Neurociência, Saúde Mental & Comportamento

Transtorno de Borderline: o que é, sintomas, causas e tratamento
Camila Fortes
Transtorno de Borderline: o que é, sintomas, causas e tratamento
Entenda o que é o transtorno de personalidade borderline, sintomas, causas e tratamentos possíveis. Veja como lidar com e cuidados necessários.

Viver com o transtorno de borderline (ou transtorno de personalidade borderline - TPB) pode ser uma experiência intensa e muitas vezes solitária, tanto para quem recebe o diagnóstico quanto para familiares e pessoas próximas.

Embora não existam dados e estatísticas sobre a incidência de pessoas com transtorno de borderline no Brasil, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que cerca de 2 milhões de brasileiros vivem com essa condição.

Apesar de afetar milhões de pessoas no mundo todo, o transtorno ainda é cercado de estigmas, julgamentos e desinformação, o que dificulta ainda mais a relação com a condição psíquica.

Ainda assim, o diagnóstico de borderline muitas vezes é tardio, equivocado ou envolto de preconceitos, o que pode dificultar o acesso ao tratamento adequado.

Compreender o que é ser borderline é um passo essencial para promover cuidado em saúde mental. Não se trata de rotular ou reduzir a pessoa ao diagnóstico, mas de reconhecer sinais, oferecer apoio e ampliar o acesso a tratamentos eficazes.

Por isso, neste texto, trataremos sobre o que é o transtorno de borderline, quais os sintomas e fatores de risco, além de o diferenciar de outros transtornos e explorar as possibilidades de tratamento.

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O que é o transtorno de borderline?

O transtorno borderline (CID F60.3) é um tipo de transtorno de personalidade marcado por instabilidade emocional intensa. É acompanhado de comportamentos impulsivos, medo persistente de abandono e dificuldade em manter relacionamentos estáveis.

Também conhecido como síndrome de borderline, o TPB interfere diretamente na forma como a pessoa se percebe, se relaciona e lida com o mundo ao redor.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM V, o TPB afeta a percepção do indivíduo, criando um padrão de instabilidade que altera a forma como ele se relaciona com pessoas e situações no cotidiano.

Pessoas com transtorno de borderline costumam vivenciar emoções de modo extremo, com flutuações rápidas de humor e reações desproporcionais a eventos rotineiros. Essa dificuldade de regulação emocional pode causar sofrimento significativo e impactar a qualidade de vida da pessoa.

Em geral, o comportamento de uma pessoa com TPB se manifesta como se ela estivesse sempre prestes a explodir, em um limite emocional. Há uma intensa dificuldade em lidar com frustrações, por isso, a oscilação de humor e a impulsividade são características tão presentes.

Para a neuropsicologia, o transtorno de borderline apresenta um déficit nas funções executivas, como a ausência de um controle inibitório e a desregulação emocional. Além disso, há comprometimento nos estímulos psíquicos, na memória e na capacidade de percepção visual e espacial.

Quais os principais sintomas do transtorno de borderline?

Os sintomas do transtorno de borderline variam em intensidade e frequência, mas costumam seguir alguns padrões característicos.

Listamos abaixo os sintomas mais comuns, segundo o DSM-V:

  • Instabilidade emocional: mudanças rápidas de humor, com episódios de raiva, estresse, tristeza, melancolia ou ansiedade;
  • Impulsividade: comportamentos autodestrutivos, como gastos excessivos, abuso de substâncias, apostas em jogos de azar, direção imprudente ou relações sexuais de risco;
  • Medo intenso de abandono: esforço constante para evitar rejeições reais ou imaginadas, com reações exageradas a pequenas ausências ou mudanças;
  • Relacionamentos instáveis e intensos: alternância entre a idealização e a desvalorização das pessoas próximas;
  • Autoimagem instável: sentimento de vazio com o que vê no espelho, baixa autoestima;
  • Automutilação e comportamento suicida: cortes, queimaduras ou pensamentos frequentes sobre a morte podem surgir como formas de lidar com a dor emocional;
  • Desconfiança ou dissociação: episódios breves de paranoia ou sensação de desligamento com a realidade, especialmente em momentos de estresse emocional.

Pessoas com transtorno de borderline podem sabotar a si mesmos quando estão prestes a alcançar um objetivo. Abandonar a universidade ou pedir demissão de um emprego promissor, podem ser alguns exemplos.

No entanto, nem toda pessoa com o transtorno apresenta todos os sintomas. Há também tipos de borderline com diferentes perfis predominantes. São eles: borderline impulsivo, borderline afetivo e borderline autodestrutivo.

Os sintomas se apresentam na adolescência, mas podem ser visíveis no início da fase adulta.


Jovem com expressão de tristeza sentado em cadeira próxima à janela, sinal de sofrimento emocional

Fonte: Elisa Ventur/ Unsplash

Quais as causas e fatores de risco para o transtorno de borderline?

Não existe uma causa única para o transtorno de personalidade borderline. A maioria dos especialistas aponta para uma combinação entre fatores biológicos, psicológicos e ambientais.

Históricos de traumas na infância, como abuso físico, emocional ou sexual, podem desencadear a condição. Ambientes familiares negligentes ou instáveis, com vínculos inseguros, também podem ser responsáveis.

Além disso, há fatores genéticos, especialmente quando se apresenta um histórico familiar de transtornos de personalidade. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (AAP), parentes de primeiro grau de pacientes com transtorno de borderline são 5 vezes mais propensos a ter a condição do que a população em geral.

Também não podem ser desconsideradas as alterações neurobiológicas, que são relacionadas ao funcionamento do córtex pré-frontal e que é uma área ligada à regulação emocional.

É fundamental destacar que não há uma culpa pelo desenvolvimento do transtorno. Assim, a compreensão sobre suas causas é complexa e ainda está em evolução e investigação.


Como se dá o diagnóstico de borderline?

O diagnóstico de borderline deve ser feito por um profissional de saúde mental, com base em uma avaliação clínica aprofundada. É necessário considerar a história de vida da pessoa, seus sintomas e o impacto dessas características na rotina diária.

O diagnóstico é feito com base em entrevistas clínicas estruturadas, que podem incluir testes psicológicos e conversas com pessoas próximas, quando autorizado pelo paciente. Esse processo pode levar algum tempo, justamente porque o transtorno envolve uma série de sintomas que podem variar em intensidade e contexto.

Quando realizado com ética e sensibilidade, o diagnóstico de TPB torna-se o primeiro passo para um cuidado real, que considera não apenas os sintomas, mas também a complexidade de quem vive com o transtorno.

⚠️ Atenção: Evite autodiagnósticos
A sobreposição de sintomas com outros transtornos como ansiedade, depressão, bipolaridade ou outros transtornos de personalidade, exige o olhar qualificado de um psicólogo ou psiquiatra.


Confusões com outros transtornos

Não são incomuns os diagnósticos equivocados de transtorno de borderline. Isso se dá porque os sintomas se assemelham a outros transtornos, como os transtornos de ansiedade, por conta da intensidade emocional, e os transtornos depressivos, em decorrência dos sentimentos persistentes de vazio, tristeza e desesperança.

Por causa dos comportamentos que reforçam uma busca por atenção, o TPB também pode ser confundido com o transtorno de personalidade narcisista. Apesar dos sintomas se assemelharem a essas condições, o mais comum é a confusão com o transtorno de bipolaridade.

Mas, qual a diferença?

Tanto o transtorno bipolar quanto o borderline envolvem alterações de humor, mas há distinções importantes entre eles. No transtorno bipolar, os episódios de euforia (mania) ou depressão costumam durar dias ou semanas, com variações clínicas.

Já no borderline, as mudanças emocionais são mais reativas e rápidas, podendo durar horas ou dias. São muitas vezes desencadeadas por eventos interpessoais, como frustrações, desentendimentos e outros tipos de estresse cotidiano.

Vamos compreender melhor as suas diferenças:

Característica Transtorno de Borderline Transtorno Bipolar
Duração das oscilações de humor Rápidas e reativas. Podem durar de horas a dias. Episódicas, durando dias ou semanas.
Gatilho emocional Reações a eventos interpessoais mais delimitados em relacionamentos afetivos, sejam eles familiares, profissionais ou amorosos. Ex: Desentendimento com a mãe ou com colega de trabalho. Alterações cíclicas, sem gatilhos específicos ou muito claros. Não se concentram apenas nos relacionamentos afetivos. Ex: Uma fila no banco ou um atraso no voo.
Autoimagem Instável, com sentimentos crônicos de vazio Preservada fora dos episódios de crise
Comportamentos autodestrutivos Comuns, incluindo automutilação, tentativas de suicídio e impulsividade Podem ocorrer em fases de depressão, mas não são tão centrais ao quadro.
Mudanças emocionais São ligadas à forma como a pessoa se sente em relação a si mesma e aos outros. São alterações mais cíclicas e biológicas do humor.
Tratamento principal Psicoterapia Medicamentos estabilizadores de humor


As particularidades de cada diagnóstico reforçam a importância de uma avaliação cuidadosa, não apenas para nomear o sofrimento, mas para direcionar o cuidado de forma eficaz e assertiva.


É importante lembrar que os transtornos mentais não são “rótulos”, e sim construções clínicas que ajudam a entender padrões de funcionamento psíquico, para se oferecer suporte adequado.

Por isso, é fundamental investigar os sintomas junto de um profissional da psicologia e/ou da psiquiatria. Buscar informação confiável e reconhecer que o diagnóstico é apenas uma parte da vida, pode ajudar a reduzir o medo e o estigma que muitas vezes envolvem a saúde mental.

Quais os tratamentos para o transtorno de borderline?

O transtorno de borderline tem tratamento e, com acompanhamento adequado, é possível viver com mais estabilidade, autonomia e bem-estar.

  • Psicoterapia

    A psicoterapia é o principal recurso terapêutico. Entre as abordagens mais recomendadas pelos profissionais, destaca-se a Terapia Comportamental Dialética (TCD), criada por Marsha Linehan. A TCD combina técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) com práticas de mindfulness.

    O principal foco dessa abordagem é aprender a regular as emoções, reduzir os comportamentos autodestrutivos, melhorar a capacidade de lidar com conflitos e fortalecer a autoestima e o senso de identidade.

    Outras abordagens terapêuticas como a psicanálise também podem ser eficazes, especialmente quando adaptadas às necessidades da pessoa.

    O mais importante é que o tratamento seja construído de forma individualizada, respeitando o tempo e o limite de quem está em sofrimento.


  • Medicamentos

    Não existem medicamentos específicos para tratar o transtorno de borderline, no entanto, algumas classes podem ser prescritas para amenizar os sintomas associados.

    Antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos (em casos de sintomas graves) podem auxiliar no tratamento e regulação emocional. Essas medicações não curam o transtorno de borderline, mas podem ser importantes aliadas na redução dos sintomas que comprometem o bem-estar.

    Por exemplo: pessoas com transtorno de borderline que convivem com crises de ansiedade severas, episódios depressivos profundos ou impulsividade autodestrutiva podem encontrar maior estabilidade emocional com o uso de remédios, sempre como parte de um plano terapêutico mais amplo.

    É importante ressaltar que a automedicação não é orientada em nenhuma hipótese. O uso de medicamentos precisa ser acompanhado por um médico psiquiatra.

  • Rede de apoio e suporte

    Participar de grupos terapêuticos, ter uma rede de apoio sólida e contar com profissionais de saúde mental faz toda a diferença. A construção de vínculos seguros, dentro e fora do espaço clínico, é parte fundamental do processo.

    Nesse sentido, o tratamento para o transtorno de borderline envolve não apenas o cuidado individual, mas também o fortalecimento de laços e a construção de um ambiente que favoreça o bem-estar emocional.

Mulher estressada diante de notebook, sinais de esgotamento e ansiedade no ambiente de trabalho

Fonte: Elisa Ventur/ Unsplash



Como lidar com uma pessoa borderline?

Conviver com uma pessoa com transtorno de borderline pode ser desafiador, mas também é uma oportunidade para aprofundar vínculos e promover cuidado mútuo.

A escuta empática, sem minimizar o sofrimento, é essencial. Evite julgamentos sobre comportamentos impulsivos ou emocionais, e estabeleça limites saudáveis, com clareza e gentileza.

Informe-se sobre o transtorno e seus sintomas, para compreender melhor suas complexidades. Incentive o tratamento e acompanhe a evolução com paciência.

O apoio de familiares e amigos pode ser decisivo no processo de recuperação e/ou tratamento, mas também é fundamental que essa rede de apoio cuide da própria saúde mental.

Conclusão: a informação é o principal acesso para o cuidado

Falar sobre o transtorno de personalidade borderline com clareza, empatia e responsabilidade é um passo fundamental para construir uma sociedade mais acolhedora e informada sobre saúde mental.

Por isso, é essencial que busquemos oferecer espaço para o conhecimento e a escuta qualificada. Muitas pessoas convivem com essa condição em silêncio por conta dos estigmas, o que pode agravar ainda mais o sofrimento emocional.

O transtorno de borderline não é uma sentença, é uma condição de saúde que exige atenção, compreensão, tratamento e apoio contínuo. Com cuidado adequado, é possível construir caminhos de autonomia, afeto e pertencimento, mesmo diante dos desafios.

Se você ou alguém próximo apresenta sinais semelhantes aos descritos, procure ajuda profissional para investigar com mais atenção. O diagnóstico e o tratamento precoces fazem toda a diferença.

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Referências

https://revistardp.org.br/abp/article/view/1103

Revista-esfera-saude-v06-n02-artigo02.pdf

American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th ed, Text Revision (DSM-5-TR). Washington, DC, American Psychiatric Association, 2022, pp 755.

Como cuidar da saúde mental: dicas para o bem-estar emocional
Camila Fortes
Como cuidar da saúde mental: dicas para o bem-estar emocional
Veja como cuidar da saúde mental com práticas embasadas na psicologia, psicanálise e neurociência. Veja dicas de autocuidado, terapia e rotina.

Em um mundo cada vez mais acelerado e hiperconectado, cuidar da saúde mental deixou de ser uma recomendação pontual e tornou-se uma urgência da contemporaneidade.

As pressões no trabalho, as instabilidades nos relacionamentos, o excesso de estímulos e a crescente incidência de transtornos como ansiedade, depressão e Burnout, nos mostram que o autocuidado precisa ser mais profundo do que um momento de lazer ou descanso.

Neste texto, você encontrará dicas de cuidado com a saúde mental a partir de diferentes dimensões — emocional, relacional, corporal e simbólica — com base em princípios da psicologia, da psicanálise e da neurociência.

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Entenda o que é saúde mental — e o que não é

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde mental como um estado de bem-estar no qual o indivíduo percebe suas próprias habilidades, consegue lidar com as adversidades da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir com a comunidade.

A saúde mental está longe de ser apenas a ausência de transtornos mentais. Trata-se de uma construção dinâmica, que envolve a capacidade de lidar com os altos e baixos da vida, elaborar emoções, manter relações significativas e encontrar sentido na própria existência, mesmo diante das incertezas, frustrações e sofrimentos que fazem parte da experiência humana.

