“Afinal, qual o sentido da vida?” Se você em algum momento já se fez — ou não se fez — essa pergunta, seja bem vindo(a) a essa conversa.
A busca pelo sentido da vida é uma necessidade profundamente humana, tão essencial quanto respirar, amar ou pertencer.
Falar em sentido da vida, nesse cenário, pode parecer até um privilégio, mas é justamente nos contextos de maior inquietação que essa pergunta se torna ainda mais urgente.
Quando perdemos a conexão com aquilo que dá significado ao que fazemos, ao que somos, ao que amamos, nos sentimos à deriva. E é exatamente por isso que essa pergunta precisa ser feita, mesmo que nunca se encontre uma resposta definitiva.
Este texto é um convite a caminhar por essa questão a partir de diferentes olhares, como a psicologia, a filosofia e a psicanálise. A ideia não é apontar um único caminho, mas abrir possibilidades.
O artigo abordará os seguintes tópicos:
- Uma pergunta sem resposta (e por isso tão poderosa)
- Viktor Frankl e a possibilidade de encontrar sentido mesmo diante da dor
- Quando o sentido da vida escapa: o vazio existencial
- Como encontrar o sentido da vida?
- O sentido da vida e o processo de individuação
- E a espiritualidade nisso tudo?
- O sentido da vida é o mesmo para todo mundo?
- Existe alguma resposta definitiva para o sentido da vida?
- Para continuar refletindo sobre o que é o sentido da vida
- Perguntas Frequentes sobre o Sentido da Vida
Uma pergunta sem resposta (e por isso tão poderosa)
A filosofia sempre esteve às voltas com essa inquietação. De Platão a Camus, de Nietzsche a Simone de Beauvoir, a pergunta sobre o sentido da vida atravessa séculos porque não cansa de se atualizar. A cada geração, a cada experiência vivida, ela ganha novos contornos.
No curso Qual é o Sentido da Vida?, o filósofo Renato Noguera propõe que perguntar pelo sentido da vida é, antes de tudo, um gesto de humanidade.
Essa pergunta revela um desejo profundo de pertencimento, de encontrar nosso lugar no mundo não apenas como indivíduos isolados, mas como parte de algo maior.
Noguera recorre às filosofias africanas para mostrar que, ao contrário da tradição ocidental que foca no “eu”, muitas culturas vêem o sentido como algo que nasce na relação.
O conceito de Ubuntu — “eu sou porque nós somos” — sintetiza essa visão: a vida ganha sentido quando reconhecemos nossa interdependência.
Para ele, viver com propósito não é atingir uma meta individual, mas se comprometer com a coletividade. É nos vínculos, no cuidado mútuo, na continuidade entre os que vieram antes e os que virão depois, que o sentido se revela.
Em tempos de isolamento e performatividade, essa perspectiva é um respiro. Ela nos lembra que o sentido da vida pode estar menos em grandes respostas e mais na forma como nos conectamos com o mundo ao nosso redor.
No curso, Noguera desenvolve essa pergunta norteadora em profundidade, mas vamos te adiantar (brevemente) alguns caminhos possíveis explorados pelo professor:
- Amar: Amar é uma possibilidade de dar sentido à vida.
- Aprender: O sentido da vida pode ser acessado através do ato de habitar a infância.
- Escolher: As escolhas estão ancoradas na compreensão do que podemos fazer e de como podemos ser.
- Saber: O sentido da vida é saber encontrar o caminho da felicidade.
- Envelhecer: Assumir o tempo é encontrar sentido na vida.
Já o psicanalista e escritor Contardo Calligaris, no curso O Sentido da Vida, oferece uma provocação corajosa: talvez a vida não tenha, de fato, um sentido universal. E tudo bem.
Para Contardo, o problema não é a ausência de um sentido pré-determinado, mas a tentativa desesperada de encontrá-lo como se fosse uma senha para uma existência plena.
O risco, em sua perspectiva, é gastar tanto tempo procurando um “grande sentido” que esquecemos de viver os pequenos momentos, os cotidianos, os que nascem no gesto simples de estar presente, de se importar, de criar.
