Neurociência, Saúde Mental & Comportamento

Transtorno Bipolar: o que é, sintomas, tipos e tratamentos

Transtorno Bipolar: o que é, sintomas, tipos e tratamentos

O transtorno bipolar, também denominado Transtorno Afetivo Bipolar, é uma condição de saúde mental que afeta o humor, a energia, o sono e a capacidade de uma pessoa manter atividades cotidianas.

Quem convive com essa condição pode experimentar oscilações intensas entre períodos de euforia (também chamadas de mania ou hipomania) e episódios de tristeza profunda.

Embora essas mudanças de humor façam parte da vida de todos, no transtorno bipolar, elas são mais intensas e duradouras, impactando significativamente o bem-estar.

Falar sobre transtorno bipolar é um passo essencial para reduzir estigmas e ampliar a compreensão sobre os transtornos mentais. Por isso, neste texto, iremos explicar o que é o transtorno de bipolaridade, seus sintomas, tipos, causas, tratamento e diferenças em relação a outras condições psiquiátricas.

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O que é transtorno bipolar?

O transtorno bipolar é uma transtorno crônico caracterizado por alterações marcantes no humor. Essas alterações se constituem através de episódios de mania e depressão, e variam em intensidade e duração.

Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), estima-se que aproximadamente 8 milhões de pessoas vivem com bipolaridade no Brasil. Esse número corresponderia entre 1% a 2,5% da população brasileira.

Há diferentes tipos de transtorno bipolar, com manifestações clínicas e intensidades diferentes. Para auxiliar na compreensão das suas particularidades, partiremos dos sintomas centrais de:

  • Mania – estado de humor anormalmente elevado, expansivo ou irritável, com aumento intenso de energia, impulsividade e, em alguns casos, sintomas psicóticos.
  • Hipomania – forma mais leve da mania, com aumento de energia, autoestima e produtividade, sem desconexão da realidade nem prejuízo social grave.
  • Depressão – quadro de humor persistentemente rebaixado, marcado por tristeza profunda, falta de interesse, cansaço extremo e pensamentos negativos ou suicidas.


Então, quais os tipos de transtorno bipolar?

Transtorno Bipolar Tipo 1:

A bipolaridade tipo 1 é a forma mais conhecida e intensa do transtorno. A principal característica é a presença significativa de episódios maníacos completos, ou seja, a pessoa apresenta um humor anormalmente elevado, expansivo ou irritável, com aumento acentuado de energia.

Esses comportamentos podem parecer “produtivos” ou até positivos no começo, mas geralmente saem do controle e trazem prejuízos graves. Esse tipo de bipolaridade pode levar a tomada de decisões impulsivas ou comportamentos de risco.

Importante:

A pessoa com bipolaridade tipo 1 pode ou não apresentar episódios depressivos. Ou seja, o diagnóstico não depende da presença de fases de depressão.

Algumas pessoas vivenciam apenas episódios maníacos com períodos de estabilidade entre eles, sem necessariamente ter uma fase de depressão. Outras alternam entre mania e depressão ao longo do tempo. O reconhecimento precoce dos sintomas, tanto da euforia quanto da queda de humor, é essencial para buscar tratamento adequado e garantir qualidade de vida.




Transtorno Bipolar Tipo 2:

A bipolaridade tipo 2 costuma ser mais difícil de identificar na medida em que os episódios de euforia são mais leves.

A principal característica aqui é a presença de episódios depressivos alternados com episódios de hipomania, ou seja, uma versão mais branda da mania em que a pessoa fica mais animada e falante, mas sem perder o contato com a realidade.

A hipomania pode passar despercebida tanto pela pessoa quanto por quem convive com ela, pois os comportamentos extrovertidos tendem a parecer apenas traços da personalidade.

No entanto, o que caracteriza o transtorno bipolar tipo 2 é justamente essa alternância entre períodos de depressão profunda e momentos de energia elevada, ainda que menos intensos que na mania.

Transtorno Ciclotímico (ou ciclotimia)

É uma forma mais leve e crônica do transtorno bipolar. A pessoa apresenta oscilações frequentes de humor que não chegam a ser episódios completos de mania ou depressão, mas que duram, em adultos, dois anos ou mais.

Em outras palavras, os altos e baixos não são tão intensos, mas se repetem com uma certa frequência ao longo do tempo.

