Vivemos em um mundo hiperconectado, onde estímulos disputam nossa mente a cada segundo. Mas você já parou para pensar no que realmente significa “prestar atenção”?
Neste artigo, vamos explorar os diferentes tipos de atenção descritos pela neurociência, como seletiva, sustentada, alerta e os tipos de processamento de atenção alternada e dividida. Vamos entender como eles funcionam no cérebro, por que influenciam tanto nosso desempenho e o que fazer para cultivá-los no dia a dia.
O artigo abordará os seguintes tópicos:
Você consegue prestar atenção?
Atenção focada, sustentada, alternada, automática, voluntária… Existem diferentes formas de se estudar e compreender o que chamamos de “atenção”. Mas para que fique claro do que estamos falando, vamos começar pelo básico que é o motivo pelo qual a atenção existe como funcionalidade no nosso cérebro.
A atenção é um processo cognitivo bastante complexo que serve para filtrar informações no ambiente e direcionar o uso de recursos cerebrais, e ela pode ter como objetivo o controle de estímulos sensoriais (Percepção Seletiva) ou processos mentais (Cognição Seletiva).
Michael Posner, uma referência importante na área, costumava descrever a atenção como uma lanterna.
O feixe de luz mais forte seria a atenção focada, aquela que direcionamos para o que queremos enxergar melhor. Mas ela não é a única luminosidade perceptível quando usamos uma lanterna.
Há também uma área de penumbra ao redor do feixe de luz principal, esta seria uma espécie de atenção difusa, associada ao monitoramento do ambiente.
Ainda que não seja possível perceber as coisas que estão na penumbra com a mesma riqueza de detalhes das que estão no foco principal, com ela, é possível identificar o que existe neste espaço de forma mais ampla do que se contássemos apenas com a luz mais forte.
Independente da “luz” que você esteja usando para perceber o ambiente, a única forma de obtê-la é garantindo que a lanterna esteja ligada! Então, vamos seguir utilizando esta metáfora para explicar os diferentes tipos de atenção e sua importância.

Conheça os Principais Tipos de Atenção:
Antes de avançarmos no conteúdo, é importante apresentar de forma organizada os principais tipos de atenção. Ainda que seja comum encontrar referências à 4 tipos de atenção, a Neurociência considera que existam 3 principais tipos de processamento ou redes atencionais que seriam: o Alerta, a Seletividade e a Vigilância.
Os demais, são na verdade formas de controle ou uso da nossa capacidade de focar, que seria a seletividade, ou ainda, dizem respeito a maneira como esses circuitos são ativados no cérebro.
A seguir temos uma lista dos principais termos e conceitos que iremos trabalhar ao longo do texto.
- Atenção Seletiva (Focada)
- Atenção Sustentada (Vigilância)
- Atenção Alternada
- Atenção Dividida (Multitarefa)
- Alerta (Arousal)
A tabela abaixo oferece um panorama inicial dessas habilidades, suas características centrais, mecanismos cognitivos e exemplos práticos, para que você visualize, de maneira clara, como cada uma atua no nosso dia a dia.
Resumo em tabela de conceitos chave que iremos trabalhar no texto sobre os principais tipos de atenção e habilidades relacionadas:
| Tipo de Atenção | Característica Principal (Definição da Habilidade) | Mecanismo Central (Base Cognitiva) | Exemplo |
|---|---|---|---|
| 1. Atenção Seletiva (Focada) | Habilidade de focar em um estímulo ou tarefa específica. | Capacidade de privilegiar certos estímulos e ignorar ativamente os distratores irrelevantes. | Conversar em um ambiente barulhento (Efeito Coquetel) ou procurar um objeto específico em meio a vários outros. |
| 2. Atenção Sustentada (Vigilância) | Capacidade de manter o foco (concentração) em uma única tarefa. | Manutenção contínua e persistente da atenção durante um longo período de tempo necessário para realizar a tarefa. | Manter a concentração durante uma reunião, assistir a uma aula ou monitorar um sistema. |
| 3. Atenção Alternada | Capacidade de mudar o foco da atenção de forma flexível e eficiente entre duas ou mais tarefas. | Requer atrelar e desatrelar de forma rápida o foco (Switch Atencional) entre tarefas com diferentes exigências. | Alternar entre responder a um e-mail e participar de uma reunião, ou seguir os passos de uma receita complexa enquanto cozinha. |
| 4. Atenção Dividida (Multitarefa) | Habilidade de processar e responder simultaneamente a múltiplos estímulos ou tarefas no mesmo intervalo de tempo. | Exige que as tarefas sejam executadas por processamentos complementares (automático e controle cognitivo), sendo mais eficiente para tarefas fáceis ou já treinadas. | Dirigir um carro enquanto ouve música ou conversar enquanto lava a louça ou caminha pela rua. Em alguns casos pode ser confundida com a alternância. |
| 5. Alerta (Arousal) | Responsável por atingir e manter um estado ideal de sensibilidade. | O nível basal de prontidão (estado de alerta) e ativação geral do sistema nervoso para iniciar e responder a qualquer atividade mental ou estímulo de forma adequada. | Acordar e atingir o nível de alerta para iniciar as atividades, reagir a um estímulo inesperado (como um alarme) que exige uma orientação imediata. |
Ao longo do texto, iremos aprofundar exatamente esses tipos de atenção, detalhando como funcionam, por que são essenciais e de que forma influenciam nosso desempenho e nossa relação com o ambiente.