Esse entendimento rompe com a ideia de que “ser forte” é não sentir ou não demonstrar emoções. Pelo contrário: é justamente o contato consciente com nossas emoções que fortalece a nossa saúde psíquica.

Portanto, mais do que um ideal de equilíbrio constante, a saúde mental deve ser compreendida como uma travessia possível, feita de pequenas escolhas, apoios e significados que se renovam no tempo.

Vamos entender melhor como isso é possível.


Crie rotinas de autocuidado com intenção — e não com culpa

O autocuidado em saúde mental não precisa ser caro, instagramável ou complexo. Ele começa em pequenas escolhas do cotidiano que ajudam a regular o corpo e a mente. Mas para funcionar, precisa ser feito com intenção e sem culpa, a partir de um contexto real, ou seja, do que é possível.

Algumas soluções podem ser praticadas aos poucos:

  • Durma pelo menos 6 horas por noite: o sono regula hormônios do humor, da memória e da atenção.
  • Faça pequenas pausas com movimento: alongue os ombros, o pescoço e respire fundo entre as tarefas do dia a dia.
  • Caminhe, dance ou faça atividades de movimento corporal regularmente: atividades físicas leves ajudam a liberar serotonina e dopamina, ou seja, hormônios responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.
  • Desligue notificações do celular por 1 hora ao dia: isso ajuda a reduzir estímulos e favorece o foco e o descanso cerebral.
  • Experimente práticas de mindfulness: comece com 3 minutos diários prestando atenção na respiração ou nas sensações do corpo.

Na neurociência, esses pequenos cuidados estão relacionados à ativação do sistema parassimpático, que ajuda a regular o estresse e promove sensações de segurança e calma. Assim, perceber o autocuidado como uma etapa da rotina é um passo importante para se construir um bem-estar psicológico.

Homem negro meditando com fones de ouvido em casa, prática de autocuidado e bem-estar emocional
A prática do mindfulness pode ajudar na saúde mental (Fonte: nubelson-fernandes/unsplash)



Pratique a escuta interna e nomeie as suas emoções

A psicanálise nos ensina que nomear o que sentimos é o primeiro passo para elaborar um pensamento. Muitas vezes sofremos mais pela tentativa de negar o que sentimos do que pela emoção em si.

Sentir irritação frequentemente pode estar relacionado a frustrações acumuladas. Ao nomear isso, você se aproxima da raiz do desconforto, construindo uma ponte entre o que sente e o acontecimento de fato. Assim, o ato de verbalizar sentimentos, sensações e percepções ajuda não apenas em um processo de autoconhecimento, mas também de estímulo à saúde mental.

A psicologia também trabalha essa compreensão: identificar e validar as emoções reduz a ativação da amígdala cerebral, diminuindo o impacto do estresse e aumentando a regulação emocional.

💡 Dica prática: mantenha um caderno de emoções, anotando o que você sentiu e o que desencadeou essa sensação. Esse hábito irá auxiliar a compreender a situação e a si mesmo com um olhar mais gentil.

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Cuide do corpo: movimento e regulação

Nosso corpo é também um instrumento de percepção emocional. Sensores no corpo nos avisam do estresse antes mesmo de termos consciência dele. Por isso tem se tornado cada vez mais comum a manifestação de doenças psicossomáticas na sociedade, pois o corpo denuncia e dá sinais de alerta.

Uma tensão no maxilar, uma respiração curta e o coração acelerado, são sinais importantes que exigem atenção. Dores nas costas, pés e articulações, além da sensação de falta de descanso mesmo quando o corpo relaxou por horas, também são indícios de que há algo que precisa ser investigado e tratado.

Mas, como romper com isso? Práticas regulares como caminhada, alongamento, yoga ou dança ativam circuitos cerebrais ligados aos prazer, à concentração e à disposição. Estudos mostram que o movimento corporal regular reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e melhora a capacidade de foco.

Além disso, o mindfulness também pode ser um excelente aliado: ao prestar atenção às sensações físicas sem julgá-las, criamos uma ponte entre mente e corpo. Isso contribui não apenas para a redução da ansiedade, mas também na prevenção e na diminuição de outros quadros e sintomas.


Desenvolva vínculos seguros e uma rede de apoio

Somos seres relacionais. Desde o nascimento, nossa saúde mental é moldada pelas relações que estabelecemos. Vínculos seguros oferecem apoio emocional, validam nossa existência e nos ajudam a elaborar conflitos.

Segundo a psicologia, relações saudáveis promovem um estado interno de segurança. Isso se reflete na vida adulta: quem tem apoio emocional tende a lidar melhor com situações de crise e sofrimento.

E como nutrir uma rede de apoio?

  • Invista em amizades com quem você pode confiar e ser autêntico. É preciso se desvincular das performances e apenas ser você.
  • Peça ajuda sem medo de parecer frágil ou de acreditar que está incomodando — amigos são para isso também, não apenas para os momentos de alegria.
  • Escute ativamente as pessoas ao seu redor, acolha o que elas compartilham com você com gentileza e empatia. Isso ajudará você a construir uma relação horizontal de confiança.

Ser sensível ao que o outro nos diz envolve saber ouvir e saber falar. Assim, estabelecer vínculos verdadeiros passa pela capacidade de sustentar conversas honestas, respeitando os próprios limites e os do outro.

Relações afetivas não precisam ser perfeitas, mas precisam ser cuidadas. A sua manutenção é fundamental, pois vínculos se fortalecem com presença, e não com formalidades.

Pessoas se abraçando em grupo durante atividade de acolhimento emocional e saúde mental
Uma rede de apoio é essencial para o bem-estar psíquico (Fonte: yuriy-vertikov/unsplash)


Abra espaço para o simbólico: arte, espiritualidade e sentido

O que dá sentido à sua vida? Essa pergunta, embora ampla e complexa, é fundamental para a construção de uma saúde mental. A dimensão simbólica do cuidado envolve criar espaços onde você possa se expressar para além das tarefas do dia a dia.

Isso pode se manifestar por meio da arte, da espiritualidade, da escrita ou de rituais pessoais. Buscar grupos, coletivos ou comunidades com interesses em comum, pode ser um caminho para construir relações de modo orgânico e com vínculos genuínos.

Por exemplo: escrever cartas, pintar, desenhar ou fotografar como forma de expressão, ler poesia ou filosofia para estimular o pensamento, ou criar um altar pessoal com objetos significativos são formas de abrir caminhos para uma saúde mental.

Cabe mencionar que esse espaço simbólico é também um antídoto contra o vazio existencial que pode surgir nas rotinas hiperprodutivas. Assim, se expressar é dar materialidade a coisas que podem não ter sido digeridas com facilidade em um contexto de intensa emoção e exaustão.



Psicoterapia: o encontro com o outro para encontrar a si

A psicoterapia é um processo estruturado de escuta, onde você pode olhar para si com profundidade. Mais do que conselhos, elas oferecem um espaço para construir caminhos para uma saúde mental.

Entre as principais abordagens, estão:

  • Psicanálise: investiga o inconsciente, os sonhos, os desejos e a história da pessoa, com o objetivo de ajudá-la a acessar e superar traumas e marcas psíquicas.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): identifica padrões de pensamento e comportamento disfuncionais e propõe formas mais saudáveis de agir.
  • Gestalt-terapia: trabalha com a perspectiva do aqui e agora, com foco na experiência e na consciência da pessoa.
  • Psicologia analítica: investiga os arquétipos, os sonhos e os símbolos, com foco no desenvolvimento da personalidade.

Fazer terapia é um investimento em si. Mesmo que você não esteja em crise, esse processo pode ajudar a prevenir transtornos e a lidar com sofrimentos e desafios da vida.


Cuide da sua saúde mental no trabalho

O trabalho pode ser fonte de realização ou de adoecimento. O que determina isso é, muitas vezes, o ambiente e a forma como você se relaciona com ele. Diagnósticos de burnout se tornaram cada vez mais frequentes, pois está cada vez mais difícil separar os problemas profissionais dos problemas pessoais.

A sensação de esgotamento constante, perda de interesse no trabalho, além da baixa autoestima e insegurança profissional, podem ser sinais de alerta que denunciaram a Síndrome do Esgotamento Profissional.

Confira dicas práticas para preservar a saúde mental no trabalho:

  • Defina limites claros de horário e dias semanais de contato para questões profissionais. Não é natural e nem saudável enviar ou receber mensagens profissionais em dias de descanso.
  • Negocie prazos quando possível. Sobrecargas e imprevistos acontecem frequentemente, por isso, busque não ultrapassar o seu horário de trabalho para entregar demandas recém solicitadas.
  • Evite checar e-mails e agendas fora do expediente. Busque aproveitar o tempo “off” com atividades que não tenham relação com temas profissionais.
  • Converse com colegas sobre formas coletivas de apoio. Todos podem se ajudar.

A saúde mental no trabalho também depende de mudanças estruturais. Por isso, é importante levar esse debate aos espaços institucionais.


Recomendações bônus: como aprofundar no cuidado em saúde mental

Para auxiliar no cuidado com a saúde mental de forma realista e gentil, vamos além das práticas para pensar a forma como nos relacionamos com nós mesmos nesse processo.

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Por exemplo, o curso Ansiedade Sob Controle - Casa do Saber aborda em detalhes mais dicas práticas e bem fundamentadas de como cuidar da saúde mental. Mas, aqui entre nós, vamos te dar um spoiler:

  • Evite comparações: o que você sente é legítimo

    Em um mundo onde todos parecem bem o tempo todo nas redes sociais, é fácil cair na armadilha da comparação. Mas lembre-se: cada pessoa tem um histórico, um repertório emocional e uma rede de suporte diferente. Comparar seu sofrimento ou progresso com o dos outros pode gerar frustração e culpa.

    Dica: Quando perceber que está se comparando, pergunte-se: “O que faz sentido pra mim nesse momento?”. Traga o foco para si, pois a sua trajetória é única.

  • Fale e pense sobre si com mais gentileza

    A forma como nos tratamos internamente tem impacto direto sobre a autoestima e a saúde mental. Se o seu diálogo interno é dominado por autocrítica, exigência ou dureza, tente inverter o tom: acolha suas falhas como parte do processo de ser humano.

    Dica: Quando errar ou falhar, experimente dizer para si algo que diria para um amigo querido. Lembre-se que você fez o que conseguiu naquele momento.

  • Valorize os pequenos avanços

    Não espere grandes transformações imediatas. Na saúde mental, pequenos passos consistentes são mais sustentáveis que mudanças radicais. O simples fato de reconhecer uma emoção, fazer uma pausa ou dormir melhor, já é uma conquista.

    Dica: Ao final do dia ou da semana, anote 1 ou 2 coisas que conseguiu fazer por si. Pode ser “fui dormir mais cedo” ou “desliguei o celular por 30 minutos”. São passos importantes a se orgulhar.



Resumo: Cuidar da saúde mental é um compromisso com a vida

Cuidar da saúde mental passa por reconhecer as próprias emoções, estabelecer limites saudáveis, buscar ajuda especializada e manter uma escuta ativa de si e do mundo.

Cuidar da saúde psíquica é um exercício contínuo de auto compaixão, por isso, é fundamental reconhecer que estar bem não significa estar feliz o tempo todo, mas sim desenvolver recursos para atravessar os momentos difíceis com mais consciência e resiliência, e com menos solidão.

O autocuidado psíquico é um compromisso com a vida que queremos ter. Requer priorização, escuta e coragem. Mas lembre-se: não existe solução rápida. O que existe é um caminho possível, com recaídas, avanços e descobertas. A saúde mental não é um destino fixo, mas uma travessia — e cada passo conta.

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Cansaço mental: sintomas de ansiedade, fadiga, sono, fraqueza
Xavana Celesnah
Cansaço mental: sintomas de ansiedade, fadiga, sono, fraqueza
Cansaço extremo o que pode ser, estresse, burnout, Sociedade do Cansaço, Byung-Chul Han, fraqueza no corpo, angústia, sistema nervoso.

O livro A Sociedade do Cansaço, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, oferece uma análise perspicaz sobre um fenômeno globalizado que afeta milhões de pessoas: a sensação de cansaço e exaustão. Essa sensação tornou-se onipresente na sociedade tecnológica voltada para o desempenho. Existe, em grande parte, uma valorização implícita das pessoas que experimentam esse cansaço extremo, por ele estar associado a um esforço contínuo pela produtividade no trabalho.

Essa admiração, alimentada pela ideologia neoliberal, sugere que a cultura do estar “sempre ocupado” é sinal de sucesso. Contudo, os efeitos dessa entrega excessiva – seja no trabalho presencial, no home office ou nos estudos – resultam em um fardo diário de esgotamento, que pode levar a condições como ansiedade, burnout e depressão. Neste artigo, exploraremos as possíveis causas da sobrecarga mental e como a filosofia de Byung-Chul Han pode nos oferecer uma compreensão ampla da situação, criando ferramentas para redefinir as formas de ação dentro de uma ideologia que exalta o "empreendedor de si mesmo".



Como as redes sociais influenciam na ansiedade?

As redes sociais têm um papel central na sociedade contemporânea, impactando significativamente a saúde mental da humanidade. De acordo com o filósofo Byung-Chul Han, estamos vivendo um contexto de mudança de paradigma, onde ocorre a transição entre a sociedade disciplinar descrita por Michel Foucault, para a sociedade do desempenho. Nessa nova configuração, os limites entre o eu e o outro desaparecem, pois tudo passa a ser visto a partir da preocupação com a própria existência. Como consequência, tudo se transforma em mero reflexo de si mesmo. Em cada situação, o indivíduo enxerga a prolongação de sua própria identidade, e as pessoas acabam enxergando apenas a si mesmas.

Nesse sentido, as redes sociais são o principal veículo por meio do qual as pessoas constroem e afirmam suas próprias identidades. Cada postagem, foto ou atualização é uma forma de autoafirmação narcisista, que visa mostrar ao mundo o quanto o indivíduo é produtivo, bem-sucedido e realizado. Isso reflete a lógica neoliberal que se baseia na ideia de que o sucesso provém do esforço contínuo e permanente.

Cansados e Conectados: O Preço da Busca pelo Reconhecimento nas Redes Sociais

No entanto, essa busca incessante por validação e autoafirmação nas redes sociais tem um custo significativo. Ao se verem como produtos a serem consumidos pelos outros, os indivíduos se sentem compelidos a manter uma produtividade constante. Essa busca por aprovação torna-se uma forma de "empreendedorismo de si", onde a pessoa precisa sempre "vender" a melhor versão de si mesma.

Esse comportamento acaba por produzir uma exaustão psicológica que, em muitos casos, leva a problemas psíquicos como ansiedade, insônia, burnout e depressão, como apontado pelo filósofo Byung-Chul Han. A produtividade ininterrupta, tanto no trabalho quanto na vida social, surge com aparência de liberdade, já que não existem chefes ou horários impostos. Mas, na prática, é uma “falsa liberdade”, pois as pessoas sentem-se na obrigação de realizar entregas virtuais cada vez mais constantes, comprometendo a capacidade de desfrutar de uma vida plena.

