A filosofia é um um campo do conhecimento que se desenvolve a cada dia a partir de reflexões dos principais filósofos sobre questões da vida, nossa interação com o mundo e com o outro.
Por isso, para você compreender melhor os conceitos e ideias, separamos para você neste texto os grandes nomes da filosofia.
O artigo abordará os seguintes tópicos:
- Sócrates – O filósofo do autoconhecimento
- Platão – O mundo das ideias
- Aristóteles – O pai da lógica e da ética prática
- Santo Agostinho – Fé e razão na filosofia cristã
- René Descartes – A razão como ponto de partida
- Immanuel Kant – A ética da razão pura
- Friedrich Nietzsche – A crítica à moral tradicional
- Karl Marx – Filosofia e transformação social
- Jean-Paul Sartre – O existencialismo e a liberdade radical
- Simone de Beauvoir – Filosofia da liberdade e do feminino
- Filósofos contemporâneos
- Filósofos brasileiros
- Por que estudar os principais filósofos?

Sócrates – O filósofo do autoconhecimento

Sócrates (470 - 399 a.C.) é um dos maiores filósofos da história. Foi ele quem deu início ao Período Antropológico da filosofia, quando levou os estudos desta ciência das questões naturais para o homem.
A partir de seu método, a maiêutica - que tem como princípio questionar o outro para que reconhecesse sua ignorância e encontrasse o conhecimento - desenvolveu suas principais contribuições sobre justiça, ética e virtude.
“Conhece-te a ti mesmo”
Com esta emblemática frase, ele enfatizava que o reconhecimento da ignorância era o primeiro passo para o conhecimento.
Sócrates foi acusado de desrespeitar as tradições religiosas e corromper a juventude, o que o levou a ser condenado à morte. Embora pudesse ter fugido ou ter se declarado culpado, ele aceitou a pena sendo fiel aos seus princípios: a verdade e a razão.
Apesar de não ter deixado obras escritas, seus pensamentos foram registrados por seus discípulos, principalmente, Platão.
Platão – O mundo das ideias

Platão (427 - 348 a.C.) foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles e é um dos grandes nomes da filosofia.
Ele desenvolveu a Teoria das Ideias, que propõe a existência de um mundo de formas perfeitas e imutáveis (o mundo das ideias), e a realidade (o mundo sensível) é apenas uma cópia imperfeita. Também fundou a Academia de Atenas, considerada a primeira universidade do mundo ocidental.
Além disso, em "A República", sua principal obra, Platão discute sobre o que seria um governo ideal. Para ele, o governo deveria estar nas mãos dos filósofos, já que representam aqueles que estão mais próximos da verdade e da justiça.
Assim como seu mestre, Platão abordou temas como ética, política e a natureza da alma, influenciando profundamente o pensamento ocidental. Suas ideias continuam a ser estudadas e debatidas nos dias de hoje, reforçando sua relevância na filosofia.
Aristóteles – O pai da lógica e da ética prática

Aristóteles (384–322 a.C.), discípulo de Platão e tutor de Alexandre, o Grande, é um dos grandes nomes da filosofia grega.
Diferentemente de seu mestre, ele valorizava a experiência empírica como fonte do conhecimento, sistematizando uma nova forma de pensar e influenciando diversas áreas do saber que dialogam com a filosofia, como:
- Lógica
- Ética
- Política
- Biologia
- Retórica
Ele fundou Liceu (335 a.C.), sua escola em Atenas, onde desenvolveu suas ideias e uma nova forma inovadora de ensinar filosofia: caminhava pelos jardins da escola aristotélica enquanto seus discípulos o acompanhavam anotando suas falas.
Com sua abordagem analítica, desenvolveu o que ficou conhecido como Período Sistemático, que é marcado pela categorização e sistematização do conhecimento existente.
Ademais, Aristóteles trouxe o conceito de virtude e razão como o caminho para a felicidade - objetivo final da vida ética. Suas ideias e conceitos seguem sendo visitados e influenciando a nossa vida atualmente.
Santo Agostinho – Fé e razão na filosofia cristã