Ligando a lanterna: Alerta (Arousal)
O Alerta diz respeito ao processamento cerebral primário que nos permite “ligar a lanterna” e extrair informações do ambiente de forma adequada, direcionando o uso dos nossos recursos cognitivos e a efetividade das respostas, ou seja, nossa capacidade de interagir com o ambiente e organizar os processos mentais a partir disso.
A ativação deste sistema reflete um estado de prontidão. Um bom exemplo de seu funcionamento seria considerar que os extremos possíveis de sua ativação são o estado de coma, quanto a pessoa deixa de reagir aos estímulos, e o estado de alerta máximo, quando a pessoa demonstra hipersensibilidade aos estímulos.
Quando estamos cansados ou com sono, reduzimos naturalmente a atividade desse sistema de alerta no cérebro, fazendo com que a gente tenha dificuldade de processar as informações do ambiente.
Quando isso acontece, sentimos mais dificuldade de nos concentrar, nos distraímos com facilidade, ficamos “atrapalhados” e esquecemos mais das coisas.
Isso acontece, pois a base fisiológica que sustenta a atenção está hipoativa no cérebro, comprometendo o funcionamento de outras regiões cerebrais que afetam a performance, o aprendizado, a memória, a coordenação motora dentre outros fatores.
É por isso que neste estado, não rendemos bem nos estudos, no trabalho e até mesmo a nossa comunicação pode ficar prejudicada.
Inclusive, esse também é um dos motivos por trás da recomendação de que não devemos dirigir, operar aparelhos pesados e engajar em atividades de risco quando estamos cansados ou sob efeito de certos remédios e drogas que comprometem o funcionamento desta rede, pois não somos capazes de processar informações e reagir com a mesma sensibilidade e precisão, colocando em risco a nós mesmos e as pessoas ao redor.
Associada à ativação do Sistema Reticular no cérebro, esta rede mexe diretamente na sensibilidade de resposta de centenas de milhares de neurônios localizados em outras regiões cerebrais.
E é assim que ela garante que o cérebro mantenha uma certa tonicidade, ou seja, que esteja apto a processar com precisão as informações que do ambiente chegam através dos sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato), dos processos internos (memória, pensamentos, emoções, etc) e que diferentes regiões cerebrais, principalmente as corticais, possam lidar de forma satisfatória com essas informações e reagir adequadamente.
O nível de alerta literalmente mantém o cérebro preparado para desempenhar suas funções e, por isso, gosto de imaginar que é ele o responsável por ligar a lanterna.
A relação do alerta com a emoção
O monitoramento constante do ambiente é uma habilidade fundamental para nossa sobrevivência, pois nos ajuda a identificar continuamente ameaças e oportunidades.
É por isso que estímulos com conteúdo afetivo tendem a modular naturalmente a resposta cerebral de alerta, pois carregam em si diferentes níveis de intensidade emocional.
Por exemplo, ficar chateado com algo que acontece em sua vida é diferente de se sentir irado, certo?
Em ambos os casos, a emoção que estamos acessando é a raiva, mas ela surge com intensidades diferentes. Coisas que nos deixam irados engajam mais este sistema do que coisas que nos deixam apenas chateados.
Emoções intensas provocam naturalmente um aumento no estado de alerta e estão associadas a estímulos que geram grande engajamento. Isso faz com que você fique mais sensível e mais atento ao que acontece ao seu redor, monitorando o ambiente.
É por isso que as pessoas reduzem a velocidade para ver um acidente de trânsito, ou simplesmente não conseguem parar de ver aquela série que é assustadora. Esses estímulos são de natureza altamente engajante e mobilizam seu sistema atencional mais básico, o estado de alerta, indicando que há um risco potencial no ambiente.