Nesse curso — que dialoga com as reflexões de seu último livro homônimo —, Calligaris transita entre memórias pessoais, experiências clínicas e referências à arte, à história e à religião, e nos convida a encarar as grandes questões da existência com mais leveza, sem abdicar da profundidade.

Viktor Frankl e a possibilidade de encontrar sentido mesmo diante da dor
Se a filosofia abre caminhos para pensar a vida, a psicologia nos ajuda a vivê-la. Entre tantas contribuições, a de Viktor Frankl é especialmente luminosa.
Psiquiatra austríaco, sobrevivente dos campos de concentração nazistas, Frankl escreveu o clássico Em busca de Sentido, onde afirma que a principal força motivadora do ser humano não é o prazer, como propôs Freud, nem o poder, como sugeriu Adler, mas a vontade de sentido.
No curso Viktor Frankl e os Sentidos da Vida, o professor, psicólogo, logoterapeuta e pesquisador em educação Flavio Gonzalez retoma essa ideia com delicadeza. Frankl acreditava que, mesmo diante de sofrimentos atrozes, o ser humano pode encontrar sentido não porque a dor seja boa, mas porque a maneira como respondemos a ela pode nos transformar.
“E a sua vida, mesmo nas piores circunstâncias possíveis, ela tem um sentido. E se nós não estamos sendo capazes de encontrar esse sentido, nós não devemos culpar a vida. Somos nós que não estamos sendo capazes de encontrá-la”.
- Trecho do curso "Viktor Frankl e os Sentidos da Vida", disponível na plataforma Casa do Saber +.
É essa liberdade interior, essa capacidade de dar uma resposta pessoal ao que nos acontece, que faz com que o sentido da vida não esteja nos fatos em si, mas no modo como os vivemos.
“Quem tem um porquê, enfrenta qualquer como”, dizia o psiquiatra austríaco. Essa frase, repetida tantas vezes, não se torna um lembrete de que, mesmo quando tudo ao redor parece desabar, ainda podemos sustentar algo dentro de nós.
Você sabia? Viktor Frankl sobreviveu a campos de concentração e escreveu "Em Busca de Sentido" a partir dessa experiência.
Quando o sentido da vida escapa: o vazio existencial
Em muitos momentos, porém, o sentido da vida parece escorregar por entre os dedos. Nada faz muito sentido, e a existência pesa. Frankl chamou esse sentimento de “vazio existencial”, ou seja, uma sensação de desconexão, de apatia, de ausência de direção.
Esse vazio pode aparecer de forma silenciosa. Você cumpre metas, entrega projetos, faz o que “deveria” fazer, mas lá dentro permanece uma pergunta desconfortável: “E daí?” Ou, pior: “Pra quê?”
É aí que a busca por propósito se intensifica.
Mas atenção: transformar essa busca numa obsessão pode ser tão paralisante quanto não buscar nada. Não há um “propósito de vida” que se revele de forma clara, como uma epifania hollywoodiana.
Em vez disso, o que temos são pistas, fragmentos, desejos. Pequenas intuições que nos conduzem a experiências que fazem a vida ganhar cor. E são esses movimentos que nos convidam a explorar e a experimentar.
O sentido, então, não é algo a ser encontrado pronto, mas algo que se revela no processo de viver. Aceitar essa incerteza é um passo importante para aliviar a pressão de “ter que saber” e abrir espaço para a curiosidade e a autenticidade.
Quando permitimos que a vida se desdobre sem a necessidade de um mapa fixo, ganhamos liberdade para criar, errar, recomeçar e, sobretudo, para acolher a própria experiência, com suas dúvidas e ambiguidades. É nesse movimento que o vazio existencial pode dar lugar a uma existência mais genuína, marcada pelo encontro consigo mesmo.

Como encontrar o sentido da vida?
De antemão temos de dizer que não há mapa.
Mas há perguntas que podem guiar o caminho: o que te emociona? O que te mobiliza? O que te faz esquecer do tempo? O que você gostaria de continuar fazendo, mesmo que ninguém te aplaudisse por isso?
