso, pessoas com dificuldades em lidar com sentimentos de abandono ou rejeição são mais propensas a desenvolver o ciúmes retroativo, uma vez que se sentem ameaçadas pela ideia de que o parceiro possa ter experimentado um sentimento de amor mais intenso e significativo com outra pessoa no passado.

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Como o Ciúmes Retroativo Afeta o Relacionamento?

Quando não tratado, o ciúme retroativo pode causar tensão e desconfiança no relacionamento. Ele pode levar a conflitos frequentes, onde o parceiro ciumento questiona o outro sobre detalhes do passado, exige explicações ou tenta apagar símbolos da história anterior do parceiro, como fotos ou presentes de ex-namorados. Isso cria um ambiente de controle e possessividade, onde o foco não está na construção de um relacionamento saudável, mas em tentar apagar ou substituir o passado.

Além disso, o ciúmes retroativo pode gerar uma sensação de culpabilização no parceiro que tem um passado amoroso. Esse parceiro pode se sentir constantemente acusado ou pressionado a se desvincular de suas experiências anteriores, o que é um comportamento injusto e prejudicial à autoestima e à liberdade individual.

Como Lidar com o Ciúme Retroativo?

Autoconhecimento: Entender a origem do ciúme retroativo é fundamental. Muitas vezes, esse sentimento está relacionado a inseguranças próprias, como o medo de não ser bom o suficiente ou a ideia de que o parceiro teve experiências melhores no passado. Trabalhar esses sentimentos pode ajudar a reduzir o impacto do ciúmes.

Diálogo honesto: É importante que o parceiro que sente ciúmes retroativo converse de forma verdadeira e respeitosa com o outro, explicando suas inseguranças sem acusar ou culpar. O diálogo construtivo pode ajudar a esclarecer mal-entendidos e fortalecer a confiança.

Aceitação do Passado: Todo relacionamento tem um passado, e é saudável aceitar que o parceiro teve experiências antes de estar com você. Tentar apagar ou negar esse passado prejudica a relação. O respeito pelo passado do outro é fundamental para o fortalecimento do vínculo no presente.

Desenvolvimento da Autoestima: Investir em melhorar a autoestima e autoconfiança é essencial para quem sente ciúmes retroativo. O parceiro que se sente inseguro deve focar no seu próprio crescimento e entender que seu valor não depende das comparações com outras pessoas.

Conclusão

O ciúmes é um sentimento humano natural, mas quando se torna uma obsessão leva a comportamentos prejudiciais que afetam profundamente os relacionamentos românticos. Compreender suas origens, seus tipos e os efeitos que ele pode ter nas nossas interações é essencial para lidar com esse sentimento de forma saudável.

Se você se vê constantemente sentindo ciúmes e nota que isso está prejudicando sua vida amorosa e suas relações pessoais, a psicanálise pode ser uma boa ferramenta para entender suas causas mais profundas. Um relacionamento saudável é construído com base na confiança, no respeito mútuo e no amor, não na posse ou controle.




Perguntas Frequentes sobre o Ciúmes

  1. O que causa o ciúmes em um relacionamento?
    O ciúmes é causado por insegurança emocional, medo de perder o parceiro, baixa autoestima, e, em alguns casos, traumas devido à experiências passadas de traição ou rejeição.
  2. Como controlar o ciúmes de maneira saudável?
    Para controlar o ciúmes, é importante desenvolver a autoestima, estabelecer uma comunicação aberta com o parceiro e procurar ajuda psicológica, quando necessário.




Referências:

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/287/amor-e-solidao-uma-psicanalise-das-conexes-humanas

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/476/vocabulario-dos-afetos

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/311/as-relaces-amorosas-e-seus-contratempos-uma-abordagem-interdisciplinar

https://www.filosofiaepsicanalise.org/2013/11/freud-explica-o-ciume.html

Medo: o que é, os tipos de medo e fobia, superação e bem-estar
Xavana Celesnah
Medo: o que é, os tipos de medo e fobia, superação e bem-estar

O medo é uma emoção natural, que faz parte dos nossos mecanismos de defesa para sobreviver. Quando sentimos medo, nosso corpo entra em um estado de alerta, nos preparando para agir ou fugir diante de uma ameaça.

Embora o medo seja uma reação fundamental para nossa proteção, ele também pode tornar-se doentio, ao se manifestar de forma excessiva. Assim, ele pode se tornar uma fobia, emoção que interfere no bem estar e na saúde mental dos indivíduos. Neste artigo, vamos explicar o que é o medo, por que sentimos medo, como lidar com ele e como ele pode se apresentar em forma de fobias. Além disso, vamos discutir as terapias mais eficazes para tratar dessas fobias.

O Que é Medo?

O medo é uma resposta emocional do nosso organismo a uma ameaça percebida, que pode ser real ou imaginada. Ele é, portanto, uma reação orgânica de perturbação emocional diante da exposição a algum tipo de perigo. Dessa maneira, o medo aciona o sistema límbico cerebral, responsável pelas emoções, e deixa o corpo num estado de alerta para decidir rapidamente entre lutar ou fugir da ameaça.

Portanto, o medo desperta os mecanismos de defesa corporais, aumentando os batimentos cardíacos e deixando a respiração mais acelerada. Nesse sentido, o medo é natural e faz parte de um organismo saudável.

De acordo com o psicanalista Christian Dunker, uma pessoa que não tem medo seria uma presa fácil do mundo, alguém que não consegue se defender. Assim, o medo seria, para ele, “um afeto que levanta e mantém o indivíduo numa espécie de estado decisional”.

Ou seja, o medo nos levaria a produzir rápidas interpretações e hipóteses a respeito da situação, de modo que o indivíduo afetado pelo medo consiga gerar decisões para se proteger. Ainda de acordo com Dunker, apesar do medo ser comumente associado à covardia, o que de fato acontece é que a pessoa corajosa não é aquela que não tem medo, mas sim a que é capaz de senti-lo e enfrentá-lo. Já que o medo seria uma emoção essencial para o desenvolvimento do pensamento lógico e da inteligência.

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Por Que Sentimos Medo?

Sentimos medo porque o nosso organismo deseja sobreviver. O medo é uma resposta adaptativa e decisiva para a nossa sobrevivência. Aliás, não apenas para a sobrevivência humana, mas os demais animais também possuem essa emoção como uma defesa para enfrentar situações perigosas.

O medo nos prepara para agir rapidamente, seja através da fuga do perigo ou por meio do enfrentamento. Ademais, essa resposta fisiológica envolve a liberação de adrenalina, acelerando o coração, a respiração e preparando os músculos para ação.

Em suma, sentimos medo porque ele é uma estratégia de sobrevivência. Ele aciona nossa capacidade de responder ao perigo. Sem essa sensação, estaríamos mais propensos a nos expor a situações arriscadas, como ficar perto de animais selvagens ou atravessar avenidas movimentadas sem a atenção necessária.

Muitas vezes, a ansiedade antecede o medo, como uma forma de alertar o corpo para algo que ainda vai acontecer. A ansiedade e o medo estão intrinsecamente relacionados, sendo que a ansiedade estaria mais ligada à antecipação de um risco. O medo, por sua vez, seria a reação imediata a uma ameaça concreta.

Embora o medo seja uma emoção natural e benéfica para nossa proteção, ele pode se tornar disfuncional em algumas situações, levando a uma sensação de paralisia ou a um comportamento excessivo de evitação.

Como Lidar com o Medo?

Apesar de o medo ser uma emoção natural e benéfica para a proteção da vida, ele pode se transformar em um problema quando passa a ser excessivo, e com os limites saudáveis sendo ultrapassados pode se transformar em uma fobia. Nesses casos, a saúde mental e o bem-estar do indivíduo ficam significativamente prejudicados. É aí que as estratégias e abordagens terapêuticas são necessárias para ajudar a lidar com o medo, compreender sua origem e reduzir seu impacto no dia a dia. Aqui estão algumas estratégias para lidar com o medo:

  1. Aceitação do Medo: O primeiro passo para lidar com o medo é aceitá-lo como uma parte natural da vida. Em vez de tentar suprimir ou negar os sentimentos de medo, é importante reconhecê-los e compreender sua função.
  2. Terapias: Para medos excessivos, como fobias, o tratamento é fundamental. Entre as abordagens terapêuticas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem a proposta de ajudar as pessoas a reestruturarem sua relação com o medo e encontrarem maneiras mais saudáveis de lidar com ele. A Dessensibilização Sistemática é uma técnica de exposição gradual utilizada no tratamento de fobias, onde o paciente é progressivamente exposto à situação que causa medo, até que a resposta emocional se torne mais controlável.
  3. Identificar a Causa:

    Compreender o que está por trás do medo é essencial. O medo é uma reação a algo que percebemos como ameaça, mas essa percepção pode ser distorcida ou projetada. Por isso, as psicoterapias e a psicanálise são indicadas para ajudar o paciente a identificar as causas do medo até que tenha os recursos para trazê-las à tona e superá-las.

  4. Mindfulness e Respiração:

    Práticas de meditação como o mindfulness são aliados no controle do medo e da ansiedade. As técnicas de respiração profunda auxiliam na promoção da calma, reduzindo a ativação do sistema nervoso nos casos de medo. Os exercícios de mindfulness levam a pessoa a se concentrar no momento presente, evitando assim que o medo se amplifique por pensamentos catastróficos voltados para o futuro.

  5. Rede de Apoio Social: Conversar sobre seus medos com amigos, familiares ou profissionais é uma maneira eficaz de reduzir a ansiedade e o pavor. O suporte social ajuda a aliviar a carga emocional e também permite que a pessoa perceba que não está sozinha em seus sentimentos.



O Medo de Perder e o Medo da Solidão?

O medo de perder está profundamente ligado à nossa necessidade de controle e segurança. Esse medo surge em contextos variados, mas é extremamente comum nos relacionamentos amorosos. A perda do companheiro/a pode despertar uma sensação de desespero e impotência. Na maioria das vezes, esse tipo de perda causa um grande vazio interior e as pessoas não estão preparadas para lidar com isso. Daí, sentimentos como o ciúme podem surgir a partir do medo de perder o parceiro e também do medo da solidão.