Direcionando o feixe de luz: Atenção Seletiva, Focada ou Seletividade
Não basta ligar a lanterna, é preciso direcionar a luz para o que mais importa no ambiente a cada momento. Em alguns casos, isso significa restringir o processamento de informações no ambiente para que você possa se concentrar em suas atividades de forma mais eficiente.
Mas com tanta informação, como saber para onde direcionar a sua atenção? Aqui entra a Seletividade, a capacidade do nosso cérebro de selecionar informações específicas no ambiente dentre múltiplos estímulos sensoriais, gerindo os processos internos.
Gosto de imaginar essa habilidade como alguém jogando “Onde está o Wally?”. Em um livro com imagens coloridas e um cenário altamente complexo, devemos encontrar a figura de um personagem chamado Wally, que trajando uma roupa listrada vermelha e branca se mescla a outros estímulos semelhantes a ele, tornando o jogo ainda mais desafiador.
O que o cérebro faz durante o jogo é justamente vasculhar o ambiente em busca da resposta adequada, ou seja, do estímulo relevante naquele momento - O personagem Wally.
Este é apenas um exemplo de comportamento que representa bem a Seletividade, mas se você procurar pelo ícone de um aplicativo no celular ou as chaves de casa na mochila, provavelmente estará utilizando a mesma habilidade para encontrar o que deseja.
O controle deste sistema envolve diferentes regiões cerebrais como Córtex Cingulado Anterior e regiões do lobo parietal e frontal, e apresenta grande complexidade sofrendo influência de sistemas que tornam esta conduta mais automática ou voluntária, vieses inconscientes que direcionam o que é relevante a cada momento e aspectos emocionais que dão peso ao que estamos processando como informação.
A própria memória e as experiências vividas anteriormente também podem influenciar o que captura nossa atenção e, principalmente, como percebemos esses estímulos.
A atenção é considerada um recurso finito no cérebro e, por isso, estamos continuamente respondendo àquilo que é considerado mais significativo a cada momento.
Mas, para que o processamento atencional se desenvolva por completo, devemos ser capazes também de sustentar a atenção por períodos mais longos, ou seja, manter a concentração!
Segurando firme a lanterna: Atenção Sustentada ou Vigilância
Não basta ter seus sistemas de prontidão ativos (Alerta) e ser capaz de encontrar de forma precisa os estímulos relevantes no ambiente (Seletividade). Para que tenhamos efetividade em diversos processamentos cerebrais, precisamos sustentar o foco atencional por períodos maiores de tempo, resistindo às distrações no ambiente e gerindo os recursos disponíveis de forma coerente com os nossos objetivos.
Em outras palavras, não adianta querer ser promovido no trabalho e viver priorizando atividades que não trazem reconhecimento ou querer passar no concurso e distrair-se continuamente com as notificações do celular.
Para isso, você precisa de Atenção Sustentada ou Vigilância, a habilidade de sustentar no tempo o estado de alerta e o monitoramento contínuo de um evento ou estímulo em prol de um objetivo.
Assim como o anterior, o controle deste processo envolve diferentes circuitos e regiões cerebrais como o Lobo Parietal e o córtex Pré-Frontal, e pode ser influenciado por diversos fatores cognitivos e emocionais.
É esta a habilidade atencional que te permite conversar com uma pessoa em uma festa ruidosa, trabalhar num escritório movimentado e prestar atenção no filme até o final.
É esta habilidade também, que se conecta com o autocontrole, e permite que você mantenha o foco em suas atividades, resistindo ao impulso de procrastinação ou à distrações que oferecem alívio ou prazer imediato.
Pessoas diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), inclusive, tendem a apresentar maior dificuldade neste processamento e se distraem com facilidade, priorizando aquilo que mobiliza de forma automática a sua atenção.
Mas a dificuldade de manter a concentração em uma única atividade (sustentar a atenção) tem sido visível em diferentes grupos de pessoas e, por isso, a partir de agora gostaria de explicar melhor como a nossa rotina tem impactado essa habilidade tão crucial para interagirmos de forma adequada com o ambiente, processar informações com qualidade e tomar boas decisões.
O mito do multitarefa
Hoje sabemos que o foco atencional é único e que desenvolver atividades em paralelo é algo custoso para saúde e a performance. Quando precisamos desenvolver atividades simultâneas, as opções são:
- Atenção Alternada:
Alternância do foco atencional entre duas ou mais atividades através do chamado switch atencional que consiste em fazer o movimento de atrelamento e desatrelamento, deslocando a atenção de um elemento a outro.