No curso Como Encontrar o Sentido da Vida?, também conduzido por Flavio Gonzalez, essa busca se dá com base na logoterapia, abordagem criada por Viktor Frankl. Para essa perspectiva, o sentido não é algo pronto ou fixo, mas algo que se revela na forma como respondemos às circunstâncias da vida, inclusive às mais difíceis.
O sentido da vida, portanto, está presente, muitas vezes, nas pequenas escolhas do cotidiano. Está na forma como amamos, resistimos, criamos, convivemos. É o modo como escrevemos, a cada dia, a história que será só nossa, com erros, tropeços e descobertas.
E, como lembra Gonzalez, esse sentido pode mudar. O que hoje te move talvez não faça sentido daqui a alguns anos, e tudo bem. A vida é movimento, e o sentido, também.

O sentido da vida e o processo de individuação
Na psicanálise, a ideia de sentido da vida costuma ser menos concreta. Freud apontava que a busca por felicidade está inevitavelmente atravessada pela cultura, que reprime e molda nossos desejos.
Jung, por sua vez, acreditava que o sentido surge do processo de individuação, ou seja, em um caminho de integração entre os opostos dentro de nós, entre o que somos e o que escondemos de nós mesmos.
No curso Em Busca de Sentido Para a Vida, a psicóloga Tatiana Paranaguá explica que esse processo exige coragem. É preciso olhar para a sombra, rever histórias, lidar com frustrações, aceitar perdas. Só então começamos a perceber que o sentido não está fora, esperando ser descoberto, mas emerge de dentro, conforme nos tornamos mais inteiros.
A crise de sentido, nesse contexto, não é uma falha, mas uma travessia. Um momento de ruptura que antecede o nascimento de um novo modo de ser.
Carl Jung compreendia a individuação como o caminho para se tornar um ser verdadeiramente único, atingindo uma singularidade profunda ao integrar o "Si-mesmo".
E a espiritualidade nisso tudo?
Para algumas pessoas, o sentido da vida está ligado a uma experiência espiritual. Não se trata, necessariamente, de seguir uma tradição religiosa formal, mas de cultivar uma sensação de pertencimento a algo maior do que o próprio eu.
Esse “algo maior” pode ter muitos nomes: Deus, o universo, a natureza, o tempo, o mistério, a vida como força pulsante. Pode ser também a arte, o amor, a compaixão, o cuidado com o outro.
Pode ser o silêncio diante do sagrado ou o arrepio de estar vivo diante de algo que escapa à razão. É uma experiência que, mais do que explicar o mundo, permite habitá-lo com mais presença.
Nos momentos de perda, de ruptura, de vazio, a espiritualidade pode oferecer um abrigo quando, muitas vezes, nos ensina a conviver com aquilo que não tem resposta.
Encontrar sentido, nesse horizonte, exige aceitar que nem tudo precisa ser compreendido para ser vivido com profundidade, e não em compreender todos os porquês desse processo.
O sentido da vida é o mesmo para todo mundo?
Definitivamente, não. Se fosse, talvez a vida perdesse parte de sua riqueza. Cada pessoa caminha com uma história, uma memória afetiva, uma bagagem única de experiências, traumas, sonhos, perguntas.
E é a partir dessa trama individual que se constrói o que chamamos de “sentido”.
O que faz sentido para alguém pode ser incompreensível para outra pessoa. Há quem encontre propósito na fé, na ciência, na luta política, na arte, na caridade, no cuidado com a terra, nos vínculos familiares.
Há também quem, por um tempo, não encontre sentido algum, e tudo bem. Isso também faz parte do processo. O sentido não é um bem fixo, por isso ele se move com a vida, muda de forma, reaparece onde menos esperamos.
No fundo, talvez o mais bonito dessa pergunta seja justamente a possibilidade de que cada um a responda de um jeito e que todas as respostas sejam legítimas, enquanto forem vividas com verdade.
Existe alguma resposta definitiva para o sentido da vida?