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A quebra da rotina, a frustração em relação à idealização do amor, além, é claro, da ausência do companheiro, podem desestruturar o lado emocional. Assim, o medo de que o relacionamento termine, acaba alimentando a ansiedade e a insegurança em algumas pessoas, podendo gerar um ciclo repetitivo de preocupações. Esse contexto é um terreno propício para a evitação ou o apego excessivo àquilo que se teme perder.

Por outro lado, o medo da solidão está associado ao sentimento de desconexão e à busca por aprovação social. A solidão é vista como uma experiência angustiante e digna de pena. Portanto, a hipótese de ser rejeitado ou de não ser amado é sentida como aterrorizante. O medo de ficar sozinho pode afetar a saúde mental, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos como a depressão e a ansiedade. Esse medo está intimamente ligado à necessidade de pertencimento, uma das necessidades humanas mais básicas.

Tanto o medo da perda quanto o da solidão podem desencadear a dependência emocional. Devido a esses medos, algumas pessoas acabam permanecendo em relacionamentos tóxicos, apenas para evitar o vazio emocional. O autoconhecimento e o fortalecimento da autoestima podem contribuir para a superação desses medos.

Aprender a lidar com a possibilidade da perda e entender que a solidão não significa necessariamente abandono ou fracasso são pensamentos a serem incorporados para que o sujeito entenda e acolha melhor suas emoções.

Como Diferenciar Tipos de Medo?

Embora todos nós experimentemos o medo de alguma forma, existem diferentes maneiras pelas quais ele se manifesta e intensifica. O medo pode ser classificado em medos comuns, que são reações naturais a situações perigosas, e em fobias, que são medos excessivos e irracionais.

Segundo o psicanalista Christian Dunker, as fobias são mais frequentes em crianças e apresentam-se como “um tipo de sintoma no qual a pessoa mostra um medo muito forte, dirigido a um objeto. Esse objeto pode ser um animal, tipo um rato ou uma cobra; pode ser uma situação, como estar dentro de um elevador, que é a claustrofobia; pode ser uma cor, como a eritrofobia, medo da cor vermelha.” Veja na tabela abaixo alguns tipos comuns de medo e de fobia:

TIPOS DE MEDO TIPOS DE FOBIA
Medo de falar em público É um dos medos mais frequentes, afetando muitas pessoas em contextos profissionais e sociais.
Fobia social Medo intenso de ser julgado ou criticado em situações sociais. Esse tipo de fobia pode levar ao isolamento e prejudicar relacionamentos.
Medo de altura (acrofobia) Sensação de vertigem em grandes altitudes, como ao olhar de um prédio alto ou ao viajar de avião.
Claustrofobia Medo de espaços fechados, como elevadores, salas pequenas ou ambientes sem ventilação.
Medo de animais Cachorros, cobras, aranhas e outros animais podem gerar medo em muitas pessoas, em graus que variam de desconforto a pânico.
Agorafobia Medo de espaços abertos, lugares públicos ou situações onde a fuga seria difícil. Pessoas com agorafobia podem evitar sair de casa ou ter dificuldade em frequentar lugares lotados.



Como Diferentes Terapias Podem Ajudar a tratar do Medo?

Nos casos em que o medo se torna excessivo, irracional e impede a execução normal das atividades diárias, buscar ajuda terapêutica é fundamental. Além das fobias, outros transtornos também podem ter o medo e o estado de alerta como característica predominante. O Transtorno de Pânico, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático e até distúrbios alimentares como anorexia e bulimia são exemplos que envolvem uma reação exagerada de medo ou ansiedade, afetando o bem-estar físico e psicológico. Algumas abordagens terapêuticas indicadas para tratar o medo incluem:

  1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):

    Essa abordagem ajuda a identificar e reestruturar padrões de pensamento disfuncionais que alimentam o medo, permitindo que a pessoa desenvolva formas mais saudáveis de reagir.

  2. Dessensibilização Sistemática:

    É uma técnica de terapia de exposição gradual. A pessoa é exposta de forma controlada ao objeto ou situação que causa o medo, começando com uma forma menos intensa e progredindo até enfrentar a situação real. Esse processo ajuda a diminuir a intensidade da resposta de medo ao longo do tempo.

  3. Psicanálise:

    A psicanálise aborda as fobias como manifestações de conflitos inconscientes, que podem estar ligados a traumas, desejos reprimidos ou sentimentos de culpa. Assim, esses medos não estariam ligados apenas a ameaças concretas, mas também a causas simbólicas vindas de questões emocionais mais profundas que o paciente não consegue compreender conscientemente. Esse tipo de tratamento visa ajudar o paciente a integrar e superar os traumas emocionais subjacentes, proporcionando uma cura mais profunda e duradoura.


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O que é o medo considerado normal e necessário para nós?

O medo é visto como normal e saudável quando acontece para nos ajudar a identificar situações de risco. Por fazer parte do nosso mecanismo de defesa, ele é uma emoção normal e necessária. É uma emoção essencial para nos ajudar a evitar perigos e a tomar decisões rápidas. Quando o medo é moderado e alinhado com uma ameaça real, ele representa uma parte necessária do nosso funcionamento emocional.

Porém, ao se tornar desproporcional, como nas fobias, o medo se torna um transtorno que deixa de ser útil à sobrevivência e se torna problemático. Nesses casos, o medo não prepara o indivíduo para agir, mas o paralisa, impedindo-o de se relacionar com a fonte do medo, e afetando sua qualidade de vida.

Conclusão:

O medo em si não é uma emoção que precise de tratamento. Apenas quando se torna irracional ou desmedido é que passa a afetar negativamente a nossa vida. Por isso, é importante saber diferenciar o medo saudável das fobias, já que essas precisam de ajuda profissional. Entender o medo e suas manifestações é o primeiro passo para superá-lo e viver uma vida mais equilibrada.




Perguntas Frequentes:

Quando Buscar Ajuda para o Medo?

Quando o medo se torna excessivo, contínuo e interfere nas atividades diárias, como em casos de fobia, é importante procurar ajuda profissional. As psicoterapias ou a psicanálise podem ajudar a reduzir o impacto do medo e restaurar o equilíbrio emocional, permitindo que a pessoa recupere o controle de sua vida.

O que fazer para vencer o medo de falar em público?

Para vencer o medo de falar em público, é importante se preparar bem e ensaiar a apresentação, o que aumenta a sensação de confiança. Focar na mensagem, em vez de se preocupar com o próprio desempenho, também ajuda a diminuir a ansiedade. Técnicas de respiração profunda e relaxamento podem acalmar os nervos antes e durante a fala. Se o medo for muito intenso, procurar apoio profissional pode ser útil para superar o medo de forma eficaz.



Referências:

https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/medo.htm

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/476/vocabulario-dos-afetos

https://www.youtube.com/watch?v=E1BzzharV14

https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/09/como-o-corpo-reage-quando-sentimos-medo







Burnout: Sintomas do Cansaço Mental, Causas e Tratamento
Xavana Celesnah
Burnout: Sintomas do Cansaço Mental, Causas e Tratamento
Conheça os sintomas da síndrome de burnout, mal-estar ligado ao trabalho, e descubra como o tratamento pode ajudar a restaurar o equilíbrio emocional

Nos últimos anos, o termo burnout se popularizou e tem se tornado cada vez mais presente no vocabulário de quem lida com as pressões do ambiente de trabalho e as inúmeras atividades da vida moderna.

Caracterizado por um estado de exaustão física e emocional, o burnout é uma síndrome do esgotamento profissional que afeta especialmente aqueles que vivem em locais de alto estresse. Seus efeitos costumam ser devastadores para o indivíduo acometido e também para seus relacionamentos profissionais e pessoais.

Neste artigo, vamos mostrar como o burnout se desenvolve, quais são seus principais sintomas e discutir o impacto do neoliberalismo nesse cenário, além de apresentar opções de tratamento para lidar com esse problema crescente no mundo do trabalho.

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O que é a Síndrome de Burnout?

A síndrome de burnout é um distúrbio emocional que resulta da exposição prolongada ao estresse das exigências do trabalho, seja pelas longas horas da jornada laboral ou pelas responsabilidades das atribuições. O burnout é identificado pela exaustão física e mental que causa no indivíduo, devido às atividades do trabalho.

A síndrome está incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), de 2019, como um fenômeno ocupacional. Ela não é uma doença, mas está descrita como um fator que influencia o estado de saúde.

O termo "burnout" significa "queimar até o fim" e foi adotado pelo psicólogo Herbert Freudenberger na década de 1970, para definir o esgotamento de profissionais de saúde e cuidadores de dependentes químicos. Com o tempo, o conceito se expandiu para qualquer profissional exposto a níveis elevados de pressão e estresse no ambiente de trabalho.

Burnout vai além de um simples cansaço após um dia exaustivo. Trata-se de um processo gradual que leva à exaustão física e mental, prejudicando a saúde psicológica e a produtividade. Com pressão por resultados e a falta de tempo para o autocuidado, o trabalhador começa a perder o entusiasmo pelas tarefas diárias, chegando a se sentir incapaz de atender às expectativas profissionais e até pessoais.

O contexto de competitividade que faz parte da lógica neoliberal cria um terreno propício para o desenvolvimento dos casos de burnout. Principalmente porque o neoliberalismo valoriza a produtividade e o desempenho profissional acima do bem-estar individual.

Causas e Fatores de Risco do Burnout

O burnout não surge repentinamente; ele é o resultado de um acúmulo gradual de fatores estressantes ao longo do tempo. As principais causas incluem:

  • Sobrecarga de Responsabilidades: A pressão constante para atender às exigências profissionais, mesmo diante do esgotamento, é um dos principais gatilhos. A sensação de nunca conseguir "fazer o suficiente" alimenta o ciclo de exaustão.
  • Horas Extras Frequentes: A necessidade de trabalhar além do horário normal, seja por exigências externas ou internas, compromete o tempo de descanso e acelera o desgaste físico e mental.
  • Estresse Contínuo: A exposição constante ao estresse, especialmente em ambientes de alta pressão, pode criar um clima tóxico para a saúde mental e física. Profissionais que enfrentam situações de grande responsabilidade são especialmente vulneráveis.
  • Falta de Equilíbrio entre Vida Profissional e Pessoal: A dificuldade em estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal contribui significativamente para o desenvolvimento do burnout, levando a um esgotamento generalizado.