Essa estratégia gera um processamento superficial das informações e prejuízo à performance, por isso deve ser evitada. Ex: Ouvir música enquanto estuda ou responder mensagens em meio a uma reunião seriam exemplos de atenção alternada. Ambas exigem um controle cognitivo da atenção e esta competição gera o comprometimento do processamento de ambas as atividades. Aquela velha história, de tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo e não fazer nada direito! com o tempo, há o acúmulo de erros, retrabalho e frustração. - Atenção Dividida: Pode ser utilizada para o desempenho de tarefas simultâneas mas, para que funcione, deve-se conciliar o processamento atencional automático com outro associado ao controle cognitivo.
Ex: É possível realizar uma atividade automática (lavar louça, dirigir, caminhar) enquanto escuta um conteúdo de podcast, música ou conversa com outra pessoa.
Nesse caso, uma das tarefas deve ser relativamente fácil ou bem treinada (hábito) e a outra é mediada pelo processamento controlado (exige atenção consciente). Dessa forma é possível realizar mais de uma atividade simultaneamente sem que haja o comprometimento significativo de sua performance e bem-estar.
Nos equivocamos conceitualmente ao acreditar que é possível ser multitarefas conciliando mais de uma atividade que envolve controle cognitivo ao mesmo tempo.
A tendência é acreditar que está “dividindo” o foco atencional, quando na verdade estamos alternando o foco, o que leva à prejuízos significativos sobre a performance e o bem-estar individual e compromete alcançarmos grandes objetivos de vida.
Por isso é importante escolher de forma consciente as atividades a que serão realizadas simultaneamente, garantindo tempo de foco de qualidade para os seus objetivos pessoais e profissionais mais importantes.
Por que compreender a atenção é essencial para a vida pessoal e profissional?
A atenção hoje é puxada em tantas direções distintas que têm sido cada vez mais difícil manter o foco, além disso, por se tratar de um processo sofisticado e complexo, manter a atenção sustentada custa caro e exige muita energia do nosso cérebro.
Para fazê-lo, devemos escolher a informação que será processada de forma privilegiada pelo cérebro, ao mesmo tempo que reduzimos a ativação de tudo mais que chega através dos sentidos ou de nossos próprios pensamentos, evitando ativamente as distrações.
Dessa forma, favorecemos o processamento do que interessa e inibimos o que não interessa, direcionando melhor o uso dos nossos recursos cerebrais.
Hoje temos feito um grande esforço para inibir tudo aquilo que é considerado ruído e este exercício contínuo de filtrar informações é ainda mais prejudicado em rotinas onde não há descanso de qualidade, o sono é precarizado, a saúde é comprometida e há sobrecarga emocional. Estes estados comprometem o funcionamento do cérebro e a eficiência dos sistemas atencionais.
Cuidar da rotina e incluir boas práticas que favoreçam o foco atencional é estratégico para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, pois é a partir desse processo que desenvolvemos aprendizado, formamos memória e temos a oportunidade de aprimorar e desenvolver habilidades.
Dicas de como organizar sua rotina para melhorar a capacidade de foco atencional:
Um bom controle atencional começa com uma rotina saudável e tempo de descanso de qualidade. Algumas dicas são:
- Silenciar notificações
- Agendar tempos de foco
- Priorizar atividades de forma criteriosa
Essas são estratégias eficientes para reduzir as distrações, mesmo que isso exija de você guardar o telefone numa gaveta ou escolher espaços que tenham menos estímulos distratores, o que irá favorecer a sua concentração.
E se, por acaso, o que estiver te atrapalhando forem os próprios pensamentos e as emoções, experimente:
- Fazer uma lista das atividades pendentes
- Escrever como se sente em relação a uma determinada situação que tem te tirado o sono
- Buscar atividades prazerosas e relaxantes periodicamente
Essas são formas de amparar esses processos e ganhar de volta o controle da sua atenção!
Grandes objetivos de vida costumam exigir dedicação e esforço, e ser capaz de manter a concentração por períodos maiores de tempo te permite aprender melhor e mais rápido, reduzindo erros, retrabalho e aprimorando o desempenho.
Também há um efeito positivo sobre a saúde e bem-estar, ampliando a percepção de produtividade, favorecendo a conquista dos objetivos e, assim, a sensação saudável de controle sobre a rotina.
O controle atencional pode ser voluntário ou automático:
Essas dicas são importantes quando compreendemos melhor como se dá o controle atencional. Assim como o processamento da atenção, o controle do foco atencional não se dá de uma forma única, podendo ser algo que ocorre de forma:
- Voluntária: como no caso do jogo em que você direciona de forma consciente o foco atencional para vasculhar os estímulos no ambiente.
- Involuntária: quando algo “chama a sua atenção” e você acaba deslocando o foco sem ter qualquer controle consciente sobre isso.