Santo Agostinho de Hipona (354 - 430 d.C.) foi um dos principais filósofos da corrente filosófica patrística, responsável por criar uma base teológica para integrar o pensamento filosófico e o cristão na transição da Antiguidade e para a Idade Média.
Ele defendia que a filosofia grega, especialmente o platonismo, era capaz de fornecer meios que contribuíssem para a estrutura da doutrina cristã.
Além da construção da base para a formulação do cristianismo, Santo Agostinho filosofou sobre o tempo, que ele dizia saber o que é, mas que não podia explicá-lo, caso perguntado.
Também falou sobre livre-arbítrio, o bem e o mal. Defendia que a proximidade de Deus é o único caminho para o bem, enquanto o afastamento d'Ele representa o mal. Contudo, o livre-arbítrio foi concedido ao homem, permitindo escolher até mesmo o caminho do mal.
Em sua autobiografia "Confissões", relata sua trajetória até a conversão, abordando temas como pecado, maniqueísmo e hedonismo, tornando-se referência na literatura cristã até os dias atuais.
René Descartes – A razão como ponto de partida

René Descartes (1596–1650) é considerado o fundador do racionalismo moderno, movimento que influenciou fortemente o pensamento moderno e teve nomes de famosos filósofos como expoentes, como Francis Bacon e Thomas Hobbes.
Ele sistematizou um método que buscava uma certeza básica, livre dos questionamentos céticos, que fosse base para a fundamentação de uma nova teoria científica.
Sendo assim, este método precisava de diretrizes para que o procedimento fosse cumprido. Descartes formulou 4 regras para o pensamento lógico:
Regra | Descrição |
---|---|
Regra da evidência | Nunca aceitar algo como verdadeiro se não tiver certeza clara que realmente é verdadeiro. |
Regra da análise | Separar um problema em quantas partes forem necessárias para compreendê-lo melhor |
Regra da síntese | Organizar os pensamentos dos mais fáceis para os mais complexos de entender |
Regra da enumeração | Fazer uma lista e revisá-la com atenção para garantir que nada foi omitido |
Segundo Descartes, conhecer a natureza e compreender o mundo só é possível quando acompanhado do autoconhecimento, da reflexão sobre quem somos enquanto sujeitos pensantes.
“Cogito ergo sum”
Cogito é a certeza do sujeito pensante como tal.
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Immanuel Kant – A ética da razão pura

Immanuel Kant (1724 - 1804) revolucionou a filosofia ao fundamentar a ética na razão pura, objetivando estabelecer os princípios universais e imutáveis da moral.
Para ele, as questões éticas pertencem à razão prática e não à razão teórica. Pois é na razão prática que agimos livremente segundo princípios morais; já na razão teórica, do conhecimento, estamos condicionados a nossa própria estrutura cognitiva.
Em sua obra Crítica da Razão Pura, Kant investigou os limites e as condições do conhecimento humano, propondo uma combinação da intuição sensível (sensibilidade) e dos conceitos e categorias (entendimento) para a compreensão da realidade.
De acordo com Kant, os princípios da razão prática são universais e defendem os nossos deveres, já que se aplicam a todos os indivíduos - ética do dever.
Para compreender melhor as ideias desenvolvidas por Kant sobre ética e filosofia moral, acesse o curso Os pensadores: Immanuel Kant em nossa plataforma.
Friedrich Nietzsche – A crítica à moral tradicional

Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) foi um filósofo que foi de encontro aos fundamentos da moral tradicional ocidental, especialmente a judaico-cristã, propondo uma reavaliação dos valores pré-estabelecidos.
Ele é considerado o fundador do niilismo, movimento que questiona os valores tradicionais da sociedade e a existência de um propósito de vida.
Segundo Nietzsche, a criação de novos valores baseados na afirmação da vida e na individualidade seriam o caminho para superar a crise social no ocidente.
Em seu livro Assim Falou Zaratustra, Nietzsche propõe o conceito de além-do-homem, que seria um ser capaz de criar seus próprios valores e viver de forma autêntica.
Ademais, também desenvolveu o conceito de eterno retorno, que diz respeito à ideia de que a vida se repete incessantemente, desafiando o indivíduo a viver da maneira que desejasse sem se prender à moralidade da sociedade - um modelo ideal para a humanidade.
Karl Marx – Filosofia e transformação social

Karl Marx (1818 - 1883) desenvolveu uma forte crítica ao sistema capitalista, especialmente referente à alienação e à exploração do trabalhador, influenciando diretamente os sistemas políticos e econômicos da época.
Uma de suas obras mais significativas é O Capital, na qual ele faz uma análise do funcionamento da economia capitalista apresentando a lógica do lucro como causadora da desigualdade e intensificadora da opressão.
O ponto central do trabalho de Marx é o trabalho. De acordo com sua filosofia, o capitalismo transforma o trabalhador em instrumento de produção, desconsiderando sua humanidade. Com isso, tem-se a alienação social que ocorre em várias dimensões: do produto, do processo de trabalho, da essência humana e do outro.
Então, seria a luta de classes, segundo ele, o motor da história e também o elemento capaz de superar o capitalismo e alcançar uma sociedade mais igual por meio da revolução proletária.
Jean-Paul Sartre – O existencialismo e a liberdade radical