Sintomas de Burnout: Como Identificar os Sinais de Alerta

A identificação dos sintomas de burnout pode ser difícil, pois, muitas vezes, os sinais iniciais são confundidos com simples cansaço ou falta de motivação temporária. No entanto, existem alguns sintomas específicos que podem indicar o início da síndrome. Entre os sintomas de burnout, destacam-se:

  1. Exaustão constante: O cansaço físico e mental é profundo e persistente, não se resolvendo com descanso. A pessoa sente que, por mais que tente descansar, sua energia nunca é restaurada.
  2. Queda na eficiência no trabalho: A exaustão física e mental reduz a capacidade de produzir de forma eficaz, ao contrário da crença popular de que trabalhar mais horas leva a mais resultados. A fadiga só aumenta os erros e a sensação de ineficiência.
  3. Sentimento de fracasso e incompetência: A sensação de não ser capaz de atender às expectativas – seja de si mesmo ou dos outros – leva à baixa autoestima e a um quadro de insegurança crônica.
  4. Distanciamento emocional – A pessoa pode começar a se sentir desconectada de suas responsabilidades, criando um certo cinismo em relação ao trabalho, como forma de proteção contra a sobrecarga emocional.
  5. Sintomas físicos – O estresse excessivo pode causar dores de cabeça, insônia, problemas digestivos, dores musculares e até aumento da pressão arterial, sinais de que o corpo também está sobrecarregado.
  6. Flutuações de humor: A pessoa com burnout frequentemente experimenta mudanças abruptas de humor, como irritabilidade, ansiedade e episódios depressivos. Essas oscilações afetam negativamente tanto o ambiente de trabalho quanto as relações pessoais.
  7. Dificuldade de concentração: A perda de foco nas tarefas cotidianas é um dos sinais mais evidentes do burnout, o que resulta em uma queda na performance e um aumento na sensação de incapacidade.


Esses sintomas não aparecem de forma abrupta, mas se desenvolvem ao longo do tempo. Quando não tratados, podem levar a sérios danos à saúde mental e física, criando um ciclo vicioso de exaustão.

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O Impacto do Neoliberalismo no Desenvolvimento da Síndrome de Burnout

Nos últimos anos, o ambiente de trabalho tem sido profundamente marcado por uma busca incessante por produtividade. E, de acordo com o professor de filosofia da Universidade de São Paulo, Vladimir Safatle, o neoliberalismo, com seu foco em empreendedorismo e eficiência a qualquer custo, contribui para esse cenário, criando um ambiente onde o trabalhador é constantemente desafiado a se superar, muitas vezes sem considerar suas necessidades emocionais e psicológicas.

A lógica neoliberal, que valoriza a competitividade e a constante busca por resultados, muitas vezes resulta na falta de satisfação e felicidade dos profissionais, fazendo com que o trabalho se torne uma fonte de estresse. O incentivo à "performance" e à "excelência" sem considerar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal contribui significativamente para o aumento de casos de burnout.

Além do impacto no ambiente de trabalho, o neoliberalismo também exerce uma influência significativa sobre a vida psíquica dos indivíduos. Não se trata apenas de uma estrutura organizacional voltada para a economia, mas de uma reconfiguração dos valores e das relações sociais. A transformação promovida pelo neoliberalismo afeta a maneira como as pessoas se percebem e se relacionam, tanto no trabalho quanto em suas interações pessoais.

Ainda segundo o professor Vladimir Safatle, o conceito de "liberdade" defendido pelo neoliberalismo acabou transformando a sociedade em um campo de competição constante. O estado, sob essa ótica, deveria agir para permitir que essa liberdade se desenvolvesse, mas sem intervir nas questões sociais e políticas. Essa visão levou à disseminação do empreendedorismo como um valor central, fazendo com que todas as relações sociais fossem mediadas pela lógica da concorrência, o que, por sua vez, enfraqueceu os laços de solidariedade e cooperação. O impacto do neoliberalismo se reflete em uma reorganização profunda dos valores sociais e emocionais, intensificando o estresse e as pressões no ambiente de trabalho.

Burnout Tratamento: Como Recuperar a Saúde Mental

O tratamento eficaz da síndrome de burnout envolve transformações no local de trabalho e no estilo de vida. O apoio psicológico também é essencial para a superação do quadro e, dependendo do caso, pode ser necessário intervenção medicamentosa. O principal objetivo é aliviar os sintomas do burnout e restaurar o equilíbrio emocional do indivíduo. Veja as principais indicações para recuperar a saúde mental afetada pelo burnout:

Como tratar o Burnout?
Redução do Estresse no Ambiente de Trabalho – A primeira medida para combater o burnout é diminuir as fontes de estresse crônico no trabalho. Isso pode incluir a redistribuição de tarefas e o estabelecimento de limites claros em relação à jornada de trabalho.
Psicoterapia: Buscar apoio psicológico é fundamental para quem sofre de burnout.
Pausas e Recuperação: O descanso é uma parte essencial do processo de tratamento. Em muitos casos, é necessário um período de afastamento do trabalho para permitir a recuperação física e emocional.
Apoio Social: Ter uma rede de apoio sólida – composta por familiares, amigos ou colegas de trabalho – pode ser determinante para a recuperação. O isolamento social tende a agravar os sintomas do burnout, enquanto o suporte emocional proporciona alívio e fortalece a resiliência.


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Consequências do Burnout

O burnout gera uma série de consequências quando não é tratado de forma adequada, afetando a saúde mental e física de quem for acometido pela síndrome. No aspecto psicológico, a condição pode evoluir para distúrbios como depressão, ansiedade, e até transtornos mais sérios, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). No corpo, os sintomas físicos do burnout podem se manifestar em problemas como hipertensão, doenças cardíacas, insônia e distúrbios gastrointestinais, afetando a saúde geral.

Além disso, o burnout tende a comprometer de forma significativa a produtividade e o desempenho no trabalho. O profissional exausto torna-se menos eficiente, menos comprometido e menos motivado. A consequência disso é sentida diretamente nos resultados. Assim, acontece uma queda abrupta na qualidade do trabalho, fato que prejudica o psicológico do profissional e afeta a empresa.

A prevenção do burnout começa com o autoconhecimento. Reconhecer os sinais de esgotamento e perceber quando o trabalho está afetando a saúde mental e física é essencial. Estabelecer um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal ajuda a preservar a energia emocional e física, evitando o colapso.

Nesse contexto, é de suma importância que as empresas também reconheçam o aumento dos casos e repensem suas práticas. Organizações que incentivam uma cultura de respeito aos limites e à saúde dos trabalhadores são menos propensas a ver o burnout afetar seus colaboradores. Ambientes que priorizam o bem-estar coletivo e a colaboração, em vez da competição desenfreada, criam condições mais saudáveis para o desempenho sustentável.

Conclusão

A síndrome de burnout é um reflexo direto da cultura de trabalho atual, que valoriza a produtividade incessante em detrimento do bem-estar dos indivíduos. Embora o trabalho seja importante, ele não deve ser a única prioridade na vida. Cuidar da saúde mental, estabelecer limites e procurar apoio quando necessário são ações essenciais para evitar o burnout.

Se você está sentindo os sintomas dessa síndrome, é fundamental procurar ajuda. A psicoterapia, combinada com práticas de autocuidado, é um caminho eficaz para a recuperação. Não subestime os sinais de sobrecarga – sua saúde deve ser sempre a sua maior prioridade.

O burnout é um alerta para a reflexão sobre as condições de trabalho que favorecem o seu surgimento. As cobranças constantes, as pressões por perfeição e desempenho, impulsionadas por um sistema econômico focado em resultados criam um terreno fértil para a proliferação de profissionais com a síndrome. Para prevenir o burnout, é necessária uma transformação na mentalidade das organizações, evitando as cobranças além da conta e respeitando o tempo de descanso dos profissionais, que muitas vezes precisam ficar respondendo mensagens via whatsapp ou outros aplicativos de mensagem instantânea mesmo estando fora dos seus horários de trabalho.

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Perguntas Frequentes sobre Burnout

  1. Quais são os principais sinais de que estou sofrendo de burnout?
    Os principais sinais incluem exaustão física e mental constantes, sensação de impotência e fracasso, distanciamento emocional do trabalho, dificuldade de concentração e sintomas físicos como dores de cabeça e insônia. Caso esses sintomas persistam, é importante procurar apoio profissional.
  2. Como prevenir o burnout no ambiente de trabalho?
    A prevenção envolve o estabelecimento de limites claros entre vida pessoal e profissional, a promoção de uma cultura organizacional que valorize o bem-estar dos colaboradores, e o incentivo à comunicação aberta sobre o estresse e as dificuldades enfrentadas. Além disso, práticas regulares de autocuidado e pausas durante o expediente são fundamentais para manter o equilíbrio.


Referências:

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/420/o-mal-estar-no-neoliberalismo-psicanalise-e-sofrimento-social

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout

https://www.paho.org/pt/noticias/28-5-2019-cid-burnout-e-um-fenomeno-ocupacional




Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Xavana Celesnah
Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Saiba o que é ansiedade, crise de pânico e transtornos relacionados. O tratamento da ansiedade com psicólogo e psiquiatra e a melhora da saúde mental

A ansiedade é uma emoção humana universal caracterizada por sentimentos de preocupação, medo e apreensão, geralmente despertados em situações de incerteza ou pressão. Todos nós a experimentamos em algum momento. Em si, ela não é uma doença.

Apesar de ser uma reação natural e muitas vezes útil, que nos prepara para enfrentar desafios, a ansiedade pode se tornar um problema quando ganha proporções excessivas e se transforma em um transtorno, passando a interferir no cotidiano, afetando o sono, o humor e as relações interpessoais.

Os casos de sofrimento psíquico, exigem cuidado especializado. Assim como todos os problemas de saúde mental, os transtornos de ansiedade precisam ser tratados com mais naturalidade, retirando-se o preconceito e o estigma tão culturalmente arraigados em relação a tudo o que diz respeito às questões de ordem emocional.

O Que é Ansiedade?

