Filosofia

Confira artigos, dicas de leituras e reflexões sobre Filosofia. Fique à vontade, a Casa é sua!
Conheça os Principais Filósofos da História
Paula Delgado
Conheça os Principais Filósofos da História
Conheça os principais filósofos da história, seus conceitos e como suas ideias transformaram a sociedade e a forma como pensamos.

A filosofia é um um campo do conhecimento que se desenvolve a cada dia a partir de reflexões dos principais filósofos sobre questões da vida, nossa interação com o mundo e com o outro.

Por isso, para você compreender melhor os conceitos e ideias, separamos para você neste texto os grandes nomes da filosofia.

banner fremmium cursos

Sócrates – O filósofo do autoconhecimento

imagem de filósofo sócrates

Sócrates (470 - 399 a.C.) é um dos maiores filósofos da história. Foi ele quem deu início ao Período Antropológico da filosofia, quando levou os estudos desta ciência das questões naturais para o homem.

A partir de seu método, a maiêutica - que tem como princípio questionar o outro para que reconhecesse sua ignorância e encontrasse o conhecimento - desenvolveu suas principais contribuições sobre justiça, ética e virtude.

“Conhece-te a ti mesmo”

Com esta emblemática frase, ele enfatizava que o reconhecimento da ignorância era o primeiro passo para o conhecimento.

Sócrates foi acusado de desrespeitar as tradições religiosas e corromper a juventude, o que o levou a ser condenado à morte. Embora pudesse ter fugido ou ter se declarado culpado, ele aceitou a pena sendo fiel aos seus princípios: a verdade e a razão.

Apesar de não ter deixado obras escritas, seus pensamentos foram registrados por seus discípulos, principalmente, Platão.

Platão – O mundo das ideias

escultura de platão

Platão (427 - 348 a.C.) foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles e é um dos grandes nomes da filosofia.

Ele desenvolveu a Teoria das Ideias, que propõe a existência de um mundo de formas perfeitas e imutáveis (o mundo das ideias), e a realidade (o mundo sensível) é apenas uma cópia imperfeita. Também fundou a Academia de Atenas, considerada a primeira universidade do mundo ocidental.

Além disso, em "A República", sua principal obra, Platão discute sobre o que seria um governo ideal. Para ele, o governo deveria estar nas mãos dos filósofos, já que representam aqueles que estão mais próximos da verdade e da justiça.

Assim como seu mestre, Platão abordou temas como ética, política e a natureza da alma, influenciando profundamente o pensamento ocidental. Suas ideias continuam a ser estudadas e debatidas nos dias de hoje, reforçando sua relevância na filosofia.

Aristóteles – O pai da lógica e da ética prática

escultura do filósofo Aristóteles

Aristóteles (384–322 a.C.), discípulo de Platão e tutor de Alexandre, o Grande, é um dos grandes nomes da filosofia grega.

Diferentemente de seu mestre, ele valorizava a experiência empírica como fonte do conhecimento, sistematizando uma nova forma de pensar e influenciando diversas áreas do saber que dialogam com a filosofia, como:

  • Lógica
  • Ética
  • Política
  • Biologia
  • Retórica


Ele fundou Liceu (335 a.C.), sua escola em Atenas, onde desenvolveu suas ideias e uma nova forma inovadora de ensinar filosofia: caminhava pelos jardins da escola aristotélica enquanto seus discípulos o acompanhavam anotando suas falas.

Com sua abordagem analítica, desenvolveu o que ficou conhecido como Período Sistemático, que é marcado pela categorização e sistematização do conhecimento existente.

Ademais, Aristóteles trouxe o conceito de virtude e razão como o caminho para a felicidade - objetivo final da vida ética. Suas ideias e conceitos seguem sendo visitados e influenciando a nossa vida atualmente.

Santo Agostinho – Fé e razão na filosofia cristã

pintura retratando santo agostinho de hipona

Santo Agostinho de Hipona (354 - 430 d.C.) foi um dos principais filósofos da corrente filosófica patrística, responsável por criar uma base teológica para integrar o pensamento filosófico e o cristão na transição da Antiguidade e para a Idade Média.

Ele defendia que a filosofia grega, especialmente o platonismo, era capaz de fornecer meios que contribuíssem para a estrutura da doutrina cristã.

Além da construção da base para a formulação do cristianismo, Santo Agostinho filosofou sobre o tempo, que ele dizia saber o que é, mas que não podia explicá-lo, caso perguntado.