Transtorno Bipolar induzido por substância ou medicamento

O transtorno bipolar induzido por substância ou medicamento é um subtipo reconhecido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Essa forma acontece após intoxicação ou abstinência de alguma substância ou exposição a algum medicamento que produz os mesmos sintomas.

Isso significa que, nesses casos, o episódio de mania, hipomania ou depressão não é causado por condições psiquiátricas, mas sim por uma resposta direta do cérebro à substância envolvida.

Drogas recreativas, medicamentos e álcool podem desencadear sintomas graves de humor.

É importante destacar que, embora os sintomas possam ser muito semelhantes aos do transtorno bipolar tradicional, o diagnóstico exige que fique claro o vínculo temporal e causal entre o uso da substância e o início dos sintomas.

Em muitos casos, ao cessar o uso da substância e com acompanhamento adequado, os sintomas desaparecem. No entanto, em outros, o episódio pode desencadear um quadro bipolar persistente, especialmente em pessoas com predisposição genética ou histórico familiar.

Quais os sintomas do transtorno bipolar?

Os sintomas do transtorno bipolar variam de acordo com a fase em que a pessoa se encontra.

Na fase de mania, os sintomas se caracterizam por:

  • Sensação de euforia, otimismo excessivo ou irritabilidade intensa;
  • Aumento de energia e diminuição da necessidade de sono;
  • Fala e pensamentos acelerados e por vezes, desorganizados;
  • Apresenta pressão no discurso, sendo difícil interromper;
  • Comportamentos impulsivos (gastos excessivos ou envolvimento em situações de risco);
  • Dificuldade de concentração.


Na fase de hipomania, os sintomas são semelhantes à mania, mas em menor intensidade. Há um aumento da produtividade e da energia, mas sem prejuízos tão evidentes. Pode ser percebido como um “bom humor fora do comum”, dificultando o diagnóstico.

Já na fase depressiva, os sintomas são:

  • Tristeza profunda;
  • Desesperança;
  • Isolamento social;
  • Fadiga e perda de interesse em atividades antes prazerosas;
  • Excesso de sono;
  • Falta de apetite;
  • Pensamentos de inutilidade, culpa excessiva ou ideação suicida.


É importante destacar que o tempo de duração dos episódios pode ser de semanas, meses ou anos.

Além disso, nem todas as pessoas com transtorno bipolar apresentam episódios maníacos e depressivos de forma equilibrada. Alguns podem ter mais episódios depressivos, o que leva à confusão entre transtorno bipolar e depressão.



Quais as causas e fatores de risco para o transtorno bipolar?

Não há uma causa única para o transtorno bipolar. O que se sabe é que ele resulta de uma combinação de fatores biológicos, genéticos e ambientais.

Pessoas com histórico familiar de transtorno bipolar têm maior risco de desenvolver a condição. Por isso, é fundamental investigar não apenas diagnósticos, mas também sintomas e características somáticas do núcleo familiar.

Alterações neuroquímicas também podem exercer influência para o desenvolvimento de um transtorno bipolar. Desequilíbrios em neurotransmissores como dopamina e serotonina podem estar envolvidos.

Além disso, eventos estressantes como traumas, perdas ou situações de perigo intenso podem funcionar como gatilhos para o surgimento de sintomas do transtorno bipolar, assim como mudanças bruscas no ritmo de vida.

A identificação precoce dos sinais e dos fatores de risco pode evitar o agravamento do quadro e reduzir os impactos negativos.

Retrato com múltipla exposição de mulher sugerindo transtorno de identidade ou instabilidade emocional

Fonte: May/ Unsplash

Diagnóstico de transtorno bipolar e confusões comuns

O diagnóstico de transtorno bipolar exige cuidado, pois pode ser um desafio, tanto para quem convive com os sintomas quanto para os profissionais da saúde. Isso acontece porque os sinais podem se sobrepor a outros transtornos psíquicos, como a depressão, ansiedade, TDAH ou até mesmo o transtorno de personalidade borderline.

Um dos equívocos mais frequentes é confundir o transtorno bipolar com mudanças normais de humor. É importante lembrar que todos temos dias bons e ruins, mas no transtorno bipolar essas oscilações são mais intensas, duradouras e impactam diretamente na vida da pessoa.

Outro erro comum é associar a bipolaridade apenas à instabilidade emocional. Muitas vezes, o termo é usado de forma banal e preconceituosa, como quando se diz que alguém é “bipolar” porque muda de ideia ou humor rapidamente. Essa perspectiva reforça estigmas e minimiza o sofrimento de quem convive com a condição.