Para obter mais conhecimento sobre como superar a ansiedade na era digital, baixe gratuitamente o ebook abaixo, que explica os impactos das redes sociais na saúde mental e o conceito de Brain Rot, termo usado para se referir aos efeitos negativos da exposição contínua aos conteúdos de baixa qualidade das redes sociais. O ebook contém informações do curso da Casa do Saber intitulado Saúde Mental e Estresse: Uma Visão das Neurociências, ministrado pela doutora em Ciências pela UFRJ, Ana Carolina Souza. Preencha o formulário a seguir e tenha acesso ao ebook instantaneamente no seu e-mail:

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As redes sociais: uma dependência patológica

As redes sociais, ao promoverem um modelo de produtividade constante, reduzem a vida humana a uma busca incessante por reconhecimento. Assim, o que antes era um espaço pessoal, como a casa ou a privacidade do pensamento, agora se mistura ao olhar e ao julgamento constante do público. Esse processo de exposição contínua cria uma atmosfera de pressão, onde o indivíduo não pode mais se relacionar com sua própria identidade de maneira autêntica, mas em função de como é percebido pelos outros. Assim, a autoafirmação na era digital se torna dependente da validação externa, medida por curtidas, comentários, seguidores, compartilhamentos.

Esse fenômeno revela um paradoxo de liberdade. Em vez de promover a liberdade individual, as redes sociais, na verdade, encorajam uma forma de escravidão contemporânea. Ao acreditar que estão se autoafirmando e sendo livres, os indivíduos acabam presos a uma lógica de produtividade sem fim. O filósofo Byung-Chul Han explica que, no capitalismo neoliberal, a liberdade é confundida com a obrigação de se afirmar constantemente, o que leva a uma exploração do próprio corpo e mente. O indivíduo, ao tentar se destacar e se afirmar nas redes sociais, está, na realidade, se exaurindo, tornando-se incapaz de desfrutar dos próprios momentos de descanso ou de lazer em conexão com outras pessoas.

Essa incessante procura por autossuperação nas redes sociais reflete o modelo de vida capitalista, onde a produtividade desenfreada gera uma exaustão que compromete a saúde mental e emocional. A pessoa, que inicialmente se vê como livre ao produzir e compartilhar sua identidade, acaba se tornando um "morto-vivo", como descreve o já mencionado pensador sul-coreando, presa a um ciclo de atividade e consumo sem limites. Nesse sentido, as redes sociais não apenas refletem essa lógica, mas também a amplificam, tornando o indivíduo cada vez mais dependente da constante validação externa, e cada vez mais distante de alcançar momentos de plenitude que estejam desprovidos de uma função econômica.

Burnout e Redes Sociais

Quem trabalha com redes sociais, seja como social media para empresas ou como empreendedor de si mesmo no digital, sabe que o esgotamento mental é uma constante nesse ambiente virtual de trabalho. Postagens diárias, seja no Instagram ou no TikTok, precisam ter alcance, curtidas, compartilhamentos, engajamento. Portanto, esse tipo de trabalho opera em uma lógica de produtividade ininterrupta, que acaba sugando as energias dos criadores de conteúdo. Principalmente, quando o produtor de conteúdo digital também é o próprio empreendedor, fato que acontece com frequência na sociedade do desempenho que vivenciamos.

A lista de atividades diárias de quem trabalha como produtor de conteúdo digital nas redes sociais é interminável:

  • Fotos
  • Legendas
  • Carrosséis
  • Arte com conteúdo para feed
  • Vídeos para reels
  • Vídeos para story
  • Vídeo para TikTok
  • Caixinhas de perguntas para story
  • Compartilhamento de conteúdo relevante
  • Texto persuasivo de copywriter para vendas


Além da pressão para estar disponível 24 horas por dia, responder imediatamente a mensagens e estar presente em múltiplas plataformas. Tudo isso gera uma sensação de sobrecarga. Se identificou? Muito provavelmente sim.

Mas, o que você talvez ainda não saiba é que a lógica neoliberal tem propagado uma ideia sedutora de liberdade no ambiente virtual. Apesar da aparência de liberdade que essa lógica sugere, ela resulta, na prática, em uma uniformização das experiências de vida. As pessoas, ao acreditarem que estão tomando decisões autônomas, estão, na realidade, sendo moldadas por uma mesma dinâmica de produtividade e consumo. Todos estão seguindo o mesmo caminho: trabalhar mais, se expor mais, alcançar mais.

Nesse sentido, são incentivadas a se perceberem como responsáveis pelo seu próprio destino e pela sua realização pessoal. Mas, essa promessa de autonomia, no entanto, esconde uma realidade de exploração constante. Trata-se da “uberização do trabalho”, uma dinâmica onde as pessoas se percebem como “donas de seu próprio tempo” e acreditam que assim, são livres. Quando, na verdade, estão sujeitas a uma nova forma de subordinação. Ao se verem como empresários de suas vidas, acabam presas a uma rotina de produtividade incessante, sem descanso e sem a possibilidade de se desconectar das demandas virtuais, sociais e econômicas.

Nesse contexto, o trabalho não é mais uma obrigação imposta de fora, como propôs Foucault com sua sociedade disciplinar, mas tornou-se uma escolha que se transforma em uma necessidade constante de atingir metas. A lógica do "empreendedorismo de si mesmo" faz com que o indivíduo se sinta constantemente pressionado a demonstrar sua capacidade nas redes sociais, em um ciclo de validação permanente.

Essa obsessão por produzir e se autoafirmar em todas as esferas da vida intensifica a carga de trabalho e drena as energias emocionais e psicológicas, levando as pessoas a uma exaustão constante. Daí, o surgimento de quadros de muito sono acumulado, estresse e o aumento significativo dos casos de burnout. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam um aumento significativo de diagnósticos relacionados a distúrbios mentais, com o Brasil sendo um dos países com maiores índices de síndrome de burnout, um reflexo claro de uma sociedade que sobrecarrega seus cidadãos em nome do desempenho.

A exaustão provocada por essa lógica é uma das consequências mais devastadoras do neoliberalismo. O constante esforço para manter a imagem de sucesso e capacidade leva ao esgotamento físico e mental. O indivíduo, pressionado a se afirmar a todo momento, perde a capacidade de se conectar consigo mesmo e de aproveitar os momentos de lazer. O paradoxo é claro: ao tentar conquistar sua liberdade através do trabalho e da produtividade, as pessoas se tornam cada vez mais escravizadas por essas mesmas exigências. O “empreendedor de si mesmo” está, na realidade, preso a um ciclo de autossubordinação, onde sua identidade é definida unicamente pela sua capacidade de produzir e de se mostrar ativo. E essa dinâmica leva, inevitavelmente, à exaustão, à perda de autonomia real e ao sofrimento psicológico.

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Como recuperar a saúde mental na Era Digital?

Alcançar o bem-estar psicológico na era das redes sociais exige um esforço consciente para desacelerar e redefinir o que significa bem-estar. A sociedade atual valoriza a produtividade acima de tudo, mas é preciso saber valorizar também a pausa, o descanso. Até mesmo o tempo de lazer é frequentemente visto como algo secundário, um luxo ou até mesmo um desperdício, especialmente em um cenário onde as redes sociais impõem uma imagem de sucesso ininterrupto e constante.

No entanto, é fundamental entender que o descanso genuíno não é apenas uma pausa física, mas também emocional e psicológica. A recuperação da saúde mental começa quando se reconhece que o descanso não deve ser vivenciado com culpa ou com a mesma lógica da produtividade, considerando que as pessoas muitas vezes ficam querendo compartilhar fotos e vídeos de onde estão nas férias; assistir ao máximo de séries e filmes, ler o máximo de livros, fazer o máximo de viagens possíveis. Ou seja, mesmo nos momentos de descanso, a lógica da produtividade continua a mesma.

Isso resulta em um ciclo vicioso de autocobrança, onde não fazer nada é inaceitável e o sofrimento é invisibilizado. Para quebrar esse ciclo, é essencial que as pessoas questionem a forma como se relacionam com o trabalho e a busca pelo sucesso. O verdadeiro descanso envolve parar, refletir e dar a si mesmo permissão para não estar sempre "fazendo algo". Ao interromper o ciclo de exigências, é possível recuperar uma vida mais equilibrada.



Conclusão

Em uma sociedade que induz as pessoas a acreditarem que o resultado de suas conquistas depende exclusivamente de seu esforço, é preciso redefinir o conceito de produtividade. A ideologia dominante pressiona as pessoas a acreditarem que o sucesso é resultado exclusivo do esforço individual. Portanto, é essencial redefinir o conceito de produtividade. Essa lógica do esforço individual impõe uma opressão psicológica que leva muitos a acreditarem que o valor de sua existência e conquistas depende exclusivamente do seu desempenho. Esse pensamento cria uma cobrança constante, onde o indivíduo se vê em um ciclo exaustivo de autossuperação.

Quando os resultados não correspondem às expectativas, o impacto psicológico é profundo, gerando sentimentos de inadequação, frustração e até angústia. Essa pressão por resultados, combinada com a ideia de que não há limites para o esforço, acaba produzindo uma exaustão física e um sofrimento mental significativo, pois a busca incessante por sucesso é vivida como uma obrigação pessoal, e não como uma escolha saudável.

A produtividade também pode envolver momentos de introspecção, cuidado consigo mesmo e conexão com os outros. Integrar esses momentos na rotina, ao lado do trabalho, cria um espaço para a regeneração mental e emocional. Para que isso aconteça, é necessário estabelecer limites claros entre o trabalho e o lazer, respeitando o tempo de desconexão sem que isso seja visto como uma falha. A recuperação da saúde mental não se resume a diminuir o ritmo, mas a reconfigurar as expectativas sobre o que é produtivo e valioso.

Para lidar com a sobrecarga mental imposta pela era das redes sociais, é importante procurar um profissional de saúde habilitado para realizar um tratamento individualizado. Por mais que atitudes possam ser incluídas na rotina no sentido de minimizar os efeitos negativos provocados pela exposição incessante e diária ao universo virtual, o acompanhamento psicológico continua sendo fundamental no processo de recuperação psíquica.

thumb do curso 'Manual Psicanalítico para Viver Melhor no Século 21', por Marcelo Veras




Referências

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/259/a-filosofia-de-byung-chul-han

Principais Tipos de Transtornos Mentais: como identificar e tratar
Camila Fortes
Principais Tipos de Transtornos Mentais: como identificar e tratar
Conheça os principais tipos de transtornos mentais, como ansiedade, depressão, bipolaridade e esquizofrenia. Saiba os sintomas, causas e como tratar.

Falar sobre saúde mental tem se tornado cada vez mais urgente na sociedade contemporânea. As relações familiares, amorosas e profissionais exigem de nós cada vez mais autoconhecimento e reflexão crítica sobre nossos limites, por isso, compreender o que é transtorno mental, saber como ele se manifesta e quais são os principais tipos, é fundamental para que possamos viver melhor, consigo mesmo e com o outro.

Neste artigo, você vai conhecer os principais grupos de transtornos mentais, classificados segundo os critérios diagnósticos do DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e da CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), com exemplos e sintomas comuns.

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O que é transtorno mental?

Um transtorno mental é uma condição psíquica que afeta de forma significativa o funcionamento emocional, comportamental e/ou cognitivo de uma pessoa, com impacto na sua vida social, familiar, profissional ou escolar.

Os fatores que levam a um transtorno mental são diversos, e podem incluir questões genéticas, sociais, ambientais, culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, as condições para um transtorno psíquico não estão ligadas a “fraquezas” ou escolhas pessoais, pois incluem fatores externos ao indivíduo como determinantes.

São diversos os grupos de transtornos mentais, e cada um apresenta características semelhantes em relação aos sintomas, duração, impacto funcional e causas. A seguir, iremos apresentar os principais grupos e suas características:


Transtornos de Ansiedade

Os transtornos de ansiedade tratam-se de um elevado nível de estresse psicológico que interfere de modo significativo na vida da pessoa. A ansiedade tem origem no medo e na sensação de estar vivendo uma situação perigosa, que necessita de uma resposta de luta ou fuga.

Os transtornos de ansiedade estão entre os transtornos mentais mais comuns no mundo. No Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 18 milhões de pessoas sofrem com ela. Embora a ansiedade seja uma emoção natural do ser humano, quando se torna excessiva e passa a gerar sofrimento, pode configurar um quadro clínico.

Entre os principais tipos de transtornos de ansiedade, estão:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
  • Transtorno de Pânico

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

O transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por preocupações excessivas e intensas em diversos aspectos da vida. A pessoa tende a se sentir preocupada e angustiada com uma certa facilidade, e tem dificuldade de controlar esses sentimentos. Há uma intensificação e catastrofização das sensações.

Os sintomas incluem tensão muscular, irritabilidade, taquicardia, fadiga e dificuldade para respirar. Além disso, há uma tendência para um esgotamento mental e necessidade de fuga.

A ansiedade tem sido frequentemente relacionada aos casos de Burnout - ou síndrome do esgotamento profissional - e usos excessivos de mídias sociais.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

O TOC é caracterizado por pensamentos intrusivos (obsessões) e comportamentos repetitivos (compulsões) que a pessoa não consegue controlar.

Gestos como lavar as mãos inúmeras vezes, verificar dezenas de vezes se portas, janelas e fechaduras estão realmente trancadas, fazer contagens incessantes, repetir palavras, frases e números, e ter necessidade de reorganizar objetos constantemente, podem ser sintomas do TOC.

Transtorno de Pânico

O transtorno de pânico é caracterizado por crises repentinas e recorrentes de medo intenso, que surgem de forma inesperada, mesmo em contextos que não há uma ameaça real. Mais do que apenas “nervosismo”, o transtorno de pânico tem relação com o medo concreto de um ataque, que leva a pessoa a um estado constante de vigilância.

Os sintomas incluem taquicardia, sudorese, tremores, tontura e sensação iminente de morte.

Tratamento: Os tratamentos para os transtornos de ansiedade costumam envolver psicoterapia, especialmente abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda a identificar padrões de pensamento distorcidos e desenvolver estratégias de enfrentamento. Em alguns casos pode envolver indicação de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos, sempre sob prescrição médica.

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Transtornos de Humor

Também conhecidos como transtornos afetivos, esse grupo de transtornos inclui alterações persistentes no humor que envolvem períodos prolongados de tristeza excessiva (depressão), de euforia excessiva (mania) ou ambos.

Essa oscilação pode variar de acordo com o quadro, apresentando duração e intensidade diversas.

Entre os principais tipos, estão:

  • Depressão
  • Transtorno Bipolar

Depressão

A depressão é um transtorno de humor que provoca tristeza persistente, perda de interesse por atividades que antes gostava, cansaço excessivo, alterações de sono e apetite, sentimentos de culpa e inutilidade, além de possíveis pensamentos suicidas.

Essa condição afeta não apenas os pensamentos e sentimentos de uma pessoa, mas o humor e o comportamento, o que pode causar dificuldades significativas no cotidiano. A baixa auto-estima e o pessimismo também podem ser sintomas a se apresentarem de modo isolado ou somatizado.