A ansiedade é uma reação emocional do corpo diante de situações que envolvem incerteza ou perigo. De acordo com o psiquiatra Rodrigo Bressan, “nosso corpo, através dos sistemas nervosos autônomo e simpático, está preparado para situações de luta ou fuga”, por possuir um mecanismo biológico capaz de lidar com situações de perigo. Mas, existem contextos de estresse que ultrapassam a capacidade de regulação emocional do corpo, fazendo com que as pessoas saiam do eixo e causando diversos problemas de saúde mental, como os transtornos de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade são os transtornos mentais mais comuns do mundo e afetaram aproximadamente 301 milhões de pessoas em 2019, o que corresponde a cerca de 4% da população mundial. Ainda segundo a OMS, as mulheres são mais afetadas por este tipo de transtorno do que os homens e os sintomas começam a surgir na infância e na adolescência.

Os transtornos de ansiedade, além de provocarem sofrimento, interferem de forma significativa nas atividades cotidianas, causando grande impacto no nível de incapacitação da nossa sociedade. Quando não tratados, esses sintomas podem persistir por anos, impactando ainda mais na saúde mental e emocional do indivíduo.

A boa notícia é que grande parte dos transtornos mentais, como os de ansiedade, são tratáveis e existem terapias e intervenções altamente eficazes, como a psicoterapia e o uso de medicamentos, que podem ajudar a controlar os sintomas e permitir que a pessoa recupere o bem estar e a qualidade de vida.

Apesar da alta prevalência e do impacto significativo desses transtornos, estima-se que apenas 1 em cada 4 pessoas com os sintomas busque tratamento. A falta de conscientização sobre a natureza tratável da condição, o baixo investimento público em serviços de saúde mental, a falta de profissionais de saúde qualificados para este tipo de atendimento e o estigma social em torno do tema são algumas das barreiras que dificultam o acesso a um tratamento adequado, segundo a OMS.

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Sintomas de Ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem manifestações físicas e emocionais. É importante entender que a ansiedade não é um fenômeno exclusivamente psicológico. Ela também afeta o corpo e muitas pessoas com transtornos de ansiedade experimentam uma série de sintomas físicos que podem ser tão intensos ao ponto de se confundirem com outros problemas de saúde. Assim, os transtornos de ansiedade podem provocar sintomas físicos, emocionais e comportamentais.

Sintomas Físicos da Ansiedade

Os sintomas físicos mais recorrentes dos transtornos de ansiedade incluem:

  • Tensão muscular: A musculatura do corpo, especialmente nas regiões do pescoço, ombros e mandíbula, tende a se contrair, causando desconforto.
  • Taquicardia: O aumento da frequência cardíaca é o sintoma clássico da ansiedade. As palpitações e a sensação de coração acelerado são muito frequentes.
  • Falta de ar: A dificuldade para respirar ou "respiração curta" é recorrente em episódios de ansiedade, especialmente durante ataques de pânico.
  • Suor excessivo: Suor demasiado, especialmente nas palmas das mãos, axilas ou testa, mesmo em situações sem estresse imediato.
  • Tremores nas mãos: O nervosismo pode causar tremores involuntários nas mãos ou até mesmo em outras partes do corpo
  • Boca seca: A ansiedade pode diminuir a produção de saliva, resultando em boca seca e desconforto.
  • Dores no peito: O estresse físico pode provocar dores no peito ou uma sensação de pressão, frequentemente confundida com problemas cardíacos.
  • Náuseas e desconforto abdominal: O estômago e o sistema digestivo podem reagir de maneira exacerbada ao estresse, causando náuseas, cólicas ou diarreia.


Sintomas Emocionais e Psicológicos da Ansiedade

Os transtornos de ansiedade, além de causarem sintomas físicos, manifestam-se no emocional do indivíduo, afetando o seu bem-estar e a qualidade dos seus relacionamentos. Dentre os sintomas psicológicos da ansiedade, as pessoas experimentam:

  • Preocupação excessiva: A mente fica sem paz, devido à preocupação permanente com todas as atividades cotidianas. Tarefas do trabalho, problemas familiares, atividades pessoais, tudo está sendo processado com muita velocidade e os pensamentos estão sempre direcionados à próxima atividade que deve ser realizada, retirando o indivíduo do presente. Nesses casos, a meditação mindfulness pode auxiliar como uma terapia complementar e trazer a mente de volta ao presente.
  • Medo iminente: A sensação angustiante de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento é outro sintoma comum. Esse medo pode não ter um motivo claro, mas também pode estar associado a algum evento na vida do indivíduo, como uma viagem, uma apresentação importante, algum evento social.
  • Irritabilidade: Pessoas ansiosas tendem a se tornar mais irritadas e impacientes, agindo de maneira ríspida no cotidiano.
  • Dificuldade de concentração: Como a mente está repleta de pensamentos voltados para o futuro, é comum que haja uma dificuldade de concentração em tarefas do dia a dia. Esse fator é particularmente prejudicial à produtividade, afetando o indivíduo no trabalho.
  • Nervosismo ou inquietação: As pessoas tendem a se sentir em alerta constante, sem relaxar. Daí a sensação de inquietude, pois vivem como se estivessem prestes a ter uma crise a qualquer momento.




Sintomas Comportamentais da Ansiedade

Todos os sintomas da ansiedade estão interligados, mas de maneira didática eles são divididos nesses três tipos: físicos, emocionais e comportamentais. Em relação ao comportamento, os indivíduos acometidos com o transtorno podem começar a adotar certos padrões com o desejo de evitar o desconforto da ansiedade. Veja exemplos de como a ansiedade afeta o comportamento:

  • Dificuldade para dormir (insônia): As pessoas com transtornos de ansiedade geralmente têm dificuldades para relaxar e adormecer. A mente hiperativa, cheia de preocupações, impede o descanso adequado.
  • Isolamento: Uma das respostas mais comuns à ansiedade é evitar situações que possam desencadear medo ou desconforto. Assim, alguém com transtorno de ansiedade pode evitar encontros sociais ou eventos públicos.
  • Procrastinação: A ansiedade provoca dificuldade de tomada de decisões e acaba deixando as pessoas sem realizar suas atividades. O medo do fracasso é outro motivo que gera a procrastinação.
  • Comportamentos de fuga: Em alguns casos, a pessoa pode buscar formas de "escapar" da ansiedade, como o abuso de substâncias.


O que é uma Crise de Ansiedade?

Uma crise de ansiedade é um episódio intenso e súbito em que os sintomas de ansiedade atingem um pico, causando grande desconforto e aflição. Geralmente, essas crises estão relacionadas a eventos estressantes. Elas costumam ter uma duração limitada, por volta de 30 minutos, mas podem deixar a pessoa com uma sensação de cansaço extremo ou vulnerabilidade quando passam.

Durante uma crise de ansiedade, a pessoa normalmente vivencia sintomas emocionais e físicos. Entre os sintomas psicológicos estão: sensação de medo, angústia, nervosismo, apreensão, sensação de estar fora de si mesma e de que o mundo ao redor não é real. A mente tende a se concentrar nas piores possibilidades, com o medo iminente de perder o controle ou até mesmo de morrer.

Já os sintomas físicos são consequência da liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que são ativados pelo sistema nervoso simpático em situações de estresse. Eles podem incluir:

  • Aceleração do batimento cardíaco e palpitações
  • Sensação de sufocamento ou falta de ar
  • Tontura e sensação de desmaio
  • Formigamento nas extremidades
  • Aumento da pressão arterial
  • Suor excessivo, boca seca, mãos geladas e pele fria
  • Náuseas, podendo até levar ao vômito
  • Vontade frequente de urinar


Durante uma crise, as pessoas sentem dificuldade em realizar tarefas cotidianas, e ficam incapazes de retomar a normalidade até que o episódio termine. Existem tratamentos eficazes para as crises de ansiedade, que podem ser feitos através de atendimentos psicológicos. Além disso, as técnicas de relaxamento e atenção plena podem reduzir os sintomas do transtorno.

Diferença entre Crise de Ansiedade e Crise de Pânico

A crise de pânico é um tipo específico de ataque de ansiedade e ambos possuem sintomas semelhantes. O que costuma diferenciá-los é a causa. A crise de pânico normalmente ocorre sem um motivo identificável, sem uma causa óbvia e costuma ser acompanhada de um medo súbito de morrer.

Uma crise de pânico, pode ocorrer de forma inesperada, sem qualquer aviso, e se caracteriza por ser extremamente aterrorizante.

Já a crise de ansiedade é desencadeada por algum estímulo estressante específico. A síndrome do pânico, por sua vez, é a recorrência de ataques de pânico, que acontecem com frequência e de forma imprevisível.

Os sintomas da crise de pânico incluem:

  • Aumento súbito do batimento cardíaco
  • Dificuldade para respirar ou sensação de sufocamento
  • Suor excessivo, calafrios ou tremores
  • Sensação de morte iminente ou perda de controle


Embora assustadoras, as crises de pânico geralmente não apresentam risco físico imediato. No entanto, quando são recorrentes, elas podem levar ao desenvolvimento de um transtorno de pânico, que prejudica significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Tipos de Transtornos de Ansiedade

Pela visão da psiquiatria, os transtornos de ansiedade podem se manifestar de várias formas e cada tipo tem características específicas que afetam a vida cotidiana de maneira distinta. Os transtornos mais comuns incluem o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a fobia social e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Veja a seguir os principais tipos de transtornos de ansiedade, com suas particularidades e sintomas típicos.

TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE SINTOMAS
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) É caracterizado por preocupações persistentes e exageradas com as situações do cotidiano. As pessoas com esse tipo de transtorno se sentem ansiosas em relação ao trabalho, à saúde, aos relacionamentos, às finanças. Ou seja, o medo abrange basicamente todos os aspectos da vida e causa um forte desgaste emocional e físico no indivíduo.
Transtorno de Pânico É identificado quando a pessoa tem o histórico de vários episódios de ataque de pânico. A sensação de perda de controle, falta de ar, desespero, medo da morte são constantes.
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) Diz respeito a um medo de ser julgado, rejeitado ou humilhado em situações sociais. Ademais, a pessoa com fobia social tem pavor de apresentações em público ou reuniões. É um transtorno que prejudica as relações interpessoais e o desenvolvimento profissional.
Agorafobia É um transtorno relacionado ao medo de estar em lugares desconhecidos ou onde o indivíduo sente que não tem o controle sobre a situação. O medo de não conseguir escapar ou de não conseguir obter ajuda limitam o deslocamento de quem tem esse tipo de transtorno. Viajar de ônibus ou avião, estar em espaços fechados, como cinemas, lojas, ou mesmo no transporte público podem ser extremamente difíceis para quem tem agorafobia.
Fobias Específicas São medos irracionais e intensos de objetos ou situações específicas, como medo de voar, de aranhas, de cobras, de locais fechados ou de altura. Esses medos podem ser tão paralisantes que a pessoa afetada fará o possível para evitar enfrentar a situação ou objeto temido. Apesar de serem inconscientes, essas fobias podem gerar grande sofrimento emocional e interferir nas atividades diárias.
Mutismo Seletivo É um transtorno que afeta principalmente crianças e é mais comum em meninas. Caracteriza-se pela incapacidade de falar em determinadas situações sociais. As crianças com mutismo seletivo têm dificuldade em interagir fora do seu círculo familiar próximo, atrapalhando sua adaptação escolar e social.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) Ocorre após a pessoa viver uma situação traumatizante, como um acidente grave, um abuso ou violência. Ela se manifesta através de flashbacks, pesadelos e uma sensação de alerta. A pessoa fica revivendo o trauma e tende a evitar lugares e atividades que lembrem o evento traumático.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Envolve a presença de pensamentos repetitivos: ideias, imagens ou impulsos que surgem de forma repetitiva e incontrolável. Para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos, a pessoa pode desenvolver comportamentos compulsivos, como lavar as mãos repetidamente, verificar várias vezes se a porta está trancada ou realizar constantes rituais de organização.



Vivemos em uma cultura que proporciona o desenvolvimento da ansiedade. Estamos sempre consumidos com as próximas tarefas que precisam ser realizadas e existe uma competitividade extrema por desempenho. Nesse sentido, mesmo que não ocorram fatores estressantes diretos, é possível que as pessoas desenvolvam algum transtorno de ansiedade devido ao estilo de vida que levam.

Além disso, a ansiedade pode ser causada por relacionamentos abusivos, ambientes familiares e profissionais tóxicos, traumas e estresse crônico. O histórico familiar também pode aumentar as chances de desenvolver o problema.

Relação entre Ansiedade e Depressão

É comum a coexistência da ansiedade com a depressão em uma mesma pessoa. Os sintomas de um transtorno acabam agravando os do outro, gerando um ciclo vicioso. Transtornos de ansiedade podem causar uma preocupação intensa em relação ao futuro que acabam gerando uma descrença no próprio potencial.

Além disso, pessoas deprimidas podem tentar usar substâncias como uma forma de anestesiar suas dores e acabam desenvolvendo crises de ansiedade devido ao consumo de drogas.

Psicólogo ou Psiquiatra: Quando Consultar Cada Um?

A escolha entre consultar um psicólogo ou um psiquiatra depende das necessidades e características de cada caso. Ambos os profissionais têm papeis complementares, mas com enfoques diferentes no tratamento da ansiedade.

  • Psicólogo: O psicólogo trabalha com o paciente para explorar e compreender as causas emocionais e comportamentais da ansiedade. Ele pode utilizar diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que foca em identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais que alimentam a ansiedade.
  • Psiquiatra: O psiquiatra, por sua vez, tem a capacitação necessária para diagnosticar transtornos mentais e, quando necessário, prescrever medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, para controlar os sintomas da ansiedade. Embora os psiquiatras também realizem sessões de psicoterapia, sua especialização é focada no tratamento medicamentoso e no diagnóstico de condições relacionadas a outros transtornos de saúde mental, como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou transtornos de pânico.


A Psicanálise e o Tratamento da Ansiedade

A análise pessoal, por meio da psicanálise, também é eficaz no tratamento dos transtornos de ansiedade, pois trata a questão a partir do inconsciente. De acordo com a psicanálise, existe uma parte da mente humana que armazena conteúdos que o sujeito não consegue perceber conscientemente. Isso ocorre, dentre outros aspectos, porque esses elementos podem entrar em conflito com a imagem que a pessoa construiu a respeito de si mesma.

Para a psicanálise, a ansiedade excessiva ou patológica está frequentemente associada a esses conteúdos inconscientes. Em vez de ver os eventos estressores como a causa direta da ansiedade, a psicanálise considera que eles funcionam como gatilhos, que desencadeiam reações emocionais intensas. Esses gatilhos, na verdade, estão relacionados a experiências ou conflitos reprimidos no inconsciente, que ainda não foram processados.

Nesse sentido, a psicanálise entende que grande parte de nossas questões e conflitos mais profundos estão guardados no inconsciente, e, por isso, somos incapazes de reconhecê-los por conta própria. Isso é mais evidente ainda em relação aos traumas e emoções reprimidos durante a infância ou adolescência, que, mais tarde, podem se manifestar como sintomas de ansiedade na vida adulta.

O trabalho do psicanalista é ajudar o paciente a perceber que a situação imediata, que ele acredita ser a causa da ansiedade, é apenas um gatilho que ativa questões mais profundas e inconscientes. Durante a análise, por meio do discurso, o paciente passa a trazer suas questões e o psicanalista o ajuda a elaborar essas conexões.

Esse processo gradual permite que o paciente entre em contato com os conteúdos reprimidos do inconsciente, os reconheça e, ao fazer isso, reduza a sua ansiedade e insegurança. Portanto, pessoas que sofrem de ansiedade podem se beneficiar significativamente de um tratamento baseado nos princípios da psicanálise.

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Como tratar a ansiedade?

O tratamento para os transtornos de ansiedade é eficaz e pode ser realizado por meio de diferentes abordagens, incluindo terapias, o processo de análise, intervenções medicamentosas orientadas por um psiquiatra e mudanças no estilo de vida. O sucesso do tratamento depende não apenas das intervenções, mas também da qualidade da relação entre o paciente e o profissional de saúde.

A confiança e o vínculo terapêutico são fundamentais, pois ajudam no processo de autoconhecimento, essencial para o enfrentamento da ansiedade. Como explica o Dr. Rodrigo Bressan, “se a gente entende como a gente funciona, é mais fácil se autorregular emocionalmente e estabelecer estratégias de superação”. Isso significa que, quanto mais uma pessoa compreende seus próprios mecanismos emocionais, mais preparada ela estará para lidar com situações estressantes.

Perguntas Frequentes sobre Ansiedade

Pergunta 1: Ansiedade tem cura?

Sim, já existem vários tratamentos eficazes para os transtornos de ansiedade, que incluem intervenções e tratamentos psicológicos, psicanálise, medicamentos e técnicas de mindfulness. Pessoas com sintomas de ansiedade devem procurar atendimento, além de aliar a prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável.

Pergunta 2: Quais são os tratamentos disponíveis para a ansiedade?

Os tratamentos mais comuns incluem psicoterapia, medicamentos (como ansiolíticos e antidepressivos) e técnicas específicas, como a prática de mindfulness e a gestão do estresse.

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Referências:

https://www.who.int/

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/174/a-ciencia-dos-sentimentos-alcancando-bem-estar-psicologico

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html

https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2022-oms-destaca-necessidade-urgente-transformar-saude-mental-e-atencao

Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Carolina Tosetti
Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Você sabe quais são os tipos de depressão? Entenda esse transtorno psíquico desde o diagnóstico psiquiátrico até as profundezas da psicanálise.

Quando fala-se sobre depressão hoje, a realidade aponta que este é um transtorno complexo e cada vez mais comum, que não faz distinção de idade ou status social.

Explore as estatísticas alarmantes no Brasil, entenda as classificações psiquiátricas, os manejos psicanalíticos e a importância do diagnóstico profissional na identificação e tratamento da depressão.

O contexto da depressão na atualidade

A depressão é um transtorno mental ou psíquico que pode atingir qualquer um, independentemente da idade, gênero, etnia ou classe social. Apesar da sua gravidade, muitas pessoas não dão a atenção necessária para a doença, o que pode dificultar o diagnóstico e, consequentemente, o seu tratamento.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de prevalência de depressão da América Latina e a segunda maior nas Américas. A previsão é que, em 2030, a depressão seja a primeira causa específica de incapacidade funcional no mundo.

De maneira geral e simplificada, pela visão psiquiátrica, a depressão é um transtorno biológico que se manifesta em forma de tristeza e angústia. A pessoa deprimida perde o interesse ou prazer em realizar atividades que antes gostava, podendo levar a mudanças bruscas de humor e comportamento, afetando diversas áreas de sua vida.

As alterações repentinas do humor são, inclusive, um dos sintomas mais comuns da doença. Por isso, o acompanhamento profissional se faz essencial para diagnosticar a depressão ou episódios de tristeza prolongados.

imagem de divulgação de masteclass sobre psicopatologias na atualidade com alexandre patrício



A visão da psiquiatria sobre a depressão

Em 1952, a Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association, APA) publicou pela primeira vez o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-1), a primeira tentativa de abordar o diagnóstico das doenças mentais por meio de definições e critérios padronizados.

A DSM-5-TR, publicada em 2022, fornece um sistema de classificação que tenta separar as doenças mentais em categorias diagnósticas com base na descrição dos sintomas.

A Classificação Internacional de Doenças, décima-primeira revisão (CID-11), e a mais recente versão publicada pela Organização Mundial da Saúde, utiliza categorias diagnósticas semelhantes às encontradas no DSM-5-TR. Essa semelhança indica que o diagnóstico das doenças mentais específicas está sendo feito de forma mais padronizada em todo o mundo.

A coleta da história clínica, a anamnese e o exame devem observar os critérios da décima primeira versão da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde.

Nenhum sinal ou sintoma representa propriamente uma patologia. A confecção do diagnóstico da depressão deve levar em conta que os critérios da CID apresentam grau de subjetividade, devendo-se evitar a psicopatologização e a medicalização de sentimentos humanos normais.