Também falou sobre livre-arbítrio, o bem e o mal. Defendia que a proximidade de Deus é o único caminho para o bem, enquanto o afastamento d'Ele representa o mal. Contudo, o livre-arbítrio foi concedido ao homem, permitindo escolher até mesmo o caminho do mal.

Em sua autobiografia "Confissões", relata sua trajetória até a conversão, abordando temas como pecado, maniqueísmo e hedonismo, tornando-se referência na literatura cristã até os dias atuais.


René Descartes – A razão como ponto de partida

pintura retratando rene descartes

René Descartes (1596–1650) é considerado o fundador do racionalismo moderno, movimento que influenciou fortemente o pensamento moderno e teve nomes de famosos filósofos como expoentes, como Francis Bacon e Thomas Hobbes.

Ele sistematizou um método que buscava uma certeza básica, livre dos questionamentos céticos, que fosse base para a fundamentação de uma nova teoria científica.

Sendo assim, este método precisava de diretrizes para que o procedimento fosse cumprido. Descartes formulou 4 regras para o pensamento lógico:

Regra Descrição
Regra da evidência Nunca aceitar algo como verdadeiro se não tiver certeza clara que realmente é verdadeiro.
Regra da análise Separar um problema em quantas partes forem necessárias para compreendê-lo melhor
Regra da síntese Organizar os pensamentos dos mais fáceis para os mais complexos de entender
Regra da enumeração Fazer uma lista e revisá-la com atenção para garantir que nada foi omitido


Segundo Descartes, conhecer a natureza e compreender o mundo só é possível quando acompanhado do autoconhecimento, da reflexão sobre quem somos enquanto sujeitos pensantes.

“Cogito ergo sum”

Cogito é a certeza do sujeito pensante como tal.


Immanuel Kant – A ética da razão pura

pintura retratando immanuel kant

Immanuel Kant (1724 - 1804) revolucionou a filosofia ao fundamentar a ética na razão pura, objetivando estabelecer os princípios universais e imutáveis da moral.

Para ele, as questões éticas pertencem à razão prática e não à razão teórica. Pois é na razão prática que agimos livremente segundo princípios morais; já na razão teórica, do conhecimento, estamos condicionados a nossa própria estrutura cognitiva.

Em sua obra Crítica da Razão Pura, Kant investigou os limites e as condições do conhecimento humano, propondo uma combinação da intuição sensível (sensibilidade) e dos conceitos e categorias (entendimento) para a compreensão da realidade.

De acordo com Kant, os princípios da razão prática são universais e defendem os nossos deveres, já que se aplicam a todos os indivíduos - ética do dever.

Para compreender melhor as ideias desenvolvidas por Kant sobre ética e filosofia moral, acesse o curso Os pensadores: Immanuel Kant em nossa plataforma.



Friedrich Nietzsche – A crítica à moral tradicional

fotografia de Friedrich Nietzsche

Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) foi um filósofo que foi de encontro aos fundamentos da moral tradicional ocidental, especialmente a judaico-cristã, propondo uma reavaliação dos valores pré-estabelecidos.

Ele é considerado o fundador do niilismo, movimento que questiona os valores tradicionais da sociedade e a existência de um propósito de vida.

Segundo Nietzsche, a criação de novos valores baseados na afirmação da vida e na individualidade seriam o caminho para superar a crise social no ocidente.

Em seu livro Assim Falou Zaratustra, Nietzsche propõe o conceito de além-do-homem, que seria um ser capaz de criar seus próprios valores e viver de forma autêntica.

Ademais, também desenvolveu o conceito de eterno retorno, que diz respeito à ideia de que a vida se repete incessantemente, desafiando o indivíduo a viver da maneira que desejasse sem se prender à moralidade da sociedade - um modelo ideal para a humanidade.

Karl Marx – Filosofia e transformação social

fotografia de karl Marx

Karl Marx (1818 - 1883) desenvolveu uma forte crítica ao sistema capitalista, especialmente referente à alienação e à exploração do trabalhador, influenciando diretamente os sistemas políticos e econômicos da época.

Uma de suas obras mais significativas é O Capital, na qual ele faz uma análise do funcionamento da economia capitalista apresentando a lógica do lucro como causadora da desigualdade e intensificadora da opressão.