Jean-Paul Sartre (1905 - 1980) é considerado um dos principais filósofos do existencialismo, juntamente com Albert Camus. A ideia central de sua filosofia é a liberdade do homem.
Ele propõe que a “existência precede a essência”, ou seja, o ser humano não possui uma essência pré-determinada, ele é livre para construir sua própria identidade por meio de escolhas e ações - o reconhecimento da liberdade.
Em 1943, Sartre explora o reconhecimento da liberdade do indivíduo e a responsabilidade que vem junto com ela, gerando a sensação de angústia existencial como consequência dessa liberdade.
Embora tenha se aproximado do marxismo, ao inserir o homem na realidade social e na alienação da consciência, ele manteve uma postura crítica conciliando a liberdade individual com as estruturas sociais.
Simone de Beauvoir – Filosofia da liberdade e do feminino

Simone de Beauvoir (1908 - 1986) foi uma filósofa influente no século XX e fundamental no desenvolvimento do pensamento feminista e na filosofia existencialista.
Sua obra mais importante foi O Segundo Sexo, onde examina a construção social da mulher, desafiando as concepções tradicionais que limitavam o comportamento feminino à biologia.
Uma de suas frases mais marcantes é "ninguém nasce mulher, torna-se mulher" que resume sua tese de que a identidade feminina é moldada por fatores históricos e culturais, e não por uma essência natural.
Simone de Beauvoir não só influenciou como também foi influenciada pelos princípios do existencialismo, especialmente pela ideia de que "a existência precede a essência".
A partir disso ela argumenta que as mulheres devem assumir a responsabilidade por sua liberdade e se libertar das imposições patriarcais.
Filósofos contemporâneos
A filosofia contemporânea surge a partir da crise do pensamento moderno no século XIX e ainda permanece até os dias atuais, o que pode tornar mais difícil o processo de enxergar suas características.
Contudo, esta filosofia busca fundamentar o conhecimento e as teorias científicas através da análise da subjetividade e da estrutura cognitiva do indivíduo, recebendo influência do racionalismo e empirismo.
Conheça alguns dos principais filósofos contemporâneos:
Michel Foucault
Ele fazia uma forte crítica ao poder e formulou a ideia de microfísica do poder, onde falava sobre como as relações de poder tentam docilizar as pessoas através da disciplina.
Para Foucault, as instituições moldam comportamentos e regras da sociedade, além do conhecimento estar sempre ligado ao controle e à hierarquia social.
Judith Butler
Judith Butler revolucionou o estudo de gênero ao apontar que a identidade de gênero é socialmente construída, não uma essência fixa. Ela propôs que a repetição de atos de gênero cria e fortalece as identidades, desafiando normas tradicionais.
Byung-Chul Han
Byung-Chul Han pesquisa a “Sociedade do cansaço” , a busca incessante pela produtividade e desempenho da sociedade contemporânea, a partir de uma crítica ao neoliberalismo, leva ao esgotamento e a doenças neuronais, como depressão e burnout.
Filósofos brasileiros
Apesar de o Brasil não ter uma longa tradição dentro da filosofia, alguns filósofos brasileiros estão se fazendo pertinentes e populares quanto aos estudos deste campo de saber.
Um dos principais nomes nacionais é Marilena Chaui que, influenciada e especialista na obra de Spinoza, explora temas como a filosofia política e a democracia como garantia de direitos.
Também temos Clóvis de Barros Filho, reconhecido por tornar a filosofia acessível e democratizar o pensamento filosófico na sociedade. Além de Renato Noguera que aborda a filosofia africana e a decolonialidade.
Por que estudar os principais filósofos?
A busca pelo conhecimento é de grande valia em qualquer campo. Porém, na filosofia, esse aprendizado te ajuda a compreender melhor o mundo, a sociedade e a si mesmo.
A principal proposta deste texto foi convidar você para refletir sobre as ideias dos principais filósofos e começar a busca pelo conhecimento e se preparar para enfrentar as complexidades da vida e agir com maior responsabilidade e racionalidade.
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Referências:
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
RODRIGUES, Carla. Judith Butler. Blogs de Ciência da Universidade Estadual de Campinas: Mulheres na Filosofia, v. 6, n. 3, p. 99–113, 2020.