Transtorno Bipolar

A bipolaridade, ou transtorno bipolar, é caracterizada por oscilações intensas de humor entre episódios de mania e depressão. Seus sintomas incluem a alteração entre uma euforia exagerada, o aumento de energia e autoestima, a falta de sono e o comportamento impulsivo (mania), e uma tristeza profunda, um cansaço extremo, somado a pensamentos negativos recorrentes (depressão).

De acordo com o DSM-5 e o CID-10, a bipolaridade pode ser classificada por:

Transtorno Bipolar I: episódios de mania intensos (com ou sem episódios depressivos);

Transtorno Bipolar II: episódios de depressão com episódios de hipomania (forma mais leve da mania);

Transtorno Ciclotímico: oscilações de humor menos intensas, mas persistentes, que duram dois anos ou mais;

Transtorno Bipolar misto: quando sintomas de mania e depressão ocorrem ao mesmo tempo ou se alternam rapidamente.

Tratamento: Os tratamentos para os transtornos de humor requerem uma abordagem terapêutica combinada, que inclui psicoterapia e, quando necessário, medicamentos como antidepressivos ou estabilizadores de humor.

Transtornos de Personalidade

Os transtornos de personalidade se referem a padrões rígidos e duradouros nos modos de pensar, sentir e se comportar, que se desviam das expectativas sociais e causam sofrimento.

Como o nome já aponta, a personalidade da pessoa tende a ser inflexível e rígida sobre situações, contextos e perspectivas, manifestando-se principalmente na vida adulta. Nesse sentido, pessoas com transtornos de personalidade podem ter dificuldades em manter relações, gerir e controlar suas emoções e impulsos, e lidar com situações difíceis.

Entre os principais tipos de transtornos de personalidade, está:

Borderline

O transtorno de personalidade Borderline - ou limítrofe - é marcado por instabilidade nas emoções, nos relacionamentos e na autoimagem. Pode gerar comportamentos impulsivos e medo intenso de abandono.

Neste transtorno, há uma hipersensibilidade nos sentimentos que faz com que a pessoa sinta tudo a sua volta de modo bastante intenso e, ao mesmo tempo, instável. Assim, tanto os sentimentos positivos quanto os negativos se manifestam de modo expressivo.

Entre os sintomas mais comuns, estão: oscilações extremas de humor que podem durar horas ou dias, impulsividade em áreas como alimentação, gastos, sexo ou álcool, sensação crônica de vazio, comportamentos autolesivos ou ideação suicida.

Tratamento: Os tratamentos para os transtornos de personalidade são centrados na psicoterapia de médio a longo prazo. Medicamentos podem ser utilizados para tratar sintomas específicos.



Transtornos de Neurodesenvolvimento

Os transtornos de neurodesenvolvimento são alterações dos processos iniciais de desenvolvimento neurológico que causam impacto na aquisição, relação ou produção de habilidades.

Essas alterações se dão na memória, na linguagem e na interação social, podendo interferir no cotidiano da pessoa.

Entre os principais transtornos de neurodesenvolvimento, destacam-se:

  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
  • Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

O TDAH é um transtorno caracterizado pelo comprometimento expressivo na atenção, concentração e no gerenciamento de atividades mentais. Os seus sintomas incluem o esquecimento de coisas importantes, a dificuldade de prestar atenção em detalhes, de seguir instruções e de concluir tarefas.

Pessoas com TDAH podem, com uma certa frequência, interromper a fala de outras pessoas, pois têm dificuldades de aguardar a sua vez. Além disso, podem falar excessivamente e apresentar uma certa inquietação no comportamento, tendo dificuldades com atividades que exigem esforço mental prolongado.

Os sinais de TDAH podem ser percebidos ainda na infância, mas atenção: um elevado nível de atividade pode ser completamente normal e ser apenas uma fase do temperamento infantil comum. Por isso, é fundamental avaliar em que fase da vida ocorre e se o nível de atividade está combinado com outros sinais, para que um diagnóstico não seja elaborado erroneamente.




Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O TEA é um transtorno de neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação social e em padrões de comportamento repetitivos ou restritos. O espectro é amplo e varia de forma significativa entre os indivíduos, afetando o desenvolvimento motor, da linguagem e comportamental.

O TEA pode ser classificado em três tipos: autismo clássico, autismo de alto desempenho (também chamado de Síndrome de Asperger) ou distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação.

Entre os principais sintomas do TEA, destacam-se: atraso na fala, desinteresse em pessoas ou objetos ao redor, seletividade extrema em relação a cheiros, sabores e texturas, dificuldade para combinar palavras em frases ou repetir a mesma fala com frequência, além de uma expressiva sensibilidade visual e sonora.

Além disso, algumas pessoas com TEA podem manifestar sinais como impaciência, hiperatividade, déficit de atenção e aumento ou diminuição na resposta à dor.

Tratamento: Para os transtornos de neurodesenvolvimento, os tratamentos também são multifatoriais. Eles podem incluir medicação (como psicoestimulantes no caso do TDAH), apoio educacional e terapias ocupacionais (no caso do TEA), tendo o suporte psicossocial como indispensável.

Transtornos Psicóticos

Os Transtornos Psicóticos são transtornos que alteram as percepções e interpretações da realidade. Podem incluir delírios, alucinações e pensamentos desorganizados. Isso pode afetar a forma como a pessoa pensa, percebe o mundo, sente e se comporta.

As causas podem incluir fatores genéticos, alterações neuroquímicas, traumas, uso de substâncias ou complicações neurológicas. Em muitos casos, há uma interação entre predisposição biológica e fatores ambientais.

O tipo mais comum de transtorno psicótico, inclui:

Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno mental grave que envolve distorções no pensamento, nas percepções e na forma como a pessoa se relaciona com a realidade.

Os sintomas da esquizofrenia costumam ser divididos entre positivos e negativos. Os sintomas positivos referem-se a alucinações, delírios, pensamento desorganizado e comportamentos agitados, enquanto os sintomas negativos referem-se à apatia, isolamento social e falta de motivação e interesse.

Além disso, também ocorrem sintomas cognitivos, como a dificuldade de atenção, problemas de memória e comprometimento no julgamento e na tomada de decisões. A esquizofrenia geralmente se manifesta no final da adolescência ou início da idade adulta, podendo ter início gradual ou súbito.

Tratamento: Os tratamentos envolvem o uso de medicamentos antipsicóticos, que ajudam a reduzir os sintomas. A psicoterapia auxilia para o fortalecimento da autonomia e da capacidade de lidar com a realidade. Além disso, programas de reabilitação social são essenciais para a recuperação e para a elaboração de estratégias de reinserção comunitária.

Transtornos Alimentares

Os transtornos alimentares envolvem uma relação disfuncional com a alimentação e o corpo. Caracterizam-se por uma preocupação excessiva com o peso, a forma corporal e os hábitos alimentares, frequentemente associada a distorções de imagem - ou seja, a pessoa vê seu corpo de maneira distinta, sobretudo, negativamente.

Além dos sintomas físicos, esses transtornos denunciam questões emocionais profundas, como baixa autoestima, ansiedade, depressão e sensação de perda de controle.

Os principais tipos de transtornos alimentares são:

  • Anorexia
  • Bulimia

Anorexia

Na anorexia, a pessoa reduz drasticamente a ingestão de alimentos, de forma repentina ou progressiva. É comum haver medo intenso de engordar, mesmo quando o corpo já está abaixo do peso ideal.

Bulimia

A bulimia se caracteriza por episódios recorrentes de grande ingestão alimentar, seguidos de comportamentos compensatórios, como vômitos induzidos, uso de laxantes ou jejuns prolongados.

Tratamentos: Os tratamentos para os transtornos alimentares incluem uma abordagem multiprofissional. Psicoterapia individual e familiar e acompanhamento nutricional são fundamentais. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos para ansiedade, depressão ou compulsão alimentar.


Conclusão: Conhecimento e acolhimento sobre transtornos mentais são essenciais

Compreender os tipos de transtornos mentais é fundamental para promover cuidado, prevenção e acolhimento. Estar atento aos sinais, especialmente quando os sintomas persistem por mais de 6 meses, é um passo importante para buscar o suporte necessário.

Cabe mencionar que alguns sintomas podem fazer parte da experiência humana comum. No entanto, eles se tornam motivo de atenção quando passam a causar sofrimento ou prejudicar o cotidiano da pessoa.

Nesse caminho, a psicoterapia é uma ferramenta potente tanto para o diagnóstico quanto para o autoconhecimento. O suporte psiquiátrico também é importante, desde que a administração de medicamentos ocorra sempre com prescrição e acompanhamento médico.

É importante reforçar que nenhum diagnóstico define uma pessoa. Um transtorno é apenas uma parte da complexidade de um sujeito, que pode viver com mais qualidade e bem-estar quando conta com uma rede de apoio psicossocial.

Por fim, cuidar da saúde psíquica não deve ser uma responsabilidade apenas de quem tem algum transtorno mental, mas de todas as pessoas que buscam caminhos para uma vida mentalmente mais saudável.

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Referências

https://www.paho.org/pt/topicos/transtornos-mentais

Saúde Mental: O Que É, Sinais de Alerta e Como Cuidar
Camila Fortes
Saúde Mental: O Que É, Sinais de Alerta e Como Cuidar
O que é saúde mental? Saiba identificar os sinais de sofrimento psíquico e descubra estratégias para promover bem-estar emocional no dia a dia.

Nos últimos anos, a informação sobre saúde mental ganhou ampla circulação no mundo através das redes sociais. Disseminou-se o debate sobre noções de um adoecimento emergente que não é silencioso, e que exige atenção da sociedade e dos profissionais de saúde mental.

Seja nas relações de trabalho, nos relacionamentos amorosos, nos espaços de ensino e aprendizagem ou nas práticas de autocuidado, a saúde mental é um tema que precisa ser discutido constantemente.

Neste artigo, apresentaremos os principais conceitos, as questões mais frequentes e os caminhos para uma saúde mental de qualidade.

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Qual o conceito de saúde mental?

A saúde mental é definida como um estado de bem-estar mental que permite que as pessoas lidem com os momentos difíceis da vida com uma maior qualidade emocional.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde mental é mais do que a ausência de transtornos psíquicos. Ela está relacionada ao desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, que conectem as emoções, os comportamentos e os pensamentos de modo equilibrado.

Assim, manter uma boa saúde mental envolve tanto fatores internos, como o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal, quanto externos, como suporte social, acesso à recursos de saúde e às políticas públicas, além de boas condições de trabalho e participação em ambientes saudáveis e inclusivos.

Muito embora seja considerado um tema complexo, na medida em que cada pessoa experiencia o bem-estar e o sofrimento de modos distintos, é fundamental reconhecer que as abordagens terapêuticas e as práticas de cuidado e inteligência emocional, não devem se restringir às pessoas diagnosticadas com algum tipo de transtorno psíquico.

Por isso, a saúde mental deve ser compreendida como um aspecto essencial da vida cotidiana e de forma permanente, pois todas as pessoas vivenciam desafios emocionais, lidam com situações difíceis e enfrentam momentos de vulnerabilidade ao longo da vida.

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Qual a importância da saúde mental?

Cuidar da saúde mental possibilita qualidade de vida. Ao envolver bem-estar emocional, psicológico e social, a saúde da mente pode proporcionar um bem viver com mais qualidade, equilíbrio e harmonia.

No entanto, muitas pessoas não reconhecem a importância do cuidado em saúde mental, e acabam recorrendo ao autodiagnóstico e a automedicação, o que distancia e dificulta a adesão aos tratamentos e acompanhamento psicossocial adequado. Abaixo veremos algumas situações que exigem uma maior atenção psicológica.

Saúde mental no trabalho

A sobrecarga de trabalho é uma das principais causas de adoecimento psíquico na contemporaneidade. Conhecido como burnout ou síndrome do esgotamento profissional, ela resulta da exposição intensa e contínua do trabalhador a um estresse agudo.

De acordo com a Associação Internacional de Gestão de Estresse, 32% dos profissionais no Brasil sofrem com esgotamento no ambiente de trabalho. Com um aumento expressivo de casos de afastamento por questões psicológicas, o país registra o maior número dos últimos dez anos.

Esse cenário afeta a vida de todos: compromete a saúde mental do(a) trabalhador(a), desgasta as relações profissionais e reduz a produtividade em equipe. Além disso, a exaustão acumulada afeta além do espaço profissional, impactando no bem-estar geral da pessoa.


Saúde mental na adolescência

Outra área que exige atenção é a saúde mental de adolescentes. As pressões estéticas, as redes sociais, o vício em jogos online, o bullying e a insegurança quanto ao futuro aumentaram significativamente os índices de ansiedade e depressão em jovens em idade escolar.

Como consequência, vemos um número expressivo de jovens e adolescentes com dificuldade de socialização e concentração, além de altos níveis de estresse.

O fácil acesso às tecnologias digitais têm proporcionado aproximações, mas também, distanciamentos, que interferem na saúde da mente das pessoas. Nesse sentido, é preciso perceber e investigar os modos como o uso de redes sociais e outras ferramentas online estão afetando o cotidiano.


Quais os fatores que afetam a saúde mental?

Compreender quais as causas e como elas afetam o bem-estar mental, é o primeiro passo para saber como desenvolver uma saúde mental de qualidade.

A pressão social, a sobrecarga de trabalho, as inseguranças nos relacionamentos, o uso excessivo de redes sociais – sobretudo, para jovens e adolescentes –, as desigualdades de acesso e os determinantes sociais da saúde como raça, classe, gênero, religião e território, podem impactar diretamente no bem-estar psíquico. Na sequência, iremos conferir os principais fatores e influências.

Fatores psicológicos:

A ausência de inteligência emocional para lidar com os conflitos cotidianos, uma percepção negativa sobre si e a vivência de experiências traumáticas, são condições que afetam diretamente a saúde mental. Esses aspectos aumentam significativamente a vulnerabilidade ao estresse e a ansiedade, além de agravar a sensação de solidão.

Fatores biológicos:

Além disso, a neurociência explica que a alteração química do cérebro – como níveis desequilibrados de serotonina ou dopamina, que impactam em mudanças de humor –, a presença de doenças hormonais e crônicas, ou a privação de sono e de uma alimentação adequada, irão gerar forte impacto na saúde mental e no funcionamento cognitivo.

Fatores sociais, culturais e ambientais:

O isolamento social, a exposição excessiva à conteúdos negativos nas redes sociais, as cobranças estéticas, inseguranças e ciúmes em relacionamentos, as desigualdades socioeconômicas e os desastres climáticos, são fatores que geram altos índices de adoecimento psíquico, aumentando o estresse e o sofrimento mental.

Quais os sinais que indicam uma má saúde mental? Ao que se deve estar atento?

Por mais que o sofrimento mental não seja percebido ou compreendido com facilidade, ele pode manifestar sinais que devem ser notados com atenção. Cabe mencionar que os sintomas podem ser indicativos em casos de sofrimento emocional prolongado, devendo ser investigado junto com um profissional da saúde mental.