O ponto central do trabalho de Marx é o trabalho. De acordo com sua filosofia, o capitalismo transforma o trabalhador em instrumento de produção, desconsiderando sua humanidade. Com isso, tem-se a alienação social que ocorre em várias dimensões: do produto, do processo de trabalho, da essência humana e do outro.

Então, seria a luta de classes, segundo ele, o motor da história e também o elemento capaz de superar o capitalismo e alcançar uma sociedade mais igual por meio da revolução proletária.

Jean-Paul Sartre – O existencialismo e a liberdade radical

fotografia de Jean Paul Sartre

Jean-Paul Sartre (1905 - 1980) é considerado um dos principais filósofos do existencialismo, juntamente com Albert Camus. A ideia central de sua filosofia é a liberdade do homem.

Ele propõe que a “existência precede a essência”, ou seja, o ser humano não possui uma essência pré-determinada, ele é livre para construir sua própria identidade por meio de escolhas e ações - o reconhecimento da liberdade.

Em 1943, Sartre explora o reconhecimento da liberdade do indivíduo e a responsabilidade que vem junto com ela, gerando a sensação de angústia existencial como consequência dessa liberdade.

Embora tenha se aproximado do marxismo, ao inserir o homem na realidade social e na alienação da consciência, ele manteve uma postura crítica conciliando a liberdade individual com as estruturas sociais.

Simone de Beauvoir – Filosofia da liberdade e do feminino

fotografia de Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir (1908 - 1986) foi uma filósofa influente no século XX e fundamental no desenvolvimento do pensamento feminista e na filosofia existencialista.

Sua obra mais importante foi O Segundo Sexo, onde examina a construção social da mulher, desafiando as concepções tradicionais que limitavam o comportamento feminino à biologia.

Uma de suas frases mais marcantes é "ninguém nasce mulher, torna-se mulher" que resume sua tese de que a identidade feminina é moldada por fatores históricos e culturais, e não por uma essência natural.


Simone de Beauvoir não só influenciou como também foi influenciada pelos princípios do existencialismo, especialmente pela ideia de que "a existência precede a essência".

A partir disso ela argumenta que as mulheres devem assumir a responsabilidade por sua liberdade e se libertar das imposições patriarcais.

Filósofos contemporâneos

A filosofia contemporânea surge a partir da crise do pensamento moderno no século XIX e ainda permanece até os dias atuais, o que pode tornar mais difícil o processo de enxergar suas características.

Contudo, esta filosofia busca fundamentar o conhecimento e as teorias científicas através da análise da subjetividade e da estrutura cognitiva do indivíduo, recebendo influência do racionalismo e empirismo.

Conheça alguns dos principais filósofos contemporâneos:

Michel Foucault

Ele fazia uma forte crítica ao poder e formulou a ideia de microfísica do poder, onde falava sobre como as relações de poder tentam docilizar as pessoas através da disciplina.

Para Foucault, as instituições moldam comportamentos e regras da sociedade, além do conhecimento estar sempre ligado ao controle e à hierarquia social.

Judith Butler

Judith Butler revolucionou o estudo de gênero ao apontar que a identidade de gênero é socialmente construída, não uma essência fixa. Ela propôs que a repetição de atos de gênero cria e fortalece as identidades, desafiando normas tradicionais.

Byung-Chul Han

Byung-Chul Han pesquisa a “Sociedade do cansaço” , a busca incessante pela produtividade e desempenho da sociedade contemporânea, a partir de uma crítica ao neoliberalismo, leva ao esgotamento e a doenças neuronais, como depressão e burnout.

Filósofos brasileiros

Apesar de o Brasil não ter uma longa tradição dentro da filosofia, alguns filósofos brasileiros estão se fazendo pertinentes e populares quanto aos estudos deste campo de saber.

Um dos principais nomes nacionais é Marilena Chaui que, influenciada e especialista na obra de Spinoza, explora temas como a filosofia política e a democracia como garantia de direitos.

Também temos Clóvis de Barros Filho, reconhecido por tornar a filosofia acessível e democratizar o pensamento filosófico na sociedade. Além de Renato Noguera que aborda a filosofia africana e a decolonialidade.


Por que estudar os principais filósofos?

A busca pelo conhecimento é de grande valia em qualquer campo. Porém, na filosofia, esse aprendizado te ajuda a compreender melhor o mundo, a sociedade e a si mesmo.