Sintomas da depressão: a importância do diagnóstico profissional

O diagnóstico da depressão é feito a partir da avaliação clínica de um profissional com base na persistência, abrangência e interferência que os sintomas apresentam na vida do indivíduo. Segundo o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os sintomas da depressão incluem:

  • Humor deprimido constante
  • Diminuição do interesse ou prazer em quase todas as atividades
  • Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta
  • Diminuição ou aumento significativo do apetite
  • Insônia ou sonolência
  • Agitação ou retardo psicomotor
  • Falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo
  • Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada
  • Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou indecisão
  • Pensamentos de morte ou suicídio


Para que os sintomas tenham uma relevância clínica, é preciso que se note uma mudança nos pensamentos, sentimentos, comportamento ou na fisiologia, devendo esta ser vivenciada por um período significativo de tempo.

Há regras específicas que indicam quantos sintomas de cada categoria devem estar presentes para se fazer o diagnóstico. Essa complexidade é apenas uma das razões pelas quais um profissional deve ser consultado para diagnosticar a depressão.

Quais são os tipos de depressão?

Um indivíduo que sofre de depressão também pode apresentar sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem demonstrar sentimentos de culpa ou baixa auto-estima, falta de concentração.

Um episódio depressivo pode ser leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Durante um episódio depressivo grave, é pouco provável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou cotidianas. Também pode-se fazer uma diferenciação da depressão em pessoas que têm ou não histórico de episódios de mania.

Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, auto-estima inflada e uma menor necessidade de sono, além da aceleração do pensamento. Os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem identificados e tratados, ou pontuais.

Conheça alguns dos principais tipos de depressão e a sua classificação na CID-11:

  • Transtorno depressivo recorrente | CID-11 6A71: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral. Este tipo de sofrimento pode ser longo, duradouro e mais difícil de ser diagnosticado.
  • Transtorno bipolar | CID-11 6A6Z: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e depressivos, separados por períodos de humor regular.
  • Transtorno depressivo de episódio único | CID-11 6A70: é caracterizado pela presença de um episódio depressivo quando não há histórico de episódios depressivos anteriores.
  • Transtorno distímico | CID-11 6A72: o transtorno distímico é caracterizado por um estado depressivo persistente (isto é, com duração de 2 anos ou mais), durante a maior parte do dia, na maior parte dos dias. Durante os primeiros 2 anos do distúrbio, nunca houve um período de 2 semanas durante o qual o número e a duração dos sintomas foram suficientes para satisfazer os requisitos de diagnóstico para um Episódio Depressivo.
  • Transtorno misto de ansiedade e depressão| CID-11 6A73: o transtorno misto de ansiedade e depressão é caracterizado por sintomas de ansiedade e depressão na maior parte dos dias por um período de duas semanas ou mais. Nenhum conjunto de sintomas, considerado separadamente, é suficientemente grave, numeroso ou persistente para justificar o diagnóstico de um episódio depressivo, distimia ou um distúrbio relacionado à ansiedade e ao medo.
  • Transtorno disfórico pré-menstrual |CID-11 GA34.4: um padrão de sintomas de humor (humor deprimido, irritabilidade), sintomas somáticos (letargia, dor nas articulações, excessos alimentares) ou sintomas cognitivos (dificuldades de concentração, esquecimento) que comece vários dias antes do início da menstruação, e comece a melhorar dentro de alguns dias após o início da menstruação e, em seguida, torne-se mínima ou ausente dentro de aproximadamente 1 semana após o início da menstruação, estando presente na maioria dos ciclos menstruais no último ano.
  • Depressão psicótica: o indivíduo em sofrimento geralmente convive com episódios de delírio e alucinação, em que se somam os sintomas de depressão a alguma forma de psicose. Pode ser considerado um tipo de depressão grave.


O que é depressão para a psicanálise?

No contexto da psicanálise, a partir da obra Luto e Melancolia, Freud (1917) inicialmente considerava a depressão como um fenômeno que envolvia a "diminuição do sentimento de auto-estima" e "expectativas ilusórias de punição". Sua visão inicial era de que as crianças, devido à falta de capacidade de auto-estima e de prever o futuro, não poderiam experimentar a depressão.

Acreditava-se que na adolescência o desenvolvimento da personalidade permitia a vivência da depressão, embora até a década de 1970 alguns estudiosos considerassem os sintomas depressivos como parte normal do desenvolvimento adolescente.

Ao longo do século 20, a compreensão da relação entre eventos na infância e o funcionamento da personalidade no futuro começou a ganhar destaque. Freud propôs que a personalidade de uma criança era amplamente desenvolvida até os cinco anos de idade, sendo influenciada pela maneira como ela se ajustava a experiências precoces. A depressão, para Freud, surgia da resolução inadequada dos conflitos entre impulsos primitivos (id) e a aceitação de tabus sociais pelo superego.

mão encostando na própria sombra sob fraca luz

Numa leitura mais recente, o mal-estar contemporâneo, para o psiquiatra Joel Birman, manifesta-se no corpo, na ação e na intensidade como uma dor difícil de ser simbolizada.

Nesse cenário, a depressão destaca-se como uma forma de subjetivação, refletindo um aumento significativo nos diagnósticos e previsões de uma sociedade predominantemente depressiva.

A contemporaneidade revela a psicanálise como um discurso relevante para entender questões sociais e culturais. As mudanças na estrutura familiar, a crise da paternidade e a ascensão do individualismo na vida pós-moderna contribuem para a proliferação da cultura do narcisismo.

A falta de consenso sobre o termo "depressão" na sociedade atual reflete a dificuldade em lidar com as transformações sociais, econômicas e culturais que afetam a evolução da subjetividade.

Por uma perspectiva psicanalítica, a depressão pode ser considerada uma posição subjetiva diante das demandas sociais que enfatizam o individualismo e a cultura do espetáculo.

O sujeito contemporâneo, sob pressão para buscar a satisfação constante, muitas vezes se vê paralisado, afastado de seu desejo, resistindo às exigências sociais. Assim, a depressão pode ser uma resposta à sociedade que não tolera a falta, a dor e o sofrimento.

Neste contexto, enquanto dispositivo de "cura pela palavra" a psicanálise concebe a escuta do "singular" como importante possibilidade de abertura para as manifestações subjetivas, que podem estar relacionadas às múltiplas expressões sintomáticas, inclusive as depressivas.

Em todos os casos, torna-se essencial o diagnóstico precoce para que o tratamento seja bem sucedido, evitando novos episódios. É fato que a depressão pode aparecer em diversas fases da vida, a começar pela infância.

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Sintomas e diagnóstico da depressão infantil

Em crianças pré-escolares - de idade até sete anos - a manifestação clínica mais comum é representada pelos sintomas físicos, tais como dores, fadiga e tontura. Ainda segundo o autor, seguem-se além das queixas dos sintomas físicos a presença de ansiedade, fobias, agitação psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite com falha em alcançar o peso adequado, e alterações do sono.

Alguns estudiosos citam surgimento de choro excessivo e frequente, comunicação falha, tristeza na fisionomia e um comportamento que apresenta agressividade.

Em crianças escolares - entre seis a doze anos -, o humor depressivo já pode ser verbalizado e é frequentemente relatado como tristeza, irritabilidade ou tédio. As crianças podem apresentar apatia, tristeza, fadiga, isolamento, aparência triste, queda do desempenho escolar, ansiedade diante de uma separação, dentre outros.

Os estudos dedicados à depressão infantil, semelhantes aos adultos, revelam a importância do diagnóstico precoce. A peculiaridade do diagnóstico infantil reside na possibilidade de identificação tardia, agravando a situação.

A depressão infantil pode passar despercebida ou ser confundida com características temperamentais, tornando-se desafiador reconhecê-la. Desde a década de 1970, há consenso de que as crianças apresentam sintomas depressivos semelhantes aos dos adultos, com a irritabilidade assumindo o papel do abatimento no diagnóstico infantil.

15 sinais da depressão infantil

  • Angústia.
  • Pessimismo
  • Agressividade
  • Falta de apetite
  • Falta de prazer em executar atividades
  • Isolamento
  • Apatia
  • Insônia ou sono excessivo que não satisfaz
  • Queixas de dores
  • Sentimentos de desesperança
  • Dificuldade de concentração, atenção memória ou raciocínio
  • Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade
  • Sensação frequente de cansaço ou perda de energia
  • Sentimentos de culpa
  • Dificuldade de se afastar da mãe


A depressão em crianças: uma visão da psicanálise

A teoria de Sigmund Freud trouxe uma nova perspectiva sobre as angústias infantis, que se assemelham às vivenciadas na idade adulta. Estudos recentes corroboram a ideia de que, contrariamente a concepções antigas, as crianças experimentam emoções, enfrentam perdas, mudanças e traumas, que podem ter repercussões na vida adulta, tornando-se terrenos férteis para o desenvolvimento da depressão.

Para a psicanálise freudiana, a depressão infantil está relacionada a situações de perdas e luto, impactando diretamente na fase narcísica da criança. A infância, caracterizada pela ainda incompleta constituição psíquica, evidencia a singularidade de como cada criança vivencia e elabora suas perdas, considerando que as histórias de vida são distintas.

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Psicanálise, psicoterapia e psiquiatria no tratamento da depressão

Pesquisas sobre a depressão de difícil tratamento enfatizam a importância da associação do acompanhamento psiquiátrico ao acompanhamento psicanalítico. Nestes casos graves, nota-se a predominância de derivados de impulsos agressivos nos humores depressivos.

Na clínica psicanalítica destacam-se dois tipos de desprazer: a ansiedade e o afeto depressivo, decorrentes de situações como luto, perdas amorosas ou punições.

Uma leitura psiquiátrica associada ao manejo psicanalítico ressalta que o afeto depressivo desempenha papel equivalente à ansiedade na psicopatologia, sendo uma parte inevitável da vida mental, acionando defesas e conflitos, podendo ser ou não consciente em um dado compromisso.

Aqui os transtornos depressivos são definidos como a "sensação de impotência e desesperança diante da realização de um desejo intenso", colorindo toda a auto-representação com sentimentos de inferioridade, incapacidade e ameaça.