Não. Se existisse, talvez a pergunta já tivesse caído por terra. E com ela, muito da nossa curiosidade, da nossa busca, da nossa humanidade. O sentido da vida não é uma resposta, é uma pergunta que nos movimenta, e é justamente isso que a torna tão essencial.
Como disse Contardo Calligaris, a vida pode não ter um grande sentido transcendente, mas ela pode ser cheia de pequenos sentidos que a tornam valiosa. E esses sentidos não vêm de fora, pois eles são construídos, aos poucos, por quem tem coragem de viver com presença e atenção.
Assim, talvez o que de fato dê sentido à vida seja a forma como elaboramos nossa existência no mundo, sendo atravessados pelo cuidado com o outro, pela capacidade de criar, a entrega a algo maior, o pertencimento, a coerência entre o que se sente e o que se vive.
Ou talvez esse sentido esteja na escuta atenta, no trabalho feito com intenção, nas amizades que acolhem, na coragem de mudar, na arte que transforma, na fé que sustenta. Talvez ele mude com o tempo e tudo bem. O importante é que ele faça sentido para você, agora.
Para Contardo Calligaris, talvez a vida não tenha um sentido universal — e tudo bem. O risco está em gastar tanta energia procurando um “grande sentido” que esquecemos de viver os pequenos momentos, aqueles que surgem do simples gesto de estar presente e criar.
Para continuar refletindo sobre o que é o sentido da vida
Se você quiser mergulhar mais fundo nas ideias que inspiraram esse texto, confira os cursos abaixo:
- O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris
- Qual é o Sentido da Vida?, por Renato Noguera
- Viktor Frankl e os Sentidos da Vida, por Flavio Gonzalez
- Como Encontrar o Sentido da Vida?, por Flavio Gonzalez
- Em Busca de Sentido Para a Vida, por Tatiana Paranaguá
Perguntas Frequentes sobre o Sentido da Vida
O sentido da vida é o mesmo para todas as pessoas?
Não. E talvez essa seja justamente uma das belezas da vida: o fato de que cada pessoa pode construir, descobrir ou reinventar seu próprio sentido. O que é essencial para alguém pode ser irrelevante para outra pessoa — e isso não invalida nenhuma das experiências. Nossas histórias, contextos, crenças, afetos e dores moldam o que faz a vida valer a pena para nós.
Existe alguma resposta definitiva sobre qual é o sentido da vida?
Não. O sentido da vida pode justamente ser explorado no movimento de buscar, criar, errar e recomeçar. É na travessia, e não na chegada, que os sentidos vão sendo tecidos. Em vez de uma resposta universal, o que podemos encontrar são respostas situadas, afetivas e mutáveis que fazem sentido para nós, aqui e agora.
O que Viktor Frankl ensina sobre o sentido da vida?
Para Viktor Frankl, psiquiatra e fundador da logoterapia, o sentido da vida pode ser encontrado até mesmo em situações de sofrimento extremo. Sobrevivente de campos de concentração, ele defendia que cada pessoa pode dar sentido à vida ao escolher como responder à dor, ao amor e às responsabilidades que assume.
Como seguir investigando sobre o sentido da vida?
Investigar o sentido da vida pode ser feito de várias formas: pela leitura de filósofos clássicos e contemporâneos, pela psicologia, pela espiritualidade e pela reflexão pessoal. Um bom caminho é explorar perspectivas diferentes e confrontar suas próprias experiências com essas ideias. Para aprofundar-se nesse tema, você pode recorrer a cursos, como os da Casa do Saber , que oferecem abordagens diversas — da filosofia clássica a Viktor Frankl, de Jung a pensadores contemporâneos — ampliando o olhar sobre essa questão fundamental.

Referências:
Curso “O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris”
Curso “Qual é o Sentido da Vida?, por Renato Noguera”
Curso “Viktor Frankl e os Sentidos da Vida, por Flavio Gonzalez”
Curso “Como Encontrar o Sentido da Vida?, por Flavio Gonzalez”
Curso “Em Busca de Sentido Para a Vida, por Tatiana Paranaguá”