Uma autoavaliação sobre a rotina e sobre os sentimentos diante os acontecimentos da vida, podem auxiliar a compreender possíveis mudanças emocionais e a necessidade de acompanhamento psicoterapêutico.Nesse caminho, é importante estar atento à:

  • Alterações do sono: dificuldade para dormir, sono excessivo ou cansaço extremo ao acordar, podem estar relacionados a um quadro de sofrimento mental ou preocupação excessiva que gere algum tipo de sofrimento.
  • Mudanças repentinas de humor: Oscilações no humor podem ter relação direta com quadros de estresse excessivo ou dificuldades de gerenciar emoções intensas.
  • Cansaço constante: Sentir cansaço extremo após períodos de descanso pode ser um sinal de alerta para a saúde mental. A exaustão mental é um sintoma que denuncia que é necessário realizar uma pausa, respirar, encontrar vias de descanso e reavaliar a rotina.
  • Comportamentos autodestrutivos: A exposição deliberada às situações perigosas, o abuso de substâncias psicoativas, distúrbios alimentares e autoagressões são atitudes que denunciam um sofrimento emocional profundo.
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Quais os principais tipos de transtornos mentais? Conheça as características

Existem diversos tipos de transtornos mentais, com apresentações diferentes e com padrões que precisam ser avaliados não apenas pela soma de sintomas, mas, sobretudo, pelos contextos sociais, culturais, biomédicos e psicológicos do indivíduo.

Os transtornos mentais mais frequentes na sociedade contemporânea incluem:



Ansiedade

Preocupação, ansiedade ou medo excessivo, de modo a comprometer a rotina da pessoa. Estresse desproporcional, inquietação, fadiga, irritabilidade e intolerância também são sintomas.

Depressão

Angústia, desânimo, cansaço constante, falta de vontade ou interesse para exercer atividades cotidianas e falta de energia. Também são sintomas de depressão um humor triste, vazio ou irritável, acompanhado por alterações relacionadas que afetam significativamente a capacidade funcional do indivíduo.

Burnout

Exaustão extrema, estresse e esgotamento físico e mental gerado no ambiente de trabalho. Também são sintomas a desmotivação, baixa autoestima profissional, irritabilidade e dores físicas musculares.

Transtornos Alimentares

Hábitos alimentares irregulares que geram sofrimento ou preocupação excessiva com o peso ou forma do corpo. Podem incluir a ingestão comprometida ou excessiva de alimentos.

Borderline

Caracterizada por instabilidades emocionais, oscilações de humor e impulsividade frequente. Além disso, quadros de hipersensibilidade relacionados à autoimagem e a relações interpessoais também integram os sintomas.

Bipolaridade

Relacionado à alternância entre episódios de mania e depressão, a bipolaridade oscila entre agitação e falta de energia, aceleração do pensamento e apatia, além de sensação de grandeza e prostração.

TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade

Padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento. Também são sinais sintomáticos a procrastinação, esquecimentos e falta de organização e foco.

É importante reforçar que o diagnóstico de qualquer transtorno mental deve ser realizado por um profissional de psicoterapia, para que a pessoa seja orientada, supervisionada e auxiliada da melhor maneira possível.

Como cuidar da saúde mental no dia a dia?

Compreender que o sofrimento mental faz parte da experiência humana e que existem formas de cuidado e bem-estar eficazes que respeitam os próprios limites e necessidades emocionais, é um passo fundamental para garantir mais qualidade de vida para todos.

Nesse caminho, é preciso encontrar as vias de cuidar da saúde mental dentro de uma rotina possível.Confira algumas dicas práticas de cuidado com a saúde mental:

  • Psicoterapia
    Buscar apoio profissional através da psicoterapia é um aspecto essencial do autocuidado em saúde mental. O acompanhamento psicológico é um lugar seguro que ajuda diretamente na compreensão sobre os sentimentos e emoções, auxiliando na construção do bem-estar. Existem diversas abordagens da psicologia disponíveis atualmente.

    Alguns exemplos bem conhecidos são a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Psicanálise, que podem ajudar no processo terapêutico, sobretudo por oferecerem ferramentas para lidar com situações e pensamentos que geram sofrimento psíquico.
  • Meditação/Mindfulness
    Práticas como meditação e mindfulness ajudam a reduzir os níveis de estresse, melhorando o foco, a disposição e o bem-estar. Mesmo que realizadas por poucos minutos ao dia, elas trazem benefícios importantes ao corpo, como qualidade do sono e concentração.
  • Autoconhecimento
    Entender emoções, sentimentos e padrões de comportamento pode auxiliar a encontrar soluções possíveis para se viver melhor. Nesse sentido, quanto mais nos conhecemos, mais aprendemos a nos cuidar.
  • Aprender sobre inteligência emocional
    O aprendizado sobre inteligência emocional ajuda no enfrentamento de situações difíceis e no exercício de uma comunicação interpessoal com maior qualidade. Desenvolvê-la favorece relações mais saudáveis consigo e com os outros.
  • Neurociência
    A neurociência estuda os mecanismos cerebrais que regulam nossas emoções, experiências e hábitos. Assim, o estudo sobre o funcionamento do cérebro pode ser uma ferramenta poderosa para o cuidado com a saúde mental.


Investir em saúde mental é um processo de autoconhecimento individual e coletivo. Nesse sentido, é fundamental que cada pessoa investigue e reconheça suas necessidades emocionais, desenvolva práticas de autocuidado de modo responsável e seguro, e saiba solicitar ajuda profissional.

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Referências

https://www.sbponline.org.br/arquivos/9789240049338-eng.pdf

Prevenção e tratamento de stress | ISMA-BR

Saúde mental na adolescência: sinais de alerta e cuidados
Camila Fortes
Saúde mental na adolescência: sinais de alerta e cuidados
Ansiedade, depressão, bullying e redes sociais. Saiba identificar sinais de sofrimento psíquico em adolescentes e como escola e família podem apoiar.

A adolescência é uma etapa da vida repleta de desafios e preocupações. Marcada por mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas, a adolescência na sociedade contemporânea exige atenção e cuidado.

Durante essa fase, ocorrem mudanças significativas que podem influenciar na saúde mental de quem está na transição entre a infância e a vida adulta.

Os conflitos familiares, as pressões escolares e sociais, as inseguranças com a imagem corporal, a busca por aceitação e pertencimento, e os primeiros contatos com temas como sexualidade e autoestima, podem provocar mudanças intensas na vida dos jovens e dos adolescentes.

Neste artigo, apresentaremos os principais desafios, sinais de alerta, o impacto das redes sociais e possíveis caminhos de apoio e prevenção à saúde mental na adolescência.

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Mudanças emocionais na adolescência

Durante a adolescência, os jovens estão construindo a sua identidade e sua autonomia emocional. É comum que sentimentos como a incompreensão, a impaciência, as oscilações de humor e as frustrações se tornem parte da rotina.

Embora sejam naturais, essas alterações podem gerar mal estar ou sofrimento psíquico para o adolescente. Nesse caminho, os sinais que poderiam denunciar algum tipo de sofrimento podem ser confundidos com “drama” ou “rebeldia”, o que dificulta o acesso aos cuidados adequados.

Apesar de comuns, as mudanças emocionais podem aumentar a vulnerabilidade ao estresse e aos transtornos mentais como ansiedade e depressão. Ao longo do texto vamos entender como esse processo ocorre e os principais sintomas.


Ansiedade na adolescência

A ansiedade é um dos transtornos mentais mais comuns na adolescência. Ela pode se manifestar por meio de preocupações excessivas, angústia, irritabilidade e insônia, influenciando a rotina do adolescente.

Além disso, pode afetar a concentração e o rendimento escolar, comprometendo os estudos e a convivência em sala de aula.

Um dos fatores que pode agravar ou desencadear quadros de ansiedade em adolescentes, é o bullying. Caracterizado como qualquer tipo de intimidação, exposição ou humilhação praticado por indivíduo ou grupo, o bullying tem efeitos profundos na autoestima e na saúde emocional dos jovens.

Episódios de bullying podem desenvolver pensamentos negativos persistentes, isolamento, crises de choro e dificuldade para tomar decisões. Diante de mudanças comportamentais como essas, procurar apoio profissional pode fazer toda a diferença no acolhimento do adolescente e na condução do cuidado.

Depressão na adolescência

A depressão, por sua vez, é um transtorno mental cada vez mais presente entre os jovens e frequentemente invisibilizada. Seus sintomas incluem o isolamento, a irritabilidade, a apatia e a perda de interesse por atividades cotidianas.

Uma tristeza constante, choro frequente ou humor deprimido também compõem os sinais que denunciam um sofrimento mental relacionado a um quadro depressivo.

Nesse cenário, as redes sociais se tornaram a principal ferramenta de expressão entre os adolescentes, ampliando as conexões entre eles e afetando intensamente a vida desse grupo, condicionando suas emoções, pensamentos e ações.


Adolescência e redes sociais

Além de um espaço de acesso à informação, as redes sociais passaram a funcionar como ambientes de comparação, exposição, violência e discursos de ódio como o cyberbullying - descrito como a prática do bullying por meio das redes sociais.

Na prática, o cyberbullying se manifesta através do compartilhamento de mensagens, vídeos ou fotos ofensivas e maldosas. Também inclui ameaças que humilham e constrangem, comentários mentirosos e montagens inapropriadas.

Nesse caminho, a violência cometida por adolescentes nas escolas também se tornou uma emergente preocupação na sociedade contemporânea. Casos de agressão física, ameaças e ataques planejados ganharam visibilidade nos últimos anos, revelando um intenso cenário de adoecimento emocional de jovens em idade escolar.

O tema foi amplamente discutido a partir da estreia da minissérie Adolescência, na plataforma de streaming Netflix. A série aborda a história de um jovem de 13 anos que foi acusado de assassinar uma colega da escola, e trata de temas como bullying e cyberbullying, misoginia, masculinidade e o impacto das redes sociais na vida dos adolescentes.

É preciso compreender que, em diversos casos, a violência praticada por jovens está ligada a experiências anteriores de bullying e traumas não superados. Quando não há espaços de acolhimento, apoio e escuta, sentimentos como raiva e frustração podem se transformar em comportamentos agressivos ou autodestrutivos.

Para romper e evitar esse ciclo de violência, é fundamental compreender como cuidar da saúde mental de adolescentes e tratar sobre o assunto de modo responsável e seguro.

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Como cuidar da saúde mental na adolescência?

Cuidar da saúde mental na adolescência é um desafio coletivo que exige atenção escolar e familiar. Ambos precisam estar atentos aos sinais de sofrimento emocional para garantir que os jovens atravessem esse período com mais equilíbrio e autoestima.

Os sinais de um sofrimento não devem ser ignorados, pois são formas do corpo e da mente pedirem ajuda. Nesses momentos, o mais importante é oferecer escuta e apoio, sem julgamentos.

Para isso, é necessário fortalecer as relações e possibilitar um processo de autoconhecimento e autonomia emocional. A seguir iremos conferir algumas como a escola e a família podem ajudar:

O papel da escola na saúde mental

Inicialmente, é preciso que o ambiente escolar reconheça que o sofrimento psíquico faz parte da realidade, e que os adolescentes são um grupo fortemente atingido.

Assim, a escola tem um papel central na promoção da saúde mental de adolescentes. Além de ser um dos principais lugares de socialização, ela deve funcionar como um lugar de acolhimento e suporte.

Entenda como a escola pode abordar sobre saúde mental com adolescentes:

  • Desenvolver projetos, rodas de conversa e ações de combate ao bullying e ao cyberbullying: criar espaços seguros para que os adolescentes compartilhem experiências e construam empatia.
  • Promover debates e palestras sobre prevenção ao suicídio na adolescência: ajuda a quebrar tabus e a informar sobre sinais de alerta e pedir ajuda.
  • Manter uma comunicação direta com os pais dos adolescentes: fortalece a rede de apoio e permite ações conjuntas entre família e escola.
  • Promover a escuta ativa e o diálogo entre estudantes, professores e equipe pedagógica: constrói vínculos de confiança e a identificação precoce de sofrimentos.
  • Integrar temas de saúde e inteligência emocional ao currículo de forma transversal: contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e autocuidado.


Além disso, é fundamental que a escola proporcione espaços de discussão sobre transtornos mentais em geral como ansiedade, depressão, TDAH, bipolaridade e transtornos alimentares. Romper com o estigma social é um passo indispensável para o autoconhecimento.

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Saúde mental e família

A atenção à saúde mental de adolescentes não deve se restringir à escola. A família é a base do cuidado emocional e deve estar atenta aos sinais.

Saiba como a família pode oferecer suporte para prevenir quadros de sofrimento psíquico:

  • Crie um espaço de confiança: Muitos adolescentes sofrem em silêncio por não saberem como pedir ajuda ou por temerem serem julgados por seus familiares. Por isso, é fundamental criar espaços seguros e de confiança, onde possam expressar suas opiniões e sentimentos sem medo.
  • Desenvolva uma escuta ativa: A escuta ativa é uma das ferramentas mais eficientes no cuidado com a saúde mental desse grupo. Seja acolhedor(a), respeitoso(a) e empático(a) com as questões compartilhadas pelo adolescente.
  • Invista em suporte psicológico: Buscar ajuda profissional é fundamental quando os sinais de sofrimento persistem ou se intensificam. Psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos e serviços de saúde mental podem oferecer o acompanhamento necessário.


Além disso, abordagens como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a Psicanálise podem contribuir significativamente para a melhor qualidade de vida dos adolescentes.

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Cuidar da saúde mental de adolescentes é um ato de responsabilidade e compromisso com o futuro. Garantir que eles tenham acesso a apoio emocional e escuta qualificada é investir no desenvolvimento de uma geração mais consciente, empatia e saudável.

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Envelhecimento Saudável: Qualidade de Vida na Longevidade
Xavana Celesnah
Envelhecimento Saudável: Qualidade de Vida na Longevidade
Descubra como alcançar um envelhecimento saudável, entender as principais mudanças no corpo e evitar a velhice precoce para ter mais longevidade.

O envelhecimento saudável é uma construção relativamente recente na humanidade. Práticas de exercícios físicos, bons hábitos alimentares, sono restaurador e relações interpessoais benéficas, aliadas ao avanço da medicina, têm permitido um aumento na expectativa de vida.

Para se ter uma ideia, aqui no Brasil, na década de 1950, a expectativa de vida era de apenas 46 anos de idade, de acordo com dados do IBGE. Atualmente, passou a ser de 76 anos. E é muito provável que esses números melhorem ainda mais. Neste artigo, vamos mostrar quais práticas contribuem para a longevidade e qualidade de vida.



O Que é Ter Um Envelhecimento Saudável?

A partir de 2020, o Brasil passou a apoiar a declaração da Assembleia Geral das Nações Unidas, que anunciou a Década do Envelhecimento Saudável, compreendida entre os anos de 2021 e 2030. De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre essa década, o envelhecimento saudável é o processo de desenvolver e manter a habilidade funcional que permite o bem-estar na idade mais avançada.

Nesse sentido, existe todo um esforço que reúne os governos, a sociedade civil, a mídia, a comunidade acadêmica e o setor privado com o mesmo objetivo: colaborar para a melhoria da vida das pessoas idosas. Para isso, é essencial o combate ao etarismo, a entrega de serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde adequados à pessoa idosa. Para além das ações propostas pelas Nações Unidas, as pessoas podem adotar certos hábitos que vão contribuir para envelhecer bem.