Grandes autores da psicanálise, como Melanie Klein, criaram conceitos e formas de compreensão das manifestações do transtorno depressivo. Aprofunde-se no tema da depressão com a Masterclass do professor e psicanalista Alexandre Patricio de Almeida dedicada às psicopatologias atuais.



Como vencer a depressão?

O acolhimento das pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo depressão e as necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, e seus familiares é fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias.

No Brasil, além de contar com a disponibilidade de consultórios e clínicas particulares, os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da rede pública de saúde.

Os casos de pacientes em situação de emergência devem ser atendidos nos serviços de urgência e emergência e nos serviços da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) é composta por equipamentos variados, em sua maioria guiados por princípios de cuidado comunitário e em liberdade, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e as Unidade de Acolhimento (UAs). As diretrizes da política envolvem o governo federal e os estados e municípios.






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Psicologia: O que é, Áreas, Abordagens e Como Estudar Online
Rodrigo Gomes
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Entenda as possibilidades de se estudar psicologia através de cursos online, os famosos EAD (educação à distância). A seguir, exploraremos as áreas de atuação e abordagens da psicologia, além de apresentar opções e custos para quem deseja aprofundar os conhecimentos na área de forma remota.



Como estudar Psicologia online?

Se você está procurando opções para cursar a faculdade de psicologia à distância, infelizmente temos uma má notícia para te dar. Até o momento, de acordo com a determinação do Ministério de Educação (MEC), a graduação de psicologia não pode ser oferecida na modalidade EAD. Por outro lado, há muitas possibilidades de se estudar psicologia online por meio de cursos livres, pós-graduação e especializações.

A opção pelo ensino à distância atende tanto a estudantes quanto profissionais da área, onde o aluno pode explorar diferentes abordagens da psicologia com liberdade, seja para aprender sobre conteúdo introdutório ou especializar-se em algum tema de sua preferência. É possível estudar a psicologia analítica, de Carl Jung, a psicanálise, de Freud, e, ao mesmo tempo assistir a cursos sobre a logoterapia para investigar as ideias de Viktor Frankl.

Existe faculdade de Psicologia EaD?

Como já mencionado acima, não existe a possibilidade de realizar a graduação em psicologia EaD . Em julho de 2022, o Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) chegou a conseguir a autorização do MEC para oferecer o curso à distância, através da portaria MEC 749. Porém, no dia seguinte, o próprio Ministério da Educação a anulou, sob alegação de erro material.

À época, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e mais de 20 entidades publicaram uma nota de repúdio à Portaria MEC 749, afirmando que a presencialidade é indispensável para a formação de qualidade em Psicologia.

Posteriormente, em setembro de 2023, pela Portaria Nº 1.838, o Ministério da Educação abriu consulta pública para elaboração de proposta de regulamentação de oferta do curso de Psicologia - entre outras graduações - na modalidade de educação à distância.

Desde então, a discussão vem sendo constantemente adiada, sem uma previsão de desfecho à vista. Desta forma, não é possível definir ainda se, no futuro, a modalidade de graduação à distância será ou não viabilizada para o curso de psicologia. Mas, se depender da opinião do conselho dos profissionais de psicologia, a decisão permanecerá em mantê-lo somente no modelo presencial.

Atenção para não confundir:

Embora a graduação em psicologia seja recomendada, algumas abordagens da psicoterapia, como a psicanálise, não exigem formação superior específica no curso de psicologia para o exercício da atividade profissional. Por isso, é possível encontrar algumas instituições oferecendo o curso de formação para psicanalista 100% ead - o que é permitido.

O que é Psicologia e qual o papel do profissional da área?

A psicologia é uma ciência que se dedica a tratar, estudar e analisar o comportamentos dos indivíduos e os processos mentais, como sentimentos, pensamentos e razão. Embora a área de estudo tenha sido elaborada há alguns séculos no campo da filosofia, a psicologia estruturou-se como uma ciência independente somente em meados do século 19. Desde então, surgiram diversas teorias sobre o comportamento humano e novas descobertas científicas - como a chegada das neurociências..

O cenário dinâmico exige estudo constante do profissional da área. O psicólogo deve atuar na promoção da saúde mental, tratamento, intervenção em crises e em desenvolvimento pessoal e profissional. Seu trabalho tem grande importância social e demanda certa sofisticação, pois deve desenvolver habilidades como empatia e comunicação, mas também conhecimento técnico para diagnosticar e tratar problemas de saúde mental de forma eficaz.

Como em diversas outras profissões, há muitas áreas de atuação. No caso da psicologia, além desta segmentação, também encontramos diferentes teorias, técnicas e abordagens para analisar o comportamento humano, como veremos mais adiante.

Sobre o curso de graduação em Psicologia

O curso de psicologia prepara o profissional para atuar em diferentes contextos sociais e profissionais de forma ética, desenvolver o conhecimento científico, analisar criticamente os fenômenos sociais e biológicos e atuar na promoção da saúde. Dados do Sisu 2024 mostram que psicologia foi o 4° curso com maior número de inscrições, no topo da lista das graduações mais procuradas pelos estudantes.

POSIÇÃO CURSO QTDE. INSCRITOS
MEDICINA 298.316
DIREITO 157.364
ADMINISTRAÇÃO 118.883
PSICOLOGIA 103.336
ENFERMAGEM 99.768
PEDAGOGIA 89.702
MEDICINA VETERINÁRIA 65.271
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO 57.385
EDUCAÇÃO FÍSICA 55.437
10° CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 52.822


Dados extraídos do relatório do Sisu 2024

Qual a duração da faculdade de Psicologia?

A graduação em psicologia tem duração de 5 anos. Segundo as diretrizes curriculares para o curso de psicologia estipuladas pelo MEC, o estágio supervisionado é atividade obrigatória.

“Art. 11. A carga horária referencial dos cursos de Psicologia é de 4.000 (quatro mil) horas com, no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos, e duração mínima de 5 (cinco) anos.


Todas as instituições devem oferecer acesso ao núcleo comum do curso de Psicologia ao estudante. No entanto, as instituições podem possuir estruturas curriculares diferentes de acordo com as ênfases curriculares oferecidas. As ênfases curriculares são caminhos possíveis de estudo para aprofundamento de determinadas competências e habilidades necessárias para o exercício da profissão.

Em determinado momento da graduação, o aluno deverá optar pela ênfase que reflita o seu interesse para seguir as disciplinas e estágios correspondentes à sua escolha. Respeitando o projeto pedagógico, cada instituição deve disponibilizar ao menos duas opções de ênfases aos alunos, considerando as demandas sociais contemporâneas ou potenciais, assim como as características da instituição e da região em que se situa.

Isso significa que cada faculdade formulará os próprios eixos que são peculiares aos objetos de estudo e história do curso desenvolvido na instituição. Tenha isto em mente no momento de pesquisar as opções de faculdade de psicologia que deseja ingressar.

Para atuar profissionalmente como psicólogo, é necessário possuir o diploma de bacharelado em Psicologia por uma instituição reconhecida pelo MEC, além de estar inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de sua região.

Quais as áreas da Psicologia?

Apesar de a imagem do psicólogo clínico atendendo o paciente frente a frente em seu consultório ser uma das primeiras a vir à mente, a psicologia tem diferentes áreas de atuação. Cabe ao estudante em formação ou ao profissional identificar qual delas se adequa mais ao seu perfil.

Uma vez com o diploma na mão, o psicólogo está apto a exercer a profissão em qualquer área de atuação da psicologia. A partir da resolução CFP 23/2022, foram reconhecidas 13 especialidades para o exercício da psicologia . Confira as áreas da psicologia na lista abaixo:

  • Psicologia Clínica
  • Psicólogo Organizacional e do Trabalho
  • Psicologia Jurídica
  • Psicologia do Esporte
  • Psicologia Social
  • Psicologia Escolar ou Educacional
  • Psicologia de Tráfego
  • Neuropsicologia
  • Psicomotricidade
  • Psicopedagogia
  • Psicologia Hospitalar
  • Psicologia em Saúde
  • Avaliação Psicológica


Conheça as principais abordagens da Psicologia

Há diversas abordagens da psicologia sendo praticadas na atualidade. Mas por que precisam existir tantas ramificações teóricas? É importante compreender que não há uma definição sobre qual abordagem é a melhor. O que vamos descobrir - e veremos detalhadamente neste tópico - é que elas apresentam diferenças importantes entre si, como objetos de estudo distintos.

A Psicanálise, fundada por Sigmund Freud, por exemplo, dedica-se ao estudo do inconsciente e os processos mentais internos para entender o comportamento humano. Já o Behavorismo, desenvolvido por Skinner, se concentra na observação do comportamento, pautado pela análise e estudo do comportamento a partir de estímulos externos.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” - Carl Jung
foto de Carl Gustav Jung
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica


Veja algumas das abordagens teóricas:

  • Psicanálise
  • Psicologia Analítica
  • Behaviorismo ou Analítico Comportamental
  • Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC)
  • Gestalt


Psicanálise:

Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise surgiu no final do séc. 19, quando o médico austríaco revelou ao mundo uma grande descoberta: o inconsciente. Segundo sua teoria, a origem dos sintomas, transtornos mentais e emocionais está guardada neste campo oculto, que só pode ser acessado através da fala. Desta forma, o processo terapêutico para tratamento e cura dos fenômenos de ordem mental se dariam a partir do método de livre associação, onde o paciente pode falar livremente sobre qualquer assunto que lhe vier à mente (por isso, comumente conhecida como “terapia da fala”).

Fundamentada na investigação do inconsciente, o analista pode conduzir o paciente através da interpretação dos sonhos, análise de padrões de comportamento e repetições originadas ainda na infância. A partir da teoria criada pelo “pai da psicanálise”, começaram a ser trabalhados conceitos que hoje são bastante conhecidos, como complexo de édipo , ato falho e recalque.