A principal proposta deste texto foi convidar você para refletir sobre as ideias dos principais filósofos e começar a busca pelo conhecimento e se preparar para enfrentar as complexidades da vida e agir com maior responsabilidade e racionalidade.

Aprofunde seus conhecimentos sobre Filosofia, correntes filosóficas e grandes pensadores da história na plataforma de streaming Casa do Saber+!

Conheça os cursos!




Referências:

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

RODRIGUES, Carla. Judith Butler. Blogs de Ciência da Universidade Estadual de Campinas: Mulheres na Filosofia, v. 6, n. 3, p. 99–113, 2020.

Qual a origem da Filosofia? Descubra como, onde e por que surgiu
Paula Delgado
Qual a origem da Filosofia? Descubra como, onde e por que surgiu
Entenda o que levou os primeiros pensadores a questionarem os mitos e como isso mudou para sempre a forma como pensamos o mundo.

A origem da filosofia se deu pelo fato do ser humano se incomodar com a ideia da dúvida, com a ausência de resposta e com a “não-resposta“.

E essa inquietação sobre os aspectos fundamentais da nossa vida é que deu origem a uma das mais antigas e fundamentais ciências.

Este texto é para quem sente esse incômodo e quer conhecer a origem da filosofia, como se deu seu nascimento, os principais filósofos e conceitos, além de descobrir por que entender esse caminho pode mudar a sua forma de ver o mundo.

banner fremmium cursos

A origem da Filosofia: quando e por que começamos a filosofar?

O que faz alguém deixar de contar histórias mitológicas e começar a questionar racionalmente a realidade?

Ao se perguntar “o que é…?” ou “por quê…” é que se dá o primeiro passo rumo a um caminho sem volta: o da busca pelo conhecimento. Mas, afinal, qual foi o impulso filosófico responsável pela origem da filosofia?

Spoiler: a indignação com as explicações que já não respondiam aos questionamentos da vida.

No século VI a.C., Tales de Mileto não aceitou as explicações sobrenaturais para a origem do mundo. Cem anos depois, Sócrates foi sentenciado à morte defendendo seus princípios e valores, quando foi acusado de desrespeito às tradições religiosas e por corrupção da juventude.

Então, por que começamos a filosofar? Para ir ao encontro do conhecimento e aprendermos a pensar racionalmente em busca de respostas que façam sentido para nós no momento que vivemos.

Se você tem interesse em ir mais fundo nos saberes da filosofia, conheça o nosso curso “Introdução à filosofia”, ele vai te dar as bases teóricas do conhecimento e que definiram o ponto de partida para a ciência.

Confira o curso!



O contexto da Grécia Antiga: berço da filosofia

A filosofia surgiu na Grécia por volta do século VI a.C. com Tales de Mileto. Ele foi o primeiro homem da história a filosofar, quando questionou as explicações mítico-religiosas para as coisas que aconteciam no mundo.

Acreditar no que estava posto já não era mais uma opção ao perceber que a vida era muito mais complexa. E foi a partir da racionalização dos acontecimentos e de uma nova perspectiva para a explicação da nossa existência que a filosofia começou a se formar.

A filosofia tem uma data de origem, um criador, um local de nascimento e uma proposta de existência. E muito do que somos e pensamos hoje advém da primeira inquietação de Tales de Mileto.

Ainda no mundo pré-filosófico, a mitologia coordenava as relações humanas e estabelecia princípios para essa engrenagem, além de explicar fenômenos naturais.

Tal era a força da crença daquela sociedade, que os grandes autores da época, como Homero (Ilíada) e Hesíodo (O trabalho e os dias), eram considerados pessoas que tinham um contato mais próximo com divindades.

Dessa forma, acreditava-se que os deuses ou as musas sussurravam nos ouvidos dos poetas influenciando-os a produzir as suas obras. Portanto, o que eles escreviam não era fruto da criatividade humana e, sim, um produto divino.

Os cultos e rituais religiosos eram tão fortes socialmente na Grécia antiga que influenciaram, por exemplo, a escola de Pitágoras e o pitagorismo, que vieram tempos depois da filosofia já fazer parte daquela sociedade.

Nas transações mercantis havia, além das trocas comerciais, trocas culturais. Com isso, o contato com outras sociedades, novos conhecimentos, tradições mitológicas, acabou enfraquecendo a crença absoluta e incontestável nos mitos.

Ainda que diversos fatores tenham propiciado o surgimento da filosofia na Grécia antiga, o principal fator foi o advento da polis.