Quando falamos em envelhecimento saudável, não nos referimos apenas a viver mais, mas a viver melhor. O envelhecimento saudável envolve a manutenção da saúde física e mental ao longo do tempo. Significa viver com autonomia, aproveitar os momentos ao lado de quem amamos e manter o prazer nas atividades diárias. Isso implica fazer escolhas de vida que favoreçam a saúde.

Além disso, entender o processo de envelhecimento e suas mudanças fisiológicas nos ajuda a viver com mais aceitação. Ao longo dos anos, o corpo passa por transformações inevitáveis, mas isso não significa que devemos perder a qualidade de vida. Pelo contrário, os anos podem ser uma oportunidade para viver de maneira mais consciente e apreciar o que a vida oferece.



Fases e Alterações Fisiológicas do Envelhecimento

Envelhecer é um processo inevitável e natural, que se desdobra ao longo das diversas fases da vida. Cada uma dessas etapas é marcada por transformações fisiológicas distintas, que, embora inescapáveis, podem ser vivenciadas de maneira equilibrada.

A forma como enfrentamos essas mudanças tem o poder de impactar profundamente nossa qualidade de vida na terceira idade. Veja a seguir as principais fases do envelhecimento humano:

Fase Inicial (Até os 50 anos): Durante os primeiros anos da vida adulta, o corpo atinge seu auge físico. A energia é abundante, a regeneração celular é eficiente e a capacidade de recuperação após esforços intensos é notável. Contudo, mesmo nesse estágio de vitalidade, começam a surgir as primeiras preocupações com os sinais iniciais do envelhecimento.

Para as mulheres, além das mudanças gerais, a preocupação com o impacto da saúde reprodutiva é um fator relevante porque é nessa fase que se inicia a menopausa e as mudanças hormonais no corpo feminino acarretam diversas transformações físicas e emocionais.

Meia-Idade (50 a 65 anos): Este período marca o início das mudanças mais visíveis e significativas no corpo. A perda gradual de massa muscular, o declínio da elasticidade da pele e o desequilíbrio hormonal são algumas das transformações mais notáveis.

Além disso, o metabolismo pode desacelerar, e a resistência a doenças começa a diminuir. Apesar disso, essa fase ainda permite que a saúde seja bem preservada, especialmente para aqueles que adotam hábitos saudáveis ao longo dos anos. O cuidado preventivo, tanto físico quanto psicológico, é crucial para manter a vitalidade e garantir um envelhecimento saudável.

Velhice (Acima dos 65 anos): A partir dessa fase, os sinais do envelhecimento tornam-se mais evidentes e frequentes. A perda de massa óssea, o enfraquecimento do sistema imunológico e a diminuição da capacidade cognitiva são algumas das alterações que podem ocorrer. Entretanto, é importante destacar que a qualidade de vida não se resume apenas à saúde física.

A vivência emocional, social e a manutenção de conexões significativas continuam a desempenhar um papel fundamental no bem-estar geral. Manter uma rede de apoio, cultivar relacionamentos e praticar atividades que estimulem o intelecto e as emoções podem ser decisivas para um envelhecimento mais pleno.

É fundamental compreender que o envelhecimento de cada indivíduo pode ser mais ou menos marcante dependendo dos cuidados que foram tomados ao longo da vida.

Adotar uma rotina saudável desde a juventude e na meia-idade, com alimentação equilibrada, atividades físicas regulares e cuidados com a saúde mental, pode fazer toda a diferença na forma como encaramos o envelhecer. Além disso, a aceitação e a adaptação a essas mudanças são essenciais para manter uma boa qualidade de vida e aproveitar as diversas experiências que cada fase da vida nos oferece.


Longevidade e Qualidade de Vida: Como Alcançar

Frequentemente associamos a longevidade saudável ao número de anos vividos, mas é essencial compreender que a verdadeira longevidade diz respeito à qualidade de vida que conseguimos manter ao longo do tempo.

Para alcançar uma vida longa e saudável, é necessário adotar um estilo de vida que favoreça o bem-estar físico, emocional e social em todas as etapas da vida. A longevidade não deve ser vista apenas como a soma de anos, mas como a soma de momentos vividos de forma plena, com saúde e satisfação. Para isso, existem certos hábitos indispensáveis.

A Alimentação Balanceada é um dos mais importantes. Uma nutrição adequada é a base para uma vida longa e saudável. Alimentar-se com uma dieta rica em nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, é fundamental para manter a saúde cardiovascular, óssea e cerebral.

Alimentos frescos e naturais, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, são aliados poderosos na prevenção de doenças crônicas e no fortalecimento do sistema imunológico. Uma alimentação equilibrada também ajuda a controlar o peso, a manter níveis saudáveis de colesterol e a regular a pressão arterial.

Outro segredo da longevidade é a prática regular de exercícios físicos. O movimento é vital para a longevidade. A prática constante de atividades físicas, como caminhada, natação, yoga ou musculação, fortalece o corpo, melhora a circulação sanguínea e previne doenças. Além disso, os exercícios promovem a liberação de substâncias que melhoram o humor, como endorfinas, e ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e osteoporose. O exercício regular também mantém a energia, a flexibilidade e a resistência física, permitindo que você se mantenha ativo e independente por mais tempo.

Um fator que merece atenção no processo de envelhecimento é a saúde mental. O equilíbrio emocional é uma peça fundamental para garantir uma vida longa e saudável. Estresse, ansiedade, sensação de angústia e depressão podem afetar profundamente a qualidade de vida, e, portanto, cuidar da saúde mental é imprescindível.

Práticas como meditação e relaxamento contribuem para a redução dos níveis de estresse e aumentam a sensação de bem estar. Além disso, momentos de descontração, como hobbies, leituras e convivência com amigos, são essenciais para manter a saúde emocional e a satisfação pessoal.

Somos seres sociais. Portanto, os laços afetivos com amigos e familiares são de extrema importância ao longo da vida. Estudos mostram que manter amizades e relacionamentos saudáveis ajuda a combater a solidão, a depressão e a ansiedade, promovendo um envelhecimento mais feliz e equilibrado.

Interações sociais enriquecem nossas vidas, oferecem suporte emocional e ajudam a manter a mente ativa. Participar de atividades sociais e manter contato com familiares e amigos é uma das melhores maneiras de manter a qualidade de vida, especialmente na velhice.

A verdadeira qualidade de vida na velhice não está relacionada apenas à ausência de doenças, mas à capacidade de adaptação às mudanças, ao esforço contínuo para manter-se ativo, e ao cuidado em manter bons relacionamentos e um equilíbrio emocional estável. Ao adotar hábitos saudáveis e manter uma mentalidade positiva, podemos construir uma vida mais significativa.


O Segredo da Longevidade: Dicas para Envelhecer Bem

Se você deseja saber como envelhecer bem, saiba que o segredo da longevidade está em atitudes simples, mas que podem fazer uma grande diferença ao longo dos anos. Aqui estão algumas dicas que você incluir na sua rotina para prevenir o envelhecimento precoce:

DICA PARA ENVELHECER DE FORMA SAUDÁVEL DESCRIÇÃO
Gestão do estresse Práticas de relaxamento e meditação ajudam a reduzir o impacto do estresse.
Autoestima e Amor Próprio Valorizar a si mesmo e manter o equilíbrio entre trabalho, descanso e lazer.
Alimentação balanceada Manter uma dieta rica em nutrientes essenciais para o corpo e a mente.
Exercício físico regular Praticar atividades físicas regularmente para fortalecer o corpo e a mente.
Sono de qualidade Dormir o suficiente para permitir a recuperação do corpo e da mente.
Manter relacionamentos sociais Cultivar amizades e laços afetivos ajuda a combater a solidão e a depressão.
Desafiar a mente Estimular o cérebro com leitura, jogos e novos aprendizados para manter a mente ativa.
Controle do peso Manter o peso dentro de uma faixa saudável reduz o risco de doenças crônicas.
Exposição ao sol de forma moderada Tomar sol de forma moderada é importante para a saúde dos ossos e a produção de vitamina D.
Hidratação adequada Beber água regularmente mantém o corpo hidratado e as funções vitais em dia.
Prevenção de doenças Consultar médicos regularmente para exames preventivos e cuidados com a saúde.
Fazer atividades prazerosas Incorporar hobbies e interesses pessoais ao dia a dia proporciona bem-estar.
Evitar o tabagismo e o álcool excessivo Evitar substâncias prejudiciais contribui para a saúde a longo prazo.
Adaptar-se ao envelhecimento Aceitar as mudanças naturais com uma visão positiva e adaptar-se a elas com serenidade.


O Que é o Estoicismo e Como Ele Pode Ajudar a Lidar com o Medo do Envelhecimento

O medo de envelhecer e o medo da morte são desafios profundos que afligem muitas pessoas à medida que o tempo avança. A simples consciência de que nossa vida é finita pode gerar uma sensação de desconforto existencial, levando a questionamentos sobre o propósito e a relevância de nossa jornada.

Nesse cenário, filosofias como o estoicismo oferecem uma abordagem reconfortante, sugerindo que, ao invés de lutar contra o que não podemos controlar, devemos concentrar nossa energia nas atitudes e reações que estão ao nosso alcance — especialmente no que diz respeito ao envelhecimento.

O estoicismo nos ensina a arte de aceitar o inevitável com serenidade, promovendo a paz interior através do domínio sobre nossas emoções e pensamentos. Em vez de resistir ao envelhecimento ou à morte, somos incentivados a abraçá-los como aspectos naturais da vida, reconhecendo que nossa verdadeira liberdade reside na forma como reagimos a essas realidades.

Ao adotar essa perspectiva, podemos transformar a ansiedade que o envelhecer desperta em uma oportunidade de viver com mais presença, gratidão e dignidade, independentemente da idade.

Além disso, o estoicismo nos orienta a cultivar virtudes essenciais, como a sabedoria, a coragem e a moderação, que são fundamentais para um envelhecimento pleno e consciente. Essas virtudes nos ajudam a encarar a finitude com tranquilidade e nos permitem também aproveitar cada fase da vida de maneira mais rica e significativa. Ao aplicarmos os princípios estoicos, somos capazes de viver de forma mais profunda, com menos medos e fobias e mais aceitação, encontrando paz na impermanência e celebrando a sabedoria que vem com o passar do tempo.



Conclusão

O envelhecimento saudável vai muito além de simplesmente cuidar do corpo físico. É uma jornada de aceitação das mudanças naturais que a vida nos impõe e de encontrar maneiras de viver de forma plena, significativa e gratificante, independentemente da idade. Envelhecer com saúde requer cuidados com o corpo, mas também com o lado emocional. A qualidade de vida e a longevidade saudável são conquistadas através de escolhas conscientes, como manter um estilo de vida ativo, cultivar relações positivas e praticar a gratidão.

Perguntas Frequentes sobre Envelhecimento

O que é ter um envelhecimento saudável?

Ter um envelhecimento saudável significa viver a velhice de maneira ativa e plena, mantendo o equilíbrio entre saúde física, mental e emocional. Envolve cuidar do corpo com uma alimentação balanceada, exercícios regulares, sono adequado e gestão do estresse. Também está relacionado à manutenção de uma mentalidade positiva e ao cultivo de relacionamentos saudáveis, o que ajuda a manter a qualidade de vida ao longo do tempo.

Como ter longevidade e qualidade de vida?

Para alcançar longevidade e qualidade de vida, é fundamental adotar hábitos saudáveis desde cedo. Isso inclui uma alimentação nutritiva, atividade física regular, cuidados com a saúde mental e emocional, e o cultivo de conexões sociais. Além disso, praticar a aceitação das mudanças naturais do envelhecimento e procurar viver com propósito e gratidão pode fazer toda a diferença na qualidade de vida, proporcionando bem-estar e uma velhice mais saudável e feliz.





Referências

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/41984-em-2023-expectativa-de-vida-chega-aos-76-4-anos-e-supera-patamar-pre-pandemia#:~:text=Destaques,mulheres%20de%2079%2C7%20anos

https://www.em.com.br/saude/2024/10/6954965-7-dicas-para-envelhecer-de-forma-saudavel.html

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/quais-sao-os-melhores-exercicios-para-envelhecer-bem-especialistas-respondem/

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/estilo-de-vida-afeta-mais-o-envelhecimento-do-que-a-genetica-diz-estudo/

https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Decada-do-envelhecimento-saudavel_relatorio-de-linha-de-base.pdf

O que é dependência emocional? Sinais, sintomas e como tratar
Xavana Celesnah
O que é dependência emocional? Sinais, sintomas e como tratar
Descubra os sinais da dependência emocional, como identificá-los e quais estratégias ajudam a superar esse padrão nos relacionamentos.

Um dos sentimentos mais desejados pela humanidade é o amor. Esse sentimento está entre os mais presentes na literatura, nas letras de música, nos estudos psicológicos, no cinema. Acontece que esse sentimento que supostamente deveria gerar as melhores emoções, muitas vezes é vivenciado de formas que não são saudáveis. A dependência emocional é uma das manifestações doentias que podem acontecer nas relações amorosas e este artigo será dedicado a entendermos melhor o que é a dependência emocional, quais são os sintomas e como tratar a dependência emocional.



O que é Dependência Emocional?

Um aspecto que tem chamado atenção dos estudiosos da psicologia e da neurociência são os mecanismos mentais desencadeados pelas relações amorosas. Constatou-se que os sentimentos amorosos usam as mesmas vias neurais das substâncias psicoativas, ativando o sistema de recompensa do cérebro. Isso significa que o sentimento amoroso tem a capacidade de causar sintomas de dependência semelhantes aos do uso de substâncias ou drogas psicoativas.

Isso explica o uso da expressão Dependência Emocional ou Dependência de Relacionamentos. Apesar do termo “dependência” ser usado tradicionalmente para designar o uso de substâncias ou drogas psicoativas, ele também é utilizado para apresentar o comportamento de pessoas que possuem um padrão crônico de necessidades afetivas que precisam ser realizadas através de relacionamentos interpessoais.

Portanto, a dependência emocional é um transtorno mental caracterizado pela criação de vínculos afetivos patológicos. Ela pode causar prejuízos significativos, como a falta de iniciativa e de autonomia do dependente, o isolamento e danos psicológicos.

O laço afetivo existente entre o dependente e a pessoa amada é disfuncional, pois o dependente busca preencher algum vazio emocional através do apego ao outro, colocando nessa pessoa toda a sua capacidade afetiva.

A falta de autoconhecimento e a baixa autoestima são dois fatores que contribuem para a manutenção desses comportamentos dependentes. Geralmente, o dependente emocional apresenta uma carência extrema, que pode ter sido causada por alguma rejeição sofrida no passado, cujas causas podem ser investigadas através de diversas abordagens terapêuticas, como a psicanálise, por exemplo.



Sinais de Dependência Emocional

A dependência emocional é um transtorno psicológico caracterizado pela necessidade excessiva de aprovação, atenção e afeto de outras pessoas, frequentemente em contextos de relacionamento amoroso. Indivíduos com dependência emocional tendem a sentir-se inseguros e incapazes de tomar decisões sem a validação ou presença de outra pessoa.