O controle voluntário é direcionado por aspectos individuais como a motivação, os interesses e as expectativas de cada um, levando à facilitação do processamento das informações de interesse de forma concomitante com a inibição das atividades concorrentes.
É assim que, por exemplo, somos capazes de ler um livro no transporte para casa ao invés de prestar atenção nos ruídos da rua.
Por sua vez, o controle involuntário é suscitado pelas características dos estímulos em si e ocorre diante de eventos inesperados considerados salientes (que se destacam e diferenciam dos demais).
Intensidade, cor, tamanho, efeito de novidade, movimento, incongruência e repetição são algumas características capazes de promover este engajamento naturalmente.
Esta resposta que ocorre de forma inconsciente costuma ainda ser associada ao movimento automático dos olhos e da cabeça, e é por isso que no dia em que você escuta uma briga dentro do transporte, pode ser difícil continuar lendo o livro e você tem dificuldade de não olhar para as pessoas que estão gritando.
O mesmo acontece quando ouvimos um barulho alto, percebemos um vulto vindo de forma rápida em nossa direção, notamos algo chamativo no ambiente ou o seu celular vibra, emitindo um som de alerta. Você reage automaticamente e, antes de se dar conta, para tudo o que estava fazendo para ver do que se trata.
O problema é que quando nossa atenção é “roubada” muitas vezes ao longo do dia, isso prejudica a nossa capacidade produtiva, pois compromete manter a Atenção Sustentada tempo suficiente para aprofundar o processamento de estímulos mais complexos e a realização de tarefas mais sofisticadas.
A hiperestimulação, a hiperconectividade, a pressão emocional gerada pelas redes sociais e o modelo de economia da atenção ao qual estamos todos imersos têm gerado uma fragmentação do foco atencional, prejudicando justamente a nossa capacidade de sustentar a atenção de forma voluntária frente a um único estímulo. Estes fatores vêm comprometendo o desenvolvimento educacional, profissional e inclusive a saúde emocional de inúmeras pessoas.
Neste cenário, para que a gente não perca a capacidade de focar e manter a Atenção Sustentada, é fundamental incluir ativamente em nossa rotina práticas que permitam treinar esta habilidade como ler, praticar esportes, meditar e ter hobbies que permitam realizar uma ação por vez de forma concentrada por períodos cada vez maiores de tempo.
Cuidar da atenção é cuidar da vida
Quando pensamos em atenção, normalmente estamos nos referindo à capacidade de direcionar o foco atencional para algo específico no ambiente, mas como vimos aqui, este comportamento representa apenas uma parte do que nosso cérebro é capaz de fazer quando se trata de “prestar atenção”.
A atenção não é um processo único, mas sim um sistema de redes dedicadas que trabalham em conjunto para nos manter alertas, orientar o foco e gerenciar nossas ações através do Controle Executivo para que possamos alcançar nossos objetivos, principalmente em situações de distração ou sobrecarga.
A principal função da atenção é garantir uma interação eficaz do indivíduo com o ambiente, direcionando o bom uso dos nossos recursos cerebrais para que possamos guiar nosso comportamento.
E para que isso siga sendo possível, a partir de agora é fundamental que cada um de nós possa criar rotinas capazes de cuidar desse conjunto de habilidades tão preciso.
Perguntas Frequentes sobre Tipos de Atenção
O que são os tipos de atenção na neurociência?
Os tipos de atenção são formas distintas pelas quais o cérebro filtra, direciona e sustenta o foco em tarefas e estímulos. Os principais são: atenção seletiva, sustentada, alternada, dividida e o estado de alerta (arousal). Cada um desempenha uma função específica no processamento cognitivo e no desempenho das atividades cotidianas.
Qual é a diferença entre atenção seletiva e atenção sustentada?
A atenção seletiva permite focar em um estímulo específico ignorando os distratores, como ouvir alguém em um local barulhento. Já a atenção sustentada é a capacidade de manter o foco por longos períodos, como assistir a uma aula sem se distrair.
A atenção dividida realmente funciona?
A atenção dividida pode funcionar em situações onde pelo menos uma das tarefas é automática ou bem treinada, como dirigir ouvindo música. Porém, tentar executar tarefas que exigem controle cognitivo simultaneamente tende a reduzir a performance e aumentar os erros.
Quais hábitos ajudam a melhorar a atenção?
Rotina de sono adequada, pausas regulares, práticas como leitura, meditação, esportes e hobbies ajudam a manter e desenvolver a atenção sustentada. Reduzir distrações, como notificações e excesso de multitarefas, também é essencial.