Com a decadência de uma civilização baseada na monarquia divina, começaram a surgir as cidades-Estado, nas quais havia uma participação mais ativa dos cidadãos na política.

Todo esse cenário possibilitou que começasse a surgir uma insatisfação com as explicações dadas pelo pensamento mítico.

Apesar da filosofia representar uma ruptura radical com o pensamento mítico, este foi um processo gradual de transformação da sociedade grega que permitiu o surgimento do pensamento filosófico-científico.

Do mito ao logos: o nascimento de um novo modo de pensar

Como dito anteriormente, antes do surgimento da filosofia, o mundo era explicado por mitos e, quando essas explicações não eram mais suficientes para sanar a curiosidade do homem, a tentativa de entender a vida racionalmente passou a guiar a busca pelas respostas.

E foi a filosofia a responsável por essa transição do mito ao logos.

Diferença entre mitologia e filosofia

Primeiro vamos compreender o que é mitologia. O termo Mythos, do grego, é a origem etimológica de mito e significa narrativas com um discurso imaginário, tido muitas vezes como sinônimo de “mentira”.

Portanto, a mitologia é um conjunto desses mitos. São as narrativas fictícias com elementos místicos e sobrenaturais, utilizadas para explicar o mundo e a realidade de forma simbólica - pensamento mitológico.

Já a filosofia é baseada no pensamento racional, que por sua vez fundamenta-se no uso da razão, da lógica e da observação crítica para compreender a vida e seus fenômenos.

O pensamento racional surgiu a partir de pensadores que questionaram as explicações míticas e buscavam respostas mais racionais.


Os primeiros filósofos: os pré-socráticos e a busca pelo princípio (arché)

A principal contribuição dos primeiros filósofos gregos deu-se a partir de tentativas iniciais de explicar a realidade. Com isso, desenvolveu-se os conceitos básicos das teorias da natureza.

Os filósofos pré-socráticos são aqueles que vieram antes de Sócrates (470-399 a. C), portanto, os primeiros filósofos.

Apesar de muito ter sido perdido, através de alguns fragmentos e citações de filósofos posteriores, é possível conhecer o pensamento pré-socrático.

Aristóteles, em Metafísica (1-4), e Diógenes de Laércio (I, 14-5) apontaram uma divisão deste período em duas grandes correntes: escola jônica e escola italiana.

Escola jônica: interesse sobre as teorias sobre a natureza (physis).

Conheça alguns dos principais filósofos jônicos:

Tales de Mileto

Aristóteles, em Metafísica, aponta que Tales foi ponto de partida para a criação da filosofia no século VI a. C. Ele foi o primeiro a buscar uma visão de mundo que não fosse mítica, o que o fez ser considerado o primeiro filósofo.

Tales investigava qual era a origem da natureza e colocou como elemento primordial (arqué) a água. Além disso, estimulava seus discípulos a refletirem e encontrarem diferentes princípios explicativos para a origem das coisas.

🔎 Entenda o que é Arqué

Arqué ou (arché) é um termo da filosofia que significa princípio, origem ou elemento fundamental de todas as coisas. Os filósofos pré-socrático buscavam compreender a origem da natureza, e cada pensador tinha uma ideia diferente do que seria este princípio universal.

A definição de arqué foi fundamental porque foi uma tentativa de apresentar uma explicação da realidade a partir de um princípio básico.


Anaximandro

Ele foi o principal discípulo de Tales de Mileto e propôs o ápeiron (o indeterminado) como princípio primeiro, utilizando a noção de arqué.

Seu grande diferencial foi trazer uma nova noção de arqué que não se baseava nos elementos tradicionais, propondo uma explicação mais abstrata para a origem da natureza.

Escola italiana: explicação mais naturalista da realidade.

Veja quais foram alguns dos principais filósofos dessa escola:

Pitágoras

Pitágoras foi o fundador dessa escola que mesclava pensamentos filosóficos com a manutenção de alguns elementos mítico-religiosos.

Com uma postura semirreligiosa e iniciática, a doutrina central girava em torno do número como elemento básico explicativo da realidade, sendo ele a justificativa para a harmonia cósmica.

Heráclito de Éfeso, o Obscuro:

Recebeu esta alcunha devido à complexidade de seus pensamentos que diziam que a realidade natural se caracterizava pelo movimento, estando todas as coisas em fluxo.