Esse comportamento pode ser observado em relacionamentos amorosos, familiares ou até mesmo amizades, e está geralmente relacionado à dificuldade de lidar com a solidão, carência afetiva e inseguranças internas. A pessoa dependente emocionalmente frequentemente sente-se incapaz de viver de forma autônoma, dependendo sempre do outro para se sentir segura, amada e completa.

Os principais sinais da dependência emocional incluem idealização excessiva, submissão, baixa autoestima, relações desequilibradas e medo constante do abandono. Em muitos casos, a baixa autoestima e a carência afetiva levam a pessoa a acreditar que não pode ser feliz ou realizada sem a aprovação constante de outra pessoa.

A dependência emocional pode gerar grande sofrimento, pois quem a sofre muitas vezes coloca o bem-estar do outro acima do seu, sacrificando sua própria identidade para atender às expectativas alheias.

A forma mais comum de dependência emocional se manifesta em relacionamentos amorosos, onde a pessoa busca incessantemente o amor, afeto e aprovação de seu parceiro, frequentemente à custa de sua própria felicidade e saúde mental.

A busca constante por validação e o medo do abandono podem levar a comportamentos manipulativos, de controle e a uma perda de identidade. A pessoa dependente emocionalmente tende a viver em função do outro, acreditando que sua felicidade e bem-estar dependem exclusivamente da presença e da aceitação do parceiro.

A carência afetiva muitas vezes está no cerne da dependência emocional. Quando essa carência não é atendida, a pessoa pode se sentir vazia, incompleta e incapaz de estabelecer uma conexão saudável consigo mesma, o que a leva a buscar incessantemente a presença e aprovação do outro para preencher esse vazio emocional.



Sintomas de Dependência Emocional

É essencial reconhecer os sinais de dependência emocional para buscar ajuda e tratamento. Abaixo estão alguns sintomas de dependência emocional comuns:

  • Baixa autoestima: A pessoa sente-se constantemente insegura e acredita que não é capaz de alcançar seus objetivos ou tomar decisões importantes.
  • Medo de abandono: Um medo irracional de ser rejeitado ou deixado sozinho, o que pode levar a atitudes de controle e manipulação.
  • Satisfação apenas na presença do outro: A pessoa não se sente completa ou feliz sem estar com alguém, o que pode levar à perda de interesse por outras atividades ou amizades.
  • Sacrifício constante: A pessoa coloca suas próprias necessidades em segundo plano, muitas vezes negligenciando sua saúde emocional, física ou social para agradar o outro.
  • Necessidade de aprovação: Constantemente busca a validação do outro, seja para suas decisões ou comportamentos.
  • Ciúmes excessivos: Sentimentos de posse ou controle sobre a outra pessoa, com o medo constante de perdê-la.



Como Identificar a Dependência Emocional em Relacionamentos

Quando se trata de dependência emocional em relacionamentos, o comportamento de uma pessoa pode se tornar obsessivo. Ela pode sentir uma necessidade constante da presença do parceiro para se sentir bem consigo mesma, frequentemente agindo de maneira possessiva ou manipuladora para manter essa proximidade.

Identificar a dependência emocional em um relacionamento pode ser desafiador, pois seus sinais muitas vezes se manifestam de forma sutil. Isso torna difícil reconhecê-la, especialmente quando gestos afetivos são confundidos com amor genuíno.

Portanto, é fundamental observar certos comportamentos, pois a dependência emocional, muitas vezes camuflada sob atitudes de carinho, pode ser um reflexo de insegurança e carência afetiva. Dentre as características predominantes da dependência emocional, destacamos:

  • Falta de autonomia: A pessoa não consegue tomar decisões importantes sem consultar ou pedir aprovação do parceiro.
  • Desprezo por limites: Frequentemente invade o espaço do parceiro, sem respeitar a privacidade e os limites emocionais do outro.
  • Comportamento de "salvador": Tende a assumir a responsabilidade pelos problemas do parceiro, tentando "salvá-lo", mesmo que isso prejudique sua própria saúde emocional.



Como Tratar a Dependência Emocional?

A terapia de casal é uma abordagem essencial nesse processo, especialmente quando a dependência emocional afeta o relacionamento como um todo. Ela oferece um espaço seguro onde os parceiros podem explorar suas dinâmicas emocionais, identificar comportamentos disfuncionais e aprender a se comunicar de forma mais saudável.

A terapia ajuda o casal a estabelecer limites, promover o respeito mútuo e fortalecer a confiança, aspectos essenciais para superar a dependência emocional e construir uma relação equilibrada.

Além disso, a terapia de casal também trabalha aspectos como o medo do abandono e a insegurança emocional, que muitas vezes estão no cerne da dependência. Com a orientação do terapeuta, os parceiros podem desenvolver uma maior autonomia emocional, aprendendo a lidar com suas próprias necessidades sem depender do outro para validação. Com isso, o casal não só supera a dependência emocional, mas também fortalece a relação, criando uma base mais sólida para um amor saudável e duradouro.

Além da terapia de casal, existem outras abordagens que ajudam a superar a dependência emocional e curar o coração. Com o tratamento adequado, é totalmente possível alcançar a autonomia emocional e estabelecer relacionamentos mais saudáveis. A seguir, estão algumas outras opções de tratamento para a dependência emocional:

  • Psicoterapia: A psicoterapia, especialmente a psicanálise, é uma ferramenta poderosa no tratamento da dependência emocional. Ela permite que a pessoa explore as causas profundas de seu comportamento, muitas vezes relacionadas a experiências passadas, traumas ou padrões de apego disfuncionais. O ambiente terapêutico oferece um espaço seguro para que o indivíduo compreenda suas emoções e trabalhe na resolução de questões inconscientes que alimentam a dependência.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC é uma abordagem eficaz para tratar a dependência emocional, pois foca em modificar os padrões de pensamento que sustentam a dependência. Essa terapia ajuda a pessoa a identificar e desafiar crenças disfuncionais, como a ideia de que sua felicidade depende do outro. A TCC também auxilia no desenvolvimento da autoestima e na construção de independência emocional, proporcionando ferramentas práticas para lidar com pensamentos negativos e fortalecer o senso de autossuficiência emocional.
  • Estabelecimento de limites saudáveis: Desenvolver habilidades para estabelecer e respeitar limites nas relações é fundamental para romper com a dependência emocional. Estabelecer limites saudáveis permite que a pessoa preserve sua individualidade e mantenha relacionamentos equilibrados, sem cair em comportamentos possessivos ou submissos. Saber dizer "não", respeitar o espaço do outro e proteger o próprio bem-estar emocional são aspectos essenciais nesse processo.
  • Suporte familiar e grupos de apoio: Além do acompanhamento terapêutico, o suporte de familiares e amigos pode ser fundamental. Muitas vezes, o entendimento e o apoio de pessoas próximas ajudam a fortalecer a jornada de recuperação. Grupos de apoio, onde indivíduos com experiências semelhantes podem compartilhar suas histórias, também oferecem um ambiente acolhedor e encorajador. Nessas comunidades, é possível aprender com a experiência dos outros, obter conselhos práticos e sentir-se menos isolado no processo de recuperação.
  • Práticas de autocuidado e bem-estar: Incorporar práticas de autocuidado na rotina, como meditação, exercícios físicos, hobbies e atividades relaxantes, é uma forma importante de fortalecer a saúde emocional. Ao aprender a cuidar de si mesma, a pessoa começa a perceber que pode encontrar satisfação e felicidade em suas próprias ações, sem depender exclusivamente de outro para seu bem-estar.
  • Educação emocional: Aprender sobre emoções e como gerenciá-las adequadamente é essencial para tratar a dependência emocional. A educação emocional ensina como reconhecer, compreender e lidar com sentimentos de maneira saudável, sem que eles se tornem uma fonte de sofrimento ou dependência.


Essas são algumas opções de tratamento para a dependência emocional, permitindo que o indivíduo reconquiste sua autonomia, desenvolva relacionamentos mais saudáveis e aprenda a viver de forma mais equilibrada e independente. O caminho para superar a dependência emocional exige paciência, comprometimento e, acima de tudo, o desejo de se curar e crescer emocionalmente.



Diferença entre Amor e Dependência Emocional

Muitas vezes, as pessoas confundem amor com dependência emocional, mas é importante entender que existe uma diferença significativa entre os dois. Enquanto o amor saudável promove a autonomia e o respeito mútuo, a dependência emocional está frequentemente associada à carência e à busca constante por validação. A seguir, apresentamos uma tabela que destaca as principais diferenças entre o amor genuíno e a dependência emocional:

ASPECTO AMOR SAUDÁVEL DEPENDÊNCIA EMOCIONAL
Independência Cada parceiro mantém sua individualidade e autonomia Há uma necessidade constante de validação e aprovação do parceiro
Relacionamento O amor é baseado em respeito mútuo e confiança, sem o medo constante de perda O relacionamento é caracterizado por medo excessivo de abandono e insegurança
Saúde emocional Ambos os parceiros são emocionalmente equilibrados e independentes A pessoa dependente sente-se incompleta sem o parceiro e tem baixa autoestima
Interesses e amizades Cada parceiro pode ter seus próprios interesses e amizades, sem conflitos O dependente muitas vezes abandona seus próprios interesses e amizades para agradar ao parceiro
Comportamento O amor saudável permite o espaço para o crescimento pessoal de ambos O comportamento pode ser possessivo e controlador, muitas vezes sacrificando a identidade
Autocuidado e bem-estar Ambos os parceiros se cuidam emocionalmente e fisicamente A pessoa dependente negligencia seu próprio bem-estar em favor do outro


A principal diferença entre amor e dependência emocional reside na maneira como as pessoas se relacionam consigo mesmas e com o outro. O amor saudável promove equilíbrio, autonomia e respeito, enquanto a dependência emocional é marcada pela insegurança, carência e a necessidade de validação constante, o que pode prejudicar o bem-estar de ambos os parceiros na relação.


Como Evitar a Dependência Emocional?

A dependência emocional não precisa ser uma sentença permanente. Para evitar cair nessa armadilha, considere as seguintes estratégias:

  • Fortalecer a autoestima: Desenvolver uma boa relação consigo mesmo é o primeiro passo para evitar a dependência emocional. Isso pode ser feito por meio de autoconhecimento, cuidados com a saúde mental e física, e construindo confiança em suas próprias decisões.
  • Promover a independência: Busque construir uma vida pessoal rica e significativa, com hobbies, interesses e amizades que não dependam de outra pessoa.
  • Estabelecer limites saudáveis: Aprenda a respeitar seus próprios limites e os dos outros, desenvolvendo relações baseadas no respeito mútuo e na autonomia emocional.




Conclusão

A dependência emocional é uma condição que pode afetar profundamente a vida de quem a experimenta, tornando difícil encontrar equilíbrio e felicidade nas relações. Reconhecer os sinais de dependência emocional e buscar ajuda, seja por meio da psicoterapia ou de outras formas de apoio, é fundamental para superar essa dificuldade e aprender a viver de forma mais auto suficiente.

Com o tratamento adequado e o comprometimento pessoal, é possível restaurar o equilíbrio emocional e criar relações mais maduras e satisfatórias, baseadas no respeito mútuo e na independência.

Perguntas Frequentes sobre Dependência Emocional

O que causa a dependência emocional?

A dependência emocional pode ser causada por uma série de fatores, incluindo traumas de infância, falta de modelos de relacionamento saudável, e uma baixa autoestima. Além disso, questões emocionais como a ansiedade e o medo de abandono podem contribuir para o desenvolvimento da dependência emocional.

Como saber se a pessoa é dependente emocional?

A pessoa dependente emocionalmente geralmente demonstra sinais como o medo constante de ser abandonada, a incapacidade de tomar decisões sozinha, e uma necessidade incessante de validação e aprovação do parceiro.

Referências:

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/e-possivel-superar-a-dependencia-emocional,75dd2dd317017b49953d686d4368a737yd8z0gh4.html

https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2023/06/12/interna_bem_viver,1505850/dependencia-emocional-em-relacionamentos-amorosos-sinais-e-como-superar.shtml

https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/e-amor-ou-dependencia-emocional-psicanalista-ensina-como-identificar

O que é compulsão e quais são os tipos ? Sexual, mental, por jogo
Xavana Celesnah
O que é compulsão e quais são os tipos ? Sexual, mental, por jogo
Quais são os tipos de compulsão? Tipos de compulsão alimentar, por sexo, por doce, por jogos, mentira, compra. Veja os sintomas e como tratar.

Provavelmente você conhece alguém que sofre por conta da compulsão. Sabe aquela pessoa que tenta parar de jogar e não consegue? Ou que vive fazendo compras, mesmo sem precisar ou sem poder? Esses são apenas dois exemplos de como a compulsão pode se manifestar.

Ela é um comportamento repetitivo e impulsivo em que as pessoas sentem uma necessidade incontrolável de realizar ações ou pensamentos específicos, apesar de saber que esses comportamentos podem trazer prejuízos.

A compulsão é um transtorno e geralmente está ligado a estados emocionais como ansiedade, angústia e estresse, dificultando o controle do impulso. Além disso, as transformações sociais das últimas décadas contribuíram para a construção de tempos compulsivos, onde as pessoas buscam de todas as formas aliviar suas tensões internas e acabam entrando em ciclos viciosos como as compulsões alimentares, por compras, por jogos, por sexo.

Compreender os diferentes tipos de compulsão e como eles afetam as nossas vidas é essencial para identificar o problema e buscar tratamentos adequados. Neste artigo, vamos abordar o que é compulsão, os tipos mais comuns e as formas de tratamento.



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O que é Compulsão?

A compulsão é um transtorno emocional caracterizado pela repetição excessiva de comportamentos ou pensamentos, mesmo quando esses atos causam prejuízos à pessoa. Embora o indivíduo saiba que seu comportamento não é saudável, ele se sente incapaz de interrompê-lo.

Esse impulso repetitivo frequentemente ocorre como uma tentativa de aliviar um sofrimento psíquico ou uma angústia profunda, originados de emoções difíceis como ansiedade, estresse ou frustração. O comportamento compulsivo se manifesta como uma forma de lidar com sentimentos de desconforto interno, buscando um alívio imediato. No entanto, ao invés de solucionar o problema, esse comportamento só intensifica o sofrimento emocional a longo prazo, podendo inclusive desencadear quadros depressivos.

Por exemplo, a pessoa com compulsão alimentar pode sentir a necessidade de comer grandes quantidades de comida, mesmo sem fome, para tentar escapar de sentimentos de vazio ou desamparo. Da mesma forma, alguém com compulsão por compras pode buscar adquirir objetos desnecessários para aliviar uma sensação de frustração ou insatisfação.

Os sintomas mais frequentes dessa condição incluem a dificuldade para controlar a própria vontade, o alívio momentâneo quando o impulso é satisfeito, sentimentos de culpa e vergonha após a ação compulsiva, além de um pensamento obsessivo sobre o comportamento.