O diagnóstico é clínico, feito por um(a) psiquiatra, com base em entrevistas, histórico médico e observação dos sintomas ao longo do tempo. Em alguns casos, o diagnóstico pode levar anos para ser fechado, especialmente quando os episódios de hipomania passam despercebidos ou são vistos como “momentos de alegria”.

É fundamental buscar ajuda especializada, pois um diagnóstico correto é o primeiro passo para um tratamento eficaz e para a melhoria da qualidade de vida.


Quais os tratamentos para o transtorno bipolar?

O tratamento para transtorno bipolar envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e cuidados com o estilo de vida. O objetivo é prevenir recaídas e melhorar a qualidade de vida da pessoa em suas atividades no dia a dia. Por isso, normalmente, o tratamento é composto por:

  • Estabilizadores de humor: são medicamentos que auxiliam a controlar as fases de mania e depressão. O lítio é um dos mais utilizados, mas existem outras opções, como anticonvulsivantes com efeito estabilizador.
  • Antidepressivos e antipsicóticos: os antidepressivos devem ser prescritos juntamente aos estabilizadores de humor para evitar que a pessoa “vire” para a fase da mania. Os antipsicóticos ajudam no controle de sintomas graves, como delírios ou agitação.
  • Psicoterapia: a psicoterapia no transtorno bipolar é uma aliada fundamental. Abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem ajudar a identificar os gatilhos emocionais e criar estratégias para lidar com recaídas e instabilidades.
  • Estilo de vida e autocuidado: dormir bem, manter uma rotina equilibrada, evitar uso de substâncias psicoativas como álcool e drogas, praticar atividades físicas e cultivar relações saudáveis são pilares do tratamento. Essas mudanças contribuem para reduzir os ciclos de humor e dar mais estabilidade emocional.


Assim, o tratamento para a bipolaridade não se resume ao controle medicamentoso, mas envolve uma abordagem integrada e contínua que considera o bem-estar físico, emocional e social da pessoa.


Como conviver com transtorno bipolar?

Conviver com o transtorno de bipolaridade pode ser desafiador, mas é possível levar uma vida saudável com suporte e apoio.

O primeiro passo é reconhecer o diagnóstico como parte da jornada de cuidado com a saúde mental, e não como uma sentença.

Para quem vive com o transtorno, é fundamental conhecer os modos como as fases da bipolaridade acontecem consigo. Entender os sinais iniciais de mania, hipomania ou depressão ajuda a agir com antecedência.

Ter uma rede de apoio é fundamental, por isso, converse com amigos, familiares e grupos de suporte. Além disso, evite estigmas internos. Não se culpe por algo que está além da sua vontade. Você não é o transtorno, você convive com ele.

Já para quem convive com alguém que tem o transtorno, a orientação é a informação. Compreender o que é o transtorno bipolar, oferecer apoio sem julgamentos ou controle, estar presente e respeitar os limites da outra pessoa, é um movimento indispensável.

Esteja atento às mudanças na rotina da pessoa, pois há sinais que podem indicar uma nova fase do transtorno. Familiares e amigos também precisam de apoio emocional, por isso, invista no seu processo terapêutico.

Perguntas frequentes

  • Quais os primeiros sinais de bipolaridade?

    Incluem mudanças bruscas no humor, com momentos de energia intensa e euforia que se alternam com períodos de tristeza profunda, irritabilidade, insônia e comportamento impulsivo.

  • Qual o comportamento de uma pessoa bipolar?

    Pode variar conforme o quadro: ela pode apresentar episódios de mania, caracterizados por agitação, fala acelerada e impulsividade, e fases depressivas, marcadas por desânimo, falta de energia e isolamento social.

  • Quais são as fases do transtorno bipolar?

    São três fases principais: a fase maníaca ou hipomaníaca, com humor elevado e hiperatividade; a fase depressiva, com sintomas de tristeza e apatia; e episódios mistos, quando sinais de mania e depressão ocorrem ao mesmo tempo. Entre esses momentos, a pessoa pode viver períodos de estabilidade emocional.



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Referências

https://portal.al.go.leg.br/noticias/131102/transtorno-bipolar#:~:text=No%20Brasil%2C%20a%20Associa%C3%A7%C3%A3o%20Brasileira,de%20incapacita%C3%A7%C3%A3o%20quando%20n%C3%A3o%20tratada.

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