Além disso, é bem comum que a psicanálise seja associada ao uso do divã, aquele sofá sem encosto em que o paciente se deita, embora ele nem sempre seja utilizado. Inspirados pela obra do médico austríaco, outros pensadores fundaram novas linhas da psicanálise, como a linha lacaniana, do francês Jacques Lacan, a linha kleiniana, da austríaca Melanie Klein e a linha winnicottiana, criada pelo inglês Donald Winnicott.

foto do divã utilizado por Freud  coberto pelo tapete de lã Qashqa'i shekarlu exposto no museu de Freud em Londres
Divã original de Freud, utilizado nas sessões com os seus pacientes (Reprodução: Freud Museum London)


A origem do divã de Freud

O icônico divã utilizado por Freud foi, na verdade, um presente recebido de sua paciente Madame Benvenisti , em 1890. Estima-se que mais de 500 pacientes tenham se deitado neste divã, que está exposto no Museu de Freud em Londres.

Psicologia Analítica Junguiana:

Fundada pelo psiquiatra Carl G. Jung no início do séc. 20, a psicologia analítica foi criada após o médico suíço se deparar com divergências teóricas em relação às ideias de Freud, com quem colaborou por algum tempo. Jung elaborou uma teoria totalmente nova, fundamentada em conceitos importantes como o inconsciente coletivo, individuação e os arquétipos.

Jung coloca que o inconsciente coletivo compõe uma camada universal, herdada pelos indivíduos através de seus ancestrais. Segundo sua teoria, as pessoas nascem com predisposição na forma de pensar e agir, que refletem imagens presentes em todas as culturas, representados pela noção dos arquétipos.

A partir da análise de símbolos, da interpretação de sonhos e mitos, o tratamento proporcionado pela psicologia analítica consegue auxiliar o paciente a encontrar novos caminhos de simbolização, que o conduzem ao autoconhecimento e a uma vida mais equilibrada.

Behaviorismo ou Analítico Comportamental:

O termo behaviorismo foi cunhado pelo psicólogo estadunidense John B. Watson, em 1913. A origem do nome remete ao termo “behavior”, da língua inglesa, que traduzido para o português significa “comportamento”. Na década de 1940, o psicólogo B. F. Skinner deu continuidade às ideias propostas por Watson e formulou novas contribuições à teoria, no que ficou conhecido como “behaviorismo radical”.

O behaviorismo surge em oposição às abordagens focadas nos processos mentais internos e passa a se dedicar ao estudo do comportamento observável, trabalhando observação, influência do ambiente e coleta de dados mensuráveis.

Esta proposta terapêutica propõe-se a compreender padrões comportamentais para tratamento de diversos transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. A concepção é de que a partir da análise do comportamento, é possível treinar habilidades e modificar padrões comportamentais através de técnicas específicas como reforço e punição, de forma a melhorar o bem-estar do paciente.

Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC):

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) foi criada pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck na década de 1960. Com alguns elementos em comum ao behaviorismo radical, a TCC incorpora elementos cognitivos ao tratamento. Isto significa que este modelo de terapia além de incluir a análise do comportamento influenciado por estímulos do ambiente, leva também em consideração os pensamentos e emoções do paciente como forma de identificar, questionar, modificar e tratar os sintomas.

A partir do tratamento, o psicólogo auxilia o paciente na busca pela identificação de padrões de pensamento distorcidos., bem como a modificação de crenças e hábitos disfuncionais.. Amparada por pesquisas e publicações científicas, a TCC se propõe a utilizar técnicas de intervenção de eficácia comprovada, atendendo às especificidades de cada transtorno mental.

Gestalt-terapia:

A Gestalt-terapia, conhecida como “terapia da forma”, foi criada no início do séc. 20 pelo médico alemão Fritz Perls, inspirada pelas ideias da Psicologia da Gestalt, de Wertheimer, Köhler e Koffka. Este modelo de terapia valoriza a subjetividade e o momento presente ( “aqui e agora”) , onde o paciente é estimulado a se concentrar em seus sentimentos, pensamentos e ações a partir de técnicas específicas utilizadas pelo profissional.

São diversas abordagens utilizadas, como a da cadeira vazia, onde o paciente senta-se de frente para uma cadeira vazia e simula uma conversa consigo mesmo ou com uma pessoa que tenha tido papel relevante em algum evento que tenha impactado a sua vida.

Outra técnica é a dramatização, onde a pessoa pode ser encorajada a interpretar papéis, expressar algum sentimento verbalmente ou em forma de movimento. Estas técnicas tem o objetivo de promover o autoconhecimento. e, consequentemente, a identificação de padrões de pensamentos negativos que podem prejudicar a sua vida.

Psicoterapia Contemporânea: Por uma Integração Transteórica de Diversas Práticas e Teorias
por Luiz Hanns

Em sua história, a psicoterapia ficou marcada pela divisão entre abordagens, cada uma com suas próprias concepções, métodos e indicações clínicas, com diferenças, à primeira vista, irreconciliáveis e muitas vezes dogmáticas.

Neste curso, Luiz Hanns aborda o integracionismo metodológico, que difere do ecletismo selvagem, e que permite uma clínica transteórica em busca da integração das melhores práticas e teorias.

Confira o curso!

Conhecemos agora algumas das abordagens da psicologia. Embora todos os profissionais da área passem, de certa forma, por este processo de definição teórica, a linha seguida por cada um é notada de forma mais perceptível nos tratamentos de psicoterapia, onde o paciente costuma ser acompanhado por períodos mais longos.

Não existe regulação ou exigência formal que obrigue o psicólogo a escolher uma das abordagens disponíveis. Assim como nas áreas de atuação, o psicólogo graduado está apto a praticar qualquer abordagem teórica.

Esta escolha representa um direcionamento pessoal do psicólogo, que não exclui a possibilidade de estudo ou aplicação de técnicas de diferentes linhas teóricas. No fundo, o que todos querem - tanto o psicólogo quanto o paciente - é conseguir encontrar um caminho comum para a melhora da saúde mental. Por isso, a aliança terapêutica - relação entre terapeuta e paciente - tem uma importância muito grande e é fundamental para qualquer modelo psicoterapêutico.

O que é “Aliança Terapêutica”?

É um conceito universal que caracteriza a relação de trabalho e de confiança entre terapeuta e paciente, comum a todas as abordagens teóricas. Tem grande importância para o bom desenvolvimento do processo psicoterapêutico, pois influencia na formação e manutenção do vínculo, permanência, desfecho e encerramento da psicoterapia.

Agora que já conhecemos as áreas e abordagens da psicologia, é provável que você já tenha se interessado por algum tema que gostaria de estudar. A seguir, apresentaremos algumas opções de curso para você começar a sua trajetória na área!

Onde Encontrar Cursos de Psicologia Online? Veja as Melhores Opções

Uma boa alternativa tanto para estudantes como para profissionais já em atuação são os cursos livres de psicologia à distância. A grande vantagem deste modelo é que costumam ter um valor mais acessível, sendo possível encontrar conteúdo de muita qualidade e em constante atualização.

Confira 5 cursos para você dar os primeiros passos na área:

  • A Tal da Felicidade, por Luiz Hanns

    Entenda os argumentos da psicologia para definir felicidade como um sentimento de realização pessoal e individual, mais próximo do bem estar mental pleno do que da prosperidade material.

  • Freud Fundamental: As Ideias e as Obras, por Pedro de Santi

    O curso oferece uma introdução acessível aos principais conceitos de Sigmund Freud e suas obras, transformando a compreensão dos desejos e dilemas humanos. Ideal tanto para iniciantes quanto para aqueles que já possuem contato com a psicanálise, proporcionando novas reflexões.

  • Uma Introdução Guiada e Descomplicada ao Pensamento de Jung, por Lilian Wurzba:

    O curso oferece uma introdução acessível ao pensamento de Carl Gustav Jung, focando no autoconhecimento e na busca por uma vida mais íntegra. Ele esclarece equívocos comuns sobre suas ideias e acompanha o desenvolvimento de sua psicologia.

  • Quatro Livros para Entender Jung, por Tatiana Paranaguá

    O curso explora quatro obras fundamentais de Carl G. Jung, oferecendo uma introdução aos principais aspectos de seu pensamento e à Psicologia Analítica. As aulas funcionam como um guia para iniciar a jornada pelo vasto trabalho do autor

  • O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris.

    Ser plenamente feliz é um objetivo muito buscado pela humanidade, e nos tempos atuais este estado parece ser ainda mais desejado. Neste encontro, o psicanalista Contardo Calligaris discute a obrigação da felicidade, o “morrer bem” e o sentido da vida.

Na plataforma de streaming Casa do Saber +, por uma única assinatura, você tem acesso a diversos cursos livres da área de psicologia , ministrados grandes referências da área, como Christian Dunker, Luiz Hanns, Lilian Wurzba, Ana Suy, Alexandre Patrício, Tatiana Paranaguá, entre tantos outros.

A boa notícia é que com apenas uma assinatura você consegue assistir a mais de 300 cursos de diversas áreas do saber e ainda garantir um certificado de conclusão após finalizá-los . Além de conteúdos sobre psicologia e psicanálise, a plataforma oferece cursos de Filosofia, Artes, Literatura, História, entre tantas outras áreas que ajudam a complementar o conhecimento necessário para a prática da psicologia.

Quanto custa:

R$478,80 (Plano anual) , podendo ser dividido em 12x de R$39,90 ou a R$430,92 à vista (desconto de 10%). Também existe a opção de pagamento à vista via pix ou boleto bancário.

Vantagens:

  • Novos cursos lançados periodicamente
  • Acesso a diversos cursos com professores de referêcia por uma única assinatura
  • Cursos de diferentes abordagens teóricas da psicologia, do introdutório ao especializado
  • Certificado de conclusão


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Perguntas Frequentes

  1. É possível estudar Psicologia online?

    Sim, existem diversas opções de cursos livres, pós-graduações e especializações disponíveis 100% online.
  2. A graduação em Psicologia tem duração de quantos anos?

    A duração é de 5 anos, com no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos.
  3. Existe graduação em Psicologia EaD?

    Atualmente, não há graduação em Psicologia totalmente online aprovada pelo MEC, mas há opções semipresenciais.


Agora você já entendeu sobre a impossibilidade de realizar a graduação em psicologia no modelo EAD, conheceu as áreas de atuação da psicologia e abordagens teóricas da área.

Na atualidade, informação é o que não falta… E para facilitar o percurso de aprendizagem , nada como uma boa curadoria de conteúdo.

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Esperamos que este conteúdo tenha facilitado a sua caminhada em direção ao conhecimento.