A irritação surge quando o indivíduo não consegue realizar o ato compulsivo, e muitas vezes ele recorre a mentiras para esconder a verdadeira extensão do problema. O uso excessivo de palavras como “preciso” indica a urgência que a pessoa sente em ceder à compulsão.

É fundamental entender a natureza da compulsão para iniciar um tratamento adequado. Muitas vezes, ela está associada a outros transtornos psiquícos, como a depressão e a ansiedade, e requer uma abordagem que considere esses aspectos emocionais simultaneamente. O tratamento pode envolver psicoterapias como a psicanálise, que ajuda a identificar as causas inconscientes do comportamento, além de estratégias que utilizam a abordagem comportamental, que auxiliam a pessoa a desenvolver o autocuidado com exercícios práticos.



Quais são os Tipos de Compulsão?

Os tipos de compulsão podem variar de acordo com a área da vida afetada, mas todos possuem características semelhantes de repetição e falta de controle.

A seguir, veremos alguns dos tipos mais comuns de compulsão, cada um com seus próprios desafios.

Tipo de Compulsão Descrição CID (Classificação Internacional de Doenças)
Compulsão Alimentar Caracteriza-se pelo impulso de comer em excesso, muitas vezes sem fome, como uma forma de lidar com emoções negativas. Pode levar à obesidade e distúrbios alimentares. F50.8 – Outros Transtornos da alimentação
Compulsão Sexual Envolve uma busca incessante por atividades sexuais, independentemente das consequências. Pode levar a problemas nas relações e afetar a saúde emocional. F52.7 – Apetite Sexual Excessivo
Compulsão por Jogos Caracteriza-se pela dependência dos jogos de azar ou jogos eletrônicos, que afetam a vida financeira e social da pessoa. F63.0 – Jogo patológico (compulsão por jogos)
Compulsão por Doces O desejo incontrolável de consumir doces ou alimentos açucarados, muitas vezes ligado a uma tentativa de controlar as emoções. F50 – Transtornos alimentares
Compulsão por Mentira (Mitomania) Impulso de mentir sem necessidade, muitas vezes para manipular ou evitar confrontos, criando uma realidade distorcida. 6D10 – Transtornos de personalidade
Compulsão por Compras (Oniomania) Envolve a compra excessiva de itens, sem necessidade real, muitas vezes para aliviar sentimentos de insatisfação ou ansiedade. F63.8 – Outros transtornos do controle de impulsos



Compulsão Alimentar

A compulsão alimentar é uma das formas mais comuns e é frequentemente associada a um desejo de aliviar sofrimentos psíquicos.

O comportamento compulsivo de comer em excesso, muitas vezes sem fome, é um subterfúgio utilizado como uma maneira de lidar com sentimentos de ansiedade, tristeza ou frustração. As pessoas com esse transtorno podem consumir grandes quantidades de comida em um curto período de tempo, se sentindo incapazes de controlar o impulso.

Esses problemas alimentares podem ter consequências físicas graves, como ganho de peso excessivo, obesidade, diabetes e outros distúrbios. Psicologicamente, a pessoa pode começar a se sentir culpada ou envergonhada de seus hábitos alimentares, o que pode intensificar o ciclo de compulsão.

O tratamento da compulsão alimentar envolve uma associação entre a mudança dos hábitos alimentares com o tratamento dos aspectos emocionais que levam a esse comportamento. Muitas vezes, é necessário um acompanhamento psicológico para tratar a angústia e a ansiedade que alimentam esse impulso, além de estratégias para promover o autocuidado saudável.



Compulsão Sexual

A compulsão sexual é uma busca constante e descontrolada por atividades sexuais. Indivíduos com essa condição costumam se envolver em comportamentos sexuais de risco, independentemente das consequências, como no caso de relacionamentos destrutivos ou até mesmo vícios em pornografia.

A pessoa que sofre com a compulsão sexual geralmente não sente satisfação duradoura com a atividade sexual, o que leva a uma busca constante por mais.

Assim como na compulsão alimentar, a compulsão sexual pode ser uma forma de aliviar sofrimentos psíquicos ou a sensação de vazio. Muitas vezes, esse comportamento está relacionado a questões emocionais não resolvidas ou a um desejo inconsciente de se conectar com algo mais profundo.

Compulsão por Compras

A compulsão por compras, ou oniomania, é caracterizada pela compra incessante, muitas vezes sem necessidade. As pessoas com esse transtorno frequentemente compram objetos como uma forma de buscar uma satisfação e alegria que não encontram no seu dia a dia.

A satisfação momentânea de adquirir algo novo logo se dissipa, o que leva o indivíduo a repetir o comportamento, muitas vezes gerando dívidas e problemas financeiros.

O tratamento da compulsão por compras envolve a compreensão dos gatilhos emocionais que levam o indivíduo a esse comportamento, além de abordagens que ensinem maneiras mais saudáveis de lidar com a angústia e outras emoções difíceis.

Compulsão por Jogos

A compulsão por jogos, também conhecida como jogo patológico, é caracterizada pela necessidade incontrolável de se envolver com jogos de azar, como cassinos, apostas esportivas, jogos virtuais ou jogos de cartas.

Indivíduos com esse transtorno frequentemente se sentem impelidos a continuar jogando, mesmo diante das consequências negativas, como perdas financeiras, problemas familiares e sociais.

Essa compulsão se manifesta por um desejo constante de buscar mais emoção ou satisfação, resultando em um ciclo vicioso difícil de interromper.

A compulsão por jogos pode ser desencadeada por fatores emocionais, como a busca por uma forma de escapar de problemas, sofrimentos psíquicos ou angústia.

Muitas vezes, o jogo é visto como uma maneira de obter alívio temporário ou de sentir uma sensação de controle sobre a vida. Contudo, à medida que o comportamento se intensifica, o prazer diminui, criando a necessidade de apostar mais para atingir a mesma "descarga" emocional.

Entre os possíveis tratamentos para esse tipo de compulsão, existem grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos, que são uma opção eficaz no processo de recuperação.

Compulsão por Drogas

A compulsão por drogas, ou dependência química, é uma condição caracterizada pela necessidade incontrolável de consumir substâncias psicoativas, como álcool, maconha, cocaína, opioides ou outras drogas.

Esse comportamento compulsivo vai além do simples desejo de prazer, envolvendo a busca constante pela substância. O uso repetido e excessivo de substâncias pode levar a sérios problemas físicos, sociais e psicológicos, afetando a saúde mental e as relações interpessoais.

Pessoas com compulsão por drogas frequentemente enfrentam dificuldades em interromper o uso, mesmo quando estão cientes dos danos que isso causa. O cérebro de um dependente químico sofre mudanças estruturais e químicas, o que aumenta a dificuldade de abandonar o vício.

Além disso, a dependência muitas vezes está ligada a traumas, questões emocionais não resolvidas ou predisposição genética, tornando a recuperação um processo complexo e desafiador.

O tratamento da compulsão por drogas envolve intervenções terapêuticas intensivas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a desenvolver novas estratégias de enfrentamento e controle da compulsão.

Além disso, programas de desintoxicação, apoio familiar e grupos de ajuda, como Narcóticos Anônimos, desempenham um papel importante no processo de recuperação. O uso de medicamentos também pode ser necessário para controlar os sintomas de abstinência e prevenir recaídas.

Compulsão por Mentiras

A compulsão por mentiras, também conhecida como mitomania, é um transtorno psicológico caracterizado pela tendência repetitiva e incontrolável de mentir.

A pessoa com essa compulsão pode mentir para evitar confrontos, ganhar atenção, manipular situações ou simplesmente por hábito. Essas mentiras podem variar de pequenas inverdades a grandes falsidades que afetam gravemente a vida pessoal, profissional e social do indivíduo.

A compulsão por mentiras pode estar relacionada a uma série de fatores emocionais e psicológicos, incluindo baixa autoestima, medo de rejeição, insegurança ou desejo de aprovação.

Muitas vezes, a pessoa que mente sente que, ao inventar uma história ou alterar a verdade, pode se proteger de críticas ou de situações desconfortáveis. A mentira, nesse caso, funciona como uma "defesa" contra o medo de ser julgada ou rejeitada. O tratamento da compulsão por mentiras exige uma abordagem terapêutica focada em identificar as causas subjacentes dessa necessidade de mentir.



Qual a Diferença entre Compulsão e Obsessão?

Embora a compulsão e a obsessão sejam frequentemente associadas, elas são condições distintas, mas interligadas, especialmente no contexto de transtornos como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

A obsessão envolve pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos que surgem repetidamente na mente da pessoa, muitas vezes de forma indesejada e fora de seu controle. Esses pensamentos são, em sua maioria, perturbadores, causando desconforto emocional, como angústia e medo.

A pessoa sente uma necessidade constante de afastar esses pensamentos, mas, apesar de seus esforços, eles continuam retornando, gerando um ciclo de ansiedade.

Já a compulsão refere-se ao comportamento repetitivo ou à ação que a pessoa sente que deve realizar para aliviar a ansiedade ou algum tipo de vazio emocional. A compulsão pode se manifestar de várias formas, como a compulsão alimentar, por compras, por jogos ou até por mentiras.

O comportamento compulsivo é uma tentativa de neutralizar ou reduzir a tensão interna, mas o alívio proporcionado é geralmente temporário, o que leva a uma repetição do ciclo, agravando o sofrimento e a dificuldade em controlar os impulsos.

A principal diferença entre essas compulsões e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) está no fato de que, no TOC, a obsessão e a compulsão estão diretamente relacionadas e se reforçam mutuamente.

No TOC, os pensamentos obsessivos são tão intensos que a pessoa sente que precisa realizar uma compulsão para aliviar a ansiedade. No entanto, mesmo que a pessoa saiba que a compulsão não resolve o problema, ela não consegue evitar o comportamento repetitivo.

Em contraste, em outros tipos de compulsão, como as alimentares ou por compras, o impulso de ceder ao comportamento compulsivo pode não estar necessariamente ligado a pensamentos obsessivos, mas sim a outros fatores emocionais ou psicológicos, como a busca por alívio de tensões internas, estresse ou desejo de escapar de emoções negativas.

Assim, enquanto as compulsões no TOC estão profundamente enraizadas em um ciclo de obsessão e compulsão, outras compulsões podem ser mais focadas no comportamento repetitivo em si, sem necessariamente serem desencadeadas por pensamentos intrusivos.

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Como Tratar a Compulsão?

O tratamento da compulsão é um processo individualizado, pois cada tipo de compulsão tem causas, sintomas e consequências diferentes. No entanto, todas as abordagens terapêuticas têm em comum a busca por interromper o ciclo vicioso do comportamento compulsivo, proporcionando ao indivíduo as ferramentas necessárias para lidar de maneira mais saudável com seus sentimentos e impulsos.

A combinação de terapias cognitivas, comportamentais e, em alguns casos, o uso de medicação, tem se mostrado eficaz no tratamento da compulsão, ajudando a promover um controle mais equilibrado sobre os comportamentos e emoções.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma das abordagens mais indicadas para o tratamento de transtornos compulsivos, foca na identificação e modificação dos padrões de pensamento que alimentam os comportamentos compulsivos.

Esse tipo de terapia auxilia o paciente a reconhecer os pensamentos disfuncionais que precedem a compulsão e a substituí-los por estratégias mais adaptativas. A TCC também ensina técnicas de enfrentamento que ajudam o indivíduo a lidar com as emoções intensas, como a ansiedade e o estresse, que frequentemente desencadeiam o comportamento compulsivo.

Além disso, a TCC tem como objetivo ajudar o paciente a entender as consequências a longo prazo de seus impulsos e a tomar decisões mais saudáveis para enfrentar os desafios emocionais sem recorrer ao comportamento compulsivo.


Por outro lado, a psicanálise oferece uma visão mais profunda das causas inconscientes que podem estar por trás do comportamento compulsivo. Através da exploração das experiências passadas, dos traumas e dos conflitos internos, o paciente pode começar a compreender como certos padrões de comportamento, muitas vezes relacionados a desejos reprimidos ou medos inconscientes, influenciam suas ações no presente.

A psicanálise permite que o paciente se conecte com seus sentimentos mais profundos, descobrindo gatilhos emocionais que não estavam claramente conscientes. Esse processo de autoexploração pode ajudar a liberar o paciente de padrões de comportamento compulsivos, proporcionando uma nova maneira de lidar com as emoções sem precisar recorrer à compulsão para buscar alívio.

Embora a psicanálise geralmente exija um período mais longo para mostrar resultados, ela pode ser fundamental para aqueles que desejam entender as raízes profundas de suas compulsões.

Em alguns casos, quando a compulsão está fortemente ligada a condições como a ansiedade ou a depressão, o uso de medicação pode ser uma parte importante do tratamento.

Medicamentos ansiolíticos, antidepressivos ou estabilizadores de humor podem ser prescritos para ajudar a regular os sintomas emocionais que impulsionam os comportamentos compulsivos. Esses medicamentos podem auxiliar na redução da intensidade da ansiedade ou da depressão, proporcionando ao paciente um estado mais equilibrado e uma maior capacidade de se engajar em terapias.

No entanto, o uso de medicação deve sempre ser supervisionado por um profissional de saúde, que determinará a melhor abordagem para cada caso individual. A medicação, por si só, não resolve o comportamento compulsivo, mas pode ser uma ferramenta importante quando usada como parte de um tratamento integrado.


Conclusão

A compulsão é um transtorno complexo que pode afetar diferentes áreas da vida, seja por meio de comportamentos alimentares, compras, jogos ou outros impulsos.

Esse comportamento repetitivo e incontrolável geralmente surge como uma tentativa de aliviar emoções negativas, como a ansiedade ou o estresse. No entanto, embora ofereça alívio temporário, a compulsão acaba intensificando o sofrimento e criando um ciclo vicioso difícil de quebrar.

É essencial reconhecer a compulsão como um sinal de que algo mais profundo está afetando o bem-estar emocional da pessoa, seja um transtorno mental subjacente, um evento traumático ou uma insatisfação interna.

Felizmente, existem diversas abordagens terapêuticas que podem ajudar a pessoa a lidar com as causas emocionais da compulsão e desenvolver formas mais saudáveis de enfrentar as dificuldades emocionais. Com o tratamento adequado e o apoio certo, é possível interromper o ciclo da compulsão e promover uma vida mais equilibrada e satisfatória.

Perguntas Frequentes sobre Compulsão

1. O que é compulsão mental?

A compulsão mental refere-se ao ato de repetidamente pensar ou fixar-se em ideias ou imagens, muitas vezes relacionadas ao medo, à culpa ou à ansiedade. Esses pensamentos se tornam dominantes e difíceis de controlar, o que pode gerar sofrimentos psíquicos significativos. A compulsão mental é frequentemente observada no Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

2. Qual é a principal diferença entre obsessão e compulsão?

A obsessão é um pensamento intrusivo que surge de forma repetitiva na mente, muitas vezes sem controle e causando desconforto emocional. A compulsão, por sua vez, é a ação impulsiva de realizar um comportamento ou ritual com o objetivo de aliviar a ansiedade gerada por algum pensamento indesejado ou por outras questões emocionais, criando um ciclo difícil de interromper.




Referências

https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-obsessivo-compulsivo-toc/