“Não podemos entrar no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo “

Esta famosa frase de Heráclito de Éfeso representa a ideia de fluxo da realidade, onde o rio seria o movimento de todas as coisas.

Parmênides

Parmênides defendia a doutrina da existência de uma realidade única. Foi ele quem introduziu a ideia de distinção entre realidade e aparência.

Diferentemente de Heráclito, ele dizia que o movimento é apenas aparente, um aspecto superficial das coisas. Para ele, era necessário buscar aquilo que permanecia o mesmo na mudança, isso permitiria identificar a coisa.

“É o mesmo: o ser é o pensar”

Nesta frase, Parmênides diz que a racionalidade real e a razão humana pertencem à mesma natureza, permitindo ao homem pensar o ser.


Sócrates e a virada antropológica

Sócrates é tomado como um marco na história da filosofia porque trouxe uma nova problemática para a discussão filosófica: questões ético-políticas. Ou seja, questões relacionadas ao homem.

É relevante trazer a informação que, por Sócrates ter todo o seu pensamento transmitido por meio do ensinamento oral, todos os registros de sua filosofia foram feitos por seus seguidores, sendo o principal, Platão.

Antes de tudo, para entender o que foi a virada antropológica proposta por Sócrates, vamos entender o que é cosmos e logos.

Cosmos

Cosmos vem do grego Kosmos que se refere diretamente às ideias de harmonia. Na filosofia, cosmos diz respeito à realidade ordenada.

A busca por entender o universo em sua totalidade a partir das leis naturais e estrutura do universo era uma forma de explicar teoricamente o real.

Sendo assim, surgiu o termo cosmologia para se referir à explicação dos processos e fenômenos naturais, como teoria geral sobre a natureza e o funcionamento do universo.

Logos

Logos significa, literalmente, discurso, porém vinculado a uma ideia racional, diferente da narrativa mitológica. Ele utiliza de explicações justificadas sujeitas à crítica e à discussão para que se tenha um discurso racional sobre o real.

A filosofia socrática parte do questionamento do comum, de certezas que temos, porém que são incompletas ou parciais.

Sócrates tinha um interesse profundo pela problemática ético-política. O homem, enquanto cidadão da polis, passou a se organizar politicamente no sistema conhecido hoje como democracia.

Foi a partir deste olhar para o homem que ele passou a investigar questões relacionadas à virtude, à justiça e ao papel do cidadão dentro da polis.

E é a reflexão filosófica sobre o homem e a sociedade que leva a compreensão de que não se sabe o que se acha que se sabe.

Sendo assim, o método socrático aponta as fragilidades e a possibilidade de aperfeiçoamento das coisas por meio da reflexão individual.

“Só sei que nada sei”

Essa frase de Sócrates aponta que o reconhecimento da ignorância é o princípio da sabedoria.

Desta forma, o ponto de virada antropológico de Sócrates está no fato de que ele não buscava explicações sobre a origem do universo (cosmos). O seu interesse estava em questionar o comum, as certezas que já estavam postas, mas que eram incompletas. E era através da filosofia que se achava a compreensão daquilo que não se sabia.


Conclusão: por que voltar à origem da filosofia importa?

Além da obviedade de entender como a filosofia ocidental influenciou a sociedade em que vivemos hoje, estudar filosofia é mais do que saber nomes, datas ou conceitos filosóficos importantes para a história.

A filosofia surgiu como um mapa que mostra os caminhos para nós aprendermos a questionar, analisar, observar e refletir sobre a realidade de forma racional.

No final, ela nos ensina a pensar criticamente. É um convite para que estejamos abertos e sejamos capazes de enxergar o mundo e nós mesmos com mais clareza, ampliando os horizontes e despertando cada vez mais o desejo por conhecimento e estimulando mais perguntas.

Caso você queira mergulhar ainda mais fundo na filosofia, conheça nosso guia completo para estudar online e descubra como estudar online e expandir seu pensamento.

Esperamos que este texto tenha contribuído para ampliar sua compreensão sobre a origem da filosofia, os grandes primeiros filósofos gregos e o pensamento filosófico que até hoje influencia a maneira como entendemos o mundo, questionamos a realidade e buscamos sentido para a existência.

Aprofunde seus conhecimentos sobre Filosofia e grandes pensadores da história na plataforma de streaming Casa do Saber+!

Conheça os cursos!




Referências

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.